quarta-feira, janeiro 21, 2015

Quando os “historiadores oficiais” do Holocausto se vêm obrigados a trocar as câmaras de gás por espingardas para tentar manter o Mito dos «Seis Milhões de Mortos»



Cicerone: E aqui estão as câmaras de gás, tecnologicamente avançadas e hermeticamente estanques, onde os metódicos nazis gasearam milhões de judeus com Zyklon B...


Até 1960, todos os campos de concentração, dizia-se, tinham uma ou mais "câmara de gás" na qual os judeus eram "gaseados" com cianeto volátil ("Zyclon B") ou com monóxido de carbono. Mesmo nas últimas edições do seu "trabalho padrão", «A Solução Final», Gerald Reitlinger afirma: «Deste modo, todos os campos de concentração da Alemanha acabaram por ter uma câmara de gás de algum tipo...»

Em 1960, o Institut für Zeitgeschichte [Instituto de História Contemporânea] em Munique sentiu-se na obrigação de emitir a seguinte declaração, talvez em resposta às descobertas do historiador francês Paul Rasinier: «Nem em Dachau, nem em Bergen-Belsen, nem em Buchenwald foram gaseados judeus ou outros prisioneiros. A câmara de gás de Dachau nunca foi terminada e colocada em operação… O extermínio em massa por gaseamento dos judeus começou em 1941-42, e ocorreu em muito poucos lugares, seleccionados exclusivamente para esse objectivo e equipados com as instalações técnicas necessárias, sobretudo no território da Polónia ocupada (mas em nenhum lugar do Reich alemão propriamente dito)


A afirmação do Instituto de História Contemporânea foi uma retirada geral. O que a tornou tão sensacional foi, não apenas o facto de haver uma multidão de ex-prisioneiros que tinham testemunhado terem havido "gaseamentos" nos campos de concentração do Reich, mas também o caso de vários comandantes destes campos terem assinado "confissões" afirmando a existência de alegadas "câmaras de gás". No Tribunal Militar Internacional de Nuremberga, o Promotor Chefe Britânico, Sir Hartley Shawcross, citou Dachau, Buchenwald, Mauthausen, e Oranienburgo como locais onde o assassínio era "tratado como uma indústria de produção em massa em câmaras de gás e fornos".


Professor: Nunca esqueçam! Morreram seis milhões de judeus!


Durante um longo período, Auschwitz e outros campos que se encontravam nos territórios orientais da ocupação alemã tiveram um papel secundário na lenda do extermínio. Mas depois do Dr. Martin Broszat, um membro principal do Instituto de História Contemporânea, ter feito as declarações acima, a opinião de que quaisquer campos de concentração na Alemanha eram "fábricas da morte" tornou-se completamente insustentável.

Contudo, a alegação de que cerca de seis milhões de judeus tinham morrido vítimas da "Solução Final" era tão vital aos interesses dos inventores e promotores da lenda do extermínio que eles não a podiam descartar de forma nenhuma. Essa acusação era não apenas uma forma de manter o povo alemão sob a submissão política, mas também se tinha tornado uma fonte muito lucrativa de rendimento para os judeus internacionais.


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The Einsatzgruppen and the Holocaust - Os Grupos de Acção e o Holocausto


Einsatzgruppen - Grupos anti-guerrilha alemães constituídos normalmente por 4 a 8 homens e cuja principal função era a manutenção da ordem e segurança na retaguarda dos exércitos alemães na frente oriental. Isto incluía a recolha de informações e, sobretudo, o combate e repressão dos partisans (movimentos armados de resistência).



Tradução minha

A história do Holocausto, dentro do contexto mais vasto da Segunda Guerra Mundial, tem a capacidade incomum e original de se transformar periodicamente de forma a servir manifestamente interesses judeus. Isto é importante porque o Holocausto é diferente de qualquer outro conflito, guerra ou acontecimento na história, na medida em que permanece profundamente enraizado na consciência pública. Num contexto americano e de uma forma muito resumida, este evento tomou as seguintes formas:

Logo após 1945, a versão oficial foi a de que os nazis tinham assassinado cerca de onze milhões de pessoas - seis milhões de judeus, e cerca de cinco milhões de polacos. Outros grupos foram também identificados como vítimas, mas as primeiras (judeus e polacos) foram as duas categorias de vítimas mais significativas. Dizia-se que esses onze milhões de pessoas tinham sido mortos principalmente por gaseamentos em massa. Tais gaseamentos ocorreram, como rezou a história, em todos os campos de concentração nazis. Auschwitz - na verdade, uma constelação de campos, mas colectivamente percebido como apenas um campo de concentração - destacou-se como sendo o local principal desses gaseamentos.

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Num excerto de um discurso de Walter Reich (14-11-2005), no site do American Enterprise Institute, um dos mais poderosos think-tanks neoconservadores norte-americanos e fervoroso defensor de Israel, Simon Wiesenthal contou a Yehuda Bauer que tinha inventado o número de 11 milhões de mortos do Holocausto. E porque o tinha ele inventado? Wiesenthal inventou-o, escreveu Bauer em 1989, "para fazer com que os não-judeus se sentissem como se fizessem parte de nós".


Simon Wiesenthal e Yehuda Bauer


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Num par de décadas, a história mudou um pouco. A particularidade da câmara de gás como a principal arma do crime permaneceu, mas agora foi confinada aos campos 'Orientais', em oposição aos campos do "Ocidente". Isto está, em parte, relacionado com o período da Guerra Fria, em que os soviéticos e países amigos controlavam esses campos de concentração e, portanto, estes não estavam abertos à inspecção e investigação. Auschwitz – por estar na Polónia - manteve-se o sítio principal e tornara-se o ponto central da lenda do Holocausto em livros, filmes, peças de teatro e na consciência popular.

Com o passar do tempo e com a redução das restrições das viagens e da inflexibilidade comunista, os antigos campos de concentração evoluíram para símbolos turísticos. As pessoas podiam viajar até eles - tanto a oeste como a leste, visitar os seus museus, e ser guiado através de suas instalações, tanto as originais como as "reconstruídas" no pós-guerra. As pessoas podiam fazer perguntas e refletir sobre o significado dessas construções.

