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quinta-feira, janeiro 24, 2019

Os governos não mandam no mundo, o banco Goldman Sachs manda no mundo

Jornal Económico - Rui Barroso - 21/10/2011

Afinal, o Goldman Sachs manda no mundo?

"Sou um banqueiro a fazer o trabalho de Deus". É a forma como o presidente do maior banco de investimento do mundo vê a sua missão no comando do Goldman Sachs. Mas na opinião de um número cada vez maior de pessoas, o "trabalho de Deus" do Goldman Sachs é a encarnação do lado negro da força em Wall Street. E há até quem defenda que é este banco que manda no mundo e não os governos.

"Eu concordo com a tese de que os bancos, e especialmente o Goldman Sachs, se tornaram demasiado poderosos na medida em que influenciam a nossa política, a nossa economia e a nossa cultura", referiu o autor de "Money & Power: How Goldman Sachs Came to Rule the World", William D. Cohan, ao Outlook. E o poder do Goldman Sachs nos centros de decisão política até lhe valeu a alcunha, dada por banqueiros concorrentes, de Government Sachs. O banco liderado por Lloyd Blankfein conta com um exército de antigos funcionários em alguns dos cargos políticos e económicos mais sensíveis no mundo. E o inverso também acontece, o recrutamento de colaboradores que já desempenharam cargos de decisão.

Alessio Rastani transformou-se num fenómeno. O 'trader' em 'part-time' surpreendeu tudo e todos numa entrevista à BBC. Além de vários cenários catastrofistas sobre a crise, Rastani defendeu que "este não é o momento para pensar que os governos irão resolver as coisas. Os governos não mandam no mundo, o Goldman Sachs manda no mundo" […].

[...] "Os governos dependem dos bancos, os bancos dependem dos governos. A relação é tão cinzenta e quem controla quem? Quem é o marionetista e quem é a marioneta? As pessoas podem ter as suas ideias sobre isto. Eu apenas expressei a minha perspectiva", disse.

[...] Matt Taibbi [jornalista da "Rolling Stone"] descreveu o Goldman como um "grande vampiro" que se alimenta da humanidade, com um apetite sanguinário implacável por tudo o que envolva dinheiro.

segunda-feira, abril 02, 2018

Charles August Lindbergh: - «Os banqueiros sabem quando criar pânico em seu benefício com antecedência. Também sabem quando parar o pânico. Inflação ou deflação funcionam igualmente bem para eles quando são eles que controlam as finanças...»


Charles August Lindbergh (pai do famoso aviador Charles Lindbergh)- Congressista dos Estados Unidos de 1907 a 1917: «O maior crime de Congresso é seu sistema de moeda. O pior crime legislativo de todos os tempos foi perpetrado por esta lei bancária que estabeleceu a Reserva Federal [Banco Central Norte-Americano].

Foi concedido aos bancos o especial privilégio de distribuir o dinheiro e eles cobram os juros que quiserem
. A nova lei do Presidente dá aos banqueiros ainda mais poderes do que eles tinham com as antigas leis… Nenhum ser humano pode competir com o poder potencial dos juros do dólar. Nada pode competir com o dólar excepto dois dólares e assim por diante, quanto maior a soma, mais apertado o cinto… Os banqueiros controlam isto.

Para elevar os preços, tudo o que o Conselho de Directores da Reserva Federal dos Estados Unidos [Banco Central Norte-Americano] terá de fazer será baixar a taxa de redesconto... produzindo uma expansão de crédito e uma subida do mercado de valores; então quando... os empresários se tiverem ajustado às novas condições, podem parar repentinamente... o aumento da prosperidade elevando a taxa de juros arbitrariamente.

Este é o mais estranho, a vantagem mais perigosa que já alguma vez foi colocada nas mãos de uma classe especial de privilegiados por qualquer Governo que já existiu.
O sistema é privado, administrado com o propósito exclusivo de obter os maiores lucros possíveis do uso do dinheiro de outras pessoas. Eles sabem quando criar pânico em seu benefício com antecedência. Também sabem quando parar o pânico. Inflação ou deflação funcionam igualmente bem para eles quando são eles que controlam as finanças...»

segunda-feira, março 05, 2018

Ricardo Araújo Pereira - A banca nacionalizou o Governo

Texto de Ricardo Araújo Pereira

Revista Visão – 16/10/2008

A banca nacionalizou o Governo

A troco de apenas algum dinheiro, os bancos emprestam-nos o nosso próprio dinheiro para que possamos fazer com ele o que quisermos. A nobreza desta atitude dos bancos deve ser sublinhada


