sexta-feira, fevereiro 25, 2005

O Howard Hughes do Catolicismo


Tudo o que é excessivamente mediático me causa uma certa irritação e também, quase sempre, enorme desconfiança, mesmo tendo esse mediatismo uma dimensão "humanitária" ou solidária. Ramos Horta, Sting ou Bono, Princesa Diana e Madre Teresa de Calcutá são personagens que me despertam alguma repulsa, na medida em que têm sido acarinhadas de forma exacerbada. Karol Wojtyla, o sumo pontífice da ICAR (eheheh), não é excepção. Provavelmente, grande parte da culpa de isto ser assim nem sequer é dele. Os meios de comunicação são todos, ou quase todos, formados por gestores engenhosos que reconhecem, na maioria das vezes, a melhor forma de lucrar com a sua actividade. No entanto, quando João Paulo II era ainda projecto de Papa, apenas aspirando a essa condição, sabia bem que essa sua "actividade" de líder espiritual iria ter grande repercussão na vida pública internacional, e assim, se o seu objectivo era mesmo seguir as pisadas de Cristo e envagelizar os infiéis e converter outros, digamos que não escolheu o melhor meio de o fazer. A hierarquia eclesiástica cristã é, claramente, a primeira questão discutível quando se fala da legitimidade do catolicismo. Somos todos irmãos, mas há uns mais irmãos que outros, que é como quem diz, há uns que usam anéis de ouro e têm equipas de dezenas de médicos a trabalharem para o seu bem-estar sempre que têm a saúde ameaçada.


Fico indignada quando leio, em órgãos de comunicação social, títulos no género de «Papa Já respira sem ajuda». Ora, se os papas o fossem por direito hereditário, decerto teríamos títulos do estilo «Papa Júnior já sabe andar» ou «Papinha já sabe cortar o bife com a faca de serrilha». Felizmente, os papas são todos solteiros e só têm filhos clandestinos; de outro modo, seríamos assolados por um imenso tédio, como o sentido por aquele indivíduo numa publicidade televisiva da PT, na qual um casal havia fotografado com a câmara do telefone fixo, os 900 passos do seu Joãozinho e os mostrava a esse senhor, que adormecia à medida que os passos apareciam. Para uma comparação menos popularucha, digamos que, se tal acontecesse, toda a gente desejaria, em vez de ler notícias sobre o Papado e o Papadinho, ver filmes do Manoel de Oliveira.


Com tal aproveitamento da figura do chefe da ICAR, também não me admira que a TVI se lembre de criar um reality show para apurar a figura que irá substituir João Paulo II, assim que ele morrer. Como responderia Paulo Portas a estas afirmações se fosse presidente da TVI: "Dignidade?! Nós queremos é audiências!".


Enfim... até no catolicismo temos Howards Hughes!

4 comentários:

  1. Segundo o último relatório em conjunto, promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Unicef (Fundo da ONU para as Crianças), divulgado nesta sexta-feira no Dia Mundial da Malária, mais de 3 mil crianças africanas morrem por dia em decorrência da doença.

    O estudo afirma que 90% das mortes são registradas na África subsaariana e que a maioria delas é de crianças com menos de cinco anos.

    Quando penso que os media só falam da saúde do Sumo Pontífice, um velhote de 90 anos, dá-me vontade de vomitar!

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