Uma pequena mas determinada subcategoria de visitantes, conhecidos como "revisionistas", também inspecionou alguns desses campos, particularmente Auschwitz, e levou mesmo amostras forenses das estruturas originais que supostamente serviram como instalações de gaseamento. O resultante trabalho publicado de Fred Leuchter, Germar Rudolf e outros, mostrou que os resíduos químicos analisados a partir dessas instalações não eram compatíveis com a versão oficial. Ou, dito de outra forma, os alegados gaseamentos em massa não tinham, quase certamente, acontecido. Em consequência, o processo de revisão histórica obrigava a que o número de mortos por gaseamento fosse drasticamente reduzido. Uma grande variedade de outras objecções, e não apenas os resíduos químicos de Zyklon B, exigiam a alteração do número de mortos do Holocausto, mas essa alteração não ocorreu.

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As placas originais de Auschwitz que indicavam terem morrido quatro milhões de pessoas naquele campo de concentração, foram substituídas em 1995 por outras placas que indicam que em Auschwitz morreram aproximadamente um milhão e meio de pessoas. O que significa uma redução de dois milhões e meio de vítimas.

O polaco Dr. Franciszek Piper é Presidente do Departamento Histórico do Museu Estatal de Auschwitz, estudioso do Holocausto, historiador e autor de vários livros. O Dr. Piper é creditado como um dos historiadores que ajudaram a estabelecer um número mais exacto de vítimas de campos de extermínio de Auschwitz-Birkenau. De acordo com a sua pesquisa (1991), cerca de 1,1 milhões de pessoas morreram em Auschwitz-Birkenau, dos quais cerca de 960 mil eram judeus.


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As autoridades baixaram o número de mortos no campo de Auschwitz. De repente, o número oficial de quatro milhões de assassinados em Auschwitz caiu para pouco mais de um milhão. É aqui que a história do Holocausto passou globalmente por outra grande evolução. Nesta última reviravolta, a figura de "Seis Milhões" foi mantida - relativamente a um tipo de simbolismo místico que, aparentemente, tem de ser sustentado a todo custo - e uma mudança ocorreu sobre a forma de como esse montante (seis milhões de mortos) tinha sido calculado. De repente, os 3 milhões de judeus mortos desse número de “Seis Milhões” tinha morrido 'no leste’, sem grandes esclarecimentos e sem qualquer apoio estatístico. Entretanto, os Einsatzgruppen ou "grupos de acção" (ou "esquadrões da morte") têm crescido em importância, sendo que a estimativa das vítimas desses grupos está em valores que variam entre 1,3 e 2,2 milhões de pessoas (Wikipedia - O historiador judeu Raul Hilberg calculou que entre 1941 e 1945 os Einsatzgruppen e tropas auxiliares mataram mais de dois milhões de pessoas, incluindo 1,3 milhões de judeus). Como a história continua a mudar e a evoluir, pode ser que as "vítimas" desaparecidas (das câmaras de gás) possam ser ainda atribuídas aos Einsatzgruppen ou até mesmo ao exército alemão.

Não foram dados grandes detalhes, mas a recente e ambígua forma revista desta história do Holocausto era a de que estes homens das SS tinham arrebanhado judeus em vários lugares e tinham-nos morto a tiro. Alguns teriam sido mortos em 'camiões de gás' ou através de outros meios, mas a esmagadora maioria fora baleada com pistolas ou metralhadoras. Isso é de grande interesse para os revisionistas. Até agora, os investigadores revisionistas tinham principalmente centrado a sua atenção em câmaras de gás, no Zyklon B, em taxas de cremação, em piras a céu aberto, em registos de mortalidade, etc. Mas a pista dos Einsatzgruppen era algo relativamente novo. Simplesmente a pesquisa revisionista tem sido limitada sob este prisma.

Seria bom colocar uma série de questões que podem servir como excelentes pontos de partida relevantes para o processo revisionista e, de seguida, tentar responder brevemente a eles. Em primeiro lugar, quais foram as reais responsabilidades dos Einsatzgruppen? A sua principal função era a manutenção da ordem e segurança na retaguarda dos exércitos alemães na frente oriental. Isto incluiu a recolha de informações e, sobretudo, o combate e repressão dos partisans (movimentos armados de resistência). Com esta nova reviravolta na história do Holocausto, eles foram também de alguma forma, adicionados à tarefa de extermínio total dos judeus. Não apenas dos judeus de todas as áreas pelas quais eram responsáveis - Polónia, Letónia, Lituânia, Estónia, Bielorrússia, Ucrânia, Crimeia, áreas do Cáucaso e a Rússia ocupada -, mas também os judeus da Alemanha e da Europa Ocidental, que foram supostamente enviados para leste, para serem liquidados.

É necessário que fique bem esclarecido que geograficamente se está a falar de uma enorme área, não muito diferente do tamanho dos Estados Unidos. Quantas pessoas estavam envolvidas nesta multiplicidade de acções? Os Einsatzgruppen consistiam em quatro grupos principais - A, B, C, e D - cada um compreendendo entre 300 e 500 homens. A estes cerca de (generosamente estimados) 2.000 homens foram alegadamente confiadas a enormidade destas tarefas. Mas, quantos estavam, de facto, de serviço a qualquer momento, não envolvidos na recolha de informações, atividades anti-resistência, etc., e, especificamente, envolvidos em assassinatos? Tendo em mente o pessoal de suporte - comunicações, fornecimento e transporte, administrativo, os homens em licença, os doentes, etc. - o número de 2.000 encolhe. No entanto, mesmo se todos os 2.000 estivessem ativos e disponíveis para a ação a qualquer momento, a principal responsabilidade dos Einsatzgruppen era a atividade anti-resistência. Como diabo arranjaram eles tempo para encontrar, reunir e matar milhões de judeus?


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Rotas e áreas de acção dos quatro grupos principais - A, B, C, e D - de Einsatzgruppen na União Soviética, compreendendo, cada grupo, entre 300 e 500 homens.