Quando, no passado domingo, o Ministério das Finanças anunciou que o Governo vai prestar uma garantia de 20 mil milhões de euros aos bancos até ao fim do ano, respirei de alívio. Em tempos de gravíssima crise mundial, devemos ajudar quem mais precisa. E se há alguém que precisa de ajuda são os banqueiros. De acordo com notícias de Agosto deste ano, Portugal foi o país da Zona Euro em que as margens de lucro dos bancos mais aumentaram desde o início da crise. Segundo notícias de Agosto de 2007, os lucros dos quatro maiores bancos privados atingiram 1,137 mil milhões de euros, só no primeiro semestre desse ano, o que representava um aumento de 23% relativamente aos lucros dos mesmos bancos em igual período do ano anterior. Como é que esta gente estava a conseguir fazer face à crise sem a ajuda do Estado é, para mim, um mistério.

A partir de agora, porém, o Governo disponibiliza aos bancos dinheiro dos nossos impostos. Significa isto que eu, como contribuinte, sou fiador do banco que é meu credor. Financio o banco que me financia a mim. Não sei se o leitor está a conseguir captar toda a profundidade deste raciocínio. Eu consegui, mas tive de pensar muito e fiquei com dor de cabeça. Ou muito me engano ou o que se passa é o seguinte: os contribuintes emprestam o seu dinheiro aos bancos sem cobrar nada, e depois os bancos emprestam o mesmo dinheiro aos contribuintes, mas cobrando simpáticas taxas de juro. A troco de apenas algum dinheiro, os bancos emprestam-nos o nosso próprio dinheiro para que possamos fazer com ele o que quisermos. A nobreza desta atitude dos bancos deve ser sublinhada.

Tendo em conta que, depois de anos de lucros colossais, a banca precisa de ajuda, há quem receie que os bancos voltem a não saber gerir este dinheiro garantido pelo Estado. Mas eu sei que as instituições bancárias aprenderam a sua lição e vão aplicar ajuizadamente a ajuda do Governo. Tenho a certeza de que os bancos vão usar pelo menos parte desse dinheiro para devolver aos clientes aqueles arredondamentos que foram fazendo indevidamente no crédito à habitação, por exemplo, e que ascendem a vários milhares de euros no final de cada empréstimo. Essa será, sem dúvida nenhuma, uma prioridade. Vivemos tempos difíceis, e julgo que todos, sem excepção, temos de dar as mãos. Por mim, dou as mãos aos bancos. Assim que eles tirarem as mãos do meu bolso, dou mesmo.
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quarta-feira, dezembro 27, 2017

Os governos transformaram os Orçamentos do Estado numa manjedoura para alimentar os amigos. Assim continuará a ser, também em 2018.

Jornal Público - 23 de Novembro de 2017

O Orçamento do Estado de 2018 (OE2018) penaliza as famílias, ao perpetuar uma das medidas mais marcantes da austeridade e da crise: a manutenção da taxa de IVA da electricidade a 23%. Mas as dificuldades não serão para todos. Para os protegidos do regime, sector financeiro e parcerias público-privadas, o governo irá fazer jorrar dinheiro a rodos.

Só em 2018, o Estado português irá disponibilizar — para benefício directo dos grandes grupos económicos que vivem de favores do Estado — mais de cinco mil milhões de euros, o equivalente à colecta de todo o IRC durante um ano.

Para a banca e afins o OE2018 contempla dotações de mais de três mil e trezentos milhões (3317). Só para participações financeiras estão previstos no documento orçamental 2,4 mil milhões. Depois de termos assistido durante anos de governos de Passos Coelho ao desvio de dezenas de milhares de milhões para a banca, iremos ainda provar a continuação desta prática, agora por culpa de António Costa e Centeno. Que contam com o silêncio cúmplice do Partido Comunista e do Bloco Esquerda.

A estes 2,4 mil milhões somam-se ainda mais 850 milhões para o Fundo de Resolução de apoio à banca. Esta verba está inscrita no OE2018 e não tem qualquer razão plausível que a suporte. Quando o Fundo de Resolução foi constituído, em 2015, aquando da falência do Grupo Espírito Santo, o Orçamento do Estado dotou-o com 3,8 mil milhões. Esta alocação de recursos deveria ser provisória, a verba deveria ser progressivamente devolvida pelos bancos e seriam estes a, no futuro, provisionar o Fundo. Pois, ao fim de quatro anos, o dinheiro dos contribuintes continuará a alimentar um fundo cuja missão é pagar os desmandos dos banqueiros.

