sexta-feira, novembro 26, 2010

Centenas de milhares de jovens "flexibilizados" veriam com agrado a morte à paulada de Ferraz da Costa

.

Ferraz da Costa – um anão canalha com pretensões esclavagistas

Pedro Ferraz da Costa, presidente do Fórum para a Competitividade, defende mais flexibilização para jovens e desempregados, apesar de estes serem já dos mais penalizados pela precariedade na União Europeia, a par de uma política de congelamento salarial para os restantes trabalhadores.


************************************




Diário de Notícias - 26-11-2010

Os trabalhadores portugueses mais jovens são dos mais penalizados na UE pela precariedade, revela o estudo da Comissão Europeia.

Apesar disso, um grupo de gestores e empresários [o Fórum para a Competitividade presidido por Pedro Ferraz da Costa] insiste em "flexibilizar" os contratos a propor aos jovens à procura do primeiro emprego.

Em Portugal, os empregados com idades entre os 15 e os 24 anos abrangidos pelos chamados "contratos temporários" valem 53,5% do total de indivíduos nessa faixa etária, o quinto valor mais alto entre os 27 países da UE. Eslovénia e Polónia lideram.

Os investigadores da Comissão alertam que [...] esses vínculos "temporários podem ser simplesmente um factor de produção mais barato face ao emprego permanente" […]. O problema é que há países, como Espanha, Portugal, Eslovénia ou Eslováquia, onde os vínculos temporários estão a aprisionar os mais jovens, impedindo-os de progredirem para contratos sem termos e níveis salariais mais bem remunerados.

A taxa de desemprego jovem atingiu um recorde de 23,4%, quase 99 mil no terceiro trimestre. Esta realidade adversa não desmobiliza os gestores do Fórum para a Competitividade que ontem pediram contratos ainda mais flexíveis para os jovens à procura do primeiro emprego ou que trabalhem no sector exportador: querem contratos flexíveis com duração de quatro anos e com isenção total ou parcial nos descontos dos empregadores para a Segurança Social.



Comentário

É absolutamente intolerável que seja negada a toda uma geração jovem a possibilidade de ter um tecto próprio, uma família sua, um propósito, um significado, uma vida. Em contrapartida, só se observa sofrimento, desesperança e, inevitalmente, um número crescente de mortes prematuras.

Tudo isto para atulhar, ainda mais, o cú aos agiotas nacionais e internacionais da Banca e respectivos acólitos na política e nos grupos económicos.

Estes assassinos de colarinho dourado, esta escória no sentido mais abjecto do termo, não merecem qualquer tipo de misericórdia.
.

domingo, novembro 21, 2010

Teixeira dos Santos, já com os olhos postos numa reforma dourada, empenha-se com denodo na destruição do país

.
Teixeira dos Santos pede "contenção e disciplina" nos salários aos portugueses, mas o que a estes deve ser exigido é audácia, inteligência, senso de justiça, amor-próprio e pontaria afinada:



****************************************


Jornal Público - 19.11.2010


Teixeira dos Santos pede "contenção e disciplina" nos salários

"O Ministro das Finanças afirmou hoje que Portugal "tem de evitar que os salários evoluam de forma mais rápida do que a produtividade", incitando o privado a seguir o exemplo do sector público.

Teixeira dos Santos afirmou hoje, durante a cerimónia de assinatura de dois contratos de financiamento com o Banco Europeu de Investimento (BEI), que "devemos seguir uma politica de contenção e disciplina salarial, de forma a não prejudicar a competitividade do país".

Recomendações que incluem o sector privado, "já que o público já deu o exemplo de grande rigor salarial", disse, sublinhando que a contenção é válida para a economia no seu conjunto [...]"


****************************************


Este é o indivíduo que já enterrou 4,6 mil milhões de euros na nacionalização do BPN à custa dos contribuintes portugueses [Jornal Económico - 20.10.2010].





Este é o indivíduo que deu um aval no valor de 20 mil milhões de euros aos bancos (que todos os trimestres batem recordes de lucros) [TSF – 22.10.2008].




Este é o indivíduo que permite que os bancos continuem a pagar cerca de 11% de IRC quando todas as outras empresas pagam 25% [TSF - 29.11.2006].




Este é o indivíduo que se tem empenhado nos «grandes investimentos»: auto-estradas supérfluas, aeroportos desnecessários e TGVs inúteis (entre muitos outros), «investimentos» sobre os quais os banqueiros irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos.