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Nesta altura, deve-se acrescentar o fato de que outros escalões de pessoal assistiram ou trabalharam com os Einsatzgruppen. Estes incluíam batalhões da Polícia - 'Schuma' (Schutzmannshaft - auto-defesa), companhias de ucranianos, letões e outras, e mesmo, às vezes, divisões de segurança do exército (Wehrmacht) ou dos seus elementos. Contudo, essas forças foram principalmente utilizadas para isolar áreas e fornecer segurança às supostas unidades de extermínio, ou seja, quando não estavam envolvidas em ações anti-resistência que foi sua principal atividade também. Ainda assim, a tarefa é enorme, na verdade, muito problemática, se não mesmo impossível.

Quantos judeus caíram nas mãos dos Einsatzgruppen? O pesquisador revisionista Dr. Walter Sanning, no seu livro pioneiro - The Dissolution of Eastern European Jewry [A Dissolução dos Judeus da Europa Ocidental], demonstrou que o número de seis milhões era impossível, que, literalmente, milhões de judeus europeus tinham escapado aos nazis através de emigração legal e através de evacuação para o leste com o Exército Vermelho, à medida que este recuava perante as forças alemãs invasoras. Nunca saberemos ao certo quantos judeus 'orientais' escaparam dessa maneira, mas todo concordam que andam na casa dos milhões. Os alemães, muito simplesmente, nunca tiveram sob o seu controlo o número de judeus que a história oficial do Holocausto presume.

Qual foi o período em que aconteceram os assassinatos? A partir de Junho 1941 até ao verão de 1944, cerca de três anos, um intervalo de tempo em que grande parte das regiões em causa ou ainda não estavam nas mãos dos nazis ou já tinham sido perdidas. Quantos judeus poderiam ter sido mortos e com que rapidez? Rhodes no seu livro - Masters of Death [Mestres da Morte], um estudo sobre os Einsatzgruppen, afirma que esses esquadrões eram normalmente constituídos por pequenos grupos de 4 a 8 homens que trabalhavam por turnos, com espingardas ou pistolas, e matavam milhares ou dezenas de milhares de judeus de cada vez. Curiosamente, Rhodes calcula que tenham sido mortos pelos Einsatzgruppen um total de cerca de 1,5 milhões de judeus. Rhodes também sugere que os Einsatzgruppen estava tão afectados psicologicamente por supostamente terem morto 1,5 milhão de judeus que o SS-Reichsführer Himmler, em última instância, decidiu transferir a responsabilidade do extermínio dos judeus, dos ‘esquadrões da morte’ para uma abordagem mais "industrial" e eficiente utilizando câmaras de gás em Auschwitz e noutros lugares. Rhodes é um desses historiadores que, quando se trata da versão oficial do Holocausto, aceita acriticamente todos os relatos das 'testemunhas', não evidencia qualquer tipo de cepticismo, admite tudo o que seja a favor da versão oficial do Holocausto, não faz perguntas inconvenientes e não quebra tabus.



Rhodes calcula que tenham sido mortos pelos Einsatzgruppen (em grupos de 4 a 8 homens que trabalhavam por turnos, com espingardas ou pistolas, e matavam milhares ou dezenas de milhares de judeus de cada vez) num total de cerca de 1,5 milhões de judeus.


Outro autor sem medo dos grandes números foi o francês MacLean, cujo - The Cruel Hunters [Os Caçadores Cruéis] - o estudo 'definitivo' da famosa Brigada SS Dirlewanger - uma unidade de 'Einsatz' [acção] supostamente muito envolvida em assassinatos em massa de judeus e trabalhando muitas vezes em estreita colaboração com os Einsatzgruppen, estima um total assassinatos de cerca de 1,3 milhões, o que ele cita como uma espécie de consenso entre os historiadores sobre o número de judeus que foram mortos no leste. Estes números, evidentemente, não explicam os milhões de mortos que faltam agora em Auschwitz. MacLean, aliás, deixa claro que todas essas unidades foram tão sobrecarregadas com a responsabilidade de combater os guerrilheiros que pouco tempo lhes sobrava para fazer mais alguma coisa.

A unidade de Oskar Dirlewanger é digna de muita atenção, pois era bem conhecida por ter enorme sucesso nas suas operações na frente oriental. Na maioria das vezes ela tinha entre 300 a 500 homens, ou seja, a sua unidade era do tamanho de um Einsatzgruppe. Dirlewanger e os seus homens ganharam inúmeras medalhas, condecorações, citações, e toda sorte de prémios de bravura. Eles saíram vitoriosos em quase todas as operações e acções, moviam-se rapidamente, e estavam altamente motivados e disciplinados. Os líderes das SS de ranking elevado e Himmler respeitavam-nos e aplaudiam-nos. Até Hitler assistiu às suas façanhas e dava-lhes toda a assistência possível. No entanto, apesar de tudo isso, eles foram creditados com a matança de "apenas" cerca de 15.000 pessoas durante os seus anos em acção como uma unidade Einsatz. Se as outras unidades Einsatz foram tão bem sucedidas, os números tornam-se relativamente insignificante quando comparados com os alegados números de 1,3 ou 1,5 milhões de mortos, e muito menos com o de 3 milhões de mortos.



Imagem de Oskar Dirlewanger (o primeiro à esquerda) e dos seus principais subalternos. Embora a sua unidade fosse do tamanho de um Einsatzgruppe (entre 300 a 500 homens), foi creditada com a matança de "apenas" cerca de 15.000 pessoas durante os anos em que esteve em acção.


Rhodes sugere que os SS estavam frequentemente embriagados, eram desordeiros e envolviam-se habitualmente em violações, saques e assassinatos indiscriminados. O autor baseou-se abundantemente em relatos de testemunhas oculares. Pelo contrário, MacLean demonstra que essas unidades eram, na realidade, homens muito disciplinados e severamente punidos até mesmo por pequenas infracções. Ele cita até um caso em que foi negada uma licença de seis meses a um soldado SS por ter contraído uma doença venérea por não ter usado preservativo. MacLean baseia-se principalmente em relatórios de eficiência das SS e memorandos internos e documentação, nenhum dos quais destinados a publicação. O seu trabalho é importante pelo facto de se imaginar que a Brigada Dirlewanger era um típico grupo de extermínio SS do Leste. Ele mostra como ela foi estruturada, e as suas várias limitações a par das suas pesadas responsabilidades.

