Aristides de Sousa Mendes

Aristides de Sousa Mendes é, na opinião de muitos, uma figura controversa. Não apenas com base em testemunhos ligados, ou não, ao Estado Novo, mas igualmente em opiniões de historiadores como Avraham Milgram do Yad Vashem – SHOA Resource Center, ou até, em ocorrências, como o memorando enviado pela embaixada britânica em Lisboa ao MNE queixando-se do comportamento do Cônsul português em Bordéus, que pedia taxas extras aos cidadãos britânicos que pediam vistos.
Não tenho uma opinião definitiva sobre Sousa Mendes. Parece-me, contudo, demasiado forçado a tentativa de glorificação de Sousa Mendes a que alguns se propuseram, sem, antes, terem tido a preocupação de proceder a uma investigação exaustiva sobre algumas suspeitas que recaiem, há muito, sobre o antigo cônsul português.
A «canonização» de Sousa Mendes surge, crescentemente associada ao recente «Memorial às Vítimas da Intolerância», em homenagem aos cristãos-novos que em 1506 foram chacinados em Lisboa mas também a todos os que ao longo dos séculos sofreram devido à intolerância.
Esta chacina dos cristãos-novos em 1506 em Lisboa, está, no entanto, muito longe de constituir um facto histórico provado. Dos pouquíssimos historiadores que se lhe referem, uns não estiveram presentes na altura dos acontecimentos, outros viveram muito depois deles e outros não têm qualquer credibilidade.
Em resumo, um herói polémico somado a uma chacina duvidosa.
Esperemos que não se esteja a querer implantar uma «Memória» artificial, através das escolas, nas novas gerações do País.
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