Mas não ficamos por aqui. O OE2018 contempla ainda pagamentos de cerca de 1500 milhões (1498 milhões) de euros aos concessionários das parceiras-público privadas (PPP) rodoviárias, à semelhança do que vem acontecendo nos anos transactos. Garante assim rendas milionárias aos concessionários, que mantêm taxas de rendibilidade superiores a 15%. Este valor deveria ser, segundo estudos independentes, de apenas 400 milhões de euros — o correspondente ao valor patrimonial das PPP rodoviárias, 6,1 mil milhões, segundo avaliação do Eurostat. Mas, inexplicavelmente, o Estado tem previsto pagar até 2039, por este património, mais de 19 mil milhões. Só em 2018, o Estado português irá pagar 1100 milhões a mais do que deveria. Este é aliás um problema crónico e que se vai agravar nos anos vindouros: em 2017, a estimativa de gastos com PPP rodoviárias é de 1503 milhões de euros; em 2018 está previsto gastar 1498 milhões; em 2019, 1436 milhões e assim sucessivamente, por mais de 20 anos. E sobre este assunto, na discussão do Orçamento, o Partido Socialista, o PSD e o CDS, responsáveis pelas PPP, nada disseram. O PC e o Bloco, que em tempos contestavam violentamente estes negócios, estão agora estranhamente (?) emudecidos.

É claro que, para garantir aos grandes grupos económicos estes privilégios, António Costa não pode aliviar a carga fiscal. Opta assim por fustigar os contribuintes, mantendo as medidas de austeridade que tanto criticou a Passos Coelho — a mais gravosa das quais é, pela sua penetração na sociedade portuguesa e alcance junto da população, a manutenção do IVA da electricidade em 23%. Há muito esperada, a reposição do valor do IVA na electricidade, na sua taxa reduzida, 6%, é claramente imperiosa. Aliás, só a total reversão do “brutal aumento de impostos” (concebido pela dupla Passos Coelho-Vítor Gaspar) corresponderia, de facto, ao tão propalado “fim da austeridade”. Mas, falhando a coragem para cortar nos privilégios dos poderosos, o governo só pode optar por manter as receitas fiscais que os alimentam.

Com estas práticas reiteradas, de tirar muito a todos para dar tudo a alguns, a muito poucos, os governos — sejam de esquerda “geringonceira” ou de direita “neoliberal” — transformaram os Orçamentos do Estado numa manjedoura para alimentar os amigos. Assim continuará a ser, também em 2018.

quinta-feira, março 09, 2017

A Banca Mundial age a uma só voz e é propriedade de uma pequena elite financeira

Para prevenir que se continue a resgatar Bancos «Too Big to Fail», os cidadãos contribuintes (too tired of being stolen) deverão começar a justiçar os banqueiros (too rich to jail), os políticos (too corrupt to rule) e os jornalistas-comentadores (too deceivers to inform)...



1 – Subitamente, em 2007-2008, e SIMULTANEAMENTE em todo o Planeta, o Monopólio Banqueiro Mundial (nas mãos de meia-dúzia de indivíduos) forjou uma «Crise Financeira Global». Aqui, é a crise do subprime (empréstimos hipotecários de alto risco); ali, são os produtos tóxicos; acolá é o crédito malparado (imparidades bancárias)»; além, é a incompetência dos banqueiros; algures é a corrupção dos banqueiros, alhures é o dinheiro que se evapora dos bancos, etc., etc., etc. Em suma, por uma extraordinária coincidência e pelos mais variados motivos, a «Crise Financeira Global» aconteceu em todo o lado ao mesmo tempo.

2 - Consequentemente, e para evitar um efeito dominó (ou de contágio) de cariz financeiro e consequências "catastróficas", os «representantes eleitos das Democracias Representativas» (políticos a soldo da Banca) afadigaram-se em recapitalizar os bancos à custa dos respectivos contribuintes. Nunca, na história da humanidade, tantos Bancos receberam tanto dinheiro de tantos pagadores de impostos em tão pouco tempo...