Também importante é a questão dos relatórios dos Einsatzgruppen pós-acção transmitidos a partir do terreno para a sede em Berlim. Muitos desses relatórios afirmam que regiões inteiras foram 'limpas' de judeus, ou seja, que se tinham tornado 'Judenfrei’ (livres de judeus), graças às acções dos Einsatzgruppen. Mas um julgamento pós-guerra pouco conhecido, a do marechal de campo alemão Erich von Manstein, desmentiu a precisão dos referidos relatórios. Os soviéticos estavam irritados com von Manstein por causa de suas muitas vitórias sobre o Exército Vermelho durante a guerra e queriam vê-lo executado. Tentaram alegar que um grande número de judeus foi assassinado nas áreas de retaguarda por Einsatzgruppen sob seu comando geral e que ele era, portanto, responsável. No entanto, o seu advogado britânico R. T. Paget demonstrou que áreas inteiras supostamente limpas de judeus albergavam muitas comunidades judaicas florescentes que permaneceram totalmente funcionais e intocadas durante toda a guerra. Claramente, os relatórios sobre este assunto eram falsos ou, pelo menos, muito exagerados. O tribunal esteve muito atento a esta questão e considerou os relatórios acerca dos Einsatzgruppen não fiáveis e absolveu von Manstein. Esta questão do arquivamento dos relatórios falsos pode ser explicado através de certas especulações, mas é necessária mais investigação. Manstein não referiu os Einsatzgruppen ou mesmo os judeus em todas em suas memórias publicadas.



O marechal de campo alemão Erich von Manstein foi absolvido num julgamento pós-guerra pela acusação de que fora responsável pelo assassínio de um grande número de judeus nas áreas de retaguarda por Einsatzgruppen sob o seu comando.


Os relatórios dos Einsatzgruppen eram também enviados por rádio ao SSHA (comando central das SS), em Berlim. Centros de informações britânicos, acompanharam essas transmissões e tendo decifrado os códigos alemães, receberam os relatórios, mas não os utilizaram durante a guerra. Por que é que não o fizeram? Seguramente que tais informações, se fossem tão incriminatórias para a Alemanha como se poderia supor, seriam inestimáveis na guerra de propaganda. Esta é outra área em que vale a pena um estudo mais aprofundado.

O estudo aprofundado de Colin Heaton sobre as operações anti-guerrilha alemães na Europa deixa claro que todas as unidades de retaguarda, incluindo unidades SS, foram esmagadoramente empregues em operações anti-partisans. É evidente que, mesmo que as SS fizessem uma distinção clara entre os judeus, como defensores do regime soviético, e os russos, ucranianos e outros que eram mais frequentemente vítimas desse regime, a guerra anti-partisans teria sempre que ter prioridade como garantia de segurança na retaguarda e era um pré-requisito para qualquer outro tipo de operação.

Documentários pseudo-históricos recentes dão uma grande importância aos Einsatzgruppen e fazem-lhes acusações surpreendentes. Um oficial Einsatzgruppen chamado Paul Blobel, por exemplo, teria sido encarregue de descobrir e destruir todos os vestígios e indícios dos judeus mortos. Este teria, alegadamente, estado implicado na exumação de valas comuns e destruir pelo fogo os seus restos, moer os ossos até ficarem em pó e dispersá-lo cuidadosamente pelas florestas, recobrindo os locais dos assassínios e plantando árvores sobre eles, etc. E, novamente, tudo isto sobre uma enorme área geográfica, dentro de um tempo limitado, e dispondo apenas de um pequeno número de veículos e homens.

Manifestamente, afirmações como estas não são apenas inacreditáveis, mas impossíveis. Não há dúvida nenhuma de que os Einsatzgruppen mataram um grande número de judeus, pelo menos em parte, como consequência de suas acções anti-guerrilha, porque muitos judeus eram conhecidos por serem partisans ou lhes davam apoio, e muitos outros estiveram envolvidos em actos de sabotagem e espionagem. Além disso, um grande número de comissários do Exército Vermelho eram judeus e os judeus, colectivamente, eram bastante conhecidos por serem adeptos ou funcionários do sistema comunista soviético. Mas os judeus não poderiam ter sido mortos aos milhões e, provavelmente, nem às centenas de milhares. É impossível matar tantas pessoas com recursos muito limitados ao longo de um certo período de tempo numa área enorme, e, especialmente, quando se tem uma data de outras coisas mais importantes para fazer. Não há dúvida de que muitos crimes ocorreram de ambos os lados, nas circunstâncias de uma guerra brutal que se arrastou por anos e dentro do contexto de uma guerra que estava a ser travada sem respeitar a maior parte das regras da Convenção de Genebra sobre a guerra terrestre, tratamento de prisioneiros, etc. Mas, claramente, os números apresentados são escandalosamente improváveis.



Não há dúvida nenhuma de que os Einsatzgruppen mataram um grande número de judeus, pelo menos em parte, como consequência de suas acções anti-guerrilha, porque muitos judeus eram conhecidos por serem partisans ou lhes davam apoio, e muitos outros estiveram envolvidos em actos de sabotagem e espionagem.


Uma espécie de processo orwelliano está em jogo no qual "historiadores", indignos desse título, escrevem os seus livros ou dão os seus pareceres de forma a ficarem em consonância com a história do Holocausto, uma vez que continuam a evoluir na forma como a Segunda Guerra Mundial é retratada. Numa cultura judeocêntrica, esta postura garante a publicação e uma revisão crítica amigável dos seus livros, e uma progressão ascendente na carreira de “historiador”. Mas, muitas vezes, eles não estão actualizados ou desconhecem as últimas reviravoltas e flip-flops efectuados para manter intacta a figura simbólica de “Seis Milhões”.

