segunda-feira, março 29, 2010

A moeda explicada a idiotas, que é como quem diz: a Armandos, Armindos, Frangos e Passarinhos


O Crédito Social versus o Juro Bancário



Uma história de Louis Even, extremamente esclarecedora e que bem merece ser lida.

[Tradução minha]


1 - Os Sobreviventes de um Naufrágio

Uma explosão destruiu por completo um navio. Cinco sobreviventes agarraram-se a vários pedaços de destroços e, com eles, conseguiram construir uma jangada onde se agruparam e que as ondas levou à mercê das marés. Quanto às outras vítimas do desastre, não havia sinal deles.

Durante muito tempos os sobreviventes perscrutaram o horizonte. Poderia algum navio avistá-los? Poderia a jangada improvisada ir dar uma praia favorável?

De repente um grito soou: "Terra! Olhem! Ali, na direcção para onde as ondas nos estão a levar!"



E à medida que se confirmava que a silhueta no horizonte era de facto o contorno de uma costa, os sobreviventes na jangada dançavam de alegria.

Os sobreviventes eram cinco, cinco canadianos. Havia o Frank, o carpinteiro, grande e enérgico. Foi ele quem gritou em primeiro lugar, "Terra!"

Depois, Paul, o agricultor. Na imagem pode-se vê-lo de joelhos, com uma mão apoiada no chão e com a outra a segurar o mastro da jangada.

A seguir, o Jim, um criador de animais; é o das calças às riscas, de joelhos e a olhar em direcção à terra.

Também o Harry, um fruticultor, um pouco obeso, sentado num baú que fora salvo do naufrágio.

E finalmente, o Tom, um prospector e mineiro; é o risonho que tem a mão nos ombros do carpinteiro.



2 - Uma Ilha Providencial

Para os nossos cinco homens, pôr os pés em terra era como regressar à vida.

Chegados a terra, quando se secaram e aqueceram, o seu primeiro impulso foi explorar a pequena ilha para onde tinham sido lançados, longe da civilização.

Uma breve inspecção foi o suficiente para lhes animar o espírito. A ilha não era uma rocha árida. É verdade que eram os únicos homens que lá estavam nessa altura. Mas, a julgar pelos rebanhos de animais semi-domesticados que encontraram, deviam lá ter vivido pessoas antes de eles lá chegarem. Jim, o criador de animais, tinha a certeza que os podia domesticar completamente.


Paul achou o solo da ilha, na sua maior parte, perfeitamente adequado para a agricultura.

Harry descobriu algumas árvores de fruto que, se devidamente tratadas, poderiam dar excelentes colheitas.

Igualmente importante era a existência de vários tipos de madeira dos bosques. Frank, sem muita dificuldade, seria capaz de construir casas para uma pequena comunidade.

Quanto a Tom, o mineiro, bom, as formações rochosas da ilha mostravam sinais de ricos depósitos minerais. Sem ferramentas, Tom, mesmo assim, sentiu que com o seu engenho e iniciativa poderia produzir metais a partir dos minerais encontrados.

Portanto, cada um dos sobreviventes poderia servir a pequena comunidade com o seu próprio talento. Chegaram todos a acordo em chamar ao lugar a Ilha da Salvação. Todos deram graças à Providência pelo razoável final feliz do que poderia ter sido uma tragédia total.



3 - Riqueza Autêntica

E os homens começaram a trabalhar.

O carpinteiro constrói casas e faz utensílios. Ao princípio encontravam comida onde calhava. Mas depressa os campos foram trabalhados e semeados, e o agricultor começou a fazer as suas colheitas.


À medida que as estações se sucediam, este património dos cinco homens, a Ilha da Salvação, tornava-se cada vez mais rica.

A sua riqueza era feita não de ouro ou de notas do banco, mas de valores autênticos; uma riqueza constituída por alimentos, roupas e abrigos, de todas as coisas que os humanos precisam.

Cada homem trabalhava na sua própria ocupação. Quaisquer excedentes que pudessem resultar da sua produção, eram trocados pelos excedentes dos outros.

A vida não era sempre tão tranquila e completa como eles gostariam que fosse. Faltavam-lhes muitas das coisas a que eles se tinham habituado na civilização. Mas a sua sorte poderia ter sido bastante pior.

Além disso, todos tinham sofrido na carne a depressão no Canadá. Ainda se lembravam dos estômagos vazios lado a lado com armazéns a abarrotar de comida.

Pelo menos, na Ilha da Salvação, não eram forçados a ver as coisas que precisavam a apodrecer perante os seus olhos. Os impostos não existiam. Nem estavam em constante sobressalto com medo que as finanças lhes apreendessem os bens.

Trabalhavam duramente mas pelo menos podiam usufruir os frutos do seu labor.

Portanto, desenvolveram a ilha, agradecendo a Deus e esperando pelo dia da reunião com as suas famílias, ainda vivos e de saúde, essas duas grandes bênçãos.



4 – Um Sério Inconveniente

Os nossos homens juntavam-se amiúde para falar dos seus assuntos.

Sob o simples sistema económico que tinham desenvolvido, havia uma coisa que os preocupava cada vez mais: não tinham nenhuma forma de dinheiro. A permuta, a troca directa de bens por outros bens, tinha os seus inconvenientes. Os produtos a serem trocados não estavam sempre à mão quando era discutida uma troca. Por exemplo, a madeira entregue pelo agricultor no inverno só poderia ser paga em batatas seis meses depois.


Algumas vezes, um deles podia ter um artigo de tamanho considerável que ele queria trocar por um certo número de artigos mais pequenos produzidos pelos outros em alturas diferentes.

Tudo isto complicava o comércio. Contudo, com um sistema monetário, cada um podia vender os seus produtos aos outros por dinheiro. Com este dinheiro podia comprar dos outros as coisas de que tinha necessidade, quando quisesse e quando estivessem disponíveis.

Todos concordaram que um sistema monetário seria, de facto, muito conveniente. Mas nenhum deles sabia como edificar um tal sistema. Sabiam como produzir riqueza verdadeira – bens. Mas a maneira de produzir dinheiro, o símbolo da riqueza, era algo que os ultrapassava. Eram ignorantes sobre a origem do dinheiro, e tendo necessidade dele, não sabiam como fazê-lo. Certamente, muitos homens com formação estariam na mesma situação; todos os nossos governos estiveram nessa difícil situação durante os dez anos anteriores à guerra [Primeira Guerra Mundial]. A única coisa que faltava no país era dinheiro, e, aparentemente, os governos não sabiam como obtê-lo.



5 – A Chegada de um novo Refugiado

Uma tarde, quando os nossos homens estavam sentados na praia a debater pela enésima vez o seu problema, viram aproximar-se subitamente um pequeno barco com um homem sozinho a remar.


Ficaram a saber que ele tinha sido o único sobrevivente de um naufrágio. O seu nome era Oliver.

Encantados por terem um novo companheiro, trataram-no com toda a amabilidade e levaram-no a dar uma volta para lhe mostrarem a colónia.

"Embora estejamos perdidos e separados do resto do mundo," disseram-lhe, "não temos muito de nos queixar. A terra e a floresta são boas para nós. Só temos falta de uma coisa – Dinheiro. Isso tornar-nos-ia mais fácil trocar os nossos produtos."

"Bom, podem agradecer à Providência," replicou Oliver, "porque eu sou um banqueiro e em menos de nada vou montar um sistema financeiro que posso garantir que vos satisfará. Nessa altura terão tudo o que as pessoas da civilização têm."

Um banqueiro!... UM BANQUEIRO!... Um anjo saído das nuvens não inspiraria mais reverência e respeito nos nossos homens. Porque, no fim de contas, não estamos nós acostumados, nós, que vivemos na civilização, a ajoelharmo-nos perante os banqueiros, esses que controlam o sangue vital da finança?



6 – O Deus da Civilização

"Sr. Oliver, como nosso banqueiro, a sua única ocupação nesta ilha será tomar conta do nosso dinheiro; não fará nenhum trabalho manual."

"Tal como qualquer outro banqueiro, irei empenhar-me em consolidar a prosperidade da comunidade."

"Sr. Oliver, vamos-lhe construir uma casa de acordo com a sua dignidade como banqueiro. Mas, entretanto, não se importa que o alojemos num dos edifícios que usamos para as nossas reuniões?"

"Isso estará muito bem para mim, meus amigos. Mas antes de tudo, descarreguem o barco. Há lá papel, uma prensa e tinta; e há também um pequeno barril que eu vos peço que tratem com o maior cuidado."

Os homens descarregaram tudo. O pequeno barril levantou muita curiosidade nos homens.

"Este barril," disse Oliver, "contém um tesouro que ultrapassa a imaginação. Está cheio de… ouro!"


Cheio de ouro! Os cinco homens quase desmaiaram. O deus da civilização aqui, na Ilha da Salvação! O ouro amarelo, sempre escondido, e, no entanto, terrível no seu poder; cuja presença ou ausência ou o menor capricho podia decidir o destino de todas as nações civilizadas!