3 - Neste esforço para aguentar a «Indústria Financeira», o Monopólio Financeiro Mundial concebeu os célebres bailouts e recapitalizações (injecções maciças de dinheiro dos contribuintes nos bancos), de que resultaram os criminosos «Serviços da Dívida», «Memorandos da Troika», «Políticas de Austeridade», «Reformas do Estado», privatizações das empresas nacionais lucrativas, etc.

quarta-feira, março 01, 2017

Acima do Trabalho e do Empresário encontra-se o Parasita Financeiro que se apodera de tudo através de dinheiro que contrafaz a partir do nada





President Andrew Jackson

"If Congress has the right under the Constitution to issue money, it was given them to use themselves, not to be delegated to individuals or corporations. Controlling our currency, receiving our public moneys, and holding thousands of our citizens in dependence ... would be more formidable and dangerous than a Military power of the Enemy." - Se o Congresso tem o direito segundo a Constituição de emitir dinheiro, este direito foi-lhe dado para o utilizar, não para ser cedido a indivíduos ou corporações. O controlo da nossa moeda [por indivíduos ou corporações], recebendo os nossos dinheiros públicos, e mantendo milhares dos nossos cidadãos sob a sua dependência ... seria mais terrível e perigoso que o poder militar do inimigo.


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É ingénuo pensar-se que os bancos são empresas como outras quaisquer, que competem entre si por depositantes a prazo a quem remuneram com um determinado juro, e por clientes a quem concedem crédito a um juro superior.

Os bancos são as únicas entidades a quem o Banco Central Europeu empresta dinheiro (criado a partir do nada) a uma taxa próxima de 0%, e que, por seu turno, o emprestam a 3%, 4%, 5%, etc., a Estados, Empresas e Famílias. O BCE está impedido pelos seus próprios estatutos de emprestar dinheiro diretamente aos Estados.

Este privilégio fantástico dos bancos em obter dinheiro a um juro de quase 0% do Banco Central Europeu e a emprestá-lo a um juro muito superior a Estados, Empresas e Famílias, implica necessariamente a existência de um monopólio bancário a funcionar a nível mundial.


O Parasitismo Financeiro

Existe no mundo de hoje, ao que tudo indica, uma força financeira centralizada operada por meia dúzia de homens que está a levar a cabo um jogo gigantesco e secretamente organizado, tendo o mundo como tabuleiro e o controlo universal como aposta.

Hoje ninguém acredita que a finança seja nacional nem ninguém acredita que a finança internacional esteja em competição. Existe tanta concordância nas políticas das principais instituições bancárias de cada país como existe nas várias secções de uma fábrica – e pela mesma razão, são operadas pelas mesmas fontes e com os mesmos objectivos.

Certamente, as razões económicas já não conseguem explicar as condições em que o mundo se encontra hoje em dia. Nem sequer a explicação usual da "crueldade do capital". O trabalho tem até agora acreditado que o capital era o céu por cima dele, mas existe um céu ainda mais alto que nem o capital nem o trabalho se deram conta nas suas lutas um com o outro. Esse céu ainda não recuou até agora.


O Capital Financeiro acima do capital produtivo

Aquilo a que chamamos capital é normalmente dinheiro usado na produção, e referimo-nos de forma errada ao fabricante, ao gerente do trabalho, ao fornecedor de ferramentas e empregos – referimo-nos a ele como o "capitalista". Mas não! Ele não é o capitalista no verdadeiro sentido do termo. Porque, ele próprio tem de ir ao capitalista pedir o dinheiro que precisa para financiar os seus projectos. Existe um poder acima dele – um poder que o trata muito mais duramente e o controla de uma maneira mais implacável que ele alguma vez se atreveria a fazer com o trabalho.

Na verdade, é uma das tragédias dos nossos tempos, que o "trabalho" e o "capital" lutem um com o outro, quando as condições contra as quais cada um deles protesta, e com as quais cada um deles sofre, não está ao seu alcance o poder para o remediar, a não ser que arranjassem uma forma de arrancar à força o controlo mundial de um grupo de financeiros internacionais que forjam e controlam estas condições.

Existe um super-capitalismo que é totalmente sustentado pela ficção de que o dinheiro é riqueza. Existe um super-governo que não é aliado de governo nenhum, que é independente de todos eles, e que, no entanto, mexe os cordelinhos de todos eles.

"Os despojos pertencem ao vencedor" diz um velho ditado. E, de certo modo, é verdade que se todo este poder de controlo foi adquirido e mantido por uns poucos homens, então, ou eles são super-homens contra quem é inútil resistir, ou são homens comuns a quem o resto do mundo tem permitido obter um grau de poder indevido e perigoso.

