quinta-feira, novembro 27, 2008

Instituição em Berlim oferece mestrado em Holocausto

Deutsche Welle - 17.11.2008


«Como é possível abordar, de forma atual, o Holocausto? Como fazer exposições, livros e filmes sobre o tema? O curso de mestrado de uma escola superior em Berlim dedica-se a responder tais questionamentos.

O curso Holocausto – Comunicação e Tolerância começou a ser oferecido há um ano pelo Touro College, que é a primeira instituição teuto-judaica de ensino superior na Alemanha. Ele existe há cinco anos e obteve o reconhecimento estatal em 2006.

Sua sede, no oeste de Berlim, fica num prédio construído nos anos 1920 por uma família judaica. O curso é o único em seu gênero na Europa e foi criado por Bernard Lander, diretor do Touro College.

O único estrangeiro entre os 120 estudantes do curso é o israelense Guy Band, para quem o a dedicação dos professores é muito importante: "O tratamento é muito pessoal, já que passamos muito tempo com os professores", explicou. "Estudamos em uma sala pequena, o que facilita os questionamentos e as discussões, além de cada um poder expressar sua opinião", complementou.

Para o estudante, a combinação do mestrado é perfeita. "Não são ensinados somente fatos do Holocausto. Também aprendemos como o tema pode ser abordado ao longo do tempo e considerando as mudanças na mídia", explicou Guy.
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Uma opinião do académico judeu, Tony Judt, director do Remarque Institute da Universidade de Nova Iorque:

"A Shoah [termo hebreu para o Holocausto] é frequentemente explorado na América e em Israel para desviar e impedir qualquer crítica a Israel. De facto, o Holocausto dos judeus europeus é, hoje em dia, explorado de três maneiras: Fornece, em particular, aos judeus americanos uma exclusiva 'identidade de vítima' retrospectiva; permite a Israel superar qualquer sofrimento de outras nações (e justificar os seus próprios excessos) com a alegação de que a catástrofe judia foi única e incomparável; e (em contradição com as duas primeiras) oferece-se como exemplo de uma metáfora versátil para o mal – em qualquer altura e onde quer que seja – e é ensinado às crianças nas escolas nos Estados Unidos e na Europa sem qualquer referência ao contexto ou à causa. Esta instrumentalização moderna do Holocausto para obter vantagens políticas é eticamente infame e politicamente perigosa."
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terça-feira, novembro 25, 2008

Quando e como é que o povo judeu foi inventado

O historiador Shlomo Sand afirma que a existência das diásporas do Mediterrâneo e da Europa Central é o resultado de antigas conversões ao judaísmo. Para ele, o exílio do povo judeu é um mito, nascido de uma reconstrução a posteriori sem fundamento histórico.

Shlomo Sand nasceu em 1946 em Linz (Áustria) e viveu os dois primeiros anos da sua vida em campos de refugiados judeus na Alemanha. Em 1948 os seus pais emigram para Israel, onde cresceu. Cursou História, tendo começado na Universidade de Telavive e terminado na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris. Desde 1985 lecciona História Contemporânea na Universidade de Telavive. Publicou em francês «L'Illusion du politique. Georges Sorel et le débat intellectuel 1900 » (La Découverte, 1984), «Georges Sorel en son temps», com J. Julliard (Seuil, 1985), «Le XXe siècle à l'écran» (Seuil, 2004) e «Les mots et la terre. Les intellectuels en Israël» (Fayard, 2006).


Jornal Israelita Haaretz - 21/03/2008

Demolindo uma "Mitologia nacional"


Artigo de Ofri Ilani

Tradução por Atrida

Entre a profusão de heróis nacionais que o povo de Israel produziu ao longo de gerações, a sorte não sorriu a Dahia Al-Kahina que chefiou os Berberes de Aures, na África do Norte. Embora tendo sido uma judia indomável, poucos israelitas ouviram alguma vez o nome desta rainha guerreira que, no século VII da era cristã, unificou várias tribos berberes e chegou mesmo a repelir o exército muçulmano que invadiu o norte de África. A razão poderá estar no facto de Dahia Al-Kahina ter nascido numa tribo berbere convertida (ao judaísmo), ao que parece várias gerações antes do seu nascimento, por volta do século VI.

Segundo o historiador Shlomo Sand, autor do livro «Quando e como é que o povo judeu foi inventado» [Quand et comment le peuple juif a-t-il été inventé?] (aux éditions Resling - em hebraico), a tribo da rainha Dahia Al-Kahina assim como outras tribos do Norte de África convertidas ao judaísmo são a principal origem a partir da qual se desenvolveu o judaísmo sefardita. Esta afirmação, referente às origens dos judeus do Norte de África a partir de tribos locais que foram convertidas – e não a partir de exilados de Jerusalém – é apenas uma componente de uma ampla tese desenvolvida na nova obra de Sand, professor do departamento de História da Universidade de Telavive.

Neste livro, Sand tenta demonstrar que os judeus que vivem hoje em Israel e noutros locais do mundo, não são de forma nenhuma os descendentes do antigo povo que vivia no reino de Judeia na época do primeiro e segundo templo. Eles devem a sua origem, segundo ele, a povos diversos que se converteram ao longo da história em diversos locais da bacia do Mediterrâneo e regiões vizinhas. Não apenas os judeus da África do Norte descenderiam na sua maior parte de pagãos convertidos, mas também os judeus iemenitas (vestígios do reino Himiarita, no sul na península arábica, que se convertera ao judaísmo no século IV), e os judeus Asquenazes da Europa de Leste (refugiados do reino Khazar convertido ao judaísmo no século VIII).

Ao contrário de outros «novos historiadores» que procuraram abalar as convenções da historiografia sionista, Shlomo Sand não se contenta em regressar a 1948 ou aos princípios do sionismo, mas remonta a milhares de anos atrás. Shlomo tenta provar que o povo judeu nunca existiu como um «povo-raça» partilhando uma origem comum, mas que é uma multitude variada de grupos humanos que, em momentos diferentes da história, adoptaram a religião judaica. Segundo Shlomo, para alguns pensadores sionistas, esta concepção mítica dos judeus como um povo antigo conduz a um pensamento verdadeiramente racista: «Existiram na Europa períodos onde, se alguém tivesse declarado que todos os judeus pertenciam a um povo de origem não judia, essa pessoa seria julgada imediatamente como anti-semita. Hoje, se alguém ousa sugerir que aqueles que são considerados judeus no mundo (…) nunca constituíram e não constituem nem um povo nem uma nação, seria imediatamente denunciado como uma pessoa que odeia Israel.»

De acordo com Shlomo Sand, a descrição dos judeus como um povo de exilados, errante e mantendo-se à parte, que «vagueando sobre mares e terras, chegaram ao fim do mundo e que, finalmente, com a chegada do sionismo, fazem meia-volta para retornar em massa à sua terra órfã», esta descrição é necessária a uma «mitologia nacional». Tanto como outros movimentos nacionais na Europa, que revisitaram uma sumptuosa idade de ouro para em seguida, graças a ela, fabricar o seu passado heróico – por exemplo, a Grécia clássica ou as tribos teutónicas – a fim de provar que eles existiam há muito, «tal como, os primeiros brotos do nacionalismo judeu se viraram para essa luz intensa cuja fonte era o reino mitológico de David.»