****************************************


Fernando Madrinha - Jornal Expresso - 1/9/2007

[...] Não obstante, os bancos continuarão a engordar escandalosamente porque, afinal, todo o país, pessoas e empresas, trabalham para eles.

[...] Quer dizer, as notícias fortes das últimas semanas [...] indicam-nos que os poderes do Estado cedem cada vez mais espaço a poderes ocultos ou, em qualquer caso, não sujeitos ao escrutínio eleitoral. E dizem-nos que o poder do dinheiro concentrado nas mãos de uns poucos é cada vez mais absoluto e opressor. A ponto de os próprios partidos políticos e os governos que deles emergem se tornarem suspeitos de agir, não em obediência ao interesse comum, mas a soldo de quem lhes paga as campanhas eleitorais.
.

quinta-feira, novembro 18, 2010

Sobre a Cimeira da NATO [um tentáculo do Pentágono] e das suas «guerras ao terrorismo»

.
O Terrorismo




Excerto de um artigo de Mário Soares - Jornal Expresso 27-03-2004

Variações sobre o terrorismo

«É preciso conhecer melhor a Al-Qaeda para a combatermos com eficácia. Não às cegas. Há milhares de livros, publicados em todas as línguas, sobre o terrorismo global - que está intimamente relacionado com a «globalização depredadora» que temos e com a «economia de casino» que nos rege. Estudemo-los. »

«(...) Exploremos os contactos que a Al-Qaeda parece ter com o mundo obscuro das finanças - dos «off-shores» e dos «paraísos fiscais» - com o «dinheiro sujo», com a criminalidade organizada, com o tráfico ilegal de armas, incluindo atómicas, com o mercado da droga. Há franjas desse sub-mundo que, seguramente, serviços secretos, mesmo os minimamente secretos, mesmo os minimamente organizados, podem penetrar e conhecer. Já o devem ter feito. Mas será que os grandes responsáveis querem tomar conhecimento dessa negra realidade e das pistas que indica



Comentário

Os serviços minimamente secretos e minimamente organizados, de que fala Soares, não deverão estar muito interessados em meter o nariz nas tramóias dos serviços secretos mais poderosos e sofisticados. They say curiosity killed the cat!
.

segunda-feira, novembro 15, 2010

Les moyens médiatiques maintiennent les portugais toujours gais

.
Diário de Notícias vs Journal Libération

Duas formas jornalísticas diametralmente opostas de olhar para os lucros imorais das principais empresas de Portugal e de França, dos apoios em isenções fiscais oferecidos a esses grupos económicos e dos empregos que essas mastodontes destruíram, tanto cá, comme au-delà.


O jornal francês Libération mostra-se realista

(Clicar para ampliar)


presseurop - 10.11.2010

Os grandes grupos protegidos em nichos fiscais

"O CAC 40 contra o emprego":

O Libération investigou os lucros dos maiores grupos franceses [integrados no CAC 40, o índice de referência da Bolsa de Paris] e revela que estes destruíram, em cinco anos, quase 40 mil empregos, multiplicando ao mesmo tempo os seus lucros e recebendo dezenas de milhares de milhões de euros em apoios do Estado, jogando com nichos de isenções fiscais.

O diário indigna-se, pois, com estes "mastodontes que devoram os apoios públicos" e não se mostram "manifestamente incomodados por fazerem da desregulação uma condição necessária ao seu desenvolvimento, reclamando ao mesmo tempo do Estado uma generosidade fiscal indecorosa". Estes apoios representam uma não entrada de 172 mil milhões de euros por ano nos cofres do Estado, sublinha o diário, segundo o qual, "neste período de rigor orçamental e de ‘falência’ do Estado, põe-se a questão de uma melhor utilização destes milhares de milhões de euros".


[...]


****************************************


O Diário de Notícias mostra-se optimista

(Clicar para ampliar)


Diário de Notícias - 12.11.2010

Empresas da Bolsa lucraram 13 milhões por dia

Em ano de crise, as cotadas [as 18 principais cotadas na Bolsa] ganharam 3477 milhões de euros nos primeiros nove meses. Foram quase 13 milhões por dia, que davam para pagar um ano a Ronaldo

A crise não parece ter atingido as empresas cotadas na Bolsa. Nos primeiros nove meses do ano, 18 das 20 sociedades que integram o principal índice da praça lisboeta, o PSI-20, arrecadaram 3477,54 milhões de euros de lucros, mais 38,05% do que em igual período de 2009.

