quarta-feira, outubro 19, 2005

A palavra é mais forte do que o Espada

João Carlos Espada, consagrado escriba do Expresso, escrevia na sua coluna a 5 de Março de 2005:

A visita de George W. Bush à Europa assinalou o reencontro transatlântico. Não desapareceram as divergências entre os vários parceiros ocidentais - e nenhuma aliança entre povos livres pode existir sem divergências. Mas desapareceu o anti-americanismo militante dos líderes franceses e alemães. Foi o reencontro da aliança atlântica, em grande parte promovido sob a égide no novo presidente português da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.

É importante recordar quem ficou de fora deste reencontro: o Sr. Zapatero. Tendo retirado unilateralmente as tropas espanholas do Iraque, Zapatero ficou de fora da família atlântica. É bom lembrar-lhe este facto, pois ele disse que Portugal e Espanha acertaram os relógios com a vitória eleitoral dos socialistas portugueses. Além de típica arrogância espanhola, essa afirmação é deslocada. A nossa hora é atlântica, não a de Madrid.


Comentário:

Ora acontece, meu caro Espada, que a 18 de Março de 2005, treze dias depois do seu avisado comentário, os media noticiaram o seguinte:

O presidente francês, Jacques Chirac, recebeu no Palácio do Eliseu o seu homólogo russo, Vladimir Putin, e os chefes de Governo de Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, e Alemanha, Gerhard Schröder. É a primeira vez que o presidente espanhol participa numa cimeira deste tipo.

Na relação entre a Rússia e a União Europeia (UE), os quatro vêm "a chave para a implementação definitiva da paz, da democracia e do estado de direito no nosso continente", disse o presidente francês, Jacques Chirac, numa conferência de imprensa conjunta.

Chirac evocou a "vontade de construir juntos uma comunidade de destino" entre a UE e a Rússia, e acrescentou que, se bem que isso vá exigir "esforços de adaptação" e "tempo", disse que "estamos resolutos" a trabalhar por ela "juntos", porque é a via da paz e da democracia "na grande Europa".



Donde, estimado Espada, se podem tirar várias conclusões:

1 - Zapatero saiu, por livre iniciativa, do clube dos mentirosos (das armas de destruição maciça no Iraque), que você denomina «família atlântica», para se juntar à família da Grande Europa, como a foto claramente demonstra. Zapatero escolheu, ao contrário do seu antecessor, não se aninhar aos pés de Bush como fizeram Blair, Berlusconi e o «trotskista» José Manuel Barroso.

2 – O Oceano Atlântico abarca seis fusos horários. A que hora atlântica é que se refere? À de Paris, à de Madrid, à de Reykjavik ou à de Washington? Cinco graus, apenas, separam Lisboa e Madrid. São vinte minutos solares. O tempo de beber uma imperial.

3 – Quanto ao anti-americanismo não tenho a certeza do que isso seja. Já quanto ao anti-bushismo e ao anti-neoconservadorismo estão mais fortes que nunca. Em todos os fusos horários. Tanto deste, como do outro lado do Atlântico.

4 - Apelidar de "reencontro transatlântico" a visita de George W. Bush à Europa é um pouco forte. Troque o termo “reencontro” por “desencontro” e talvez consiga transmitir uma imagem mais fidedigna do que se passou.

7 comentários:

  1. Peço o favor de ver o meu comentário no post anterior.
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    Malaposta, a.castro

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  2. O anti-americanismo não existe. O que existe é o anti-bushismo. Parecem a mesma coisa mas não são.

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  3. A anti-americanismo não existe. O que existe é o anti-guerra, anti-criminalidade, anti-conspirações... anti-imperialismo que, como qualquer "ismo" que se preze, usa a teoria de que os fins "justificam" quaisquer meios e de que basta ter poder para poder cometer toda a espécie de crimes... impunemente.
    Cá para mim, não é bem a mesma coisa, nem aprece a mesma coisa, embora os próprios e seus lacaios pretendam impôr o contrário (que pareçam a mesma coisa), porque esse tipo de manipulação é um dos meios pérfidos (essenciais) a que recorrem... Até porque, na própria América, existe muita gente digna, que nada tem a ver com "aquilo" nem quer ter.
    Confundir dignidade com anti-americanismo é próprio de lacaios do imperialismo criminoso de Bush...
    Mas não era nada disto que eu ia escrever.
    Não percebo! Se não foi para "reconciliar a América com a Europa" para que é que os governantes europeus aproveitaram (do lixo onde devia estar) o Durão? Assim já não percebo nada de política, outra vez...
    Deve ser muito difícil ser governante, na Europa de hoje, com as pressões da opinião pública...
    Ainda não foi desta que estes me convenceram... Podem e devem fazer muito mais... Devem andar completamente perdidos. Talvez seja "um bom esforço" e um bom sinal... Mas confesso que Putin não me inspira mais confiança do que Bush...

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  5. segolene royal, anne hidalgo

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