A primeira prole dos Rothschilds

Crê-se que a família Rothschild é hoje proprietária de mais da metade da riqueza do planeta, estimada pelo Credit Suisse em aproximadamente 231 mil biliões de dólares (US $231.000.000.000.000).


Comentário

A humanidade permitiu que a criação e a manipulação do Dinheiro se concentrasse em meia-dúzia de mãos, possibilitando que um punhado de indivíduos se apoderasse, por via disso, de praticamente toda a riqueza do mundo. Em suma, graças a um meio fictício - moedas, notas ou bits - usado na troca de bens reais, que criam e manipulam a seu bel-prazer, apossaram-se de tudo em troca de nada.

quarta-feira, janeiro 25, 2017

Os diferentes bancos não passam de simples agências de um Monopólio Financeiro Mundial. É por isso que as «Crises Financeiras» acontecem em simultâneo em todo lado...


O Monopólio Financeiro Mundial

Existe no mundo de hoje, ao que tudo indica, uma força financeira centralizada operada por meia dúzia de homens que está a levar a cabo um jogo gigantesco e secretamente organizado, tendo o mundo como tabuleiro e o controlo universal como aposta.

Hoje ninguém acredita que a finança seja nacional nem ninguém acredita que a finança internacional esteja em competição. Existe tanta concordância nas políticas das principais instituições bancárias de cada país como existe nas várias secções de uma empresa – e pela mesma razão, são operadas pelas mesmos poderes e com os mesmos objectivos.

Certamente, as razões económicas já não conseguem explicar as condições em que o mundo se encontra hoje em dia. Existe um super-capitalismo financeiro que é totalmente sustentado pela ficção de que o dinheiro é riqueza. Existe um super-governo financeiro que não é aliado de governo nenhum, que é independente de todos eles, e que, no entanto, mexe os cordelinhos de todos eles.

Todo este poder de controlo foi adquirido e mantido por uns poucos homens a quem o resto do mundo tem permitido obter um grau de poder desmesurado, indevido e perigoso. Às populações é imperativo engendrar uma forma de arrancar à força o controlo mundial desse grupo de financeiros internacionais que forjam a seu bel-prazer a economia e a política e controlam o mundo através disso.

quarta-feira, janeiro 18, 2017

Prof. Massano Cardoso - O mundo vai ter que mudar em breve. Como? Da maneira habitual, à força, à bruta, com violência libertadora - por mim, não me importo de regressar à véspera de um qualquer "1789"



Desespero

No Quarta República

Artigo do Professor Massano Cardoso


Noto uma onda de desespero, vejo nuvens aterradoras, negras, pesadas, sinto a força de um vento destruidor, cruzo-me com almas sem alento e sem esperança e toco em corpos febris tremendo de frio e nem sei se de fome também. O mundo que me cerca está diferente, vazio de alegria e esfomeado de justiça e de dignidade.

A natureza humana, a selvagem, a destruidora, consegue vencer os defensores da igualdade e da liberdade, que, humilhados, olham silenciosos uns para os outros sem compreender muito bem o que está a acontecer. O mundo regrediu, os valores e princípios filhos de revoluções libertadoras foram apagados. O mundo rege-se por uma velha ordem que pensavam ter sido destruída. Não, não foi, apenas hibernou e, agora, regressa com força, com violência, com raiva impondo os seus desejos e ignorando os direitos e valores daquilo que se poderia esperar da dignidade humana.

O mundo vai ter que mudar em breve. Como? Da maneira habitual, à força, à bruta, com a violência libertadora, com a única arma que lhe resta para fazer afronta ao comportamento ameaçador e destruidor de forças primitivas.

Esperar por soluções "civilizadas"? Impossível. Essas soluções constituem o garante da sobrevivência do "ancien régime", que regressou das profundezas do Hades com uma força que nunca teve nos seus velhos tempos. Solução drástica? Talvez. Comportamento pessimista? Talvez. Exagero de apreciação? Talvez. Pode ser tudo isso, mas o mundo "civilizado" em que vivemos tem de ser morto, digo morto e não apagado, e mesmo assim tenho receio da sua capacidade para ressuscitar novamente no eterno retorno de vida e morte. Por mim, não me importo de regressar à véspera de um qualquer "1789" [tem início a Revolução Francesa]. Se for preciso, porque não? Mesmo que isso custe sofrimento ou mesmo a vida é sempre preferível do que viver neste teatro de faz-de-conta, onde a honra, a lealdade, o respeito e a dignidade humana deixaram de ter significado ou valor.