Este montante daria para construir a linha de TGV Lisboa-Madrid. E ainda não são conhecidos os resultados da Mota-Engil e da Sonae SGPS. Se preferir o cálculo do valor gerado, diariamente, por estas 18 empresas, saiba que totalizou 12,879 milhões de euros. Quase tanto como o salário anual de Cristiano Ronaldo, o futebolista mais bem pago do mundo, que leva para casa 13 milhões.

O DN questionou Bagão Félix sobre este aumento de quase mil milhões de euros de lucros. O economista considerou que "há que dividir as empresas em dois universos: as que estão em mercado concorrencial e as que operam em mercados protegidos". Bagão Félix faz o paralelo com a banca e reconhece que, do ponto de vista emocional, as pessoas "não compreendem lucros tão elevados numa altura de crise", mas lembra que "estes devem ser comparados com o capital das empresas".

Por outro lado, e embora admita que não é "politicamente correcto", assume que, apesar de tudo, prefere que "os bancos e as empresas continuem a ter lucros, desde que permaneçam em Portugal". E explica: "Se a crise se estende a sectores tradicionalmente lucrativos, então estamos no último degrau."


****************************************


A questão que se põe

Se os 40 principais grupos financeiros franceses destruíram, em cinco anos, quase 40 mil empregos, quantos empregos, em Portugal, devem a sua extinção aos 20 principais grupos financeiros portugueses que constituem o PSI-20?
.

quarta-feira, novembro 10, 2010

Grande parte dos portugueses veria com bons olhos uma redução de cerca de 97% no número de deputados

.
Uma tertúlia constituída por pobres, sem-abrigo, desempregados, precarizados, jovens sem futuro, indivíduos com salário mínimo e idosos com pensões de miséria, empenham-se politicamente na redução do número de deputados da Assembleia da República dos actuais 230 para cerca de meia dúzia:


***************

Retirado do Diário de Notícias - 30.10.2010

A Assembleia da República vai custar este ano (2010) ao Estado 191,9 milhões de euros, dos quais 11,7 milhões dizem respeito aos vencimentos dos 230 deputados (3.633 euros x 14 meses – em média, 727 contos por mês a cada deputado).

Estão previstos cortes para 2011 [cá estaremos para ver]. Contudo, os cortes serão compensados com o aumento dos gastos com as ajudas de custo, que aumentam em 2011 para 3,2 milhões de euros, mais 15,9% do que este ano.

Os 230 deputados vão ainda receber cerca de 384,8 mil euros em encargos com saúde, estando ainda orçamentados 900 mil euros com despesas relacionadas com a Segurança Social. Já no que diz respeito a alimentação, alojamento e transportes, o Parlamento vai gastar no próximo ano 240,9 mil euros em abonos variáveis, 112 mil euros com combustíveis e 780 mil euros com limpezas.

Fora da lista de cortes, ficam as despesas com telemóveis, que aumentam 70 mil euros (23,6%), os gastos com assessoria - que crescem 5%, para 769 mil euros - e as despesas com vestuário e artigos pessoais, que sobem 30%, para 83,7 mil euros.


***************

A Assembleia da República em plena laboração

.

segunda-feira, novembro 08, 2010

Os portugueses devem dinheiro a agiotas nacionais e internacionais? Fuck 'em all!

.
A única coisa que é devida a criminosos que criam dinheiro a partir do nada e o emprestam a juros assassinos a países, empresas e famílias, é uma bala enfiada na cabeça.




A seguir é descrito o caso do americano Jerome Daly que ganhou em tribunal o direito de não pagar as prestações da casa que devia ao banco porque este, na realidade, não lhe tinha emprestado nada:

Em 1969, houve um caso na justiça do Estado de Minnesota (EUA) envolvendo um homem chamado Jerome Daly, que recorreu da execução da hipoteca da sua casa [apreensão judicial da casa para garantir o pagamento da dívida], pedido pelo banco que lhe tinha feito um empréstimo para que ele a comprasse. O argumento utilizado por Daly foi de que o contrato da hipoteca exigia que ambas as partes, ele e o banco, dispusessem de uma forma legítima de propriedade para a transacção. Em linguagem legal, tal é chamado de contraprestação [Nos contratos bilaterais, a prestação a que uma das partes se obriga sendo correspondente à prestação da outra parte].