"Ouro! Sr. Oliver, o Sr. é realmente um grande banqueiro!"

"Oh augusta majestade! Oh honorável Oliver! Grande sacerdote do deus ouro! Aceite a nossa humilde homenagem e receba as nossas juras de lealdade!"

"Sim, meus amigos, ouro suficiente para um continente. Mas o ouro não é para andar em circulação. O ouro tem de estar escondido. O ouro é a alma do dinheiro saudável, e a alma é sempre invisível. Mas eu explico-vos tudo quando receberem o vosso primeiro suprimento de ouro."



7 – O Enterro Secreto

Antes de se separarem para irem para as suas casas dormir, Oliver fez-lhes uma última pergunta:

"Quanto dinheiro precisam para começar de forma a começarem a trocarem os vossos produtos?"

Eles olharam uns para os outros e depois respeitosamente para o banqueiro. Depois de alguns cálculos e com o conselho do gentil banqueiro, decidiram que $200 para cada um, seria o suficiente.

Os homens separam-se, trocando comentários entusiásticos. E, não obstante o adiantado da hora, ficaram a maior parte da noite acordados com a imaginação excitada pela imagem do ouro. Só se foram deitar de madrugada.

Quanto a Oliver, não perdeu tempo. O seu futuro como banqueiro fê-lo esquecer a fadiga. Às primeiras luzes da madrugada foi cavar um buraco onde colocou o barril. Depois tapou o buraco, transplantando um pequeno arbusto para o local que cuidadosamente cobriu com terra. O barril ficou bem escondido.


Depois, foi trabalhar com a sua pequena prensa e imprimiu mil notas de $1. Observando as novas notas a sair da sua prensa, o refugiado tornado banqueiro pensou para si mesmo:

"Extraordinário! Como é simples fazer dinheiro. Todo o seu valor provém dos produtos que se podem comprar com ele. Sem produção, estas notas não valiam nada. Os meus cinco ingénuos clientes não compreendem isso. Pensam que o valor deste dinheiro advém do ouro. A ignorância deles faz de mim o seu senhor."

E quando a tarde chegou, os cinco vieram a correr ter com Oliver.



8 – Quem é Dono do Novo Dinheiro?

Cinco maços de notas de banco novas estavam em cima da mesa.

"Antes de distribuir o dinheiro," disse o banqueiro, "gostava que ouvissem o que tenho para dizer."

"Agora, a base de todo o dinheiro é o ouro. E o ouro que está guardado no barril do meu banco é meu. Consequentemente, este dinheiro é meu. Oh! Não fiquem tão desanimados. Eu vou usá-lo para atender às vossas necessidades. Contudo, vão ter de me pagar juros. Considerando que o dinheiro é escasso, julgo que 8% é um juro razoável."

"Oh, é bastante razoável, Sr. Oliver."

"Só mais uma coisa, meus amigos. Negócios são negócios, mesmo entre camaradas. Antes do receberem o vosso dinheiro, cada um de vocês vai assinar um papel. Nele comprometem-se a pagar tanto os juros como o capital (o empréstimo) sob pena de ter de vos confiscar as vossas propriedades. Oh! Isto é uma mera formalidade. As vossas propriedades não têm nenhum interesse para mim. Fico satisfeito com o dinheiro. E estou certo que vou recuperar o meu dinheiro e que vocês vão manter as vossas propriedades."

"Isso faz todo o sentido, Sr. Oliver. Vamos trabalhar mais do que nunca para lhe pagar o empréstimo."

"Isso é que é falar. E sempre que tenham algum problema, venham falar comigo. O vosso banqueiro é o vosso melhor amigo. Bom, aqui estão duzentos dólares para cada um de vocês."


E os nossos bravos cinco amigos foram para casa, com as mãos cheias de dólares e as cabeças extasiadas por terem dinheiro.



9 – Um Problema de Aritmética

E, desta forma, o dinheiro de Oliver entrou em circulação na ilha. O comércio, simplificado pelo dinheiro, duplicou. Toda a gente estava feliz.

E o banqueiro era sempre cumprimentado com verdadeiro respeito e admiração.

Mas, vejamos… Porque é que Tom, o mineiro, parecia tão sério, sentado a fazer contas com um lápis e papel? Era porque Tom, tal como os outros, tinha assinado um acordo onde era obrigado a pagar ao Oliver, ao fim de um ano, os $200 mais $16 de juros. Mas Tom tinha apenas meia dúzia de dólares no bolso e a data do pagamento estava próxima.


Por um bom período de tempo ele ficou às voltas com o problema do seu próprio ponto de vista, sem sucesso. Por fim, olhou para o problema sob o ponto de vista de toda a pequena comunidade.

"Levando em consideração toda a gente da ilha, como um todo, seremos capazes de cumprir com as nossas obrigações? Oliver entregou-nos um total de $1000. E agora está a pedir-nos $1080. Mas mesmo que lhe trouxéssemos todas as notas que existem na ilha, ainda faltariam $80. Ninguém fez esses $80 extras. Nós produzimos bens, não notas de dólar. Portanto, o Oliver pode apoderar-se de toda a ilha porque todos os habitantes juntos não lhe podem pagar a quantia total do capital mais os juros.

"Mesmo que alguns o pudessem fazer, os outros não o conseguiriam. O banqueiro acabará por ficar com tudo. É melhor termos já uma reunião e decidir o que fazer."

Tom, com as suas contas à mão, não teve dificuldade em demonstrar a situação. Todos concordaram que tinham sido enganados pelo simpático banqueiro. Decidiram ter uma reunião com o banqueiro.



10 – O Banqueiro Benevolente

Oliver adivinhou o que lhes ia na mente mas colocou a sua melhor cara. Enquanto ouvia, o impetuoso Frank apresentou o caso em nome do grupo.

"Como é que vamos pagar-lhe $1080 quando só existem $1000 em toda a ilha?"

"É o juro, meus amigos. A vossa taxa de produção não aumentou?"

"Claro, mas o dinheiro não. E é dinheiro que você está a pedir, não os nossos produtos. E você é o único que pode fazer dinheiro. Você só fez $1000 e agora pede-nos $1080. É uma impossibilidade!"

"Tomem atenção, meus caros. Os banqueiros, para o bem da comunidade, adaptam-se sempre às condições dos seus tempos. Vou exigir apenas o juro. Apenas $80. Vocês vão continuar em posse do capital."


"Deus vos abençoe, Sr. Oliver. Vai anular os $200 que cada um de nós lhe deve?!"

"Oh, não! Tenho muita pena, mas um banqueiro nunca anula uma dívida. Ainda me devem todo o dinheiro que vos emprestei. Mas só me vão pagar, todos os anos, os juros. Se pagarem fielmente os juros todos os anos, eu não vos pressiono para me pagarem o capital. Talvez alguns de vós não me consigam pagar sequer os juros porque o dinheiro circula entre vocês. Bom, organizem-se como uma nação. Fundem um sistema de contribuições, a que chamamos impostos. Os que tiverem mais dinheiro serão mais taxados. Os pobres pagarão menos. Vejam se me trazem a soma total dos juros e eu ficarei satisfeito. E a vossa pequena nação terá sucesso."

E, assim, os nossos homens regressaram às suas casas, já mais calmos, mas ainda com dúvidas.



11 – Oliver Exulta

Oliver está sozinho em profunda reflexão:

"O negócio vai bem. Estes rapazes são bons trabalhadores, mas estúpidos. A ignorância e a ingenuidade deles é a minha força. Eles pedem dinheiro e dou-lhes as correntes da sua escravidão. Dão-me orquídeas e eu roubo-lhes os bolsos."

"É verdade que eles se podem revoltar e atirar-me ao mar. Mas eu tenho as assinaturas deles. São pessoas honestas e trabalhadoras que foram postas neste mundo para servir os financeiros.

"Oh grande Mammon [ídolo pagão que descreve o culto da riqueza]! Sinto o vosso génio bancário atravessar todo o meu ser! Oh, louvado senhor! Quão certo estavas quando dizias: "Dêem-me o controlo do dinheiro de uma nação e não me importa quem faça as leis." Sou o senhor da Ilha da Salvação porque controlo o seu dinheiro."


"A minha alma está embriagada de entusiasmo e ambição. Sinto que posso governar o universo. O que eu, Oliver, fiz aqui, posso fazê-lo em todo o mundo. Oh! Se ao menos eu pudesse sair desta ilha! Saberia como governar o mundo sem usar uma coroa."

"A minha maior felicidade seria impor a minha filosofia nas mentes daqueles que lideram a sociedade: banqueiros, industriais, políticos, reformadores, professores, jornalistas, - todos seriam meus servos. As massas ficam satisfeitas por viver em escravatura quando as suas próprias elites se constituem como seus administradores."