Mas então, quando é que o povo judeu foi realmente inventado, segundo a tese de Sand? «Na Alemanha do século dezanove, num determinado momento, os intelectuais de origem judaica, influenciados pelo carácter 'volkiste' do nacionalismo alemão, atribuíram-se a missão de fabricar um povo "retrospectivamente", com o desejo de criar uma nação judaica moderna. A partir do historiador Heinrich Graetz, os intelectuais judeus começam a delinear a história do judaísmo como a história de um povo que tinha um carácter nacional, que se tornou um povo errante e que finalmente fez meia-volta para regressar à sua pátria.»



Entrevista a Shlomo Sand conduzida por Ofri Ilani:

Ofri: De facto, o essencial do seu livro não trata da invenção do povo judeu pelo nacionalismo moderno mas da questão de saber de onde vêm os judeus.

Shlomo: O meu projecto inicial consistia na análise de uma categoria específica de materiais historiográficos modernos e examinar como foi inventada a ficção do povo judeu. Mas assim que comecei a confrontar as fontes históricas deparei-me com contradições. E foi isso que me impeliu: embrenhei-me no trabalho sem saber a que conclusões chegaria. Analisei documentos originais de modo a examinar a atitude de autores antigos - aquilo que haviam escrito a propósito da conversão.

Shlomo Sand, historiador do século XX, tinha até agora estudado a história intelectual da França moderna (no seu livro “L'intellectuel, la vérité et le pouvoir“ [O intelectual, a verdade e o poder], Am Oved ed. , 2000 - em hebraico), e a relação entre o cinema e a história política («Le cinéma comme Histoire» ["O cinema como História] Am Oved, 2002 – em hebraico). De forma pouco comum para historiadores de profissão, ele debruça-se, no seu novo livro, sobre os períodos que ele nunca tinha estudado - geralmente apoiando-se em pesquisadores anteriores que têm avançado com posições não ortodoxas sobre as origens dos judeus.


Ofri: Especialistas da história do povo judeu afirmam que você se ocupa de temas que não compreende e que se baseia em autores que não consegue ler no texto original.

Shlomo: É um facto que sou um historiador da França e da Europa, e não da Antiguidade. Sabia que assim que me ocupasse de períodos antigos como esses, ficaria exposto a críticas assassinas vindas de historiadores especializados nesses campos de estudo. Mas disse a mim próprio que não me poderia apoiar apenas em material historiográfico moderno sem examinar os factos que esse material descreve. Se não o tivesse feito eu próprio, teria sido necessário esperar o tempo de uma geração. Se tivesse continuado a trabalhar sobre França, talvez tivesse obtido uma cátedra na universidade e uma glória provincial. Mas tinha decidido renunciar à glória.

«Após o povo ter sido exilado à força da sua própria terra, permaneceu-lhe fiel em todos os países da sua dispersão e não cessou de orar e esperar o seu regresso à terra para aí restaurar a sua liberdade política»: eis o que afirma o preâmbulo da Declaração de Independência [de Israel]. É também a citação que abre o terceiro capítulo do livro de Shlomo Sand "A Invenção da Diáspora". De acordo com Sand, o exílio do povo judeu da sua própria terra nunca teve lugar.


«O paradigma supremo do exílio era necessário para que se construísse uma memória de longo prazo na qual um povo-raça imaginário e exilado é colocado na continuação directa do "Povo do Livro" que o antecedeu», Sand explica. Sob a influência de outros historiadores que se debruçaram nos últimos tempos sobre esta questão, ele afirma que o exílio do povo judeu é, na origem, um mito cristão, que descreve o exílio como uma punição divina castigando os judeus pelo pecado de terem rejeitado o evangelho cristão.

Comecei a procurar livros sobre o exílio – um acontecimento fundador na História Judaica - quase como o genocídio; mas, para meu grande espanto, descobri que não existia literatura sobre o tema. O motivo é que ninguém exilou um povo desta terra. Os Romanos não deportaram povos e não o poderiam ter feito mesmo que o pretendessem. Não tinham nem comboios nem camiões para poder deportar populações inteiras. Uma logística dessas não existiu antes do século XX. Foi, de facto, a partir daí que surgiu o meu livro: da compreensão que a sociedade judaica não tinha sido dispersa nem exilada.


Ofri: Se o povo não foi exilado, está na realidade a afirmar que os verdadeiros descendentes dos habitantes do reino da Judeia são os Palestinianos.

Shlomo: Nenhuma população se mantém pura ao longo de um período de milhares de anos. Mas a possibilidade de que os Palestinianos sejam os descendentes do antigo povo da Judeia são bastante maiores que a possibilidade que você ou eu [ambos judeus] o sejamos. Os primeiros sionistas, até à insurreição árabe [1936-1939], sabiam que não existira nenhum exílio e que os Palestinianos eram os descendentes dos habitantes da região. Eles sabiam que os camponeses não partem de um local a não ser que sejam expulsos. Até Yitzhak Ben Zvi, o segundo presidente do Estado de Israel, escreveu em 1929 que "a grande maioria dos fellahs (camponeses árabes) não são originários dos invasores árabes mas, muito antes disso, dos fellahs judeus que constituíam a maioria da região".


Ofri: E como é que milhões de judeus apareceram à volta do Mediterrâneo?

Shlomo: O povo não se disseminou, foi a religião judaica que se propagou. O judaísmo era uma religião prosélita (que convertia outras pessoas à sua religião). Contrariamente ao que se pensa, no judaísmo antigo exista uma vontade muito forte de converter. Os Hasmoneanos foram os primeiros a começar a criar grande número de judeus por meio de conversões massivas, sob a influência do helenismo. São estas conversões, desde a revolta dos Hasmoneanos até à de Bar Kochba, que prepararam o terreno para a posterior difusão massiva do Cristianismo. Após o triunfo do Cristianismo, no século IV, o movimento de conversão ao judaísmo foi travado no mundo cristão e houve uma diminuição brutal do número de judeus. Pode-se supor que muitos judeus convertidos na zona mediterrânica se tenham tornado cristãos. Então, o judaísmo começa a difundir-se noutras regiões pagãs - por exemplo, no Iémen e no norte de África. Se isto não tivesse sucedido - se o judaísmo não se tivesse continuado a converter no mundo pagão – teria ficado uma religião completamente marginal, se é que não teria mesmo desaparecido.


Ofri: Como é que chegou à conclusão que os judeus do Norte de África são descendentes de Berberes convertidos?

Shlomo: Interroguei-me por que razão comunidades judaicas tão importantes podiam ter surgido em Espanha. Reparei então que Tariq Ibn-Ziyad, comandante supremo dos muçulmanos que invadiram a Espanha, era berbere e que a maioria dos seus soldados eram também berberes. O reino berbere judeu de Dahia Al-Kahina fora vencido apenas 15 anos antes. E a verdade é que há diversas fontes cristãs que declaram que muitos de entre os invasores de Espanha eram convertidos ao judaísmo. A origem da grande comunidade judaica de Espanha eram estes soldados berberes convertidos ao judaísmo.

Segundo Sand, o contributo demográfico mais decisivo para a população judaica no mundo deu-se na sequência da conversão do reino khazar - o vasto império estabelecido na Idade Média nas estepes circundantes do rio Volga e que, no auge do seu poder, dominava desde a actual Geórgia até Kiev. No século VIII os reis khazares adoptaram a religião judaica e fizeram do hebreu a língua escrita do reino. A partir do século X o reino estava já enfraquecido e no século XIII foi derrotado em toda a linha pelos invasores mongóis e o destino da sua população judaica perde-se então nas brumas.