Viver assim cansa, e é fonte de desespero.

sexta-feira, abril 15, 2016

Ainda a propósito do caso Arrow Global envolvendo a ex-ministra das finanças Maria Luís Albuquerque - Todos os políticos em cargos de poder são funcionários bancários



Banca é refúgio para ex-ministros

Jornal Expresso - 2 de Outubro de 2010


Dirigentes do Bloco estudaram o percurso de 115 ex-governantes: 84 foram para a Banca ou tiveram uma ligação ao sector bancário, passando por órgãos sociais dos mais diversos bancos. Mais interessante ainda: desses 84 ex-governantes com ligação à banca, na grande maioria dos casos (56, ou seja, dois terços,) essa ligação não tinha antecedentes, e só surgiu depois da passagem pelo Governo.

Os dados apurados permitem aos autores sustentar a tese da "integração sistémica assegurada por estes dirigentes. São portadores de informação valiosa e de redes de influência. As responsabilidades partidárias, que se prolongam além dos cargos de governo e são valorizadas por estes, asseguram um canal permanente com várias dimensões do poder central e local", o que é um "ativo estratégico" para os empregadores.

A generalidade dos bancos reconhece a importância deste “ativo estratégico” e vai buscar ex-ministros e secretários de Estado (sobretudo os que passaram pelas finanças e economia, mas não só — basta pensar nos casos de Dias Loureiro e Armando Vara, que vinham da Administração Interna, ou Celeste Cardona, que foi ministra da Justiça). BES e BCP são, no universo analisado, os que mais apostaram nestas contratações — um em cada dez está ou esteve no BES, e quase um em cada cinco teve ou tem uma ligação ao BCP. Rui Machete, ex-ministro e barão social-democrata, conseguiu juntar as duas marcas no seu currículo. Também o grupo Champalimaud (e, depois, Santander) apostou forte em ex-governantes, quase todos do PSD.


Dias Loureiro, Armando Vara, Celeste Cardona e Rui Machete

A banca é o máximo denominador comum neste universo, mas os ex-governantes ganharam destaque nas mais variadas empresas e grupos económicos. Destaque-se o Grupo Mello pela sua tendência para dar novas oportunidades a ex-governantes — dos 115 analisados, contratou 16, com percursos tão diversos como Álvaro Barreto, António Vitorino, Nogueira Leite, Couto dos Santos ou Luís Filipe Pereira. As empresas públicas ou aquelas onde o Estado tem participação relevante também se tornam autênticos albergues de ex-governantes — veja-se a CGD, a PT ou a EDP.

Os autores notam que “muitos destes dirigentes político-empresariais tomam ainda formas de ‘participação cruzada’, tecendo pontes eficientes entre vários grupos económicos cujos órgãos sociais integram simultaneamente”. Casos notórios são Mira Amaral, Ferreira do Amaral, Murteira Nabo, Nogueira Leite ou Luís Todo Bom.

Por outro lado, esta contaminação entre política e negócios permite “a promoção de uma meteórica mobilidade social ascendente”, pois a passagem pelo Governo é “um condão que transforma dezenas de quadros técnicos, docentes universitários ou responsáveis partidários em administradores de empresas privadas ou participadas, com acesso a rendimentos absolutamente incomparáveis com os auferidos anteriormente”. O exemplo mais evidente é Vara, que chegou à política como bancário e saiu como banqueiro, mas há muitos outros, como Jorge Coelho ou José Penedos.

Os bloquistas apontam um terceiro aspeto deste fenómeno: a “forte promiscuidade”, com “governantes que transitam diretamente da tutela para a gestão de topo de empresas cujo quadro de atuação condicionaram imediatamente antes”. Há bons exemplos nas obras públicas (Ferreira do Amaral, Jorge Coelho, Luís Parreirão) e na energia (Pina Moura, Fernando Pacheco). A grande maioria dos ex-governantes portugueses que se dedicaram aos negócios privados têm ou tiveram uma ligação ao sector bancário — esta é uma das conclusões de uma pesquisa desenvolvida por cinco dirigentes do Bloco de Esquerda, que será editada em livro na próxima semana. “Os Donos de Portugal — Cem Anos de Poder Económico”, a que o Expresso teve acesso, da autoria de Francisco Louçã, Luís Fazenda, Fernando Rosas, Cecília Honório e Jorge Costa, faz um retrato do século republicano olhando para os detentores do poder económico.

