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quarta-feira, novembro 14, 2007

José Cutileiro avisa – devemos incinerar já o Irão com armas atómicas e sem sentimentalismos hipócritas

José Cutileiro

Expresso – 10/11/2007



In Memoriam

«Paul Tibbets, 1915-2007, Piloto do B29 que lançou a primeira bomba atómica sobre Hiroxima disse ao Presidente Truman que cumprira o seu dever sem uma dúvida. E redisse-o depois muitas vezes»

«O brigadeiro-general Paul Warfield Tibbets Jr., que morreu na sua casa de Columbus, Ohio, no passado Dia de Todos os Santos, pilotou a superfortaleza voadora B-29 que às oito e um quarto da manhã soalheira de 6 de Agosto de 1945 deitou sobre Hiroxima a primeira bomba atómica usada em tempo de guerra contra um alvo inimigo (a segunda foi deitada três dias depois sobre Nagasáqui, levando à rendição incondicional do Japão em menos de uma semana, pondo assim fim à II Guerra Mundial - até hoje não foi usada mais nenhuma), que matou imediatamente cerca de cem mil pessoas e foi causa da morte de muitas mais nos dias, meses e anos que se seguiram. (…) Toda a tripulação foi condecorada assim que pôs pé em terra, recebendo Tibbets a Distinguished Flying Cross.»

«Tibbets (...) disse a Truman que cumprira o seu dever sem uma dúvida e redisse-o depois muitas vezes. As bombas atómicas tinham abreviado a guerra seis meses e poupado centenas de milhares de vidas americanas e japonesas. Não fora ele quem bombardeara Pearl Harbor, começando a guerra; pelo contrário, o que ele fizera fora acelerar o seu fim. Era atroz terem morrido tantos civis mas guerras são sempre atrozes; dever-se-ia acabar com elas. Enquanto durarem, porém, é melhor ganhá-las do que perdê-las.»

«Tal fôlego patriótico, sem o qual o totalitarismo da Alemanha e do Japão não teria sido derrotado, vinha embebido em ingenuidade provinciana e familiar. Tripulação e pessoal de terra tinham chamado à primeira bomba atómica o ‘Rapazinho’ («Little Boy») e Tibbets baptizara a superfortaleza ‘Enola Gay’ - nomes próprios da mãe que apoiara, contra o pai, a sua vontade adolescente de vir a ser piloto-aviador - numa espécie de inconsciência do horror subjacente da vida, a lembrar pinturas de Norman Rockwell. A nazis nessa altura, a soviéticos e intelectuais do Café de Flore depois, a fundamentalistas islâmicos hoje, coisas assim parecem hipocrisia e sinal de fraqueza. Engano que, até agora, todos têm pago caro


Embora se reconheça alguma substância na prosa de Cutileiro, o ex-diplomata, por provável ignorância, parece desconhecer que existem outros «enganos» ainda mais caros e infinitamente mais hipócritas:


Talvez o aspecto mais notável da ortodoxia histórica da Segunda Guerra Mundial tenha sido a sua perspectiva unidimensional dos criminosos de guerra; pela actual definição os criminosos são os que perderam a guerra. Os vencedores decidem o grau de culpabilidade e perversidade dos derrotados.

Para além deste jogo moral dos vencedores há também a dificuldade de conceber a criminalidade de guerra desses tão louvados heróis da democracia como Franklin D. Roosevelt e Truman, assim como daqueles que, como "bons americanos", levaram a cabo as suas deliberadas e desnecessárias politicas de assassínios em massa.

Algumas provas destas políticas foram expressas pelo jornalista Walter Trohan do Chicago Tribune. Devido à censura em tempo de guerra, Trohan foi forçado a reter durante sete meses a maior história da guerra da América no Pacífico. Foi finalmente publicada no domingo seguinte à vitória sobre o Japão, a 19 de Agosto de 1945, nas primeiras páginas tanto do Chicago Tribune como do Times-Herald de Washington.


Nos arquivos do Chicago Tribune

Bare Peace Bid U.S. Rebuffed 7 Months Ago

Exposta a recusa pelos Estados Unidos da oferta de paz [do Japão] há 7 meses atrás

O artigo de Trohan revelou como dois dias antes da partida de Roosevelt para a Conferência de Yalta, que teve lugar a 4 de Fevereiro de 1945, o presidente recebeu um memorando de quarenta páginas do general Douglas MacArthur descrevendo cinco propostas diferentes de altas autoridades japonesas a oferecer os termos da rendição que eram virtualmente idênticos àqueles que foram mais tarde ditados pelos Aliados aos japoneses em Agosto de 1945.

A comunicação de MacArthur foi confidenciada a Trohan no princípio de 1945 pelo almirante William D. Leahy, Chefe do Estado-Maior de Roosevelt, que receou que o documento fosse classificado ultra-secreto durante décadas ou então destruído. A autenticidade do artigo de Trohan (que não foi republicado em nenhum outro grande jornal dos Estados Unidos), nunca foi posto em causa pela Casa Branca. O antigo presidente Herbert Hoover questionou pessoalmente o general MacArthur sobre a história do Chicago Tribune e o general reconheceu a sua exactidão em todos os detalhes.

De acordo com Harry Elmer Barnes, o presidente Truman estava a par da oferta de rendição oferecida pelos japoneses e confessou em privado que tanto a guerra atómica como as operações militares convencionais eram desnecessáras para acabar com a guerra no Pacífico.

O significado das declarações do general MacArthur ao presidente Roosevelt é colossal. O artigo de Trohan mostra que a guerra no Pacífico podia ter terminado no começo da Primavera e que Roosevelt enviou milhares de rapazes americanos para uma morte desnecessária em Iwo Jima e Okinawa, tal como Truman fez mais tarde com centenas de milhares de civis em Hiroxima e Nagasáqui.

O comportamento de Roosevelt pode ser melhor avaliado se compreendermos que ele pôs de lado o relatório de MacArthur após apenas uma «leitura rápida» e descreveu o general como um «político fraco». Na verdade, as políticas de assassínios em massa não eram o forte de MacArthur. Os experientes Roosevelt, Truman e os Secretário da Guerra Henry L. Stimson testaram o seu novo «brinquedo» militar, como Barnes descreveu a bomba atómica, sem um mínimo de justificação.
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