Shlomo Sand revisita a hipótese, já avançada por historiadores dos séculos XIX e XX, segundo a qual os khazares convertidos ao judaísmo seriam a principal origem das comunidades judaicas da Europa de Leste: «No início do século XX há uma grande concentração de judeus na Europa de Leste; só na Polónia são três milhões», afirma. «A historiografia sionista pretende que a sua origem provém da comunidade judaica mais antiga da Alemanha, mas essa historiografia não explica por que motivo o reduzido número de judeus originários da Europa Ocidental - de Mainz e Worms - pôde fundar o povo yiddish da Europa de Leste; na verdade, os judeus da Europa de Leste são uma mistura de khazares e eslavos rechaçados para Ocidente


Ofri: Se os judeus da Europa de Leste não são originários da Alemanha porque é que falavam yiddish, que é uma língua germânica?

Shlomo: Os judeus, a leste, formavam um grupo que dependia da burguesia alemã e foi dessa forma que adoptaram palavras alemãs. Aqui, apoio-me nas investigações do linguista Paul Wechsler, da Universidade de Telavive, que demonstrou que não existe ligação etimológica entre a língua judaica alemã da Idade Média e o yiddish. O Rabi Yitzhak Bar Levinson, já em 1928, dizia que a antiga língua dos judeus não era o yiddish. Até Ben Tzion Dinour, pai da historiografia israelita, não tinha problemas em apontar os khazares como a origem dos judeus da Europa de Leste, descrevendo a Khazaria como a "mãe das comunidades de exílio" na Europa de Leste. No entanto, desde 1967 que qualquer pessoa que fale dos khazares como sendo os antepassados dos judeus da Europa de Leste é encarado como bizarro e delirante.


Ofri: Na sua opinião, porque é que a ideia de uma origem khazar é tão ameaçadora?

Shlomo: É evidente que o receio se prende com a contestação do direito histórico sobre esta terra [Israel]. Revelar que os judeus não vieram da Judeia parece reduzir a legitimidade da nossa presença aqui. Desde o início do período de descolonização, os colonos não podem vir simplesmente dizer: «viemos, vencemos e agora somos daqui» - como também afirmaram os americanos, os brancos da África do Sul e os australianos. Existe um receio profundo que seja posta em causa o nosso direito à existência.


Ofri: E esse receio não tem fundamento?

Shlomo: Não. Não creio que o mito histórico do exílio e da errância seja a origem da minha legitimidade em estar aqui [em Israel]. Para mim é indiferente saber que sou de origem khazar. Não receio este abalar da nossa existência pois penso que a natureza do Estado de Israel ameaça de forma bem mais grave a sua existência. O que pode fundar a nossa existência aqui não são direitos históricos mitológicos mas o facto de virmos a estabelecer aqui uma sociedade aberta, uma sociedade do conjunto de todos os cidadãos israelitas.


Ofri: No fundo, afirma que não existe um povo judeu.

Shlomo: Não reconheço um povo judeu internacional. Reconheço um "povo yiddich" que existia na Europa de Leste, que não é uma nação mas onde é possível ver uma civilização yiddish com uma cultura popular moderna. Penso que o nacionalismo judeu se desenvolveu a partir desta base yiddish. Reconheço igualmente a existência de uma nação israelita e não contesto o seu direito à soberania. Mas o sionismo, tal como o nacionalismo árabe ao longo dos anos, não estão preparados para o reconhecer.

Do ponto de vista do sionismo, este Estado não pertence aos seus cidadãos, mas sim ao povo judeu. Reconheço uma definição de Nação: um grupo humano que pretende viver de forma soberana. Mas a maioria dos judeus em todo o mundo não quer viver no Estado de Israel, apesar de nada os impedir a que o façam. Assim, não se pode ver neles uma nação.



Ofri: O que é que existe de perigoso no facto de os judeus imaginarem que pertencem a um só povo? Por que razão isso seria errado?

Shlomo: No discurso israelita sobre as suas raízes existe uma dose de perversão. É um discurso etnocêntrico, biológico, genético. Mas Israel não tem existência como estado judaico: se Israel não se desenvolve e se transforma numa sociedade aberta e multicultural, teremos um Kosovo na Galileia. A consciência de um direito sobre este local deve ser mais flexível e variada e se eu contribuí com este livro para que eu próprio e os meus filhos possamos viver aqui com os outros, neste Estado, numa situação mais igualitária, terei feito a minha parte.

Devemos começar a trabalhar duramente para transformar este local que é o nosso numa república israelita, onde nem a origem étnica nem a crença serão pertinentes à luz da lei. Quem conhece as jovens elites entre os árabes de Israel pode constatar que eles não concordam em viver num Estado que proclama que não é o seu. Se fosse palestiniano rebelar-me-ia contra um tal Estado, mas é também como israelita que me rebelo contra este Estado.



Ofri: A questão que se põe é saber se, para chegar a tais conclusões, seria necessário ir até ao reino dos Khazars e ao Reino Himiarita.

Shlomo: Não escondo que sinto um grande incómodo em viver numa sociedade em que os princípios nacionais que a dirigem são perigosos e que esse incómodo serviu de motor para a minha pesquisa. Sou cidadão deste país mas também sou historiador e, enquanto historiador, tenho obrigação de escrever a História e de examinar os textos. Foi isso que fiz.


Ofri: Se o mito do sionismo é o mito do povo judeu que retornou do exílio a esta terra, qual será o mito do Estado que imagina?

Shlomo: Um mito de futuro é, a meu ver, preferível a mitologias do passado e de se fechar em si próprio. Para os americanos, e também para os europeus de hoje, o que justifica a existência de uma Nação é a promessa de uma sociedade aberta, avançada e opulenta. Os condimentos israelitas existem mas há que lhes acrescentar, por exemplo, festas que reúnam todos os israelitas. Reduzir um pouco os dias comemorativos e acrescentar dias consagrados ao futuro. E também, por exemplo, acrescentar uma hora para comemorar a Nakba (literalmente, a "catástrofe" – o termo palestiniano para aquilo que aconteceu quando Israel foi fundado], entre o Dia do Senhor e o Dia da Independência.
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domingo, novembro 23, 2008

A Crise Financeira - Lucros, Avales e Avisos

Cartoon de Derkaoui Abdellah


EsquerdaNet - 29 de Outubro de 2008

Bancos privados lucram 3,3 milhões por dia apesar da crise

Mesmo com a crise financeira internacional, os lucros dos quatro maiores bancos privados a operar em Portugal ultrapassaram os 914 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2008, o equivalente a 3,3 milhões de euros por dia. Apesar da descida global dos lucros principalmente devido à desvalorização das aplicações bolsistas, a verdade é que negócio da concessão de crédito, da captação de depósitos e da cobrança de comissões continua a crescer.

A edição desta quarta-feira do Correio da Manhã analisa os resultados apresentados pelos principais bancos privados no terceiro trimestre de 2008, juntando-os com os dois primeiros trimestres do ano.

O principal impacto negativo da crise, que está na origem da quebra geral dos lucros, vem das aplicações bolsistas, actividades de corretagem e participações financeiras. No entanto, o negócio do crédito e da cobrança de comissões continua a crescer permitindo aos bancos a manutenção de elevadas taxas de lucro.