O Sr. Daly explicou que, na verdade, o dinheiro não era propriedade do banco, porque tinha sido criado a partir do nada no momento em que o empréstimo foi assinado. O que os bancos fazem, ao emprestar dinheiro, é aceitar notas promissórias em troca de créditos. As reservas não são alteradas pelas transacções do empréstimo, mas os créditos de depósitos são considerados novas adições ao total de depósitos do sistema bancário. Por outras palavras: O dinheiro não surge a partir de bens existentes. O banco está simplesmente a inventá-lo, não pondo nada de seu, excepto um passivo teórico em papel.




À medida que o processo em tribunal avançava, o presidente do banco, o Sr. Morgan, testemunhou. E no memorando pessoal do juiz, este escreveu que o presidente do banco admitiu que, de forma combinada com o Banco da Reserva Federal, o banco criou o dinheiro e o crédito como uma entrada contabilística. O dinheiro e o crédito apareceram quando o criaram. O Sr. Morgan admitiu que não existia nenhuma lei ou estatuto na lei americana que lhe dava o direito de fazer isso. Deve existir uma contraprestação legal que seja um meio de pagamento para sustentar a nota promissória. O júri chegou à conclusão de que não existia nenhuma contraprestação legal e concordou. O Sr. Morgan acrescentou poeticamente: "Só Deus pode criar alguma coisa de valor a partir do nada".

E perante esta revelação, o tribunal rejeitou a reivindicação do banco para a execução da hipoteca e o Sr. Daly manteve a sua casa.

As implicações da decisão deste tribunal são imensas, porque cada vez que se pede dinheiro emprestado a um banco, seja um empréstimo com garantia hipotecária ou uma compra com o cartão de crédito, o dinheiro que nos é dado não é apenas contrafeito (falsificado), mas é também uma forma ilegítima de contraprestação e portanto invalida o contrato de o reembolsar, porque, para começar, o banco nunca possuiu esse dinheiro.

Infelizmente estas vitórias legais são suprimidas e ignoradas. E o jogo da perpétua transferência de riqueza e da dívida perpétua continua.


First National Bank of Montgomery vs. Jerome Daly

(clicar na imagem para aumentar)



MEMORANDUM do Juiz MARTIN V. MAHONEY

(clicar na imagem para aumentar)



******************************************


Sobre a contrafacção de dinheiro praticado pelos bancos

Murray N. Rothbard é considerado um dos grandes pensadores no campo da economia, da história, da filosofia política, e do direito. Estabeleceu-se como o principal teórico austríaco na metade final do século XX, e aplicou a análise austríaca a tópicos históricos, como a Grande Depressão de 1929 e a história do sistema bancário americano. Rothbard combinou os pensamentos de americanos individualistas do século XIX com a economia austríaca.


Excerto de "The Mystery of Banking"

[O Mistério da Banca, por Murray N. Rothbard]

«Donde é que veio o dinheiro? Veio – e isto é a coisa mais importante que se deve saber sobre o sistema bancário moderno – veio do NADA (out of thin air). Os bancos comerciais – ou seja, os bancos que utilizam o sistema de reservas fraccionais – criam dinheiro a partir do nada. Basicamente fazem o mesmo que os contrafactores (falsificadores). Os falsificadores, também, criam dinheiro a partir do nada imprimindo alguma coisa que fazem passar por dinheiro ou por um recibo de depósito de dinheiro. Desta forma, retiram fraudulentamente riqueza da comunidade, das pessoas que ganharam verdadeiramente o seu dinheiro. Da mesma forma, os bancos que utilizam o sistema de reservas fraccionais contrafazem recibos de depósitos de dinheiro, que depois fazem circular como equivalentes ao dinheiro entre as pessoas. Há uma excepção a esta comparação: A lei não trata estes recibos dos bancos como falsificações.»


******************************************


Os primeiros oito minutos e vinte segundos (8:20m) do vídeo

Money as Debt

legendado em português





A versão completo do vídeo em inglês (47m): Money as Debt

E a versão completa do vídeo em espanhol (47m): El Dinero es Deuda
.

sexta-feira, novembro 05, 2010

Lucros da Banca - O festim promete continuar até que alguém acorde com os pés de fora...

.

Este poderá vir a ser o sorriso dos Senhores da Banca caso o sector financeiro português continue a dar sinais de recuperação...


*******************************************


Diário Económico - 03.11.2010



*******************************************


Correio da Manhã - 04.11.2010



*******************************************


Jornal i - 03.11.2010


*******************************************


Comentário

Atente-se no desplante do artigo do Diário Económico:

"Os quatro maiores bancos privados em Portugal lucraram 1,12 mil milhões até Setembro"

"O sector financeiro português continua a dar sinais de recuperação..."