12 – O Custo de Vida Insuportável

Entretanto as coisas iam de mal a pior na Ilha da Salvação. A produção aumentou mas a troca de bens desceu para o mínimo. Oliver continuava a recolher os seus juros regularmente. Os outros tinham de pensar na forma de pôr dinheiro de lado para lhe pagar. Por isso, o dinheiro tendia a ficar parado em vez de circular livremente.

Os que pagavam mais impostos queixavam-se daqueles que pagavam menos. Aumentaram os preços dos seus produtos para compensar as perdas. O infeliz pobre que não pagava impostos lamentava-se do elevado custo de vida e comprava ainda menos.


A moral estava em baixo. Perderam a alegria de viver. Ninguém tinha interesse no seu trabalho. E porque haveriam de ter? Quando faziam uma venda, tinham de pagar impostos a Oliver. Começaram a ficar sem as coisas. Era uma autêntica crise. E acusavam-se uns aos outros de quererem caridade e de serem a causa do elevado custo de vida.

Um dia, o Harry, sentado no seu pomar, começou a reflectir sobre a situação. Chegou finalmente à conclusão de que este "progresso", nascido de um sistema monetário de um refugiado, tinha corrompido tudo na ilha. Claro que todos os cinco tinham as suas culpas; mas o sistema de Oliver parecia trazer ao de cima o que havia de o pior na natureza humana.

Harry decidiu demonstrar isso aos seus amigos e uni-los para que se fizesse alguma coisa. Começou com Jim, que não foi difícil de convencer. "Eu não sou um génio", disse, "mas já algum tempo que algo não me cheira bem neste sistema bancário."

Um a um, chegaram todos à mesma conclusão e decidiram ter outra reunião com Oliver.



13 – Reunião com o Banqueiro

Rebentou uma enorme discussão com o banqueiro.

"O dinheiro é escasso na ilha porque você tira-no-lo todo. Nós pagamos e pagamos e continuamos a dever tanto como no princípio. Trabalhamos que nos fartamos. Temos as melhores terras possíveis e estamos piores do que antes da sua chegada. Dívidas! Dívidas! Estamos enterrados até ao pescoço em dívidas!"


"Oh! Então rapazes, sejam razoáveis! Os vossos negócios estão a crescer graças a mim. Um bom sistema bancário é o melhor activo de um país. Mas para funcionar de forma produtiva têm de ter fé no banqueiro. Considerem-me como um pai. É mais dinheiro que querem? Muito bem. O meu barril de ouro ainda tem muitos milhares de dólares. Vou fazer uma hipoteca das últimas coisas que vocês adquiriram e emprestar-vos mais mil dólares imediatamente."

"Portanto! A nossa dívida vai subir para $2000! Vamos pagar o dobro dos juros pelo resto das nossas vidas!"

"Bem, sim – mas eu empresto-vos mais dinheiro cada vez que o valor das vossas propriedades aumentar. E vocês só terão de pagar os juros. Vocês juntam todas as vossas dívidas numa só – o que eu chamo uma dívida consolidada. E podem aumentar a dívida ano após ano."

"E aumentar os impostos ano após ano?"

"Obviamente. Mas os vossos rendimentos também aumentam todos os anos."

"Portanto, quanto mais o país se desenvolve a cada ano que passa, graças ao nosso trabalho, mais aumenta a dívida pública!"

"Evidentemente! Tal como no vosso Canadá – ou em qualquer outra parte do mundo civilizado. O grau de civilização de um país é sempre avaliado pela dimensão da sua dívida aos banqueiros".



14 – O Lobo Devora os Cordeiros

"E isso é um sistema monetário saudável, Sr. Oliver?"

"Cavalheiros, toda a moeda estável é baseada em ouro e vem dos bancos em forma de notas. A dívida nacional é uma coisa boa. Evita que os homens se sintam demasiado satisfeitos. Subjuga os governos à suprema e máxima sabedoria que os banqueiros encarnam. Como banqueiro, sou o archote da civilização nesta vossa pequena ilha. Vou impor as vossas políticas e regular o vosso modo de vida."

"Sr. Oliver, somos pessoas simples e ignorantes, mas não desejamos esse tipo de civilização aqui. Não lhe vamos pedir emprestado nem mais um cêntimo. Moeda estável ou não, não queremos mais nada consigo."

"Cavalheiros, lamento profundamente esta vossa decisão tão imprudente. Mas, se não querem mais negócios comigo, lembrem-se, eu tenho as vossas assinaturas. Paguem-me tudo imediatamente – capital e juros."


"Mas isso é impossível. Mesmo que lhe déssemos todo o dinheiro que existe na ilha, continuávamos em dívida consigo."

"Quanto a isso não posso fazer nada. Assinaram ou não? Sim? Muito bem. Em virtude da santidade dos contratos, eu executo as hipotecas das vossas propriedades com as quais vocês concordaram quando estavam tão satisfeitos com a minha ajuda. Se não querem obedecer voluntariamente à suprema autoridade do dinheiro, então vão obedecer pela força. Vão continuar a explorar a ilha, mas para meu proveito e segundo as minhas condições. Agora, saiam! Receberão ordens minhas amanhã."



15 – Controlo da Imprensa

Oliver sabia que quem quer que controlasse o dinheiro da nação, controlava a nação. Mas sabia também que para manter o controlo era necessário manter as pessoas num estado de ignorância e distraí-las por vários meios.

Oliver reparou que dos cinco habitantes da ilha, dois eram conservadores e três eram liberais. Essas ideias desenvolveram-se durante as suas conversas ao serão, sobretudo depois de terem caído na escravatura. E entre os conservadores e os liberais havia uma fricção constante.

Em certas ocasiões, Harry, o mais neutral dos cinco, sabendo que todos tinham as mesmas necessidades e aspirações, sugeriu a união das pessoas para pressionar as autoridades. Uma tal união não poderia ser tolerada por Oliver; significaria o fim do seu poder. Nenhum ditador, financeiro ou de outra espécie, podia fazer frente a pessoas unidas e instruídas.


Portanto, Oliver decidiu fomentar, o mais possível, o conflito político entre eles.

Os refugiados puseram a funcionar a sua imprensa editando dois semanários, "O Sol" para os liberais e "A Estrela" para os conservadores.

O estilo geral de "O Sol" era: "Se já não têm poder, é por causa desses traidores conservadores que se venderam aos grandes interesses económicos".

E o de "A Estrela": "O estado ruinoso dos negócios e da dívida nacional pode ser assacado directamente à responsabilidade política desses liberais."

E as duas facções discutiam ferozmente, esquecendo aquele que tinha forjado as correntes que os mantinha presos, esse senhor do dinheiro, o banqueiro Oliver.



16 – Um Precioso Destroço de um Naufrágio

Um dia, Tom, o mineiro, encontrou numa pequena praia, escondido por ervas altas num dos extremos da ilha, um barco salva-vidas quase vazio, apenas com um baú em boas condições.

Abriu o baú. Entre os artigos que lá se encontravam, uma espécie de álbum chamou a sua atenção: "O Primeiro Ano do Crédito Social". Entre as capas encontrou o primeiro volume de uma publicação do Crédito Social do Canadá.

Curioso, Tom sentou-se e começou a ler o livro. O seu interesse ia aumentando; a sua face iluminou-se.

"Olhem-me bem para isto!" gritou alto. "Isto é uma coisa que já devíamos saber há muito tempo."


"O dinheiro obtém o seu valor, não do ouro, mas dos produtos que o dinheiro pode comprar."

"Dito de forma simples, o dinheiro deveria ser uma espécie de contabilidade, créditos a passar de uma conta para outra de acordo com as compras e as vendas. A soma total da produção."

"Sempre que a produção aumenta há um correspondente aumento da quantidade de dinheiro. Nunca devem ser pagos juros por dinheiro novo. O progresso é marcado, não por um aumento da dívida pública, mas pela emissão de um dividendo igual para cada indivíduo… Os preços são ajustados ao poder de compra geral por um coeficiente de preços. Crédito Social…"

Tom não se conteve mais. Levantou-se e desatou a correr, com o livro nas mãos, para partilhar a sua grande descoberta com os seus quatro camaradas.


17 – Dinheiro – Contabilidade Elementar

E o Tom tornou-se professor. Ensinou aos outros o que tinha aprendido do livro enviado pela providência – «Crédito Social».

"Isto", disse ele, "é o que nós podemos fazer sem necessidade de um banqueiro e o seu pote de ouro, ou sem subscrever uma dívida."

"Abro uma conta no nome de cada um de nós. Na coluna da direita ficam os créditos que se somam à vossa conta. Na coluna da esquerda ficam os débitos que se subtraem à vossa conta."


"Cada um quer $200 para começar. Muito bem. Escrevemos $200 na coluna de crédito de cada um e, imediatamente, cada um fica com $200."

"O Frank compra alguns bens ao Paul por $10. Deduzo $10 à conta do Frank, ficando ele com $190. E acrescento $10 à conta do Paul que fica agora com $210."

"O Jim compra ao Paul artigos no montante de $8. Deduzo $8 à conta do Jim, ficando ele com $192. Paul tem agora $218."