PortugalMail - 21 Novembro, 2008

BCP, BES e CGD vão recorrer a aval do Estado até final do ano


O BCP, BES e Caixa Geral de Depósitos (CGD) confirmaram que vão recorrer à garantia do Estado para poderem contrair créditos e não por falta de liquidez, já o BPI afirmou que não pretende recorrer ao aval até ao final do ano. A CGD confirma que irá solicitar a garantia dada pelo Estado, todavia, não avança com valores, o que o presidente Faria de Oliveira justifica dizendo que os números «não devem ser adiantados antes da operação estar no mercado».

Por seu lado, o presidente do BCP diz que o empréstimo pedido nunca será inferior a mil milhões de euros.



Diário de Notícias - 22 de Novembro de 2008

Sócrates diz que avales não são para banqueiros


As garantias do Estado a empréstimos colocadas à disposição da banca nacional não são uma ajuda aos bancos em si, nem aos banqueiros nem aos respectivos accionistas. O aviso foi feito ontem pelo primeiro-ministro...
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quinta-feira, novembro 20, 2008

Reduzindo o dinheiro em circulação – pela restrição do crédito, a Banca destrói a economia e lucra biliões

Milton Friedman (economista): «Nunca tive conhecimento de nenhuma depressão económica séria em qualquer país, que não tenha sido acompanhada por um acentuado declínio da quantidade de dinheiro em circulação, e, de igual modo, nunca tive conhecimento de nenhum declínio acentuado de dinheiro em circulação que não tenha sido acompanhado por uma depressão económica séria


Diário Económico - 7/11/2008

Banco de Portugal revela que a Banca voltou a restringir as condições para a concessão de créditos. Critérios deverão ser ainda mais apertados no futuro.



O inquérito realizado em Outubro pelo Banco de Portugal (BdP) a cinco grupos bancários portugueses revelou que estes restringiram ainda mais os critérios para a concessão de crédito no terceiro trimestre, que se traduziu, entre outras coisas no aumento dos 'spreads' que praticam.

Segundo os resultados do inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito efectuado pelo Banco de Portugal relativamente a Outubro deste ano, o aumento das restrições da concessão de empréstimos foi verificada em "todos os segmentos considerados."

A mesma fonte adianta que as principais razões para este aumento terão sido o contexto de "forte turbulência nos mercados financeiros internacionais", o aumento do custo de financiamento e as restrições de balanço dos bancos, em conjunto com a deterioração dos riscos apercebidos pelas instituições inquiridas."

"A alteração de critérios ter-se-á traduzido em 'spreads' de taxa de juro mais elevados e num aumento de restritividade das restantes condições contratuais, como sejam o encurtamento da maturidade dos novos contratos, a redução dos montantes concedidos e do rácio entre o valor do empréstimo e da garantia, uma maior exigência quanto às garantias solicitadas, maiores comissões e outros encargos não relacionados com as taxas de juro e a imposição de outras condições contratuais não pecuniárias mais apertadas", nota a instituição liderada por Vítor Constâncio.

(...) Para o próximo trimestre, o BdP diz que os bancos inquiridos "perspectivam continuar a aumentar a exigência dos critérios de aprovação de empréstimos, sobretudo no que respeita aos empréstimos concedidos a longo prazo a empresas e a particulares para aquisição de habitação."



Atente-se bem nos argumentos falaciosos que o monopólio bancário utiliza para restringir o crédito e, com isso, diminuir deliberadamente a quantidade de dinheiro em circulação e impor uma depressão económica:

1 - "Forte turbulência nos mercados financeiros internacionais"

2 – "Aumento do custo de financiamento"

3 – "Restrições de balanço dos bancos"

4 – "Deterioração dos riscos apercebidos pelas instituições inquiridas"



Sheldon Emry explica o mecanismo que leva os bancos a criarem deliberadamente depressões económicas, restringindo o crédito e portanto o dinheiro em circulação e, no processo, auferirem lucros fabulosos:

Numa economia é necessária uma adequada disponibilidade de moeda (moeda em poder do público mais depósitos à ordem no sistema bancário).

Uma disponibilidade de moeda adequada é indispensável a uma sociedade civilizada. Podemos privar-nos de muitas outras coisa, mas sem dinheiro, a indústria paralisava, as propriedades rurais tornar-se-iam unidades auto-sustentadas, excedentes de alimentos desapareceriam, trabalhos que precisem mais do que um homem ou uma família fixariam por fazer, remessas e grandes movimentos de produtos cessariam, pessoas com fome dedicar-se-iam à pilhagem e matariam para permanecer vivas, e todo o governo, excepto a família ou a tribo, deixaria de funcionar.

Um exagero, dirão? Nada disso. O dinheiro é o sangue da sociedade civilizada, o meio pelo qual é feito todas as transacções comerciais excepto a simples troca directa. É a medida e o instrumento pelo qual um produto é vendido e outro comprado. Removam o dinheiro ou reduzam a disponibilidade de moeda abaixo do que é necessário para levar a cabo os níveis correntes de comércio, e os resultados são catastróficos.

Como exemplo, bastará debruçarmo-nos sobre a Depressão Americana nos princípios dos anos 30 do século XX.


Depressão Bancária de 1930:

Em 1930 os Estados Unidos não tinham falta de capacidade industrial, propriedades rurais férteis, trabalhadores experientes e determinados e famílias laboriosas. Tinham um amplo e eficiente sistema de transportes ferroviários, redes de estradas, e canais e rotas marítimas. As comunicações entre regiões e localidades eram as melhores do mundo, utilizando telefone, teletipo, rádio e um sistema de correios governamental perfeitamente operacional.

Nenhuma guerra destruiu as cidades do interior, nenhuma epidemia dizimou, nem nenhuma fome se aproximou do campo. Só faltava uma coisa aos Estados Unidos da América em 1930: Uma adequada disponibilidade de moeda para negociar e para o comércio.

No princípio dos anos 30 do século XX, os banqueiros, a única fonte de dinheiro novo e crédito, recusaram deliberadamente empréstimos às indústrias, às lojas e às propriedades rurais. Contudo, eram exigidos os pagamentos dos empréstimos existentes, e o dinheiro desapareceu rapidamente de circulação. As mercadorias estavam disponíveis para serem transaccionadas, os empregos à espera para serem criados, mas a falta de dinheiro paralisou a nação.

Com este simples estratagema a América foi colocada em "depressão" e os banqueiros apropriaram-se de centenas e centenas de propriedades rurais, casas e propriedades comerciais. Foi dito às pessoas, "os tempos estão difíceis" e "o dinheiro é pouco". Não compreendendo o sistema, as pessoas foram cruelmente roubadas dos seus ganhos, das suas poupanças e das suas propriedades.


Sem Dinheiro para a Paz, mas com muito dinheiro para a Guerra:

A Segunda Guerra Mundial acabou com a "Depressão". Os mesmos banqueiros que no início dos anos trinta não faziam empréstimos em tempos de paz para a compra de casas, comida e roupas, de repente tinham biliões ilimitados para emprestar para aquartelamentos militares, rações de combate e uniformes.

Uma nação que em 1934 não conseguia produzir alimentos para venda, repentinamente podia produzir milhões de bombas para enviar para a Alemanha e para o Japão.

Com o súbito aumento da quantidade de dinheiro, as pessoas eram contratadas, as propriedades rurais vendiam os seus produtos, as fábricas começaram a funcionar em dois turnos, as minas foram reabertas, e "A Grande Depressão" acabou!