Estes "historiadores" mantêm as suas pesquisas limitadas à busca da “história padrão” e não levá-la para dimensões morais mais amplas. Por exemplo, seria bom questionar qual é a diferença ética, moral, etc., entre o facto de um pequeno grupo de homens assassinar centenas ou milhares de pessoas com metralhadoras ou espingardas num ou dois dias de operações, e, no mesmo período de tempo, um pequeno grupo de homens dentro de bombardeiros destruírem bairros, escolas, casas e empresas ocupadas por civis indefesos? Serão os primeiros um grupo de assassinos em massa, cruéis, sádicos e com uma ideologia genocida, enquanto os segundos são uma "Fraternidade" que luta pela liberdade, justiça e outras ideologias do mesmo cariz? Ou os dois grupos são exactamente a mesma coisa? As distinções esbatem-se e o que era a «preto e branco» ganha tonalidades cinzentas.

O Revisionismo tem um longo caminho a percorrer, especialmente ao abordar a recente chegada do chamado "Holocausto por balas."

quinta-feira, janeiro 15, 2015

L'imposture Charlie Hebdo - les dessinateurs (os cartoonistas), les boucs émissaires (os bodes expiatórios) et les vrais tueurs (e os verdadeiros assassinos)




Metodologia de um Ataque Terrorista Islâmico:

1 - Os mentores da «Guerra ao Terrorismo» dão instruções a cartoonistas de um jornal para achincalhar uma determinada religião.

2 - Os mentores da «Guerra ao Terrorismo» escolhem criteriosamente alguns indivíduos que professam essa religião para servir de bodes expiatórios.

3 - Os mentores da «Guerra ao Terrorismo», recorrendo a assassinos com treino militar, perpetram um atentado terrorista contra esse jornal matando esses cartoonistas.

4 - Os mentores da «Guerra ao Terrorismo» dão início a uma caça aos «terroristas», cercam os bodes expiatórios previamente escolhidos e eliminam-nos antes destes terem hipótese de dizer seja o que for.

5 - Qualquer elemento das forças da ordem que se aperceba da tramoia, e que possa dar com a língua nos dentes, é liminarmente suicidado.



Diário Online

Excerto de um artigo de José Manuel de Sousa - 12 janeiro 2015

Neste momento em todo o mundo Ocidental e árabe, os serviços de contra-informação, movimentam-se freneticamente no sentido de procurar defender os seus interesses mais imediatos lavando imagens junto da opinião pública mundial, distribuindo através das suas agências noticiosas toda a sorte de informações que na maioria dos casos jamais reflecte o que aconteceu na realidade, porque a verdade, essa está escondida em cofres-fortes invioláveis do segredo de cada país interveniente.

De facto, dá que pensar a polícia francesa ter encontrado próximo das instalações onde foi perpetrado o crime (quase de forma ingénua) o bilhete de identidade do terrorista Said Kouachi que estava super equipado e camuflado, e não se percebendo a razão de ele ir praticar um crime devidamente identificado, cumprindo a legislação de que todo o cidadão dever andar identificado. E quem é que pode acreditar em tanta ingenuidade?


O Bilhete de Identidade do «terrorista» Said Kouachi


Mas simultaneamente, foram-nos mostradas imagens de um hipotético vídeo-amador que do alto de um telhado filmou as cenas últimas do atentado, quando o polícia é assassinado com o tiro de misericórdia disparado por uma espingarda AK47 poderosíssima, que naquela distância tão próxima faria saltar a cabeça do polícia, espalhando sangue por todo o lado. Nem uma gota de sangue se viu escorrer pelo chão. E muito menos se compreende, que nesse preciso momento em que o amador filmava do alto do telhado, já lá por cima andasse um civil vestindo um colete à prova de bala.

Do mesmo modo, as cenas da movimentação do carro dos assassinos foram retrabalhadas em estúdio, porque nota-se entrecortes nas sequências. Por outro lado, o Citroën que os assassinos utilizaram tinha espelhos retrovisores laterais brancos, e o carro que é colocado em cima do camião de reboque, tem os espelhos retrovisores negros. Em que é que ficamos com toda esta encenação fílmica amadorística...? Inclusivamente, vêem-se os dois assassinos de armas na mão a descrever um arco para irem matar o polícia que já estava no solo no outro lado da rua, e quando se dirigem para o Citrôen, o passageiro assassino recolhe do chão, junto à porta entre-aberta do automóvel, um sapato ténis que ele teria deixado descalçar-se. Então nesse caso, quer dizer que ele foi praticar o crime meio-descalço...?


Um Citroen camaleão - ora com espelhos retrovisores brancos, ora negros


É uma narrativa muito mal contada e, de todo pouco verosímil. O que acabei agora de descrever são as imagens que circularam por todas as televisões do mundo. Eu não acabei de inventar nada. E ainda há mais cenas filmadas difíceis de acreditar, conotadas com a reanimação de uma mulher polícia, mas fiquemo-nos por aqui.

Finalizamos com uma notícia pouco difundida, de que o subdirector da Polícia judicial de Limoges (sudoeste de França), de quarenta e quatro anos de idade, responsável pela investigação do ataque ao jornal “Charlie Hebdo”, se suicidou com um tiro da sua pistola de serviço, na madrugada de quinta-feira, a seguir ao dia do atentado. De momento não se podem estabelecer vínculos entre a investigação do massacre e a causa deste suicídio do polícia de Limoges.


segunda-feira, janeiro 12, 2015

Os Charlies de um Deus Menor


Um texto que me chegou via email assinado por Ângelo Alves (imagens e links meus):


Je suis - I am - Ich bin - Yo soy - Jag är - мне - Ја сам - Mən - мені

Eu Sou Charlie



Sou o Charlie. Sou português, democrata, amante da liberdade, da democracia, da paz, do progresso e do desenvolvimento social. Amo a minha terra, o meu país, o meu povo, bem como todos os povos do mundo com as suas realidades, histórias, percursos, particularidades e direitos soberanos. Queria falar-vos de quem sou e de como me sinto.


