quarta-feira, abril 30, 2014

BANKSTERS - os gnomos da «Austeridade»


Duas análises frontais


Fernando Madrinha - Jornal Expresso de 1/9/2007:

[...] "Não obstante, os bancos continuarão a engordar escandalosamente porque, afinal, todo o país, pessoas e empresas, trabalham para eles. [...] os poderes do Estado cedem cada vez mais espaço a poderes ocultos ou, em qualquer caso, não sujeitos ao escrutínio eleitoral. E dizem-nos que o poder do dinheiro concentrado nas mãos de uns poucos é cada vez mais absoluto e opressor. A ponto de os próprios partidos políticos e os governos que deles emergem se tornarem suspeitos de agir, não em obediência ao interesse comum, mas a soldo de quem lhes paga as campanhas eleitorais." [...]


BANKSTERS




Paulo Morais, professor universitário - Correio da Manhã – 19/6/2012

[...] "Estas situações de favorecimento ao sector financeiro só são possíveis porque os banqueiros dominam a vida política em Portugal. É da banca privada que saem muitos dos destacados políticos, ministros e deputados. E é também nos bancos que se asilam muitos ex-políticos." [...]

[...] "Com estas artimanhas, os banqueiros dominam a vida política, garantem cumplicidade de governos, neutralizam a regulação. Têm o caminho livre para sugar os parcos recursos que restam. Já não são banqueiros, parecem gangsters, ou seja, banksters."

terça-feira, abril 15, 2014

Retrato de uma cabra


A «nossa» atual Ministra das Finanças

Maria Luís Albuquerque


Uma das responsáveis maiores pela miséria e desespero de milhões de portugueses


Maria Luís Albuquerque é casada com o jornalista António de Albuquerque. Este, dispensado do Diário Económico, propriedade do grupo Ongoing, em Abril de 2013, foi nomeado Consultor na EDP, empresa cuja privatização foi responsabilidade da sua mulher, no início de Julho desse ano.

Maria Luís Albuquerque licenciou-se em Economia na Faculdade de Economia da Universidade Lusíada de Lisboa em 1991 e é Mestra em Economia Monetária e Financeira pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa desde 1997.

Foi técnica superior na Direcção-Geral do Tesouro e Finanças entre 1996 e 1999, técnica superior do Gabinete de Estudos e Prospectiva Económica do Ministério da Economia entre 1999 e 2001, desempenhou funções de assessora do Secretário de Estado do Tesouro e das Finanças em 2001, foi Diretora do Departamento de Gestão Financeira da REFER entre 2001 e 20076 e coordenou o Núcleo de Emissões e Mercados do Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público entre 2007 e 2011.

Em junho de 2010, enquanto técnica da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) aprovou um swap da Estradas de Portugal. Mais tarde, já como ministra, garantiu que esteve afastada deste tema enquanto trabalhou no IGCP (entre 2007 e 2011). "Enquanto estive no IGCP, não tive qualquer contacto com swaps, nem do IGCP nem de natureza nenhuma", referiu numa primeira audição na Assembleia da República, a 25 de Junho de 2013.




Foi cabeça de lista dos candidatos a deputado pelo PSD em Setúbal em 2011. Desde esse ano, exerceu funções de Secretária de Estado do Tesouro no XIX Governo Constitucional de Portugal, até 1 de julho de 2013, altura em que foi indigitada para as funções de Ministra de Estado e das Finanças, substituindo Vítor Gaspar.

Foi docente na Universidade Lusíada de Lisboa,6 no Instituto Superior de Economia e Gestão e no pólo de Setúbal da Universidade Moderna entre 1991 e 2006. Enquanto docente da Universidade Lusíada, foi professora de Pedro Passos Coelho.


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BPNgate e SWAPgate

Maria Luís Albuquerque é daquelas aves raras que permanecem eternamente a saltitar de tacho em tacho, pelos governos, maquinando coisas, encobrindo outras e escapando sempre ilesa, sempre bem protegida. Possuidora de um bom currículo, que já vem desde o governo Sócrates, onde foi responsável por decidir os contornos ruinosos, para o Estado, da nacionalização do BPN.




Diário de notícias (29/04/2012) - BPN: A fraude que pode custar 8,3 mil milhões de euros


No vídeo abaixo, o Professor Paulo Morais denuncia um caso de promiscuidade e nepotismo, protagonizado pela protagonista do Swatgate, Maria Luís Albuquerque.

Antes de ser a atual secretária de estado do Tesouro do Governo de Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque, trabalhava para o governo de Sócrates, com um secretário de estado socialista, e curiosamente quando chegou ao governo PSD, fez questão de levar com ela, para sua chefe de gabinete, a esposa desse secretário de estado socialista. Favores com favores se pagam.