"O Paul compra madeira ao Frank por $15. Deduzo $15 da conta do Paul, que fica agora com $203. E acrescento $15 à conta do Frank que volta ter $205."

E assim por diante; de uma conta para outra da mesma forma que as notas do banco passam de mão em mão.

"Se alguém precisar de dinheiro para expandir a sua produção, emitimos para ele a quantidade necessária de novo crédito. Logo que ele tenha vendido os seus produtos, reembolsa essa soma ao fundo de crédito. O mesmo se passará com obras públicas, pagas com novos créditos."

"Da mesma forma, a conta de cada um será periodicamente incrementada mas sem receber crédito de ninguém, de modo que todos possam beneficiar do progresso que a sociedade cria. São os dividendos nacionais. Desta maneira, o dinheiro torna-se um instrumento útil."



18 – O Desespero do Banqueiro

Todos perceberam. Os membros desta pequena comunidade tornaram-se Credores Sociais. No dia seguinte, Oliver, o banqueiro, recebeu uma carta assinada pelos cinco:

"Caro senhor, sem a mínima necessidade o Sr. mergulhou-nos em dívida e explorou-nos. Já não precisamos mais de si para regular o nosso sistema monetário. A partir de agora, teremos todo o dinheiro que precisarmos sem necessidade de ouro, dívidas ou ladrões. Estabelecemos, imediatamente, o sistema de Crédito Social na ilha. O dividendo nacional vai substituir a dívida nacional."

"Se insistir em ser reembolsado, podemos pagar-lhe todo o dinheiro que nos deu, mas nem um cêntimo mais. O Sr. não pode exigir aquilo que não fez."

Oliver ficou desesperado. O seu império estava a desmoronar-se. Os seus sonhos destruídos. O que é que ele podia fazer? Seria fútil argumentar. Os cinco eram agora Credores Sociais: o dinheiro e o crédito já não eram mais misteriosos para eles do que eram para Oliver.


"Oh!", disse Oliver, "estes homens compreenderam o mecanismo do Crédito Social. Esta doutrina vai-se espalhar muito mais rapidamente que a minha. Devo-lhes pedir perdão? Tornar-me um deles? Eu, um financeiro e um banqueiro? Nunca! Vou-me é distanciar deles o mais que puder!"



19 – A Fraude Desmascarada

Para se protegerem contra qualquer futura exigência de Oliver, os nossos cinco homens fizeram-no assinar um documento atestando que ele tinha novamente tudo o que tinha quando chegou à ilha.

Foi feito um inventário; o barco, os remos, a pequena prensa e o famoso barril de ouro.

Oliver teve de revelar onde estava escondido o ouro. Os nossos rapazes içaram-no do buraco onde estava escondido com muito menos respeito do que quando o tinham descarregado do barco quando chegou. O Crédito Social tinha-lhes ensinado a desprezar o ouro.

O mineiro, que estava a ajudar a içar o barril, achou-o surpreendentemente leve para conter ouro. Se o barril estava cheio, disse aos outros, não será concerteza com ouro.

O impetuoso Frank não perdeu um momento; um golpe de machado e o conteúdo do barril ficou à vista.


Ouro? Nem vestígios dele! Apenas pedras – pedras sem qualquer valor!

Os nossos homens não puderam esconder o choque.

"Não me digam que ele nos pode enganar a este ponto!"

"Fomos tão estúpidos que ficámos extasiados com a simples menção da existência de ouro?"

"Hipotecámos todos os nossos bens em troca de um punhado de papeis baseados em meia dúzia de quilos de pedras? É um roubo misturado com fraude!"

"Só de pensar que nos zangámos e quase nos odiámos uns aos outros, simplesmente por causa de uma fraude! Esse diabo!"

Furioso Frank levantou o machado. Mas nessa altura já o banqueiro tinha fugido a sete pés para a floresta.



20 – O Adeus à Ilha da Salvação

Depois de aberto o barril e da revelação da sua duplicidade, nunca mais se ouviu falar de Oliver.

Pouco tempo depois, um navio, navegando um pouco fora da sua rota, notou sinais de vida nesta ilha que não vinha no mapa e lançou âncora a curta distância da costa.

Os nossos homens souberam que o navio ia a caminho da América. Então decidiram levar com eles tudo o que pudessem carregar e regressar ao Canadá.


Acima de tudo, certificaram-se de que traziam com eles o álbum "O Primeiro Ano do Crédito Social" que os salvara das mãos do financeiro, Oliver, e que iluminara as suas mentes.

Todos os cinco se comprometeram, logo que chegassem ao Canadá, em entrar em contacto com os autores deste documento e divulgar a causa do Crédito Social.
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sexta-feira, março 26, 2010

Jon Stewart, do Daily Show, explica-nos, com humor, a nova moda da Internet chamada Chat Roulette


Jon Stewart: Há um novo site na Internet, chamado Chat Roulette e basicamente permite conversar, com vídeo, com pessoas ao calhas, e depois clicar num botão e passar à pessoa seguinte quando estamos fartos dessa pessoa.

É uma diversão inofensiva. É o género de coisa que toda a gente vai fazer uma vez. É como ter sexo na casa de banho do café de uma estação de serviço. Não é o género de coisa que preocupe muito as pessoas, excepto pelo facto de ser na Internet.

And so the story goes...


quinta-feira, março 25, 2010

The End of Work



Introdução à edição de 2000 do livro «O FIM DO TRABALHO [The End of Work]»

Por Jeremy Rifkin


Durante os cinco anos que passaram desde que publiquei "O Fim do Trabalho", o desemprego estrutural manteve-se perigosamente elevado na Europa e noutros países do mundo, não obstante ganhos tanto na produtividade global como no produto interno bruto. Em 1995, 800 milhões de pessoas estavam desempregadas ou subempregadas. Hoje [2000], mais de mil milhões de pessoas encontram-se numa destas duas categorias.

Paradoxalmente, nos Estados Unidos, falando numa das maiores nações industriais, o desemprego baixou para um recorde de 4%, levantando a questão se o país teria sozinho encontrado a fórmula do sucesso na nova economia. Na realidade, os ganhos de emprego nos Estados Unidos têm menos a ver com razões económicas e mais com uma combinação de remendos a curto prazo que podem dar a aparência de uma economia robusta, mas que escondem uma negra realidade.

Para começar, os Estados Unidos contam os seus trabalhadores desempregados de uma forma muito limitada. Se os benefícios de um trabalhador desempregado acabam e ele ou ela desistem de procurar trabalho, são considerados como trabalhadores "desistentes" e não contam para os números oficiais do desemprego. Pode-se caminhar pelas ruas de qualquer cidade americana e encontrar um grande número de homens e mulheres desempregados. No entanto, poucos deles são considerados "desempregados" pelo ministério do trabalho norte-americano. Em segundo lugar, por incrível que possa parecer, 2% de toda a força de trabalho masculina nos Estados Unidos está actualmente na prisão, de longe a maior percentagem de trabalhadores encarcerados em qualquer país do mundo. Em terceiro lugar, a economia americana trouxe de volta ao trabalho um número recorde de desempregados americanos nos últimos oito anos, criando uma inédita força de trabalho "just in time". Hoje, milhões de trabalhadores americanos são alugados aos empregadores por organizações de trabalho temporário. Milhões deles que outrora tiveram trabalhos a tempo inteiro com os benefícios inerentes, estão agora a trabalhar com contratos a prazo como consultores ou freelancers. Enquanto os níveis de desempregados diminuíram, o número de trabalhadores subempregados aumentou significativamente.



Finalmente, o milagre americano tem, em larga medida, sido comprado a crédito. É impossível compreender a redução dramática do desemprego nos Estados Unidos nos anos mais recentes sem examinar a estreita relação entre a criação de emprego e o crescimento recorde do crédito ao consumo. Este tem vindo a crescer quase há uma década. Companhias de cartões de crédito estão a conceder crédito a níveis sem precedentes. Milhões de consumidores americanos estão a comprar a crédito – e, por isso, milhões de outros americanos regressaram ao trabalho para fabricar os bens e serviços que são comprados.

[...]

A substituição a curto prazo de crédito barato em vez de uma larga redistribuição dos frutos de novos ganhos de produtividade na forma de aumentos de rendimentos e benefícios é um assunto que tem recebido pouca, se alguma, atenção entre os economistas. Até agora, mantém-se o facto de grandes revoluções tecnológicas – como a substituição da máquina a vapor pela electricidade – se espalharem em regra rapidamente, logo que todos os factores críticos estejam presentes. (É bom lembrar que levou várias décadas até o electro-dínamo entrar em operação e obter êxito. Logo que, contudo, todas as condições necessárias se concretizaram, o novo paradigma tecnológico mudou em todas as indústrias em menos de uma década). O problema é que é necessária pelo menos uma geração ou mais até uma nova tecnologia ter começado a operar, para que os movimentos sociais ganhem a devida consistência e força para exigir uma parte justa nos vastos ganhos de produtividade proporcionados pela nova tecnologia. O mesmo fenómeno está a ocorrer hoje. Os ganhos de produtividade trazidos pelas revoluções nas tecnologias de informação e telecomunicações estão finalmente a ser sentidas e, no processo, virtualmente todas as grandes indústrias estão a sentir uma subutilização global da sua capacidade e procura insuficiente pelos consumidores.

