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quinta-feira, março 04, 2021

Jornal Observador (João Adrião) – Covid - Os negacionistas e o rebanho de ovelhas

 

Os demónios da moda são os Negacionistas. Ciência significa conhecimento. Lida com racionalidade e estatísticas, lida com probabilidades e incerteza, implica tentativa e erro. É algo bem distinto de verdade e certeza. Todas as ideias devem ser testadas e estar sujeitas ao escrutínio rigoroso e estruturado da comunidade.


Mas o que vemos é que a qualquer “se” que se levante/questione, logo o rótulo de negacionista lhe cai em cima… Conhecíamos bem a qualificação no âmbito das alterações climáticas. Agora, estende-se à pandemia e, aos poucos, a tudo o que é assunto. Mas o que é um negacionista? Supostamente alguém que não acredite que o clima mude, ou que o coronavírus seja real, certo? Errado. Qualquer dúvida ou ceticismo é imediatamente apelidada de negacionismo.

Este extremismo à volta de consensos, sob o disfarce de “boa ciência”, é mais propaganda que outra coisa. O objetivo é insultar, intimidar, desacreditar qualquer ponto de vista oposto: quem não concorda com a maioria, é maluco, terraplanista, etc. Esta é, portanto, ela própria uma posição anticientífica.

E é no campo político que o termo se vai vulgarizando. Libertar presos, semáforos nas praias ou obrigatoriedade de máscara na via pública, subsidiar energias, taxar, proibir… é política, não é ciência. Na polarizada sociedade atual, de nós contra os outros, os seguidistas de uma fação logo disparam: anticientífico, ignorante, perigoso, disparatado, interesseiro… enfim, um negacionista, esse bandalho. Afinal, eles “seguem a ciência”, como se a ciência não servisse de desculpa para tudo ou o seu contrário, com muitos episódios negros ao longo da história.

Para quem as suas agendas são tão importantes que não se permitem a que os factos falem por si, troca-se a discussão de ideias para a discussão de pessoas: é criticar os dados da DGS que não é patriótico, criticar o Governo uma campanha contra o país, é quem se indignar com a vacinação que é eleitor do Chega, é o dedo em riste contra figuras como a Joana Amaral Dias ou a Raquel Varela ou o João Miguel Tavares, são as ofensas nas redes sociais, os pedidos em grupos para banir divergentes, médicos a quererem denunciar e censurar colegas, etc.