Alguns políticos foram considerados culpados pela depressão e outros ficaram com os méritos por ter acabado com ela. A verdade é que a falta de dinheiro causada pelos bancos trouxe a depressão, e a quantidade adequada de dinheiro acabou com ela. Nunca foi dito às pessoas a simples verdade de que os banqueiros que controlam o nosso dinheiro e crédito usaram esse controlo para saquear a América e colocá-los a todos na escravidão

Os Banqueiros que controlam o dinheiro podem aprovar ou desaprovar grandes empréstimos a grandes e bem sucedidas corporações a tal ponto que a recusa de um empréstimo reduzirá o preço das acções dessa corporação no mercado. Depois da descida de preços, os agentes dos Banqueiros compram grandes quantidades de acções, após o que o empréstimo muitas vezes de milhares de milhões de dólares é aprovado, as acções então sobem e são vendidas com lucros. Desta forma ganham biliões de dólares com que compram mais acções.

Esta prática está tão refinada hoje que ao Conselho de Directores da Reserva Federal (Banco Central dos EUA) basta apenas anunciar nos jornais uma subida ou descida da taxa de redesconto para fazer subir ou descer o valor das acções. Usando este método desde 1913, os Banqueiros e os seus agentes ganharam aberta ou secretamente o controlo de quase todas as maiores empresas da América. Utilizando esse controlo, forçam as corporações a pedir grandes empréstimos aos seus bancos de tal forma que os ganhos das corporações são sugados para os bancos sob a forma de juros. Esta prática deixa poucos lucros às corporações e explica porque é que os preços das acções estão tão baixos, enquanto os bancos obtêm biliões em juros dos empréstimos às empresas. Com efeito, os Banqueiros ficam com quase todos os lucros, enquanto os accionistas individuais ficam com os restos.

As milhões de famílias trabalhadoras da América encontram-se agora endividadas a poucas milhares de famílias de Banqueiros pelo dobro do valor estimado dos Estados Unidos enquanto país.



Presidente Thomas Jefferson: "Se o povo Americano alguma vez permitir que os bancos controlem a emissão do seu dinheiro, primeiro por inflação e depois por deflação, os bancos e as corporações que nascerem à sua volta, privarão o povo da sua propriedade até que os seus filhos acordem sem tecto no continente que os seus pais conquistaram."

terça-feira, novembro 18, 2008

O ex-chefe do Estado Maior das forças armadas russas afirma que os atentados do 11 de Setembro foram uma montagem dos serviços secretos americanos



O general Leonid Ivashov era o chefe do Estado Maior das forças armadas russas quando aconteceram os atentados de 11 de Setembro de 2001. Este militar, que viveu estes acontecimentos por dentro, oferece-nos uma análise muito diferente da dos seus colegas norte-americanos. Tal como o fez na conferência «Axis for Peace 2005», explica-nos que o terrorismo internacional não existe e que os atentados do 11 de Setembro foram uma montagem dos serviços secretos americanos:


«O que estamos a viver não é mais do que terrorismo manipulado pelas grandes potências e não existiria sem elas. Em vez de fingir uma «guerra mundial contra o terrorismo», a melhor maneira de reduzir os atentados é restabelecer o direito internacional e a cooperação pacífica entre os Estados assim como entre os seus cidadãos.

A análise da essência do processo de globalização, e das doutrinas políticas e militares dos Estados Unidos e de certos países, prova que o terrorismo contribui para concretizar um domínio mundial e a submissão dos Estados a uma oligarquia global. Isso significa que o terrorismo não é um ente independente da política mundial mas simplesmente um instrumento, um meio para instaurar um mundo unipolar com um centro único de comando mundial, um pretexto para diluir as fronteiras nacionais dos Estados e instaurar o domínio de uma nova elite mundial. É precisamente essa elite que constitui o tema chave do terrorismo mundial, é o seu ideólogo e o seu «padrinho».

Se analisarmos neste contexto o que aconteceu a 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos, podemos chegar à seguintes conclusões:

1 - Os organizadores dos atentados provêm dos círculos políticos e económicos que tinham interesse em destabilizar a ordem mundial e dispunham de meios para financiar a operação. Há que buscar as razões dos atentados na confluência de interesses do grande capital a nível transnacional e global, nos círculos que não estavam satisfeitos com o ritmo do processo de globalização ou a direcção que esse processo estava a tomar. A diferença em relação às guerras tradicionais cuja concepção é determinada por políticos e generais, é que neste caso os iniciadores foram os oligarcas e os políticos a eles submetidos.

2 - Somente os serviços secretos e os seus chefes actuais ou retirados – mas que continuam a manter influência nas estruturas estatais – têm a capacidade de planificar, organizar e dirigir uma operação de tal envergadura. Geralmente são os serviços secretos quem criam, financiam e controlam as organizações extremistas. Sem o apoio dos serviços secretos esse tipo de estruturas não poderia existir – e muito menos levar a cabo acções de tal envergadura dentro de países particularmente bem protegidos. Planificar e realizar uma operação desta escala é extremamente complicado.

3 - Osama Bin Laden e a «Al-Qaeda» não puderam ser nem os organizadores nem os executantes dos atentados do 11 de Setembro. Não dispunham da organização necessária, nem de recursos. Por conseguinte, houve que criar uma equipa de profissionais e os kamikazes árabes foram apenas figurantes para encobrir a operação.»



O general Leonid Ivashov (à esquerda na imagem)


Ver o artigo completo AQUI
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domingo, novembro 16, 2008

A colossal gargalhada de escárnio que a «crise bancária» dirige a todos os contribuintes

Referido no Dragoscópio - Feed our Frankenstein


Daily Mail Online - 30 de Outubro de 2008

A Goldman Sachs apronta-se para distribuir um pacote de 7 mil milhões de libras em salários e bónus... depois de ter recebido uma ajuda financeira de 6 mil milhões de libras.


A sede do banco de investimentos Goldman Sachs dos Estados Unidos reservou 7 mil milhões de dólares para bónus e salários este ano.

A Goldman Sachs tenciona pagar aos seus banqueiros de topo muitos milhões de libras em bónus – não obstante ter pedido ao Governo americano uma ajuda financeira de emergência.

Este banco de Wall Street, em dificuldades, reservou 7 mil milhões de dólares para salários e bónus para o ano de 2008, soube-se ontem.

Cada um dos 433 sócios do banco está em vias de meter ao bolso um bónus de Natal em média superior a 3 milhões de libras.

A dimensão destas bonificações ultrapassam em muito as 6,1 mil milhões de libras que o Governo americano está a dar à Goldman Sachs como parte da sua ajuda financeira de 430 mil milhões de libras.

À medida que Washington despeja dinheiro no banco, este dinheiro é de imediato canalizado para os já muito abastados funcionários de topo da Goldman Sachs.

Notícias dos donativos do banco despertarão a cólera contra a cultura endémica de "recompensas pelos falhanços" no mundo da alta finança.

Os mesmos banqueiros que puseram a economia global de joelhos continuam a embolsar o mesmo tipo de recompensas que tinham durante os anos de expansão.

(...) Estas informações chegaram depois de ter sido revelado que até mesmo gestores a trabalhar para o gigante falido de Wall Street, Lehman Brothers, poderiam receber enormes pagamentos. Espera-se que o pessoal do Lehman Brothers de cerca de 10,000 pessoas dividam um bónus de 1,5 mil milhões de libras.

(...) Mesmo gestores do nacionalizado Northern Rock vão colher bónus no valor de 50 milhões de libras nos próximos três anos.

Estes pagamentos extraordinários incluem mais de 400,000 libras para o patrão do Northern Rock, Gary Hoffman, que se vai tornar provavelmente no gestor mais bem pago do sector público.