[...]

Escondendo os números do desemprego, encarcerando um grande número de trabalhadores masculinos, criando uma força de trabalho "just in time", e aumentando o crédito ao consumo para lubrificar o motor económico, são tudo medidas débeis e temporárias que, no fim de contas, se mostrarão ineficazes a lidar com o desemprego estrutural a longo prazo causado pelo avanço tecnológico e o deslocamento organizacional dos trabalhadores na nova economia. O século XXI será crescentemente caracterizado por uma transição de um emprego de massas para um emprego de elites à medida que mais e mais trabalho na agricultura, indústria e serviços forem executados por tecnologia inteligente. O resultado será que os trabalhadores mais baratos do mundo – desde as linhas de produção da fábrica aos gabinetes profissionais – não serão tão baratos e eficientes como o software inteligente e o wet-ware [software com capacidade lógica humana] que estão aí a chegar para os substituir.



Em meados do século vinte e um, computadores, robotização, biotecnologias e nano-tecnologias serão capazes de produzir bens e serviços baratos e em abundância para a população humana mundial, empregando uma fracção desse trabalho humano mundial no processo. Baseados nas tendências actuais e futuras, na agricultura, na indústria e nos sectores de serviços, no ano 2050, será necessário menos de cinco por cento da população humana do planeta – trabalhando a par de tecnologia inteligente – para produzir todos os bens e serviços necessários à raça humana. Só uma pequena minoria dos CEO (diretores-executivos) com quem falei está convencida que serão necessárias grandes quantidades de trabalho humano para produzir os convencionais bens e serviços daqui a 50 anos. Praticamente todos os outros acreditam que a tecnologia inteligente será a força de trabalho do futuro.

A grande questão será redefinir o papel do ser humano num mundo que não necessitará de quase nenhum trabalho físico e mental humano. Temos ainda de criar uma nova visão social e um novo contrato social suficientemente forte para corresponder ao potencial das novas tecnologias que vão ser introduzidas nas nossas vidas. Até que ponto vamos ser capazes de o fazer, determinará em larga medida se iremos experimentar uma nova renascença ou um período de grande revolta social neste século que agora começou.
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terça-feira, março 23, 2010

Porquê investir no emprego? Despedir é mais vantajoso



Excerto de - UMA ESTRANHA DITADURA - de Viviane Forrester


Nos nossos dias, a riqueza já não reside na posse de espécies palpáveis, como o ouro ou mesmo o dinheiro: desviou-se, doravante pouco firme, imaterial, e agita-se, abstracto, furtivo, nos interstícios das transacções especulativas, na volatilidade delas. Provém muito mais dos fluxos especulativos do que dos objectos da especulação. É essa avidez, dirigida para frenesins virtuais, que provoca o devoramento instituído de todos e de tudo por uns poucos, e que se pretende universal, autónoma, livre de qualquer controlo, revelando-se ao mesmo tempo incapaz de se controlar.

É essa obsessão surda, que desemboca em operações delirantes, que entende conduzir o destino do planeta e que ameaça esse destino! Um desejo bruto, primário, irracional, de jogar não tanto com as posses mas com o instinto de posse em detrimento de tudo o que se lhe opõe ou pode atenuá-lo.

A ditadura do lucro, que leva a outras formas de ditadura, instala-se com uma facilidade desconcertante. Os seus meios são de uma grande simplicidade! O mais indispensável deles, a clandestinidade, é-lhe atribuído antecipadamente: mesmo que o lucro seja a chave de tudo, se estiver omnipresente, a sua presença fica sempre oficialmente ausente. Sem dúvida, é considerada adquirida de uma vez por todas, registada e tão banal, de facto, que fazer-lhe alusão seria supérfluo, mas seria sobretudo tido como primário, arcaico e sordidamente campónio, tendência submarxismo antediluviano.

O direito ao lucro, sempre em segundo plano, clandestino, é permanentemente subentendido, mas subentendido... como definitivamente entendido, como absoluto, irrefutável, em suma, de direito divino. Enquanto que, sempre aperaltado com o papel - o único que aceita - de fonte indispensável de abundância e de empregos, esse lucro parece apenas responder às exigências do dever, melhor, estar apenas votado a sacrifícios modestos e silenciosos. Anónimos, pudicos, aqueles que disso aproveitam com tanta abnegação procuram nunca ser citados. Rodeia-os a maior discrição, enquanto em contrapartida são denunciados como verdadeiros aproveitadores, e entregues à vindicta geral, esses desavergonhados, esses notórios açambarcadores: os empregados do sector público e os seus privilégios escandalosos, ou ainda os desempregados, esses calaceiros, vampiros da nação, vergonha das estatísticas, que desafiam o cidadão laborioso e se rebolam, à custa do Estado, na segurança dos seus abonos. À parte os imigrantes que nos esfolam, não se vêem outros beneficiários do lucro, que já não responde, aliás, ao nome de «lucro», e menos ainda de «benefício», mas sim ao de «criação».


E eis que aí vêm as famosas «criações de riqueza», presumivelmente para oferecerem imediatamente os seus tesouros à humanidade inteira. Com que satisfação, com que gratidão, com que admiração elas são evocadas, maravilhas surgidas graças aos seus «criadores», esses dirigentes da economia privada, de repente travestidos de mágicos! Sonha-se com a varinha de condão, com a caverna do Ali-Babá. Ora, de que riquezas se trata? De um enriquecimento da espécie humana? De progressos científicos, sociais? De grandes obras? De objectos essenciais, preciosos ou de grande utilidade? Não, mas de benefícios tirados de uma produção supostamente rentável. De nada mais. «Riquezas» reais, mas que enriquecem apenas os «empresários» e os seus accionistas. «Criações de lucros seria mais adequado».

Pelo menos, esses lucros traduzir-se-ão em empregos? Essas «riquezas» serão distribuídas? É o que nos anunciam, espectacular e incessantemente. Mas essa vocação está completamente ultrapassada: as empresas mais lucrativas despedem a toda a força; os seus decisores têm uma tendência irresistível, uma preferência indefectível pelo abaixamento do custo do trabalho. Porquê investir no emprego? Despedir é mais vantajoso. Já vimos, a Bolsa adora. E o que ela adora faz lei.

É, portanto, a especulação, escondida mas alimentada pelos mercados, que ganha e domina. Vimos que a partir dessas «riquezas» ou só do seu projecto, só da sua hipótese, mil e uma especulações delirantes poderão desmultiplicar-se, indiferentes a qualquer outra produção que não seja a de movimentos de capitais imaginados, enlouquecidos, dissociados da sociedade e de qualquer «riqueza» que não seja neofinanceira. «Riquezas» tão virtuais como voláteis, especulações, ou antes, apostas demenciais que sustentarão o que continuará a ter-se por Economia, a qual se intitulará sempre «economia de mercado» - uma pseudo-economia, de facto, situada a galáxias da esfera das riquezas tangíveis ou mentais com que sonham a justo título as populações, e que lhes são necessárias.

Se essas «riquezas» reclamarem cada vez menos trabalho humano, se provierem de cada vez menos activos reais e se nelas se investir cada vez menos, nem por isso deixa de se esperar dos seus «criadores», esses decisores da economia privada ou esses especuladores (muitas vezes são os mesmos) que, para bem de todos, façam surgir tesouros que supostamente escondam um maná de empregos e, tal como um rio se lança no mar, vão alimentar as empresas. As autoridades de todos os quadrantes e de todos os países celebram esses benfeitores como as «forças vivas da nação», únicos a dar provas de «dinamismo», de «audácia» e de «imaginação» no seio de populações supostamente plácidas e satisfeitas, assentes na segurança do seu RMI [Rendimento Mínimo de Inserção], dos seus subsídios de desemprego, dos seus salários de saldo, enquanto as nossas «forças vivas», intrépidas, são as únicas que «ousam» «correr riscos».

Que riscos? - poderiam ousar perguntar alguns espíritos maldosos. O de produzir lucros ainda mais colossais? Ou mesmo - é caso para tremer! - um pouco menos colossais? Isso seria esquecer os riscos assumidos por essas pérolas da nação quando deslocalizam as suas empresas precisamente para fora da nação, ou fazem fugir para longe dela os seus capitais!


Isso seria esquecer também o risco assumido de estragar o destino da maioria de outras criaturas terrestres e de sabotar as suas vidas únicas de seres vivos, de as manter na angústia e na humilhação, risco que chega mesmo, por vezes, ao ponto de as pôr na rua, literalmente, a pô-las em perigo, a fazê-las cair nesse perigo. Isso seria ainda esquecer o risco assumido, num mesmo impulso criador, de generalizar a miséria, de gerar infernos terrestres. Mas aí estão outros tantos desafios perante os quais os nossos generosos cruzados da criação nunca recuam. Eles garantem...