Paulo Morais garante que esta é mais uma das conhecidas formas de evitar que se divulguem ou revelem as partes indesejadas dos conteúdos dos dossiers. Mantendo nos cargos os que ajudaram a realizar as tais tarefas duvidosas, ou contratando, apenas amigos e familiares da sua confiança.




quinta-feira, abril 10, 2014

A burla descomunal perpetrada pelo BCE (Banco Central Europeu) e pelos bancos privados contra os Estados, as Empresas e as Famílias


Jornal Público - 29/02/2012



Um total de 800 bancos tiveram hoje (29/02/2012) um empréstimo de 529,5 mil milhões de euros do Banco Central Europeu (BCE), na segunda oferta de empréstimos a três anos, acima das previsões.

O objectivo deste novo empréstimo é facilitar o fluxo de crédito para os negócios e para os governos europeus.

No total, 800 bancos pediram dinheiro emprestado, com a procura acima dos 500 mil milhões de euros que tinha sido prevista pela maioria dos analistas e também dos 489 mil milhões que constituíram a primeira vaga de empréstimos, em Dezembro passado, à qual recorreram 523 bancos da zona euro.

Quanto a essa primeira operação realizada no final de 2011, Mario Draghi, presidente do BCE, tem afirmado que veio a tempo de evitar uma crise do crédito a ajudou a restaurar alguma confiança nos mercados financeiros. Isto porque a banca recorreu ao dinheiro do banco central europeu para comprar alguma das dívidas nacionais, como em Espanha e Itália.

(...)

Mario Draghi, para tornar mais fácil o acesso aos empréstimos do BCE, flexibilizou os critérios que são exigidos no domínio das garantias e reduziu também [aos Bancos] a taxa de juro de referência para o mínimo histórico de 1%.


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Em 2012, os bancos, a nadarem em liquidez, compraram grandes quantidades de títulos de dívida pública dos seus países. Vejamos o exemplo de Espanha. Os bancos espanhóis pediram emprestado ao BCE 300 mil milhões de euros, a três anos, com um juro de 1%, no âmbito do LTRO (Long-Term Refinancing Operation - operação de refinanciamento de longo prazo). Com uma parte desse montante, aumentaram drasticamente as suas compras de dívida emitida pelas autoridades espanholas.

A evolução é impressionante: em finais de 2006 os bancos espanhóis detinham títulos públicos do seu país no valor de apenas 16 mil milhões de euros. Em 2010 aumentam as compras de títulos públicos espanhóis. Detinham 63 mil milhões. Em 2011 a compra volta a aumentar. Os títulos espanhóis na posse dos bancos atingem o montante de 94 mil milhões. E devido ao LTRO as aquisições explodem literalmente. O montante duplica no prazo de alguns meses, alcançando os 184,5 mil milhões de euros, em Julho de 2012. Convém dizer que se trata de uma operação muito rentável para os bancos. Pedindo emprestado a 1%, compram títulos espanhóis, a 10 anos, com juros que variam entre 5,5 e 7,6%, no segundo semestre de 2012.


De seguida, vejamos o exemplo de Itália. Entre finais de Dezembro de 2011 e Março de 2012 os bancos italianos pedem emprestado ao BCE 255 mil milhões de euros no âmbito do LTRO. Em finais de 2010 os bancos italianos detinham títulos públicos do seu país no valor de 208,3 mil milhões de euros, mas o montante aumenta para 224,1 mil milhões no final de 2011, poucos dias após o início do LTRO. Logo de seguida, utilizam a enorme quantidade de créditos que recebem do BCE para comprarem títulos italianos. Em Setembro de 2012, os bancos detêm títulos italianos no valor de 341,4 mil milhões de euros. Como no caso espanhol, trata-se de uma operação muito rentável: pedem emprestado a 1% e comprando títulos italianos a 10 anos conseguem um juro que varia entre 5 e 6,6% no segundo semestre de 2012.


O mesmo fenómeno aconteceu na maioria dos países da zona euro. Houve relocalização de uma parte dos activos dos bancos europeus para os países de origem. Em concreto, constata-se em 2012, em cada país, um aumento significativo da fatia de dívida pública na posse de instituições financeiras desse mesmo país (...).

É fácil de ver que, do ponto de vista do interesse da população dos países em questão, teria sido necessário adoptar uma abordagem completamente diferente: o BCE deveria emprestar directamente aos Estados a menos de 1% (como acontece com os bancos privados desde Maio de 2012) ou mesmo sem juro. Dever-se-ia também socializar os bancos, sob controlo cidadão.

Em vez disso, o BCE resolveu proteger os bancos privados, abrindo uma linha de crédito ilimitada, a taxas de juro muito baixas (entre 0,75 e 1%). Os bancos privados deram diferentes usos a esse maná de financiamento público. Como acabamos de ver, por um lado compraram títulos soberanos de países que, sob pressão dos próprios bancos, aceitaram pagar juros altos (entre 5 e 7,6%, a 10 anos), como aconteceu em Espanha e Itália. Por outro lado colocaram uma parte do crédito concedido pelo BCE... no BCE...!