Sou o Charlie, sou Português. No meu País existem 3 milhões de pessoas pobres, o desemprego real deve estar a rondar os 23%. Os jovens do meu País estão sem perspectivas. Não admira, 38 anos de políticas sempre iguais destruíram aquilo que devia fazer funcionar este país, o seu sistema produtivo. Vejo cada vez mais pessoas na rua, sem casa. A fome já chegou a muitas zonas deste País. Os mais idosos vivem mal, e são-lhes cortadas as pensões. Nestas férias de natal muitas escolas ficaram abertas para poder dar refeições em condições a crianças que estão a viver grandes dificuldades. Entretanto já começou a morrer gente à porta das urgências dos Hospitais... não porque os médicos não sejam bons, mas porque os cortes e mais cortes, fizeram com que os hospitais não dêem resposta às necessidades.

Expresso - 5 de janeiro de 2015

Bastonário da Ordem dos Médicos afirma que as falhas nas urgências dos hospitais públicos poderão ter provocado mais mortes do que as duas noticiadas. A falta de recursos e os cortes impostos pelo Governo são algumas das explicações referidas por José Manuel Silva. O bastonário aponta ainda o dedo à falta de profissionais: "O principal problema terá sido a falta de recursos médicos, enfermeiros e até espaço físico".


Sou o Charlie, sou jornalista Francês, sinto-me um dos jornalistas assassinados a sangue frio anteontem em Paris, mas sou também aquele que é colocado perante a chantagem de obedecer cegamente aos interesses dos donos dos jornais, das rádios ou das televisões onde trabalho ou ir para o desemprego. Sou um jornalista que por dizer a verdade sou afastado da ribalta das televisões e dos jornais. Sou um jornalista igual a outros que em variados países são assassinados por exercer a minha profissão com dignidade e ética ou que morre a cobrir guerras desencadeadas para dominar povos e países inteiros e lhes sugar as suas riquezas.


O meu nome é Charlie, sou Palestiniano... milhares e milhares de compatriotas meus já morreram ao longo destes mais de 50 anos. Milhões, não os consigo ver porque são refugiados em campos onde vivem há décadas sem poderem visitar a Palestina. Sou uma das 600 crianças que morreu sob as bombas de Israel há poucos meses, sou a criança que brincava na praia e fui atingido por fogo disparado a partir de um barco israelita que nunca compreendi porque ali estava. Tenho muita pena dos jornalistas de Paris que foram mortos, tal como tenho dos 308 jornalistas que no ano de 2014 foram vítimas de violação de direitos humanos por Israel. Só no verão passado, durante a guerra que Israel fez contra o meu povo em Gaza morreram 17 jornalistas.

UOL Notícias - 22/07/2014

Um total de 121 crianças palestinas, 80 delas de menos de 12 anos, morreram desde que Israel começou, há 15 dias, a ofensiva militar contra o território palestino de Gaza, confirmou a Unicef, o organismo das Nações Unidas para a proteção da infância, nesta terça-feira. Esse número indica que os menores representam um terço das vítimas civis registradas desde que Israel começou a bombardear continuamente Gaza. Até hoje morreram 586 palestinos, a grande maioria civis. Dos menores mortos pelos ataques israelenses, 84 eram meninos e 37 meninas, com idades que variavam entre cinco meses e 17 anos, segundo os dados do Unicef. Pelo menos 904 outras crianças ficaram feridas, acrescentou o órgão.


O meu nome é Charlie, sou Sírio, vivia num país que não era o paraíso mas onde vivíamos em paz e em convivência de várias confissões religiosas e etnias. Hoje o meu País está destruído por uma guerra sem sentido, desencadeada por gente que não é do meu País e que, pelo que percebo, são pagos e treinados por países e forças que nada têm que ver com o meu país. São esses, que até andaram a reunir com uns figurões dos EUA, como um tal de McCain, que agora querem retalhar o meu País, atacar os nossos irmãos libaneses, e construir um Estado que dizem que é Islâmico mas que os meus amigos muçulmanos dizem que não tem nada que ver com a religião deles.



Abu Bakr al-Baghdadi, líder do Estado Islâmico (EI ou ISIS)

Voz da Rússia - Andrei Ontikov - 15 Outubro 2014

Riadh Sidaoui, diretor do Centro Árabe de Estudos Políticos e Sociais: "Quem está apoiando este grupo? São, obviamente, o Qatar e a Arábia Saudita. E isso não é apenas uma suposição minha, nem apenas a opinião de todo o tipo de jornais e cientistas políticos. Anteriormente, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden disse com toda a franqueza que os terroristas na Síria eram financiados por Riad e Doha. Da minha parte, só posso acrescentar que as monarquias não poderiam agir sem a aprovação dos Estados Unidos, ou até mesmo fizeram-no sob ordens diretas de Washington. Tudo isso esta sendo feito a fim de destruir a Síria e derrubar o regime de Bashar Assad".



O meu nome é Charlie, sou Espanhol, sou um jovem e metade de todos os meus amigos estão desempregados há vários anos, muitos vivem hoje na rua. O Desemprego é uma coisa tramada, não consigo pensar no futuro, porque todos os dias penso como vou aguentar mais tempo sem meios para sobreviver. Os discursos dos meus governantes parecem que nada têm que ver com a vida que eu vivo.


O meu nome é Charlie, sou Francês, vivo nos subúrbios de Paris, os meus avós vieram das ex-colónias francesas em África, ajudaram a construir este País. Sou pobre, e cada vez mais sinto que por ser descendente de africanos ou muçulmanos sou empurrado para guetos e não tenho acesso a certas profissões. Muita da malta que mora no meu bairro está desempregada há muito, a pobreza também é muita.


O meu nome é Charlie, sou Afro Norte-Americano. Dizem que vivo na terra da liberdade e das oportunidades, mas eu cada vez mais me interrogo se isso é mesmo assim. Eu e o pessoal do meu bairro somos cada vez mais afectados pela crise económica, e agora vieram os bancos tirar-nos as casas, muita malta mora em tendas nos parques, andamos revoltados e até fizemos manifestações, a resposta da polícia e mesmo dos militares foi brutal, e alguns amigos meus morreram.




