segunda-feira, março 24, 2008

Os guerreiros de Buda financiados pelos assassinos de Bush


Por Infortibet

Em 1951 os comunistas tomaram o poder no Tibete. No decurso dos dois séculos anteriores nem um único país do mundo havia reconhecido o Tibete como país independente. Durante estes duzentos anos a comunidade internacional considerara o Tibete como parte integrante da China ou, pelo menos, como um estado vassalo. Já em 1950 a Índia dizia que o Tibete era um componente da China. A Inglaterra que, há quarenta anos, ocupava uma posição privilegiada no Tibete seguiu a posição indiana ao pé da letra.

Unicamente os Estados Unidos mostraram-se hesitantes. Até à Segunda Guerra os EUA consideravam o Tibete como pertencente à China e chegaram a travar os avanços da Inglaterra no Tibete. Mas, após a guerra, os EUA quiseram fazer do Tibete uma fortaleza religiosa contra o comunismo.

Ao contrário do que se passou com a questão coreana, ficaram completamente isolados. Não puderam por de pé a mínima coligação internacional. Em 1951, a maioria da elite tibetana, ela própria, inclusive a Assembleia geral ampliada, aceita o acordo negociado com a China quanto a uma "libertação pacífica".

Mas isso muda quando, em 1956, as autoridades decidiram aplicar uma reforma agrária nos territórios tibetanos da província de Sichuan. A elite local não aceita que se toque nas suas propriedades e nos seus direitos. Isto iria conduzir ao levantamento armado de 1959.

A preparação da revolta armada durara anos, sob a direcção dos serviços secretos americanos, a CIA. Está escrito, preto no branco, em
The Cia's Secret War in Tibet (A guerra secreta da CIA no Tibete), de Kenneth Conboy (University Press of Kansas, 2002, 300 páginas), uma obra a propósito da qual o especialista da CIA, William Leary, escreve: "Um estudo excelente e impressionante sobre uma importante operação secreta da CIA durante a guerra fria".

Outro livro, Buddha's Warriors: The Story of the CIA-Backed Tibetan Freedom Fighters, the Chinese Invasion, and the Ulitimate Fall of Tibet (Os guerreiros de Buda – A história dos combatentes tibetanos da liberdade sustentados pela CIA), de Mikel Dunham (Penguin, 2004, 434 páginas), explica como a CIA transferiu centenas de tibetanos para os Estados Unidos, treinou-os e armou-os, lançou armas por meio de para-quedas sobre o território, ensinou às pessoas como podiam utilizar armas de fogo estando a cavalo, etc.

O prefácio desta obra foi redigido por "Sua Santidade o Dalai-Lama". Sem dúvida este último considerou uma honra o facto de a rebelião separatista armada ter sido dirigida pela CIA. Neste prefácio, ele escreve: "Apesar de eu acreditar que a luta dos tibetanos não possa ser vencida senão através de uma abordagem a longo prazo e por meios pacíficos, sempre admirei estes combatentes da liberdade pela sua coragem e sua determinação inquebrantáveis" (página XI).


Comentário:

No seguimento desta política imperial de tenaz com que os neocons americanos pretendem encurralar a Rússia e a China, têm-se sucedido as chamadas revoluções floridas e coloridas em países fronteiriços destes dois países por forma a instalar regimes «amigos dos EUA». Tivemos assim:

> A Revolução Rosa na Geórgia em 2003, que afastou Eduard Shevardnadze e instalou o «pró-ocidental» Mikheil Saakashvili.

> A Revolução Laranja na Ucrânia em 2004, que afastou Viktor Yanukovych e instalou o «pró-ocidental» Viktor Yushchenko.

> A Revolução das Tulipas no Quirguistão em 2005.

> A Revolução dos Cedros, no Líbano, que se seguiu ao assassínio do líder Rafik Hariri em 2005.

> Os Protestos de Açafrão em Myanmar em 2007.


E agora no Tibete? Chamar-se-á Revolução do Lótus? E será flor que se cheire?

16 comentários:

  1. Discordo mas é uma abordagem fascinante.
    Abraço.

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  2. Estou inteiramente de acordo com esta análise. O grande problema é que o regime chinês já não é comunista mas um bando de oportunistas mafiosos o que torna atraente a posição dos neo-cons junto das opiniões publicas.

    FCR

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  3. É incrivel a capacidade tentacular da CIA. Estão em toda a parte.

    Abraço,
    Zorze

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  4. Interessante análise. Embora não baste a condição dos tibetanos no tempo das colónias para decidir que eles são chineses... parece-me que eles obviamente não são "chineses", tanto o aspecto como a cultura são marcadamente diferentes.


    E o Bush ficou muito bem na foto...

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  5. óh Alf, vc junta algumas análises desempoeiradas com outras pérolas sui-generis: o que é para si "um Chinês"? ora leia lá isto:
    na China existem três grandes famílias étnico-linguísticas e pelo menos 14 etnias diferentes, a saber, Sino Tibetanas: Han (chineses), Hui (chineses muçulmanos), Tibetanos, Kadai (incluindo os Tai e Zhuang), Miao-yao; Austro asiáticas: Môn e Khmers, Coreanos, Tajiques indo-europeus; Altaicas: Mongóis, Tunguzes, Uigures, Cazaques e Quirquizes; Existindo problemas com lutas independentistas em pelo menos três regiões autónomas.
    Além do mais existiu um pacto de adesão do Povo do Tibete à RPC que foi assinado livremente. E o comunismo não é para aqui chamado. Em todas as regiões existem Assembleias Deliberativas com participação de facto das populações locais nas decisões que as afectam como comunidade
    .

