segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Uma história mal contada e outra história por contar
















Um amigo internauta enviou-me uma tese interessante :

A história dos cartoons dinamarqueses pode estar muito mal contada. Há quem pense que a publicação dos cartoons foi combinada entre os americanos e os europeus de modo a preparar o terreno para a invasão do Irão.

É bem possível que a publicação dos cartoons tenha sido combinada, mas, nesse caso, teria sido entre os europeus e os muçulmanos, precisamente para evitar uma guerra que nem uns nem outros querem. Os Estados que estão sob ameaça de invasão pelos americanos, ateiam a fogueira para se protegerem. Os amigos americanos estavam a empurrar a Europa para os ajudar a invadir o Irão, pois sozinhos já não o conseguem fazer. Mas com esta encenação a Europa está a tentar arranjar uma maneira de escapar: "não é altura de atacar, o que é preciso é, ao contrário, apaziguar os muçulmanos, etc...". As potências europeias tendem a servir-se da diplomacia dos países periféricos para divulgar as suas posições. O seu porta-voz de serviço foi o nosso MNE (já não é a primeira vez, a outra foi aquando da discussão do orçamento comunitário em que ele atacou a Inglaterra) que mostrou muita compreensão pela indignação dos muçulmanos. Logo a seguir Zapatero disse praticamente o mesmo na recepção a Putin. Os outros estão, agora, em posição de seguir-lhes as pegadas.

Interessante também a crónica do General Loureiro dos Santos no Publico de 10/02/2006: há alguns países interessados no armamento nuclear de potências regionais, como o Irão, para contrabalançar o poderio da super-potência americana. Só que, neste caso, Sr. General, o verdadeiro CASUS BELLI pode muito bem ser outro: no próximo dia 20 de Março vai abrir a Bolsa da Valores para o petróleo do Irão onde este passará a ser transaccionado em euros em vez de dólares.

Como por acaso, o Iraque, antes de ser invadido, ia precisamente tomar esta medida. Não é curioso que ainda ninguém tenha contado esta história?



Porquê agora o Irão?

Um novo século americano?, o Iraque e as guerras ocultas do euro-dólar - F. William Engdahl

Apesar do aparentemente rápido êxito militar dos Estados Unidos no Iraque, o dólar americano ainda está à espera de obter benefícios enquanto divisa de porto seguro. Este é um desfecho inesperado, já que muitos negociantes de divisas estavam à espera de um reforço do dólar quando fosse conhecida a vitória dos Estados Unidos. O capital está a fugir do dólar, em grande parte em benefício do euro. Muita gente começa a interrogar-se se a situação objectiva da economia americana não estará muito pior do que o mercado de acções sugere. O futuro do dólar está longe de ser uma preocupação menor que interessa apenas aos bancos ou aos negociantes de divisas. Está no cerne da Pax Americana ou, como se diz, do Século Americano, o sistema de acordos sobre o qual assenta o papel da América no mundo.

No entanto, apesar de o dólar estar a cair firmemente em relação ao euro após o fim das lutas no Iraque, parece que Washington piora deliberadamente a queda do dólar com comentários públicos. O que se está a passar é um jogo de poderes do mais alto significado geopolítico, talvez o mais sinistro, desde o aparecimento dos Estados Unidos em 1945 como líder do poder económico mundial.

A coligação de interesses que convergiu na guerra contra o Iraque, uma necessidade estratégica para os Estados Unidos, não incluiu apenas os falcões neo-conservadores altamente audíveis e visíveis em redor do secretário da Defesa Rumsfeld e do seu representante, Paul Wolfowitz. Também incluiu poderosos interesses permanentes, de cujo papel global depende a influência económica americana, tais como o influente sector energético em redor da Halliburton, da Exxon Mobil, da Chevron Texaco e doutras gigantescas multinacionais. Incluiu também os enormes interesses da indústria de defesa americana em redor da Boeing, da Lockheed-Martin, da Raytheon, da Northrup-Grumman e doutras. O objectivo destes gigantescos conglomerados da defesa e da energia não é apenas conseguir uns tantos gordos contratos do Pentágono para reconstruir as instalações petrolíferas iraquianas e encher as algibeiras de Dick Cheney ou doutros. É um jogo pela própria continuação do poder americano nas próximas décadas do novo século. Não quer dizer que [não] haja lucros no processo, mas isso é apenas um subproduto do objectivo estratégico global.

Neste jogo pelo poder, o que é menos visível é o papel de preservação do dólar como divisa de reserva mundial, factor motor principal que influenciou a ambição de Washington pelo poder sobre o Iraque nos últimos meses. Vendo bem as coisas, o domínio americano no mundo assenta sobre dois pilares — a superioridade militar esmagadora, principalmente no mar; e o controlo dos fluxos económicos mundiais através do papel do dólar enquanto divisa de reserva mundial. Cada vez é mais evidente que a guerra do Iraque foi travada principalmente por causa da preservação do segundo pilar – o papel do dólar – e não do primeiro – o militar. No papel do dólar, o petróleo é um factor estratégico.

8 comentários:

contradicoes disse...

Meu caro Sofocleto esta sua análise não me parece de todo despropositada, bem pelo contrário, a avaliação sob o ponto de vista económico, assenta que nem luva. A mim pessoalmente o que me causou uma enorme estranheza foi o facto de cartoons publicados em Setembro do ano passado, só agora é que provocaram estas reacções de destruição. Foram por isso necessários quase 5 meses para montar estas manifestações de protesto um pouco por todo o Mundo, o que faz poder-se concluir que tudo isto foi previamente concertado com o objectivo que refere no post. Com um abraço do Raul

Anónimo disse...

Quanto mais dólares existem a circular fora dos EUA mais o resto do mundo tem de fornecer aos EUA bens e serviços em troca destes dólares. Para os EUA, produzir dólares não custa quase nada. Assim, o facto de que o mundo é obrigado a utilizar a divisa americana desta forma significa que os EUA estão a importar vastas quantidades de bens e serviços virtualmente gratuitos.

Ricardo disse...

Viva,

Há um ponto que não nos podemos esquecer: à Europa interessa tudo menos uma escalada de violência. Porque é o continente do mundo que tem mais dependência de petróleo e porque também é um continente que, goeograficamente, está muito vulnerável ao terrorismo. Sem falar que tem comunidades muçulmanas muito enraizadas. Por isso, mesmo sem acreditar na teoria de uma cabala, acredito que a Europa vai reflectir muito antes de aventurar-se no Irão. E, desta vez, os EUA não avançam sem a Europa.

Abraço,

xatoo disse...

Óbviamente que tudo isto é concertado.A própria tese da "guerra das civilizações" foi encomendada pela CIA na década de 90. Deixei um post sobre isso com links para quem estiver interessado em seguir a estória no www.xatoo.blogspot.com.

Ps: caro Sofocleto: mude-me lá esse link que tem aí (xatooposts) para este. O que refere apenas me serve para guardar rascunhos.
Cumprimentos

CN disse...

a verdade pode andar por aí... embora a verdade seja um mutante. o que é hoje, amanhã já pode estar diferente.

Anónimo disse...

A grande Europa é um conjunto desigual de muitas nações. Por sua vez dissemelhantes nas políticas e nos interesses económicos. Mesmo dentre de cada nação as sensibilidades são muito distintas.

AJB - martelo disse...

O Irão é a segunda etapa de um plano preconcebido e há mais passos ...

Anónimo disse...

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