Louvados sejam eles, cavaleiros da competitividade, campeões da auto-regulação, da desregulação, cuja competência podemos glorificar rodos os dias! Às suas «forças vivas», a nação reconhecida...

Lucro? Você disse lucro?

Assim a clandestinidade do lucro, a sua autoridade, o seu fundamento já não têm que ser estabelecidos: estão antecipadamente convencionados, ordenados e antecipadamente calados. O lucro, subjacente em toda a parte, não está, no entanto, expresso em parte nenhuma, é ignorado em toda a parte, mas, está infiltrado em toda a parte, operacional no coração de todas as coisas - e é aceite sem que tenha sido formulada ou mesmo solicitada qualquer aquiescência consciente. Domina como um princípio sagrado, e reina, nunca evocado, mas razão de ser da ideologia que sustenta o regime e as suas obsessões.

Querem um exemplo destas? A competitividade. Entre as afirmações desferidas como argumentos definitivos, pronunciadas em tom peremptório, com a certeza de ter por si uma aquiescência geral, adquirida para sempre com conclusões nunca verificadas, é uma das mais frequentemente citadas - de forma bastante desprendida, aliás, e como que de passagem, de tal maneira a sua existência, a sua influência e as suas presumidas consequências parecem confirmadas de longa data.

«A competitividade obriga...», «A competitividade não permite...». Quantas carradas de despedidos, de deslocalizações de empresas, de reduções ou de congelamentos de salários, de reduções de efectivos, de estrago das condições de trabalho, quantas decisões desastrosas e perversas pretenderam justificar-se assim! E quantas vozes desoladas para exprimirem então a pena de terem tido que decretar, de terem tido que tomar as decisões-cutelo que a competitividade, ai de nós, exige!


Mas que representa ela? A questão nunca se coloca. Quem está em competição? De que lutas se trata? De que rivalidades? O que está em jogo? Qual é o seu poder ou a sua necessidade para que beneficie de tanta autoridade, para que seja dada ao mesmo tempo como fatal, inelutável e como um factor-chave da economia de mercado, ela própria apresentada e exigida como prova indispensável de democracia? Qual é a sua virtude para que o seu papel, previamente considerado preponderante, nunca seja explicitado, nunca seja analisado, e para que mencioná-la baste para evitar ou encerrar qualquer discussão, qualquer interrogação? Para que tudo tenha que ser concebido, organizado ou reformado em função dela, sem que jamais seja posta em causa? Para que sejamos deixados no vago e achemos normal lá ficar, admitir maquinalmente a competitividade como um fim em si, uma entidade face à qual não exista outra reacção possível que não seja submeter-se-lhe? E para que no fim de contas só essa certeza seja proposta – imposta, melhor – como evidente, indiscutível: é imperativo aceitar ser-lhe sacrificado. Mas, mais uma vez, porquê e a quê? Com que objectivo?
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sábado, março 20, 2010

A Tecnologia em evolução exponencial está em vias de acabar com o Trabalho



O Aumento do Desemprego devido à Tecnologia

No Wikipédia:

O desemprego estrutural é uma forma de desemprego onde existe um desequilíbrio permanente entre a oferta e a procura (de trabalhadores), que não é eliminado pela variação dos salários.

Resulta das mudanças da estrutura da economia. Estas provocam desajustamentos no emprego da mão-de-obra, assim como alterações na composição da economia associada ao desenvolvimento.

Esse tipo de desemprego é mais comum em países desenvolvidos devido à grande mecanização das indústrias, reduzindo os postos de trabalho.

O desemprego causado pelas novas tecnologias - como a robótica e a informática - recebe o nome de desemprego tecnológico. Ele não é resultado de uma crise económica, e sim das novas formas de organização do trabalho e da produção. Tanto os países ricos quanto os pobres são afectados pelo desemprego estrutural, que é um dos mais graves problemas de nossos dias.



A Evolução Exponencial da Tecnologia

Novamente no Wikipédia:

Em meados de 1965 o então presidente da Intel, Gordon E. Moore previu que o número de transístores dos chips duplicaria, pelo mesmo custo, a cada período de 18 meses. Essa profecia tornou-se realidade e ficou conhecida como a Lei de Moore.

Esta lei serve de parâmetro para uma elevada gama de dispositivos digitais além de CPUs, na verdade, qualquer chip está ligado a lei de Moore, até mesmo CCD de câmaras fotográficas digitais. Esse padrão continuou a manter-se até hoje.

O primeiro a arriscar uma teoria evolucionista sobre de hardware foi Alan Turing em 1950 que previu que no fim do século XX teríamos computadores com memórias na casa de 1 GigaBytes.





Em Suma

A tecnologia está a substituir exponencialmente o homem no trabalho. O velho paradigma do emprego está agonizante. É necessário reconhecer esta mudança em aceleração e alterar a forma como a sociedade e a economia estão organizadas. Em vez de assistirmos impávidos ao desmoronar de milhões de vidas, optemos por criar um mundo mais igual, menos injusto e mais humano.
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quinta-feira, março 18, 2010

Benjamim Disraeli - o mundo é governado por personagens muito diferentes daquelas que são imaginadas por aqueles que não estão atrás dos bastidores

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O antigo Primeiro-Ministro Britânico, o Judeu Benjamim Disraeli


Lord Beaconsfield, aliás Benjamim Disraeli
(1804 – 1881)


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Eça de Queirós – Cartas de Inglaterra (1881)

"A esta causa de popularidade [de Benjamim Disraeli] deve juntar-se outra – a reclame. Nunca, um estadista teve uma reclame igual, tão contínua, em tão vastas proporções, tão hábil. Os maiores jornais de Inglaterra, de Alemanha, de Áustria, mesmo de França, estão (ninguém o ignora) nas mãos dos israelitas. Ora, o mundo judaico nunca cessou de considerar Lord Beaconsfield como um judeu - apesar das gotas de água cristã que lhe tinham molhado a cabeça. Este incidente insignificante nunca impediu Lord Beaconsfield de celebrar nas suas obras, de impor pela sua personalidade a superioridade da raça judaica - e por outro lado nunca obstou a que o judaísmo europeu lhe prestasse absolutamente o tremendo apoio do seu ouro, da sua intriga e da sua publicidade. Em novo, é o dinheiro judeu que lhe paga as suas dívidas; depois é a influência judaica que lhe dá a sua primeira cadeira no Parlamento; é a ascendência judaica que consagra o êxito do seu primeiro Ministério; é enfim a imprensa nas mãos dos judeus, é o telégrafo nas mãos dos judeus, que constantemente o celebraram, o glorificaram como estadista, como orador, como escritor, como herói, como génio!"


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Henry Ford (1863 – 1947) foi o americano fundador da Ford Motor Campany e pai das modernas linhas de montagem e da produção em massa. O seu automóvel, Modelo T, revolucionou o transporte e a indústria americana. Ford foi um inventor prolífico e registou 161 patentes. Na qualidade de dono da Companhia Ford tornou-se um dos homens mais ricos e mais conhecidos do mundo.

Em 1918, Ford comprou um pouco conhecido semanário: «The Dearborn Independent». No princípio dos anos 20 este semanário publicou um conjunto de quatro volumes de artigos, cumulativamente intitulados «The International Jew» [O Judeu Internacional].

Segue-se um excerto do 37º artigo "Disraeli – O Primeiro-Ministro Britânico retrata os Judeus" do Jornal "The Dearborn Independent" de 18 de Dezembro de 1920:


[Tradução minha]



The International Jew


Disraeli - British Premier, Portrays the Jews

Disraeli – O Primeiro-Ministro Britânico retrata os Judeus




[...] Benjamin Disraeli, que foi conde de Beaconsfield e primeiro-ministro da Grã-Bretanha, era um judeu e tinha orgulho nisso. Escreveu muitos livros, nalguns dos quais dissertou acerca do seu povo numa tentativa de o apresentar sob uma perspectiva lisonjeira. O governo britânico não era na altura tão judeu como se tornou depois, e Disraeli foi uma das suas maiores figuras.

No seu livro, "Coningsby," há um personagem judeu chamado Sidonia, em cuja personalidade e através das suas palavras, Disraeli procurou descrever os judeus tal como ele gostaria que o mundo os visse.

Sidonia anuncia primeiro a sua raça ao jovem Coningsby dizendo, "Eu pertenço à fé que os apóstolos professavam antes de seguirem o seu Senhor," sendo esta a única vez em todo o livro onde a palavra "fé" é mencionada. Por quatro vezes, contudo, no breve prefácio da quinta edição, escrita em 1849, o termo "raça" é usado em referência aos judeus.