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Guadian - 1 de Novembro de 2008

Bancos com ajudas financeiras pagam milhões em bónus


O Royal Bank of Scotland, que teve uma ajuda financeira de 20 mil milhões de libras do dinheiro dos contribuintes, anunciou que se estava a preparar para pagar bónus a milhares de gestores não obstante o Governo ter prometido tomar medidas duras na gestão do banco.

O Royal Bank colocou de lado 1,79 mil milhões de libras para cobrir “despesas com o pessoal” – incluindo bónus arbitrários – à sua divisão de investimento nos primeiros seis meses do próximo ano. A mesma divisão causou uma quebra nos activos de 5,9 mil milhões de libras que destruíram os lucros do banco para o mesmo período.

Vários políticos americanos pegaram na investigação do mês passado do Guardian que mostrava que seis bancos de Wall Street - Goldman Sachs, Citigroup, Morgan Stanley, JP Morgan, Merrill Lynch e Lehman Brothers – reservaram 70 mil milhões de dólares para pagamentos e bónus para os primeiros nove meses do ano.



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E por cá? Neste cantinho à beira-mar socratizado?


Bernardino Soares:

«Enquanto isto, o Governo português entrega milhões aos bancos. 20 mil milhões de euros de avales para lhes garantir melhores condições de financiamento, 4 mil milhões directamente para os capitais próprios e a criação de fundos imobiliários para limpar os créditos de risco ou em incumprimento, com isenção total de todos os impostos. E, finalmente, a «nacionalização» do BPN.»

«O Governo justifica agora a nacionalização do BPN como única forma de garantir os depósitos e prevenir efeitos de contágio noutras instituições bancárias, bem como de defender os postos de trabalho. »

«Na verdade, trata-se da socialização dos prejuízos acumulados pelo BPN, que aliás começou com a injecção nos últimos meses de 435 milhões de euros pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) e pelo Banco de Portugal, mais o depósito em Agosto de 500 milhões de euros pela Segurança Social.»

«Os dados disponíveis apontam, certamente por defeito, para um rombo financeiro de pelo menos 700 milhões de euros, sendo previsível que haja subavaliação do passivo e sobreavaliação dos activos. Isso não impediu que o grupo onde se integra o BPN tenha em 2007, com lucros de 56 milhões de euros (reais ou ficcionados), distribuído quase 30 milhões de euros de dividentos pelos accionistas (estes bem reais)


Não há dinheiro para investir nem para criar emprego, nem para devolver aos reformados os 28 milhões de euros que o Governo retirou injustamente das suas pensões. mas já há 24.000 milhões de euros para apoiar a Banca nacional.

Imagem do esforço concertado para fortalecer os sistemas financeiros face à situação de «crise financeira» internacional:


sábado, novembro 15, 2008

Daily Show - McCain versus McCain na ajuda financeira de 700 mil milhões de dólares à banca

Jon Stewart: O senado aprovou uma versão modificada do plano de recuperação, rejeitada dois dias antes pelos seus primos idiotas, na Câmara. E todos sabemos quem merece os louros.

McCain: Eu sinto-me orgulhosos do meu trabalho, ao suspender a campanha, voltar a Washington e conseguir que os republicanos se sentassem à mesa e melhorassem o plano, e acredito que será aprovado.


Jon Stewart: Por que razão está McCain tão confiante de que a proposta vai ser aprovada na Câmara dos Representantes? Porque o Senado acrescentou 150 mil milhões de dólares em ofertas para convencer os legisladores de que não estão apenas a salvar a economia do país mas também a ganhar um prémio. Ena!

Esperem aí. Querem que eu dê 700 mil milhões de dólares do dinheiro dos contribuintes para compensar a ganância e a incompetência de Wall Street? Para fazer isso vou precisar de mais 150 mil milhões… E sabem quem é que vai mesmo ficar furioso com este plano?

McCain: Isto é um torniquete, não é uma cura. É um torniquete para parar a hemorragia.


Jon Stewart: É o John McCain na mesma entrevista (à CNN) em que se gabou pela aprovação desta mesma proposta. Vai ser engraçado ver estes dois (McCains) à tareia:


McCain: Os fundamentos deste pacote são bons... são fortes...

McCain: Demonstra a incrível influência dos lobbies e grupos de interesses.

McCain: Acredito que este plano irá dar lucro.

McCain: É uma loucura e uma obscenidade, porque é um desperdício do dinheiro dos contribuintes.

McCain: Os contribuintes serão os primeiros a receber, isso é um ponto importante desta proposta.

McCain: Isto são jogos de poder da pior espécie.

McCain: Regressei a Washington, consegui sentar os republicanos à mesa.

McCain: Estes financiamentos obscuros, estas jogadas escandalosas.

McCain: Melhoraram o plano.

McCain: É péssimo. E é uma... É uma fonte de corrupção.

McCain: E estou em crer que será aprovado.


Vídeo legendado em português (2:43m):

quinta-feira, novembro 13, 2008

A Banca - mantida pela fé, pela contrafacção e pela burla

Pedro Arroja, licencido em Economia na Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEUP) fez mestrado e doutoramento na universidade de Otava, no Canadá. Actualmente faz gestão de patrimónios, de fundos de investimento, de fundos de pensões e consultoria financeira. Transacciona nos principais mercados de acções mundiais, como Londres, Frankfurt, Zurique, Nova Iorque, Chicago, Tóquio, entre outras. Pedro Arroja defendeu (numa entrevista à Visão) que «A democracia tem destruído a autoridade».

Pedro Arroja publicou no seu blogue «Portugal Contemporâneo», a 19 de Novembro 2007, o artigo: Mantido pela fé

«Provavelmente, nenhum outro processo económico, como o processo da criação de dinheiro, ilustra tão bem como uma sociedade para funcionar precisa de fé - e de fé genuína.

Dinheiro é tudo aquilo que serve para efectuar pagamentos. As notas em poder do público mais os saldos das contas de depósito à ordem (sobre os quais se podem passar cheques ou fazer transferências bancárias) são dois activos que ocorrem imediatamente ao espírito. Eles constituem a definição de dinheiro a que os economistas chamam M-1: notas em poder do público mais depósitos à ordem.

O processo de criação de dinheiro é normalmente desencadeado pelo banco central comprando títulos da dívida pública, e depende criticamente dos hábitos do público no que respeita ao levantamento dos seus depósitos. Se por experiência se sabe que da totalidade dos depósitos existentes nos bancos, em cada momento o público não levanta mais de 5%, então basta aos bancos guardarem 5% dos depósitos sob a forma de notas, podendo emprestar o restante. A taxa de reservas obrigatórias (5%) é fixada por lei.

O Estado americano possui um défice de $1000. Emite títulos da dívida pública que vende ao Fed (Reserva Federal – Banco Central dos Estados Unidos), o qual paga os títulos com notas saídas da máquina impressora e entrega-as ao Treasury Department (TD – Departamento do Tesouro). A quantidade de dinheiro em circulação, neste momento, é de $1000 em notas, na posse do TD.

O TD utiliza os $1000 para pagar aos seus fornecedores, por exemplo, ao Ricardo que trabalha para o Governo como consultor militar. O Ricardo deposita este montante no Banco A. Este Banco guarda 5% como reservas ($50) e concede um empréstimo de $950 ao António para comprar uma bicicleta. A quantidade de dinheiro em circulação subiu para $1950, dos quais $1000 são depósitos (Ricardo) e $950 são notas em poder do António. (NB.: os $50 em notas detidos pelo Banco A sob a forma de reservas não são dinheiro, porque não podem servir como meio de pagamento; estão lá para fazer face aos levantamentos sobre as contas de depósito).

