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Discurso de Ron Paul na Câmara dos Representantes sobre o financiamento da guerra no Afeganistão a 2 de Julho de 2010. Ron Paul é médico e político norte-americano, membro da Câmara dos Representantes do Congresso dos Estados Unidos da América. Ron Paul foi candidato à presidência dos Estados Unidos em 1988 e 2008:
«Em Janeiro de 1991, entrámos em guerra no Médio Oriente contra Saddam Hussein, o ditador do Iraque que foi nosso aliado durante a guerra Irão-Iraque. Estalou uma disputa fronteiriça entre o Kuwait e o Iraque depois do nosso Departamento de Estado ter dado luz verde à invasão de Hussein.
Depois da bem sucedida invasão do Kuwait pelo Iraque, nós reagimos com entusiasmo e, desde então, temos estado envolvidos militarmente em toda a região a dez mil quilómetros da nossa costa. Isto incluiu o Iraque, o Afeganistão, o Paquistão, o Iémen, e a Somália. Após 20 anos de mortes e dois biliões (trillions) de dólares gastos, não apenas os combates continuam sem fim à vista, mas os nossos líderes ameaçam deitar as nossas bombas de boa vontade no Irão.
Para a maior parte dos americanos estamos em guerra. Em guerra contra uma táctica chamada terrorismo, não um país. Isto permite aos nossos militares irem para qualquer sítio no mundo sem limites de tempo ou de lugar. Mas como é que podemos estar em guerra? O Congresso não declarou guerra, como é requerido pela constituição, esta é a verdade. Mas o nosso Presidente declarou, e o Congresso e o povo não objectaram. O Congresso obedientemente concedeu todo o dinheiro pedido para a guerra.
As pessoas estão a morrer. As bombas são despejadas. Os nossos soldados são alvejados e mortos. Os nossos soldados usam uniforme; os nossos inimigos não. Eles não fazem parte de nenhum governo. Não têm aviões, tanques, navios, mísseis, nem tecnologia moderna. Que tipo de guerra é esta afinal, se for, de facto, uma guerra? Se fosse uma guerra verdadeira, já a teríamos ganho.
O nosso objectivo expresso desde o 11 de Setembro tem sido destruir a Al-Qaeda. A Al-Qaeda estava no Iraque? Não sob o governo de Saddam Hussein. Os nossos líderes mentiram-nos sobre a invasão do Iraque e enganaram-nos sobre a ocupação do Afeganistão, e não há fim à vista para a guerra. Poderá haver outras razões para esta guerra que não é uma guerra? Uma vitória militar no Afeganistão é ilusória. Alguém saberá contra quem estamos a combater e porquê?
Porque é que a guerra não acabou? Nove anos, e continua a espalhar-se. Alguns alegam que é para manter a América segura, que os nossos soldados estão a combater e a morrer pela nossa liberdade, defendendo a nossa Constituição. Estaremos a ser enganados para nos manterem nesta guerra que se alastra, assim como fomos enganados nos anos 1960s para nos manterem no Vietname?
Dominamos o Governo do Iraque, tal como o do Afeganistão. No Afeganistão, estamos a combater os Taliban, essa perigosa gente com espingardas que defendem a sua terra. Já foram chamados Mujahideen, nossos velhos aliados, tal como Bin Laden, na luta para expulsar os soviéticos do Afeganistão nos anos 1980s. Nessa operação, a nossa CIA financiou a jihad radical contra o detestável ocupante estrangeiro, os russos. Que gratidão! Essas mesmas pessoas agora ofendem-se com a nossa ocupação benevolente, com alguma violência à mistura.
A resistência à nossa presença cresce à medida que a nossa perseverança diminui. O nosso povo está a acordar, mas os nossos dirigentes recusam-se a reconhecer que quanto mais tempo ficarmos, maior é o apoio aos que defendem o princípio de que o Afeganistão é para os afegãos que se ressentem de qualquer ocupação estrangeira.
Quanto mais combatermos numa guerra que não é uma guerra, mais fracos ficamos e mais forte ficará o nosso inimigo. Quando um inimigo sem armas não respeita um exército de grande poder, o mais poderoso de toda a história, devemo-nos perguntar, quem tem autoridade moral?
O fracasso militar no Afeganistão vai ser o nosso destino. Mudar generais sem mudar as nossas políticas ou os nossos estrategas políticos, perpetua a nossa agonia e adia o inevitável.
Esta não é uma guerra para a qual os nossos generais foram treinados. Construtores de nações, trabalho de polícia, engenharia social, nunca foi um trabalho para ocupantes estrangeiros e nunca foi um trabalho apropriado para soldados treinados para ganhar guerras.
Uma vitória militar já nem sequer é um objectivo declarado dos nossos líderes militares ou dos nossos políticos, porque eles sabem que esta espécie de vitória é impossível.
A triste realidade é que esta guerra é contra nós próprios, os nossos valores, a nossa Constituição, o nosso bem-estar económico e contra o senso comum. E ao ritmo a que vamos, vai acabar mal.
O que precisamos é de líderes honestos, com carácter e uma nova política externa.»

