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quarta-feira, novembro 29, 2017

A desigualdade económica na América está a ficar cada vez mais tenebrosa

Se o território dos Estados Unidos fosse dividido da mesma forma que a sua riqueza







Heather Long - 22/12/2016


A desigualdade económica na América está a agravar-se

A diferença entre os "haveres" e os "não haveres" está a alargar-se, de acordo com os dados mais recentes desta semana.

Os ricos são máquinas de fazer dinheiro. Hoje, os 1% mais ricos da sociedade - o top 1% - ganha uma média de 1,3 milhões de dólares por ano. É superior ao triplo do ganhavam nos anos 80, quando os ricos ganharam "apenas" 428 mil dólares, em média, de acordo com os economistas Thomas Piketty, Emmanuel Saez e Gabriel Zucman.

Entretanto, os 50% da população americana com menor rendimento obtiveram uma média de 16.000 dólares de rendimento antes dos impostos em 1980. Este cenário não mudou durante mais de três décadas.

Como se isto não fosse suficientemente deprimente, viver o American Dream [Sonho Americano] também está a ser cada vez mais difícil de atingir.

Os “Milénios” [jovens que chegaram à vida adulta por volta da mudança do milénio - 2000], nascidos na década de 1980, só têm uma probabilidade de 50% - como atirar uma moeda ao ar - de ganhar mais dinheiro do que os pais, de acordo com novas pesquisas divulgadas este mês no Equality of Opportunity Project [Projeto pela Igualdade de Oportunidades].

Isto não foi sempre assim. Quase toda a gente nos Estados Unidos que nasceu na década de 1940 ficou financeiramente melhor do que os seus pais. Embora o dinheiro não seja a única definição de sucesso, mais riqueza conduz geralmente a casas maiores, mais férias, carros mais sofisticados e mais oportunidades para progredir na vida.

"As perspectivas das crianças de alcançar o "sonho americano" de ganhar mais do que os seus pais caiu de 90% para 50% ao longo do último meio século", escreveram os investigadores no seu relatório.



Está a tornar-se mais difícil aos americanos progredir na vida

Percentagem das crianças nascidas em determinado ano que ganham mais do que os seus pais:



Ricos ficam com uma fatia maior do "bolo"

Os ricos nem sempre ficaram com uma parte tão grande do "bolo". Nos anos 70, uma década geralmente considerada bastante próspera, os 1% de americanos mais ricos ganhavam apenas um pouco mais de 10% de todo o rendimento dos EUA (ou seja, do "bolo").

Com o tempo, os ricos tornaram-se mais afortunados - ou mais gananciosos. Hoje, os 1% mais ricos recebem mais de 20% de todo o rendimento dos EUA.

Como os ricos ganharam mais, outras pessoas na América tiveram que receber menos. Os 50% da população americana com menor rendimento passou a obter pouco mais de 20% do rendimento nacional durante grande parte da década de 1970 para passar a ganhar apenas 12% hoje (2016).

O ponto de viragem começou por volta de 1980, como se vê no gráfico abaixo. Em meados da década de 1990, as fortunas dos 1% mais ricos estavam claramente em ascensão e os rendimentos da metade da população com menor rendimento estavam a diminuir rapidamente.



Os salários NÃO estão a subir para a metade da população com menor rendimento

A Grande Recessão atingiu duramente todas as pessoas. Enquanto as perdas de emprego atingiram a metade da população de menor rendimento, a descida do mercado de acções e a queda acentuada nos valores das casas e da propriedade fizeram com que a riqueza dos 1% mais ricos também caísse dramaticamente.

Por volta de 2009 e 2010, a desigualdade diminuiu ligeiramente porque os ricos perderam muita riqueza.

Mas desde então, a desigualdade cresceu e está a caminho de se tornar ainda maior. Os ricos recuperaram muito mais rapidamente, porque que o mercado de acções aumentou mais de 230%, desde que atingiu o seu ponto mais baixo em março de 2009 e os valores da propriedade voltaram para níveis anteriores à recessão.

Entretanto, os salários mais baixos continuam estagnados.

É suposto o sistema de impostos dos EUA ajudar os pobres. No entanto, mesmo depois dos impostos pagos, a metade da população de menor rendimento ganhou uma média de 25 mil dólares por pessoa em 2014, de acordo com os dados mais recentes. Isto fica apenas um pouco acima dos 20 mil dólares que aquela metade da população ganhou em 1974 (depois de ajustada a inflação).

"O rendimento disparou no topo: em 1980, os 1% mais ricos ganharam, em média, 27 vezes mais do que os 50% de menor rendimento, enquanto hoje eles ganham 81 vezes mais", escreve Piketty, Saez e Zucman.

segunda-feira, setembro 22, 2014

O Banco de Inglaterra admite-o abertamente: o dinheiro é apenas um reconhecimento de dívida e os bancos estão a encher-se à tripa forra.


Este Post é dedicado a todos os políticos, economistas, comentadores mediáticos (e outros que escrevem nas redes sociais) que, nas faculdades de economia ou de finanças que frequentaram, se limitaram a memorizar as sebentas que os professores lhes prescreviam, sem raciocinar um minuto sequer naquilo que estavam a empinar. O resultado não é difícil de adivinhar...



