quarta-feira, junho 22, 2005

John Bolton o diplomata «neocon»


John Bolton

PortugalDiario 20 de Junho de 2005

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, assegurou hoje em Washington que sentira a do presidente norte-americano, George W. Bush, "compreensão" sobre a crise na Europa e não "regozijo".

"Posso garantir-vos que não percebi qualquer sentimento de regozijo, muito pelo contrário, um sentimento de compreensão", declarou Barroso aos jornalistas, no final da cimeira anual entre os Estados Unidos e a UE que teve lugar em Washington.

"O presidente norte-americano queria conhecer, compreender na medida do possível, o que se passou na Europa", acrescentou.

Segundo ele, os Estados Unidos compreenderam "que também é do seu interesse ter uma Europa estável, forte. Porque, apesar de tudo, não há melhor parceiro para os americanos do que a Europa quando se trata de problemas globais".

O presidente da Comissão Europeia disse ter comparado junto do presidente norte-americano a crise na Europa com as dificuldades da administração Bush em obter a nomeação de John Bolton para o cargo de embaixador dos Estados Unidos na ONU, bloqueada pela oposição democrata, estando o cargo vago há meses.

"O processo de decisão nos nossos sistemas, que às vezes são complexos, não é fácil", reconheceu Barroso.

"Eu próprio disse ao presidente: “Veja, há quantos meses tenta nomear o seu embaixador nos Estados Unidos”?", contou Barroso.

Bush pediu hoje que o Senado vote sobre John Bolton como embaixador da ONU e evitou responder claramente à possibilidade de poder ultrapassar a Câmara e nomeá-lo de forma temporária.

"É altura de o Senado votar sobre ele", exortou o presidente, durante a conferência de imprensa conjunta depois da cimeira com líderes europeus, em que evitou falar sobre aquela possibilidade, avançada domingo pela sua secretária de Estado, Condoleezza Rice.



Mas quem é na realidade John Bolton?

Bolton, activo membro dos "neoconservadores", grupo republicano ultra-radical, defendeu sistematicamente posições de confronto com instituições multilaterais e tratados internacionais, entre eles o Tribunal Penal Internacional.

Em relação às Nações Unidas, Bolton, nos últimos anos, desqualificou a legitimidade da ONU como fórum com regras criadas pela comunidade internacional para garantir a paz e a segurança colectiva. Em discurso público em 1994, Bolton declarou que "as Nações Unidas não existem" e que "se o prédio do Secretariado da ONU em Nova Iorque perdesse dez andares não faria a menor diferença". Defendeu a suspensão da contribuição dos EUA à instituição e foi um dos que formularam a posição neoconservadora da supremacia militar dos EUA em relação à Carta das Nações Unidas, que os "neocons" consideram ultrapassada.

Referindo-se à menção do secretário-geral Kofi Annan às Nações Unidas como "a única fonte de legitimidade no uso da força", Bolton afirmou: "Se os EUA permitirem que essa afirmativa prevaleça, a liberdade para o uso da força para defender o interesse nacional norte-americano será provavelmente inibida no futuro."

Na defesa dessa visão, Bolton mostrou ser um defensor intransigente da Doutrina de Segurança Nacional dos EUA, redigida por Condoleezza Rice, como conselheira de Segurança Nacional, que defende a filosofia da "paz através da força nas relações internacionais", com ataques preventivos e mudança de regime em países que ameacem a segurança nacional norte-americana.



Comentário:

O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, disse ter comparado junto do presidente norte-americano a crise na Europa com as dificuldades da administração Bush em obter a nomeação de John Bolton para o cargo de embaixador dos Estados Unidos na ONU, bloqueada pela oposição democrata.

Os paralelismos parecem-me, igualmente, óbvios:

1 - Obter a nomeação de um neoconservador fundamentalista para embaixador dos EUA na ONU, equivale, no fundo, à aprovação de uma nova constituição para a Europa.

2 - A teimosia do «não» francês e holandês, equipara-se, naturalmente, à birra da oposição democrata americana.

3 - E, no que respeita à relação com Bush, o bajular crónico de Blair, corresponde, na prática, ao sabujar persistente de Durão.

1 comentário:

Anónimo disse...

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