Na primeira conversa entre ambos, Sidonia revela-se como um grande amante do poder e fala agradavelmente dos homens poderosos da história, terminando desta maneira: "Aquaviva era líder dos jesuítas, mandava em cada ministério da Europa e colonizou a América antes de fazer trinta e sete anos. Que carreira!" exclamou o estrangeiro (Sidonia), levantando-se da sua cadeira e andando para trás e para diante na sala; "o poder secreto da Europa!"

O líder dos jesuítas - Rodolf Acquaviva


Fazendo um estudo do carácter do judeu Sidonia, o judeu Disraeli começa por se referir aos judeus como "Árabes que seguem a doutrina de Moisés." Se um escritor moderno fosse descrever os judeus desta forma, virtualmente como árabes seguidores de Moisés, seria denunciado como mais uma tentativa de "perseguição," mas Disraeli fê-lo diversas vezes, sendo o seu objectivo fornecer aos judeus o seu posicionamento original entre as nações. Ele refere-se novamente a eles como "Judeus Árabes." Ambos os termos podem ser encontrados na página 209.

Disraeli dá igualmente voz ao sentimento de que cada judeu tem de que quem quer que se oponha ao judeu está amaldiçoado. Este é um sentimento que também está profundamente entranhado nos cristãos, de que os judeus são o "povo escolhido" e que é perigoso opor-se-lhes no que quer que seja. "O medo dos judeus" é um sentimento muito real. É tão real entre os judeus como entre os não-judeus. O próprio judeu está ligado pelo medo ao seu povo, e exerce o medo da maldição através da esfera religiosa – "Eu amaldiçoarei os que te amaldiçoarem." Resta provar, contudo, se a oposição às tendências destrutivas das influências judaicas ao longo da vida é uma "maldição" dos judeus. Se os judeus fossem realmente o povo de Velho Testamento, se eles estivessem realmente cientes de uma "missão" para benefício de todas as nações, tudo aquilo que os ofende desapareceria automaticamente. Se o judeu está a ser "atacado," não é por ser judeu, mas porque é a origem e a aplicação de certas tendências e influências, as quais, se não forem controladas, significam a destruição de uma sociedade moral.

A perseguição ao judeu a que Disraeli se refere é a da Inquisição Espanhola, que se ficou por motivos religiosos. Investigando a família Sidonia através de um período conturbado da história europeia, o nosso autor judeu salienta:

"Durante os distúrbios da Guerra Peninsular *** o filho mais novo do ramo mais jovem desta família granjeou uma enorme fortuna com contratos militares e abastecendo os diferentes exércitos." (p. 212.) Certamente. É uma verdade inatacável, aplicável a qualquer período da Era Cristã, que "perseguidos" ou não, "as guerras têm sido o tempo das colheitas dos judeus." Foram os primeiros fornecedores militares. Se este jovem Sidonia ao fornecer "os diferentes exércitos" foi ao ponto de fornecer exércitos opostos, estaria simplesmente a seguir o método judeu tal como a história o regista.

"E na paz, presciente do grande futuro financeiro da Europa, confiante no seu próprio génio, nas suas perspectivas originais dos assuntos fiscais, e do seu conhecimento dos recursos naturais, este Sidonia *** resolveu emigrar para Inglaterra, país com o qual, ao longo dos anos, formou consideráveis parcerias comerciais. Ele chegou aqui depois da paz de Paris, com a sua grande fortuna. Apostou tudo o que pode no empréstimo de Waterloo; e este evento [a derrota de Napoleão] tornou-o num dos maiores capitalistas da Europa."

A Batalha de Waterloo


"Logo que se estabeleceu em Inglaterra começou a professar o judaísmo ***"

"Sidonia previu em Espanha que, depois da exaustão de uma guerra de vinte e cinco anos, a Europa precisava de capital para continuar em paz. Obteve a devida recompensa da sua sagacidade. A Europa precisava de dinheiro e Sidonia estava pronto para o emprestar à Europa. A França queria algum; a Áustria ainda mais; a Prússia um pouco; a Rússia alguns milhões. Sidonia podia abastecê-los a todos. O único país que ele evitou foi a Espanha ***" (p. 213.)

Aqui, [Disraeli] o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, da riqueza das suas tradições como judeu e do alto da seu posto como primeiro-ministro, descreve o método do judeu na paz e na guerra, exactamente como outros o tentaram descrever. Apresentou o mesmo conjunto de factos como outros o fizeram, mas ele fá-lo aparentemente para a glorificação dos judeus, enquanto outros o fazem para permitir às pessoas ver o que se passa nos bastidores da guerra e da paz. Sidonia estava pronto a emprestar dinheiro às nações. Mas onde é que ele o ia buscar, de forma a emprestá-lo? Foi buscá-lo às nações quando estas estavam ainda em guerra! Era o mesmo dinheiro; os financiadores da guerra e os financiadores da paz são os mesmos, e são os Judeus Internacionais, como o livro de Benjamin Disraeli para a glorificação dos judeus testemunha abundantemente. De facto, ele atesta na mesma página:

"Não é difícil conceber que, depois de ter seguido a careira que anunciámos durante dez anos, Sidonia se tenha tornado num dos maiores personagens da Europa. Colocou um irmão, ou um parente próximo, em quem confiasse, na maior parte das capitais. Era dono e senhor do mercado financeiro do mundo, e claro, virtualmente dono e senhor de quase tudo o resto."

Isto é o mais próximo possível de se ser o Judeu Internacional, mas os judeus orgulham-se da imagem. É apenas quando um escritor não-judeu sugere que talvez não seja bom para a sociedade que um grupo judaico seja "dono e senhor do mercado financeiro do mundo," e por consequência "dono e senhor de quase tudo o resto," que o clamor de "perseguição" assoma.

Estranhamente, é neste livro do primeiro-ministro britânico que vimos a ter conhecimento do facto de que os judeus infiltraram a ordem dos Jesuítas.

"O jovem Sidonia teve sorte com o tutor que o pai lhe arranjou, e que lhe devotou todos os recursos do seu desenvolvido intelecto e da sua vasta erudição. Um jesuíta antes da revolução; desde então um líder liberal; agora um membro das cortes espanholas; Rebello foi sempre um judeu. Rebello encontrou no seu aluno essa precocidade de desenvolvimento intelectual que é característico da organização árabe." (p. 214.)

Seguiu-se na carreira do jovem Sidonia uma aprendizagem intelectual do mundo. Viajou por todo o lado, ouviu os segredos de tudo, e regressou com o mundo no bolso, como se costuma dizer – um homem sem ilusões de qualquer espécie.

"Não havia um aventureiro na Europa que não lhe fosse familiar. Nenhum ministro de estado tinha tais comunicações com agentes secretos e espiões políticos como Sidonia. Mantinha relações com os mais espertos párias do mundo. O catálogo dos seus conhecidos na forma de gregos, arménios, mouros, judeus secretos, tártaros, ciganos, polacos vagabundos e carbonários, lançaria uma luz curiosa sobre essas agências subterrâneas das quais o mundo em geral sabe tão pouco, mas que exercem uma tão grande influência nos acontecimentos públicos *** A história secreta do mundo era o seu passatempo. O seu maior prazer era contrastar o motivo oculto com o pretexto público, das transacções." (pp. 218-219.)

Aqui está o Judeu Internacional, vestido a rigor; é também o homem dos Protocolos, coberto em mistério, um homem cujos dedos abarcavam todas as cordas das motivações humanas e que controla o senhor das forças brutais – o Dinheiro. Se um não-judeu descrevesse um Sidonia, mostrando tão honestamente a história racial e as características dos judeus, teria sido sujeito à pressão que os judeus aplicam a todos os que dizem a verdade sobre eles. Mas Disraeli podia fazê-lo, e perguntamo-nos às vezes se Disraeli não estava, no fim de contas, a escrever mais do que um romance, a enviar um aviso a todos os que sabem ler.



O trecho acima não é apenas a descrição de Sidonia; é também uma descrição de certos judeus americanos que, não obstante a elevada cultura que possuem, enquanto se mexem nos círculos mais elevados, mantêm negócios com "aventureiros" e com "os agentes secretos e espiões políticos," e com os "judeus secretos," e com essas "agências subterrâneas das quais o mundo em geral sabe tão pouco."

Esta é a força do judaísmo, este tráfico entre o superior e o inferior, porque o judeu não reconhece nada de infame dentro do círculo do judaísmo. Nenhum judeu se torna um pária, seja o que for que faça; um lugar e um trabalho esperam-no, qualquer que seja a sua natureza.

Há pessoas altamente situadas em Nova Iorque que prefeririam que não se soubesse que contribuíram para o "aventureiro" que deixou Nova Iorque para subverter a Rússia; existem outros judeus que prefeririam que não tivesse saído nos jornais o quanto eles sabem sobre "agentes secretos e espiões políticos." Disraeli fez mais do que descrever Sidonia; ele retratou o Judeu Internacional tal com ele é também encontrado na América.