[...]
.

terça-feira, novembro 02, 2010

É chegado o momento da desparasitação!



Esta imagem mostra o momento dramático, num futuro próximo, no qual um grupo de políticos a soldo da Banca e acolitados por dezenas de jornalistas venais é cercado e fuzilado à queima-roupa por uma turba constituída por pobres, desempregados, precarizados, jovens sem futuro, indivíduos com salário mínimo e idosos com pensões de miséria.


***************************************

Quanto a políticos a soldo da Banca

Miguel Sousa Tavares - Expresso 07/01/2006

«Todos vimos nas faustosas cerimónias de apresentação dos projectos da Ota e do TGV, [...] os empresários de obras públicas e os banqueiros que irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos. Vai chegar para todos e vai custar caro, muito caro, aos restantes portugueses. O grande dinheiro agradece e aproveita

«Lá dentro, no «inner circle» do poder - político, económico, financeiro, há grandes jogadas feitas na sombra, como nas salas reservadas dos casinos. Se olharmos com atenção, veremos que são mais ou menos os mesmos de sempre.»


***************************************

Quanto a jornalistas venais

Mário Soares no "Prós e Contras" - 27.04.2009

"Toda a comunicação social está concentrada
nas mãos de meia dúzia de grupos económicos"



Mário Soares: [...] Quer dizer, toda a concentração da comunicação social foi feita e está na mão de meia dúzia de pessoas, não mais do que meia dúzia de pessoas.

Fátima Campos Ferreira: Grupos económicos, é?

Mário Soares: Grupos económicos, claro, grupos económicos. Bem, e isso é complicado, porque os jornalistas têm medo. Os jornalistas fazem o que lhes mandam, duma maneira geral. Não quer dizer que não haja muitas excepções e honrosas mas, a verdade é que fazem o que lhes mandam, porque sabem que se não fizerem aquilo que lhe mandam, por uma razão ou por outra, são despedidos, e não têm depois para onde ir...

Fátima Campos Ferreira: Sr. Dr., mas então onde fica aí a liberdade de expressão?

Mário Soares: Ah, fica mal, fica mal, como nós sabemos. [...] Evidentemente que os jornais e os jornalistas e mesmo as televisões têm o cuidado de pôr umas florzinhas para um artigo ou outro. Uma vinda à televisão ou outra, etc., para disfarçar um pouco as coisas, mas não é isso o normal. Se a senhora se der ao trabalho, como eu tenho feito, de apreciar o que é, de uma maneira objectiva e isenta, a comunicação social, e como todos se repetem, ou quase todos os grupos se repetem a dizer as mesmas coisas, uns piores que outros, outros melhores, outros mais... mas todos se repetem, incluindo a televisão oficial, bem, a senhora perceberá...


***************************************

Quanto à Banca,
proprietária da Política, dos Media e de tudo o mais


Fernando Madrinha - Jornal Expresso - 1/9/2007

[...] Centenas e centenas de famílias pedem conselho à Deco porque estão afogadas em dívidas à banca. São pessoas que ainda têm vontade e esperança de cumprir os seus compromissos. Mas há milhares que já não pagam o que devem e outras que já só vivem para a prestação da casa. Com o aumento sustentado dos juros, uma crise muito séria vem aí a galope.

Não obstante, os bancos continuarão a engordar escandalosamente porque, afinal, todo o país, pessoas e empresas, trabalham para eles. Daí que os manda-chuvas do Millenium BCP se permitam andar há meses numa guerra para ver quem manda mais, coisa que já custou ao banco a quantia obscena de 2,3 mil milhões de euros em capitalização bolsista. Ninguém se rala porque, num país em que os bancos são donos e senhores de quase tudo, esse dinheirinho acabará por voltar às suas mãos.

[...]

Quer dizer, as notícias fortes das últimas semanas - as da tal «silly season», em que os jornalistas estão sempre a dizer que nada acontece - são notícias de mau augúrio. Remetem-nos para uma sociedade cada vez mais vulnerável e sob ameaça de desestrutruração, indicam-nos que os poderes do Estado cedem cada vez mais espaço a poderes ocultos ou, em qualquer caso, não sujeitos ao escrutínio eleitoral. E dizem-nos que o poder do dinheiro concentrado nas mãos de uns poucos é cada vez mais absoluto e opressor. A ponto de os próprios partidos políticos e os governos que deles emergem se tornarem suspeitos de agir, não em obediência ao interesse comum, mas a soldo de quem lhes paga as campanhas eleitorais. Quem pode voltar optimista das férias?
.