O meu nome é Charlie, sou Líbio. A minha família foi toda morta, assim como parte da comunidade onde pertencia, onde hoje existem vários grupos terroristas que se ocupam do tráfico de armas, do tráfico de pessoas, do contrabando do petróleo e de outras actividades que nada têm que ver com aquilo que já vivi. A guerra invadiu o meu País, dividiu o meu povo e sinceramente não consigo ver como poderemos vir a ser outra vez um País digno desse nome.


O meu nome é Charlie, sou oriundo do norte de África e da África Subsariana. Tenho dezenas de amigos que morreram a trabalhar. Outros vão morrer dentro em pouco porque sofrem de doenças que se diz que fazem parte do passado. Muitos dos meus conterrâneos passam fome, não têm casa, outros acho que nunca mais os irei ver, foram contactados por gente de fora que lhes disse que iam viver e trabalhar para a Europa. Ouço dizer que uns estão presos, outros estão fechados nuns campos de detenção na Europa e outros, diz-se, morreram no mar.

UOL Notícias - 09/05/2011

Sessenta e um imigrantes africanos morreram no Mar Mediterrâneo a bordo da embarcação em que viajavam em direção à Itália, após militares europeus e unidades da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) terem ignorado pedidos de ajuda, denunciou nesta segunda-feira (09/05) em sua edição on-line o jornal britânico The Guardian.


O meu nome é Charlie, sou Muçulmano, fui torturado violentamente por militares norte-americanos que nunca me explicaram porque estava preso. Não tive direito a julgamento. Chamam-me terrorista, mas eu penso que os terroristas são eles quando me deixam semanas sem dormir e me fazem coisas que tenho vergonha de contar. Acho que quero morrer, não aguento mais ser tratado como um animal.


Sou o Charlie, o meu país chama-se Sérvia. Dantes chamava-se Jugoslávia. Em 1999 os Estados Unidos e os Países da Europa bombardearam dias a fio o meu País e no fim foi dividido. Foi uma guerra terrível precedida de coisas que não percebi muito bem e que viraram partes do meu povo contra os seus compatriotas. Naquela guerra foram utilizadas armas terríveis, faziam buracos imensos. Soube depois que eram de Urânio Empobrecido e hoje muitos amigos meus e compatriotas sofrem de cancros, os seus filhos têm malformações genéticas. Quando vi a terrível notícia do atentado em Paris pensei de imediato no dia em que os aviões da NATO bombardearam a nossa televisão em Belgrado. Morreram muitos jornalistas na altura também. Um primeiro-ministro de nome Tony Blair disse na altura que a nossa TV e a vida dos jornalistas era "um alvo legítimo". É um bocado contraditório, não é?


O meu nome é Charlie, sou Iraquiano, o meu País vive desde a década de 90 do século passado em estado de guerra. Tenho pena de não vos poder mostrar o meu País como ele era há algumas décadas. Dizem que somos um dos berços da civilização moderna. Não sei se somos, mas que tínhamos muitas riquezas culturais, lá isso tínhamos. Não vivíamos bem, e eu até nem gostava do governo do meu País, mas caramba! Nós podíamos ter tratado do assunto pelas nossas mãos e consciências. Nunca quisemos a guerra, a morte e a destruição do nosso País. Apenas queríamos viver um pouco melhor. Centenas e centenas de milhares de patriotas meus morreram nestes anos numa guerra que foi justificada com mentiras sobre o meu País como a das armas destruição maciça Para quê? Não sei… só sei que hoje anda por cá muita gente de fora a guardar-nos como se fossemos estranhos na nossa própria terra e a guardarem – dizem eles – os nossos campos de petróleo. Ao ver as notícias de Paris lembrei-me dos jornalistas que morreram num bombardeamento dos EUA contra um Hotel em Bagdade onde eles estavam a trabalhar.


Criança iraquiana morta por tropas americanas

Los Angeles Times - 14/09/2007 (há mais de sete anos)

O número de civis mortos no Iraque pode ter ultrapassado um milhão de pessoas. (Este artigo saiu em 2007 - quatro anos depois da invasão americana em 2003. Entretanto, já se passaram mais sete anos com massacres praticamente diários devido a "bombistas suicidas").



O meu nome é Charlie, sou Ucraniano. O meu País está dividido por uma guerra civil. Tudo começou quando uns senhores vindos da Europa (coisa estranha... e eu que pensava que o meu País fazia parte da Europa) vieram falar com o nosso governo, que não era grande coisa diga-se em abono da verdade, para ele fazer uns acordos esquisitos que nos amarravam a umas políticas que pelo que vejo lá na Europa deles não estão a dar muito bom resultado. O nosso governo não quis esses acordos, mas também não nos perguntou nada. Depois não percebo bem o que se passou, só sei é que hoje andam por aí, quer no governo quer nas ruas, aqueles que – aprendi na escola – nós combatemos no passado - os nazi-fascistas. Esses, mais uns criminosos que acho que pertenciam a umas forças ditas de segurança, foram responsáveis por um terrível massacre em Odessa, onde morreram queimadas ou baleadas dezenas de pessoas que se tentavam refugiar. Na altura não se falou muito disso no Mundo, e eu não percebo porquê! Entretanto já morreu muita gente nesta guerra, já foi destruída muita coisa e o meu povo vive pior que nunca. Apetece-me chorar quando vejo o exército do meu próprio país a atacar o povo a que pertenço.


Eu sou o Charlie, um Afegão. Em 2001 houve um ataque a umas torres enormes nos EUA, chamavam-lhe as torres gémeas. O mundo culpou gente por esse ataque que segundo eles estava instalada no meu país. O meu país tem uma história triste de guerras. Esses mesmos que falam inglês andaram a criar os Taliban para combater o que diziam ser a invasão da URSS. Depois passados vários anos voltaram cá para combater esses Talibans. Hoje negoceiam com eles e eu já não percebo nada disto. A única coisa que sei é que já se perdeu a conta aos mortos do meu país em virtude destas guerras e agressões. As coisas pioram de dia para dia no nosso povo, e até a produção de droga aumentou exponencialmente. Diziam então que os direitos das mulheres não eram respeitados, e eu até acho que não eram, mas caramba, cabia-nos a nós resolver esse problema. É que agora elas continuam a andar de Burka, correcção: aquelas que estão vivas continuam a andar de Burka. Cada vez mais acho que esses senhores se estavam eram a borrifar para os direitos do meu povo e das mulheres do meu povo.