A Criação de Dinheiro na Economia Moderna


«Por que é que o Banco da Inglaterra, de repente admite tudo isto? Bem, uma razão possível é que isto é obviamente verdadeiro. O trabalho do Banco é o de gerir o sistema, e nos últimos tempos, o sistema não tem funcionado muito bem. É bem possível que tenham chegado à conclusão que por manter a versão fantasiosa da teoria económica oficial, que provou ser muito conveniente para os ricos, é simplesmente um luxo a que já não podem permitir-se

[E, acrescento eu, a divulgação deste «esquema» pela Internet já atingiu tais proporções que qualquer economista, político ou comentador que o defenda, passa por corrupto ou atrasado mental].




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A verdade está à vista: o dinheiro é apenas Dívida (IOU - I Own You - Eu devo-te), e os bancos estão a rebolar-se nele [no dinheiro].

A dose de honestidade do Banco de Inglaterra lança a base teórica para a austeridade pela janela fora.





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O Banco de Inglaterra admite: o dinheiro é apenas um reconhecimento de dívida e os bancos estão a encher-se à tripa forra.

"A verdade nua e crua: o dinheiro é apenas um reconhecimento de dívida e os bancos estão a encher-se à grande. A honestidade do Banco de Inglaterra arrasa a base teórica da austeridade."

Num artigo de David Graeber publicado a 18 de Março de 2014 no jornal britânico The Guardian, em que ele comenta o artigo do Banco da Inglaterra intitulado: «A criação monetária na economia moderna».


O artigo do Banco de Inglaterra resume-se a três pontos:

• A explicação de como a maioria do dinheiro na economia moderna é criado pelos bancos comerciais na concessão de empréstimos.

A criação de dinheiro, na prática, é completamente diferente de algumas ideias falsas muito difundidas - Os bancos não actuam simplesmente como intermediários, pagando aos aforradores os depósitos lá depositados, nem "multiplicam" o dinheiro do Banco Central para criar novos empréstimos e depósitos.

• A quantidade de dinheiro criado para a economia depende em última instância da política monetária do Banco Central. Em tempos normais, isso é feito através da definição das taxas de juro. O Banco Central também pode afetar a quantidade de dinheiro diretamente através da compra, usando dinheiro criado a partir do nada, de ativos ou "quantitative easing" [política monetária extrema, utilizada por alguns Bancos centrais, de comprar activos incluindo dívida pública ou dívida emitida por GSEs - grupo de instituições financeiras criadas pelo Congresso Norte-Americano, com o objectivo de facilitar o acesso ao crédito a alguns segmentos da economia].


Banco de Inglaterra



Como afirmei no meu último artigo, não estamos diante de algo novo. Numerosos pensadores independentes, como o recentemente falecido Margrit Kennedy, Bernard Lietaer, Ellen Brown ou Thomas Greco passaram décadas denunciando-o. Em geral, qualquer pessoa envolvida na área de moedas sociais ou complementares estão bem cientes disto. Também, recentemente, outras vozes muito pouco "alternativas" o afirmaram, como os economistas do FMI, Michael Kumhof e Jaromir Benes no seu «Plano de Chicago Revisitado» de 2012 e 2013.

A novidade é que seja o próprio Banco de Inglaterra a admiti-lo. O autor do comentário no The Guardian, o antropólogo David Graeber, autor do interessante livro "Dívida, os primeiros 5.000 anos", pergunta e responde a si mesmo:

«Por que é que o Banco da Inglaterra, de repente admite tudo isto? Bem, uma razão possível é que isto é obviamente verdadeiro. O trabalho do Banco é o de gerir o sistema, e nos últimos tempos, o sistema não tem funcionado muito bem. É bem possível que tenham chegado à conclusão que por manter a versão fantasiosa da teoria económica oficial, que provou ser muito conveniente para os ricos, é simplesmente um luxo a que já não podem permitir-se.

David Graeber, não adianta muito coisa quando avalia as consequências desta admissão. Mas esta admissão do banco de Inglaterra não só deita por terra a base teórica das políticas de austeridade, como, também, os pilares fundamentais dos modelos económicos atuais, a neutralidade da moeda, ou mesmo a sua própria natureza, pois ao considerar-se que o dinheiro é uma mercadoria serve de justificação para seja negociado no mercado.

Não devemos esquecer que o juro, na teoria económica actual, assenta na preferência temporal de possuir o dinheiro hoje do que no futuro, uma justificação completamente ligada à suposta falta de dinheiro, como uma mercadoria. O facto de que a verdadeira natureza do dinheiro ser, na verdade, um reconhecimento de dívida significa que a alocação de crédito com o qual se cria o dinheiro e que pode ser um mecanismo suficiente de alocação de recursos e de suporte aos mercados de capitais não tem razão de ser.

Dentro de pouco tempo, com alguma sorte, alguém numa destas instituições importantes irá fazer uma aritmética simples e vai-se dar conta de que a maior parte do dinheiro na economia é criado como um empréstimo com juros: em seguida, será reconhecido oficialmente que esta forma de criação de dinheiro, o crédito com juros é o verdadeiro motor que causa o crescimento económico e provoca as crises financeiras, quando o crescimento falha.




O dinheiro não é uma mercadoria - como as batatas, os automóveis ou os programas de computador. O dinheiro é criado a partir do nada (out of thin air) e quem o cria e o controla, tem o domínio do mundo.