Discurso de Ron Paul na Câmara dos Representantes sobre o financiamento da guerra no Afeganistão a 2 de Julho de 2010. Ron Paul é médico e político norte-americano, membro da Câmara dos Representantes do Congresso dos Estados Unidos da América. Ron Paul foi candidato à presidência dos Estados Unidos em 1988 e 2008:
«Em Janeiro de 1991, entrámos em guerra no Médio Oriente contra Saddam Hussein, o ditador do Iraque que foi nosso aliado durante a guerra Irão-Iraque. Estalou uma disputa fronteiriça entre o Kuwait e o Iraque depois do nosso Departamento de Estado ter dado luz verde à invasão de Hussein.
Depois da bem sucedida invasão do Kuwait pelo Iraque, nós reagimos com entusiasmo e, desde então, temos estado envolvidos militarmente em toda a região a dez mil quilómetros da nossa costa. Isto incluiu o Iraque, o Afeganistão, o Paquistão, o Iémen, e a Somália. Após 20 anos de mortes e dois biliões (trillions) de dólares gastos, não apenas os combates continuam sem fim à vista, mas os nossos líderes ameaçam deitar as nossas bombas de boa vontade no Irão.
Para a maior parte dos americanos estamos em guerra. Em guerra contra uma táctica chamada terrorismo, não um país. Isto permite aos nossos militares irem para qualquer sítio no mundo sem limites de tempo ou de lugar. Mas como é que podemos estar em guerra? O Congresso não declarou guerra, como é requerido pela constituição, esta é a verdade. Mas o nosso Presidente declarou, e o Congresso e o povo não objectaram. O Congresso obedientemente concedeu todo o dinheiro pedido para a guerra.
As pessoas estão a morrer. As bombas são despejadas. Os nossos soldados são alvejados e mortos. Os nossos soldados usam uniforme; os nossos inimigos não. Eles não fazem parte de nenhum governo. Não têm aviões, tanques, navios, mísseis, nem tecnologia moderna. Que tipo de guerra é esta afinal, se for, de facto, uma guerra? Se fosse uma guerra verdadeira, já a teríamos ganho.
O nosso objectivo expresso desde o 11 de Setembro tem sido destruir a Al-Qaeda. A Al-Qaeda estava no Iraque? Não sob o governo de Saddam Hussein. Os nossos líderes mentiram-nos sobre a invasão do Iraque e enganaram-nos sobre a ocupação do Afeganistão, e não há fim à vista para a guerra. Poderá haver outras razões para esta guerra que não é uma guerra? Uma vitória militar no Afeganistão é ilusória. Alguém saberá contra quem estamos a combater e porquê?
Porque é que a guerra não acabou? Nove anos, e continua a espalhar-se. Alguns alegam que é para manter a América segura, que os nossos soldados estão a combater e a morrer pela nossa liberdade, defendendo a nossa Constituição. Estaremos a ser enganados para nos manterem nesta guerra que se alastra, assim como fomos enganados nos anos 1960s para nos manterem no Vietname?
Dominamos o Governo do Iraque, tal como o do Afeganistão. No Afeganistão, estamos a combater os Taliban, essa perigosa gente com espingardas que defendem a sua terra. Já foram chamados Mujahideen, nossos velhos aliados, tal como Bin Laden, na luta para expulsar os soviéticos do Afeganistão nos anos 1980s. Nessa operação, a nossa CIA financiou a jihad radical contra o detestável ocupante estrangeiro, os russos. Que gratidão! Essas mesmas pessoas agora ofendem-se com a nossa ocupação benevolente, com alguma violência à mistura.
A resistência à nossa presença cresce à medida que a nossa perseverança diminui. O nosso povo está a acordar, mas os nossos dirigentes recusam-se a reconhecer que quanto mais tempo ficarmos, maior é o apoio aos que defendem o princípio de que o Afeganistão é para os afegãos que se ressentem de qualquer ocupação estrangeira.
Quanto mais combatermos numa guerra que não é uma guerra, mais fracos ficamos e mais forte ficará o nosso inimigo. Quando um inimigo sem armas não respeita um exército de grande poder, o mais poderoso de toda a história, devemo-nos perguntar, quem tem autoridade moral?
O fracasso militar no Afeganistão vai ser o nosso destino. Mudar generais sem mudar as nossas políticas ou os nossos estrategas políticos, perpetua a nossa agonia e adia o inevitável.
Esta não é uma guerra para a qual os nossos generais foram treinados. Construtores de nações, trabalho de polícia, engenharia social, nunca foi um trabalho para ocupantes estrangeiros e nunca foi um trabalho apropriado para soldados treinados para ganhar guerras.
Uma vitória militar já nem sequer é um objectivo declarado dos nossos líderes militares ou dos nossos políticos, porque eles sabem que esta espécie de vitória é impossível.
A triste realidade é que esta guerra é contra nós próprios, os nossos valores, a nossa Constituição, o nosso bem-estar económico e contra o senso comum. E ao ritmo a que vamos, vai acabar mal.
O que precisamos é de líderes honestos, com carácter e uma nova política externa.»