Basicamente, o Charlie sou eu, um homem comum, que vive em qualquer parte do mundo e que é vítima de uma política insana que cada vez traz mais guerra, mais morte, mais fome, mais desemprego, mais pobreza, mais doenças, mais problemas ambientais, menos cultura, mais discriminação, mais ódio racial, menos democracia, mais intolerância, menos humanidade, mais desrespeito por vários direitos humanos. Sou aquele que verdadeiramente sofre com os ataques e crimes como o de Paris, porque há sempre aqueles que lucram com eles. Cada vez mais acho que enquanto não se inverter a essência das políticas que ditam o sentido dominante do Mundo não terminarão os dias tristes como o de ontem em Paris.


Sou o Charlie, sou amante da Paz e da amizade entre os povos. Luto pela justiça social, pelo desenvolvimento económico e social de todos os países, pelo respeito pelos direitos económicos, sociais, culturais, democráticos e de soberania dos povos. Luto para que o Mundo não seja um jogo de xadrez onde as pessoas são meras peças, e a sua vida tem um valor relativo consoante os interesses que estão em jogo. Sou o Charlie, indigno-me tanto com a morte dos meus “colegas” jornalistas em Paris como com a morte de um trabalhador da construção civil que caiu numa obra por falta de medidas de segurança.


Sou o Charlie, amante da Paz, da tolerância, da cooperação entre povos e Estados soberanos. Acredito que um mundo mais justo é possível. Acredito que é possível fazer da política aquilo que ela deve ser, uma festa de ideias e princípios usados no interesse de todos.


Sou o Charlie e nunca irei permitir que a minha indignação pelo que se passou em Paris seja utilizada para cortar ainda mais direitos nos democráticos aos povos, para imprimir medo a todos, para que poucos dominem, para eleger os muçulmanos, ou outros, como inimigos da civilização, ou para desencadear novas guerras num mundo que está já tão perigoso.


Sou o Charlie, tomo o partido do lado da verdade, contra a manipulação. Do lado da paz, contra as guerras, as ingerências e as manobras de desestabilização. Do lado da verdadeira luta contra o terrorismo, contra a hipocrisia e a mentira. Do lado da justiça e da igualdade, contra a exploração. Do lado da democracia verdadeira, contra a ilusão de uma democracia formal. Do lado dos povos, contra “os donos disto tudo”.


Sou o Charlie, e não quero ser usado para instigar o racismo, a xenofobia e a islamofobia. Sou o Charlie e não quero que os meus sentimentos de solidariedade para com as vítimas de Paris sejam usados para abrir campo à extrema-direita ou para desencadear paranóias que abram campo a ainda mais mortes, guerras e destruição.


Sou o Charlie, um homem comum que quer viver em Paz e com dignidade.

segunda-feira, janeiro 05, 2015

Ao longo de anos e enquanto governante Sócrates garantiu ganhos milionários a alguns dos maiores grupos económicos, em particular na Finança e nas Obras Públicas



Sócrates - o sorriso beatífico estampado na fácies enquanto
espera o inevitável arquivamento do processo


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Paulo Morais - Professor Universitário


Artigo de Paulo Morais - Correio da Manhã - 22/12/2014

Beija-mão às grades

O ex-primeiro-ministro José Sócrates, preso em Évora, inaugurou uma nova prática: a de conceder audiências na cadeia. As peregrinações de inúmeras figuras públicas à penitenciária de Évora, sob a capa aparente de visitas de apoio e solidariedade, mais não parecem do que exercícios de vassalagem.

Ao longo de anos e enquanto governante Sócrates garantiu ganhos milionários a alguns dos maiores grupos económicos, em particular na Finança e nas Obras Públicas. Todos aqueles que Sócrates beneficiou estarão agora a ir à cadeia beijar-lhe a mão. Será uma questão de gratidão. Por lá passaram e continuarão a passar os concessionários das parcerias público-privadas (PPP), a quem Sócrates garantiu rendas obscenas em negócios sem risco. Assim, não será de estranhar que o todo-poderoso Jorge Coelho, presidente durante anos do maior concessionário de PPP rodoviárias, o grupo Mota-Engil – tenha rumado a Évora. Também lá esteve em romagem José Lello, administrador, durante os governos socialistas, da construtora DST, que muito ganhou também com PPP.



Jorge Coelho, José Lello e Pinto da Costa

Não deixa de ser curioso que cheguem apoiantes de todos os setores que Sócrates tutelou. O líder do futebol português, Pinto da Costa, foi mais um dos que manifestou o seu apoio público. Afinal, Sócrates foi o ministro do desporto que trouxe o Euro 2004 para Portugal. Um Euro que valeu muitos milhões de euros aos clubes de futebol e seus dirigentes. Mais um gesto de vassalagem.

Para ser visitado e apoiado, a Sócrates bastará enviar a convocatória. Todos aqueles cujos podres Sócrates conhece, os que usufruíram de benefícios ilegítimos pelas suas decisões – todos aparecem ao primeiro estalar de dedos. Todos temem Sócrates, pois sabem que se ele resolver falar, desmorona o seu mundo de promiscuidades entre política e negócios.

Com estas convocatórias e manifestações de apoio, o ex-primeiro-ministro pretende manipular a opinião pública, vitimizando-se; bem como condicionar a Justiça, através da sua manifestação de força e influência.

Mas o que não faz e deveria fazer é aproveitar o acesso direto aos media para explicar quais os bens de fortuna que lhe permitiram, sem rendimentos compatíveis, manter, durante anos e depois de sair do poder, uma vida de ostentação.