O António compra a bicicleta ao Francisco por $950. Este deposita os $950 no Banco B. O Banco guarda 5% ($47.5) como reservas e empresta o restante ($902.5) ao Bruno que precisa de comprar uma mobília. A quantidade de dinheiro em circulação subiu agora para $2852.5, dos quais $1950 são depósitos (Ricardo e Francisco) e $902.5 são notas em poder do Bruno.

O Bruno compra a mobília à Cecília por $902.5. Esta deposita os $902.5 no Banco C. Este guarda 5% em reservas ($45.125) e empresta o restante ($857.375) à Sofia para esta comprar um vestido. A quantidade de dinheiro em circulação subiu agora para ($3709.675), dos quais $2852.5 são depósitos (Ricardo, Francisco e Cecília) e $857.375 são notas em poder da Sofia.

Prosseguindo este processo indefinidamente, a quantidade de dinheiro acabará por subir a $20,000 sob a forma de depósitos (Ricardo, Francisco, Cecília, ...), enquanto os $1000 em notas emitidas pelo Fed estarão em reservas nos bancos ($50 no Banco A, $47.5 no Banco B, $45.125 no Banco C, ...), e, neste sentido, não contam como dinheiro.

A emissão de $1000 em notas pelo Fed aumentou a quantidade de dinheiro (M-1) em circulação no montante de $20,000, sob a forma de depósitos. A esta relação (20) dá-se o nome de multiplicador do crédito, o qual é o inverso da taxa de reservas obrigatórias (1 a dividir por 5%).

O Ricardo não tem dúvidas que possui um depósito de $1000 no Banco A, o Francisco um depósito de $950 no Banco B, a Cecília um depósito de $902.5 no Banco C, e assim por diante para os outros depositantes num total de $20,000 em depósitos.

Pura ilusão, porque os bancos onde eles depositaram o dinheiro não possuem, em conjunto, mais de $1000 em notas para fazer face a esses depósitos. Porém, enquanto esta ilusão persistir tudo corre bem. Somente no dia em que eles forem todos ao mesmo tempo levantar os seus depósitos aos bancos é que a realidade será revelada - os bancos não possuem mais de $1000 para fazer face aos levantamentos.

Nesse dia, os bancos vão à falência e o Ricardo, o Francisco, a Cecília, ..., ficarão sem o seu dinheiro e a saber que, na realidade, as suas contas de depósito eram pura ilusão. O sistema financeiro é mantido pela fé que todos nós possuímos que o dinheiro que depositamos nos bancos está lá para quando o quisermos levantar. Na realidade, não está.»


Comentário:

O exemplo de Pedro Arroja é (quase) excelente. Simplesmente, o Professor esqueceu-se de contar o resto da história: o dinheiro que depositamos não está lá, porque esse dinheiro não é real – foi forjado pelos bancos como dívida. É por isso que os bancos vão à falência se todos os depositantes forem todos ao mesmo tempo levantar os seus depósitos.

Desta forma, como no exemplo de Arroja, a partir de um depósito real de, digamos, $1000, os bancos emprestam $19,000, que não existem em lado nenhum, e cobram juros bem reais por essa ilusão. Isto não é usura, é roubo. Um roubo de proporções colossais.

O distinto economista Murray N. Rothbard, um acérrimo defensor da economia de mercado, conclui, de forma inequívoca, aquilo que Arroja não quis ou não soube aclarar:

Murray N. Rothbard é considerado um dos grandes pensadores no campo da economia, da história, da filosofia política, e do direito. Estabeleceu-se como o principal teórico austríaco na metade final do século XX, e aplicou a análise austríaca a tópicos históricos, como a Grande Depressão de 1929 e a história do sistema bancário americano. Rothbard combinou os pensamentos de americanos individualistas do século XIX com a economia austríaca.

Excerto de "The Mystery of Banking" [O Mistério da Banca, por Murray N. Rothbard]:

«Donde é que veio o dinheiro? Veio – e isto é a coisa mais importante que se deve saber sobre o sistema bancário moderno – veio do NADA (out of thin air). Os bancos comerciais – ou seja, os bancos que utilizam o sistema de reservas fraccionais – criam dinheiro a partir do nada. Basicamente fazem o mesmo que os contrafactores (falsificadores). Os falsificadores, também, criam dinheiro a partir do nada imprimindo alguma coisa que faz passar por dinheiro ou por um recibo de um depósito de dinheiro. Desta forma, retiram fraudulentamente riqueza da comunidade, das pessoas que ganharam verdadeiramente o seu dinheiro. Da mesma forma, os bancos que utilizam o sistema de reservas fraccionais contrafazem recibos de depósitos de dinheiro, que depois fazem circular como equivalentes ao dinheiro entre as pessoas. Há uma excepção a esta comparação: A lei não trata estes recibos dos bancos como falsificações.»


Os primeiros oito minutos e vinte segundos (8:20m) do vídeo 'Money as Debt' - legendados em português.


Dinheiro como Dívida - Money as Debt @ Yahoo! Video


A versão completo do vídeo em inglês (47m): Money as Debt

E a versão completa do vídeo em espanhol (47m): El Dinero es Deuda.
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terça-feira, novembro 11, 2008

Grã-Bretanha - manter nas escolas a consciência do massacre sistemático dos Judeus pelos Nazis


Times Online - 7 de Novembro de 2008

Cada escola [na Grã-Bretanha] vai ter um especialista em Holocausto sob uma iniciativa anti-racismo:

Cada escola secundária [na Grã-Bretanha] vai ter um especialista do Holocausto para assegurar que o tema seja ensinado de forma compreensiva e sensível.

A cada professor da cada escola será oferecido um lugar num curso de treino sobre a educação do Holocausto para combater o racismo e a intolerância.

Um em cada dez professores que tirarem o curso podem tirar um módulo de mestrado na educação do Holocausto, como parte de um plano de 1,5 milhões de libras levado a cabo pelo Instituto da Educação.

Os professores discutirão as partes do tema onde encontrem mais dificuldade em ensinar e vão trabalhar em projectos de lições com especialistas na forma de tratar as questões.

Stuart Foster, director do projecto, disse: "Há preocupações crescentes na sociedade sobre intolerância e racismo. O BPN (British National Party) aparece em primeiro plano, e existe um anti-semitismo acrescido."

A iniciativa destina-se a manter a consciência do massacre sistemático dos Judeus pelos Nazis durante a Segunda Guerra Mundial à medida que os sobreviventes vão desaparecendo, informa o Times Educational Supplement.

O projecto será lançado no Domingo, no 70º aniversário da Kristallnacht (A Noite dos Cristais) – a noite de 1938 onde 91 Judeus foram mortos, 30,000 foram presos e 191 sinagogas foram destruídas marcando o início o genocídio do povo Judeus pelos Nazis.

Ruth-Anne Lenga (na foto), consultora de educação do Jewish Museum [Museu Judaico], afirmou que o Holocausto é abordado muito resumidamente pelas escolas não obstante fazer parte da matéria curricular. "Pode ser a emotividade do tema que preocupa os professores, ou então as questões e os difíceis desafios morais que levanta. Queremos garantir que há apoio."

O projecto coincidirá com um levantamento em forma de teste do conhecimento dos professores sobre o tema e sobre os seus métodos de ensino. Irá inquirir os professores sobre a sua definição de "Holocausto" e se consideram importante que o tema seja ensinado às crianças.