Há anos que os dirigentes do BE denunciam a “promiscuidade” entre política e negócios, de que Armando Vara se tornou o caso mais paradigmático nos últimos anos. Agora, os bloquistas tentaram aprofundar a questão da “contaminação intensa entre poder de Estado e negócios privados”. Olharam para as “áreas governativas estratégicas da economia, finanças, obras públicas, emprego e planeamento” e identificaram 115 percursos individuais de ministros e secretários de Estado “com currículo empresarial e de negócios relevante”, nas palavras de Jorge Costa. Não é um levantamento exaustivo das carreiras profissionais dos ex-governantes, mas apenas daqueles que mais se destacaram no regresso ao privado.

[...]




Para que se perceba quais as características mais importantes que valorizam estes senhores, que após passarem pela vida politica, são procurados, não pela justiça, como seria de esperar mas por empresas diversas, dispostas a pagarem pelos serviços deles, fortunas.

E ninguém estranha que aqueles políticos que arruinaram Portugal, quando estiveram no governo, dando provas constantes de "incompetência", gestão danosa ou criminosa, traindo o estado que representaram, sejam depois tão procurados para gerir as grandes empresas??? As mais ricas? As mais bem sucedidas? Será que elas gostam de incompetentes? Ou será que os políticos, mesmo no governo, estiveram sempre a trabalhar para as empresas privadas? Favorecendo-as, em prejuízo do estado?

segunda-feira, fevereiro 29, 2016

A assombrosa burla perpetrada pelos Bancos às Famílias, às Empresas e aos Estados, admiravelmente explicada por três professores de economia monetária e financeira


Um pequeno excerto do livro "Política Monetária e Mercados Financeiros" que nos explica de maneira extraordinariamente acessível a forma pela qual os Bancos roubam de forma assassina os Estados, as Empresas e as Famílias:




Comprei há tempos um excelente livro - Política Monetária e Mercados Financeiros - que me foi aconselhado por um jornalista do Diário Económico. O livro, síntese da experiência de ensino ao longo dos últimos dez anos, dos autores Emanuel Reis Leão, Sérgio Chilra Lagoa e Pedro Reis Leão, na área da economia monetária e financeira (professores no ISCTE), está escrito de forma perfeitamente compreensível a todos.

O livro começa praticamente pelo processo de criação de moeda e, coisa espantosa, explica-nos, de forma muito simples, a forma como os bancos comerciais perpetram diariamente roubos de proporções inimagináveis aos Estados, às Empresas e às Famílias:


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Excerto do Livro «Política Monetária e Mercados Financeiros»

A criação de massa monetária

De seguida, passaremos a explicar a criação de depósitos resultante da concessão de crédito pelos Bancos Comerciais (ou de 2ª ordem), por exemplo o Santander Totta, o BCP, o BPI, o BES, etc., ao sector não monetário da economia: Famílias, Empresas [não financeiras] e Estado:


Concessão de crédito por um banco cria nova moeda na economia

Suponha-se que um Banco-A concede crédito a uma família no valor de 100.000€. Esta operação pode ser registada da seguinte forma:

Isto é, o Banco-A credita a conta de depósitos à ordem da família no montante de 100.000€ (algum funcionário do Banco-A altera os números que estão registados informaticamente na conta à ordem da família), somando 100.000€ ao valor que lá se encontrava anteriormente).



Um funcionário do Banco-A altera os números que estão registados informaticamente na conta à ordem da família, somando 100.000€ ao valor que lá se encontrava anteriormente.


Isto significa que, como resultado desta operação de crédito, passam a existir na economia mais 100.000€ de depósitos à ordem. Uma vez que os Depósitos à Ordem fazem parte da massa monetária, a operação de crédito fez aumentar o stock de moeda existente na economia.

A operação de concessão de crédito é realizada pela área comercial do banco. O facto de, como resultado dessa operação, terem surgido mais 100.000€ de Depósitos à Ordem no passivo do Banco-A, obriga a sua área de tesouraria a tomar medidas para que o banco continue a possuir reservas suficientes para:


(a) Satisfazer eventuais pedidos de conversão de Depósitos à Ordem em notas e moedas físicas pela família,

(b) Fazer face a eventuais cheques que a família venha a usar e,

(c) Cumprir as obrigações legais em termos de reservas (as Reservas Legais de 2% da Zona Euro).