Até aqui, Sidonia é descrito a partir de fora. Mas agora começa a falar por ele mesmo, e é em seu nome e enaltece os judeus. É a velha história. Em qualquer lugar, mesmo nos Estados Unidos, a mesma história. Clamando por piedade enquanto usurpam o poder! "Nós pobres judeus" choraminga um multi-milionário nova-iorquino a cujas mãos os legisladores se curvam e até o presidente dos Estados Unidos se torna respeitoso.

Leon Trótski
O "aventureiro" que deixou Nova Iorque para subverter a Rússia


A citação seguinte foi escrita em 1844: os bretões devem estar impressionados hoje com o misterioso concorrente aos seus negócios: é Sidonia a falar – " *** contudo, desde que a vossa sociedade se tornou turbulenta em Inglaterra e poderosas organizações ameaçam as vossas instituições, vão descobrir que o leal hebreu prefere invariavelmente adoptar o mesmo status do igualitário e do livre pensador, preparado para apoiar uma política que pode colocar em perigo a sua vida e os seus bens, do que continuar docilmente sob um sistema que pretende humilhá-lo."

Considerem o seguinte. O "Latitudinarianismo" [doutrina que promove a liberdade de pensamento especialmente em questões de religião] é a doutrina dos Protocolos numa palavra. É a desintegração por meio das assim chamadas ideias "liberais" que não constroem nada em si mesmas, mas têm o poder de destruir a ordem estabelecida.

Repare-se também na resposta de Disraeli à questão algumas vezes colocada, "se os judeus sofrem sob o bolchevismo, porque é que o apoiam?" Ou em termos judaicos – "Se somos tão poderosos, porque é que sofremos com a desordem do mundo?" A desordem é sempre um passo para um novo grau de poder judaico. Os judeus sofrem de bom grado por isso. Mas mesmo assim, não sofrem tanto como os não-judeus. Os soviéticos permitem que a ajuda chegue aos judeus que vivem na Rússia. Na Polónia, os que "sofrem com a fome devido à guerra" podem regalar-se em todos os navios disponíveis ao comprarem os bilhetes mais caros para a América. Não estão a sofrer como outras pessoas estão, mas tal como Disraeli vê as coisas, estão dispostos a sofrer porque percebem em cada colapso da sociedade não judia uma nova oportunidade para o poder judeu se aproximar da cadeira central do poder.

A forma como os judeus destroem a ordem estabelecida das coisas, por intermédio das ideias, como os Protocolos reivindicam, é apresentada na mesma conversa de Sidonia:

"Os Tories [partido conservador inglês] perdem uma eleição importante num momento crítico; os judeus avançam e votam contra eles. A igreja está alarmada com os planos de uma universidade Latitudinária, e, aliviada, recebe a notícia de que não haverá fundos para o seu estabelecimento; um judeu avança imediatamente com o dinheiro para isso."

Se estas palavras tivessem sido escritas por um não-judeu, o clamor de anti-semitismo ecoaria sobre a terra.

Elas são verdadeiras, nem mais nem menos verdadeiras apenas por terem sido escritas por um judeu. E Sidonia acrescenta: "E cada geração deve tornar-se mais poderosa e mais perigosa para a sociedade que a hostiliza." (p. 249.)

Bom, várias gerações passaram desde que estas palavras foram escritas. O judeu ainda olha para qualquer forma de sociedade não judia como hostil. Ele organiza-se fortemente contra a sociedade. E, se Disraeli for tomado como um profeta, as suas palavras manter-se-ão – "os judeus devem tornar-se mais poderosos e mais perigosos." Eles tornaram-se mais poderosos e mais perigosos. Quem quer que meça o perigo, olhe à sua volta.

Deixemos o fascinante Sidonia prosseguir com as suas revelações: "Eu disse-lhe já que iria para a cidade amanhã, porque tenho por regra interferir quando os assuntos de estado estão em discussão. De outro modo, nunca interferiria. Ouço falar de paz e de guerra nos jornais, mas nunca fico alarmado, excepto quando sou informado de que os soberanos querem dinheiro; nessa altura sei que os monarcas estão a falar a sério."

Será lembrado que Sidonia não tinha nenhum cargo governamental. Ainda não tinha chegado a altura para isso. O Poder era exercido nos bastidores muito antes do desejo pela celebridade ser apreciado. Mas se há judeus no governo ou não, o poder que exercem nos bastidores é sempre maior que o poder mostrado às claras. Portanto, quanto mais numerosos forem no governo, maior o seu poder secreto. Sidonia continua:

"Há alguns anos atrás dedicámo-nos à Rússia. Não existia amizade entre a Corte de São Petersburgo e a minha família. Esta tem ligações holandesas que geralmente a supriam; e as nossas representações a favor do hebreu polaco, uma raça numerosa, mas a mais sofrida e desprezada de todas as tribos, não tinham sido agradáveis ao czar. Contudo, as circunstâncias permitiram uma aproximação entre os Romanoff e os Sidónias. Decidi ir eu mesmo a São Petersburgo. Tinha, à minha chegada, uma entrevista com o ministro russo das finanças, o conde Cancrin; deparei-me com o filho de um judeu lituano."

"O empréstimo estava ligado com os assuntos de Espanha; decidi resolver a questão entre a Espanha e a Rússia. Viajei sem descanso. Tive uma audiência imediatamente a seguir à minha chegada com o ministro espanhol, Senor Mendizabel; deparei-me com um dos meus, o filho de um cristão-novo, um judeu de Aragão."

"Em consequência do que veio a público em Madrid, vim directo para Paris para consultar o presidente do conselho francês; deparei-me com o filho de um judeu francês, um herói, um marechal imperial ***"

Se Sidonia estivesse a viajar hoje, encontraria grupos completos de judeus onde nos seus tempos encontraria um, e encontrá-los-ia em lugares de relevo. Suponham que Disraeli era hoje vivo e que este senhor do dinheiro fizesse uma revisão do seu livro "Coningsby," incluindo os Estados Unidos na sua volta pelo mundo! Que grande quantidade de nomes judeus ele encontraria nos círculos oficiais de Washington e Nova Iorque – uma tal quantidade que faria o ocasional não-judeu parecer um estrangeiro a quem que os judeus permitiram simpaticamente entrar!

"O resultado das nossas consultas foi que alguma potência do norte interviesse amigavelmente e com capacidade de mediação. Fixámo-nos na Prússia; e o presidente do conselho fez um pedido ao ministro prussiano, que esteve presente uns dias depois da nossa conferência. O conde Arnim entrou no gabinete e eu deparei-me com um judeu prussiano."

O comentário de Sidonia sobre tudo isto é dirigido a todo o leitor deste artigo: "Portanto, como vê, meu caro Coningsby, o mundo é governado por personagens muito diferentes daquelas que são imaginadas por aqueles que não estão atrás dos bastidores." (pp. 251-252.)

É bem verdade! Porque não deixar o mundo dar uma pequena espreitadela aos bastidores?

E agora as mais ilustrativas linhas que Disraeli jamais escreveu – linhas que quase nos levam a pensar que talvez, no fim de contas, ele estava a escrever para avisar o mundo da ambição judaica pelo poder:

"Você não observará nenhum grande movimento intelectual na Europa no qual os judeus não participam significativamente. Os primeiros jesuítas eram judeus. Essa misteriosa diplomacia russa que tanto alarma a Europa Ocidental é organizada e principalmente levada a cabo por judeus. Essa poderosa revolução que se está a preparar neste momento na Alemanha, e que será de facto uma segunda grande Reforma, de que tão pouco ainda se sabe em Inglaterra, é totalmente desenvolvida sob os auspícios de judeus." (p. 250.)

Os judeus americanos dizem que os Protocolos são invenções. Será Benjamin Disraeli uma invenção? Terá este primeiro-ministro judeu da Grã-Bretanha apresentado de forma inapropriada o seu povo? Não são as suas descrições consideradas uma história verdadeira? E que diz ele?

Disraeli mostra que na Rússia, o país onde os judeus se queixavam de ser menos livres, eram os judeus que mandavam.

Ele mostra que os judeus conhecem a técnica da revolução, prognosticando no seu livro a revolução que mais tarde estalou na Alemanha. Como é que ele pôde ter conhecimento prévio? Porque a revolução estava a desenvolver-se sob os auspícios dos judeus, e, embora fosse verdade que "tão pouco ainda se sabe em Inglaterra," Disraeli, o judeu, sabia, e sabia que a revolução era judaica na origem, no desenvolvimento e no objectivo.


Uma coisa é certa: Disraeli disse a verdade. Apresentou o seu povo perante o mundo correctamente. Descreveu o poder judaico, o objectivo judaico, e o método judaico com um certo estilo que simboliza mais do que conhecimento - mostra empatia racial e compreensão. Disraeli expôs os factos que esta série está a expor. Porque é que o fez? Seria arrogância, esse estado de alma perigoso no qual o judeu prescinde dos seus segredos? Ou era a consciência, impelindo-o a contar ao mundo os desígnios judaicos?

Não importa; ele contou a verdade. Disraeli é um homem que disse a verdade sem ser acusado de "retratar injustamente" os judeus.