O plano é parte de um projecto mais vasto de educação sobre o Holocausto fundado pelo Governo e pela Fundação de caridade Pears. É apoiado pelo Holocaust Education Trust, que este ano recebeu 1,5 milhões de libras para enviar dois alunos do sexto ano de cada escola a Auschwitz.



Comentário:

Manter nas escolas a consciência do massacre sistemático dos Judeus



Jornal israelita Haaretz – 9/11/2007

Israel pretende um novo acordo com a Alemanha sobre indemnizações do Holocausto:

segunda-feira, novembro 10, 2008

No Daily Show de Jon Stewart, Eugene Jarecki desmonta as esperanças ingénuas dos apoiantes de Barack Obama

Eugene Jarecki, escritor e realizador, dirigiu, entre outros, o documentário "Why We Fight" [Porque é que combatemos], que descreve a ascensão do complexo militar-industrial americano. O documentário afirma que em todas as décadas desde a Segunda Guerra Mundial, foi dita uma mentira ao povo americano, de forma a que o Governo pudesse conduzi-lo à guerra e, desta maneira, alimentar a economia militar-industrial.

Eugene Jarecki é convidado de Jon Stewart do Daily Show. O seu último livro chama-se "Como a América Faz a Guerra: e como perdeu o seu rumo" [The American Way of War].


Stewart: Fala muito de uma ligação entre os sectores militares e industrial, para a qual Eisenhower alertara. Isso está agora mais presente ou menos presente do que nos anos 50?

Jarecki: Essa ligação está mais presente actualmente e também muito mais generalizada na sociedade. Olhando para o que se passa em Wall Street e em tantas indústrias, as pessoas sentem que não é apenas o sector militar-industrial. Há uma espécie de promiscuidade político-industrial neste país. Há uma ligação demasiado estreita entre empresas e congressistas

Jarecki: O mundo não é um local seguro. É impossível ter segurança perfeita. E o que pode acontecer quando tentamos ter segurança perfeita é, literalmente, entrar em falência enquanto país a todos os níveis… Eisenhower disse que "é possível destruir a partir do interior o que estamos a tentar proteger do exterior." É assustador.

Jarecki: O que aconteceu foi que o nosso país mudou. O meu livro mostra como o estilo de guerra americano substituiu o estilo de vida americano… Os Constitucionalistas queriam uma República modesta, que não andasse sempre em guerra, pois sabiam – pelos Britânicos – que, se o país se envolver constantemente em guerras, o Presidente vai dizer mais frequentemente ao povo: "É tempo de guerra. Não há tempo para liberdades cívicas, não há tempo para deliberar, não há tempo para decisões racionais." Não queriam isso. Disseram: "Foi assim no tempo dos Britânicos. Criemos um Governo inteligente, que não possa estar sempre em guerra."

Stewart: Qual o máximo de tempo que estivemos neste país sem participar em alguma guerra?

Jarecki: No últimos 200 anos, um ou dois anos. Foram feitos estudos. É um estado de guerra permanente e, de certa forma, é terrível, mas é algo que todos podemos mudar.

Stewart: Não vê isto como uma questão entre Democratas e Republicanos. É o tipo de coisa que ambos os partidos… Este envolvimento dos lóbistas com as empresas não muda muito de Administração para Administração.

Jarecki: Não, de todo. As forças que controlam a nossa entrada ou não numa guerra, francamente não querem saber quem está na Casa Branca, quem está na Sala Oval,. Interessa-lhes o paradigma, a ideia de soberania americana no mundo, a forma como nos impomos e espalhamos a nossa marca.


Vídeo legendado em português

domingo, novembro 09, 2008

Também na banca, o Brasil já se tornou um imenso Portugal

A jornalista brasileira Salete Ramos foi demitida da TV Cultura, em julho de 2007, por expressar a sua revolta sobre o roubo que os bancos praticam no Brasil.

Fala ela do enriquecimento ilícito dos bancos, da posição do governo em estudar reconhecer a dívida e da assistência jurídica para assegurar automaticamente o reembolso aos lesados, o povo brasileiro.

Ouçam-se as palavras de Salete Ramos. Vale bem a pena, pela brutalidade dos números envolvidos:

Vídeo - 1:51 m

quarta-feira, novembro 05, 2008

A metamorfose da câmara de gás de Dachau

De 1945 a 1960 os meios de comunicação e os tribunais Aliados afirmaram que uma câmara de gás homicida tinha sido usada no campo de concentração de Dachau. Não faltavam provas desse facto. Chamou-se particularmente a atenção para a câmara de gás de Dachau e para as suas vítimas.

Segundo um livro publicado pelo Exército Norte-Americano imediatamente a seguir à II Guerra, intitulado "Dachau Libertado, o Relatório Oficial do Sétimo Exército dos Estados Unidos" [Dachau Liberated, The Official Report by The U.S. Seventh Army], entre 20 de Junho e 23 de Novembro de 1944, um total de 29,138 Judeus foram trazidos de outros campos e gaseados na câmara de gás de Dachau.


Um dos dias mais decisivos do julgamento de Nuremberga foi aquele no qual a acusação exibiu um filme sobre os campos de concentração alemães. O horror supremo chegou com a câmara de gás de Dachau. O orador explicou o funcionamento do dispositivo que gaseou provavelmente 100 pessoas de cada vez. É difícil exagerar o quanto a exibição desse filme influenciou a imaginação das pessoas.

O filme está disponível no site do Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos [USHMM - United States Holocaust Memorial Museum]:



No filme, que foi mostrado no Tribunal Militar Internacional de Nuremberga, a 29 de Novembro de 1945, um soldado americano pode ser visto a abrir a porta que separa a sala, onde os prisioneiros se despiam, da câmara de gás:



Na página do site está uma descrição do filme sobre Dachau:


«Campo de Concentração de Dachau. Vistas aéreas de Dachau onde 30.000 estavam prisioneiros. Portão do campo com a suástica. Faces macilentas de prisioneiros. Comboios cheios de prisioneiros que estavam mortos à chegada. Pilha de corpos enterrados pelos prisioneiros sobreviventes. Prisioneiros mortos. Habitantes da cidade próxima são trazidos para ver o campo. Mulheres choram depois de ver as pilhas de corpos. Roupas dos prisioneiros penduradas do lado de fora do edifício onde os prisioneiros eram gaseados. Interiores da sala de chuveiros mostrando os ventiladores do gás, chuveiros falsos, casa das máquinas, válvulas de entrada e saída, válvula manual para regular a pressão do gás, lata de Zyclon B, e crematórios. Interiores dos crematórios, cinzas. Filmagens de prisioneiros nus mostrando os efeitos da brutalidade nazi.»


Mas outra página do site do Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos diz o seguinte:

«Em 1942, a área do crematório foi construída próxima do campo principal. Incluía o crematório velho e o crematório novo (Barrack X) com uma câmara de gás. Não existem provas credíveis de que a câmara de gás tenha sido usada para matar seres humanos


Até Maio de 2003, qualquer visitante da câmara de gás de Dachau podia ler num painel a seguinte frase em cinco línguas diferentes:


CÂMARA DE GÁS
disfarçada de "sala de chuveiros"

nunca foi usada como câmara de gás


Câmara de Gás de Dachau


A fotografia deste painel pode, ainda hoje, ser observada no site de "The Holocaust History Project" [Projecto de História do Holocausto], uma empresa americana sem fins lucrativos.
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