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  6. sobre o que se pretendeu que acontecesse há mais aqui:
    http://www.tlaxcala.es/pp.asp?reference=4834&lg=es

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  7. De tudo o que tenho lido realmente confirmo que a CIA tem a mania de dar cores às operações que desenvolve.

    Mas devemos olhar para o grande objectivo, todas estas operações ao longo de anos se enquadram no objectivo final, criar 4 blocos mundiais que se fundiram num único governo, um único banco, um único exército uma única religião.

    rj

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  8. "criar 4 blocos mundiais que se fundiram num único governo, um único banco, um único exército uma única religião"

    O que pode ser uma coisa positiva.


    ALTERNATIVA 1 . A UTOPIA

    Um governo mundial poderia ser uma coisa boa, se fossem as populações a decidir as leis, por exemplo através de um software baseado na internet.

    Os 4 poderes na utopia.

    Judicial = Totalmente imparcial e independente.

    Legislativo = Os cidadão votam assuntos e não em pessoas, ou seja uma democracia.

    Executivo = Um só governo executa os desejos dos cidadão a nível mundial.

    Bancário: Controlado pelos cidadãos.

    As novas tecnologias serviriam para o bem geral dos cidadãos.

    Tecnologias dominantes:
    Software livre, nanotecnologia e novas fontes de energia.

    Um mundo de homens iguais.


    ALTERNATIVA 2 . A DISTOPIA

    Um governo mundial, controlado por umas certas familias, tipo mafia.

    As mesmas seriam "eleitas" uma vez uma, outra vez a outra pelos cidadãos, cuja única alternativa é "escolher" uma elite para pensar e decidir por eles.

    Esse governo controlaria um exercito ou policia mundial e não teria nenhuma oposição, excepto talvez alguns "terroristas" ou "lutadores da liberdade" como lhe quiserem chamar, que se oporiam ao sistema. Há sempre resistência, a qualquer sistema.

    Os 4 poderes na Distopia:

    Judicial = Controlado pelo estado.

    Legislativo = Plutocracia, eleita uma elite, sempre 2 grandes partidos mundiais, controlados por uns lobbys ou familias.

    Executivo = O governo "eleito" faz o que quer.

    Bancário: Privado.

    As novas tecnologias, serviriam para o controlo da população e para manter o sistema. Um campo de concentração mundial.

    Tecnologias dominantes:
    Robótica, armas e comida geneticamente alterada.

    Um mundo de senhores e escravos.

    Após analisar o que tem acontecido nos últimos tempos, acho que a distopia é inevitável.

    E não vai durar muito até acontecer, em 10-20 anos, 50% dos empregos humanos que existem hoje vão desaparecer, sendo substituidos pelas mais diversas tecnologias. Isto vai geral uma crise mundial que vai ser aproveitada pelos "distópicos" para tomar o poder.

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  9. Desconhecia toda essa história, mas não me repugna nada aceitar como verídica. O que eu conheço é o budismo tibetano, que nada tem a ver com a essência de Sidarta Gautama, possívelmente talvez a pior forma de budismo, pela sua fuga da espiritualidade e aproximação a temporalidade, o que o tornou apetecível ao ocidente.
    Gostava de te pedir um favor, se podias enviar-me por mail o texto, para eu oferecer a uns procuradores da, última hora, do Tibete.
    Um abraço. Augusto

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  10. cada vez se torna mais claro que a intenção é "abalar a China" pela via do boicote aos Jogos Olimpicos -tem a ver com a crise financeira e com o objectivo de quebrar a supremacia dos chineses no mercado global.
    Mas, bem ou mal, o verdadeiro adversário é o Partido Comunista da China, que tem 70 milhões de militantes e que, ainda por cima jogam em casa: a superioridade do modelo de organização social a partir das bases é imbatível. Como veremos.
    Se estão à espera de um ensaio de bordoada e ver a China fragmentar-se, bem podem ir rezando sentados ao filho do rei Sidharta - é muito mais fácil ver isso acontecer na União dos Estados Malfeitores.

    by the way: aconselho vivamente a leitura do Sidartha do Herman Hesse. Experimentem e vão ver que não querem outra coisa: despojarmo-nos dos bens materiais é fixe.

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  11. O Tibete nunca foi parte da China. Foi um Estado vassalo durante alguns séculos (até 1910).

    De resto, é triste que o anti-americanismo sirva para apoiar uma ditadura feroz e cruel como a que oprime a China e o Tibete.

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  12. Fialves:
    anti americano é você!, porque pelos vistos não pretende que haja ali, justiça social, uma sociedade fraterna onde os criminosos não se possam alcandorar ao Poder para engendrar esquemas para viverem à custa das vítimas em todo o mundo

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  13. Ainda que seja verdade
    o Tibete foi ocupado
    a China não tem legitimidade
    de trazer o povo encurralado

    Julgo mereceram um boicote
    a toda a sua economia
    se lhes pusermos um garrote
    eles terminam com a tirania

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