Podemos perguntar se o montante de reservas adicionais que a área de tesouraria do banco vai ter de adquirir é próximo dos 100.000€ ou não. A resposta é não. O montante de reservas necessário para suportar o acréscimo de Depósitos à Ordem é comparativamente reduzido. Senão vejamos.

A exigência referida em (a) diz respeito ao facto de a família poder solicitar a conversão de parte ou da totalidade dos 100.000€ em notas e moedas. Suponhamos que a família decide levantar 1.000€. Ora, é natural que a família gaste estas notas e moedas no valor de 1.000€ a comprar algo que o comerciante que vier a receber estas notas e moedas volte a depositá-las no banco.

No caso de o banco com o qual o comerciante trabalha não ser o Banco-A mas sim o Banco-B, devemos ter em conta que existirá provavelmente uma situação simétrica de outra família que solicitou 100.000€ ao Banco-B, que levantou 1.000€ e os usou para pagar a um comerciante que tem conta no Banco-A. Sendo assim, em média, a quantidade de notas e moedas que sai de cada banco é aproximadamente igual à que entra.



Em média, a quantidade de notas e moedas que sai de cada banco é aproximadamente igual à que entra.


Isto não significa que o Banco-A não necessita de notas e moedas para este fim. De facto, mesmo no caso do comerciante a quem a família paga também tem de ter conta no Banco-A, existirá sempre algum tempo durante o qual as notas e moedas estarão fora do banco e, por isso, este é obrigado a possuir notas e moedas para o efeito. Por outro lado, no caso de o comerciante ter conta no Banco-B, não há garantia de que o outro comerciante, que tem conta no Banco-A (comerciante da situação simétrica), venha a depositar notas e moedas no Banco-A exactamente no mesmo montante. Por esta razão, a área de tesouraria do Banco-A terá de obter alguma quantidade de notas e moedas.

Em resumo: em qualquer dos dois casos existe necessidade de alguma quantidade de notas e moedas, embora não muito elevada. Admita-se que, por experiência, o Banco-A sabe que necessita de cerca de 0,5% do montante de Depósitos à Ordem criado em cada empréstimo para fazer face a este tipo de exigência. Sendo assim, o crédito de 100.000€ faz com que a área de tesouraria do Banco-A decida ir procurar 500€ de reservas de cobertura adicionais para responder à exigência mencionada em (a).




A exigência referida em b - (fazer face a eventuais cheques que a família venha a usar), refere-se ao facto de a família poder escrever um cheque, por exemplo no valor de 99 000€, e entregá-lo como pagamento de algum bem ou serviço. Se o comerciante que recebe o cheque possuir conta num banco que não o Banco-A, por exemplo no Banco-C, quando este banco recebe o cheque que o comerciante lá deposita, leva-o à compensação no Banco de Portugal. Com base nesse cheque, o Banco de Portugal moverá 99.000€ da conta de depósito do Banco-A no Banco de Portugal para a conta de depósito do Banco-C no Banco de Portugal. Para estar preparado para esta eventualidade, o Banco-A tem que possuir reservas suficientes na sua conta no Banco de Portugal.

Um raciocínio idêntico ao feito para o caso da exigência de tipo (a) mostra-nos, no entanto, que o montante de reservas necessárias para este efeito não é muito elevado. De facto, tenderá a existir uma situação simétrica, de uma família que obteve um crédito de 100.000€ junto do Banco-C, que passou um cheque no valor de 99.000€ a um comerciante que depositou o cheque no Banco-A.



Tenderá a existir uma situação simétrica, de uma família que obteve um crédito de 100.000€ junto do Banco-C, que passou um cheque no valor de 99.000€ a um comerciante que depositou o cheque no Banco-A.


Ao levar este cheque à compensação junto do Banco de Portugal, o Banco-A consegue assim reaver as reservas que perdera para o Banco-C. O Banco-A deve no entanto precaver a possibilidade de desfasamentos entre o montante que recebe e o montante que tem que pagar, facto que o leva a ter reservas preparadas na sua conta junto do Banco de Portugal. Admita-se que, por experiência, o Banco-A sabe que necessita de possuir 1% do crédito concedido para fazer face a este tipo de desfasamentos. Neste caso, o crédito de 100.000€ obriga o banco a obter 1000€ adicionais de reservas de cobertura.

Finalmente, a exigência referida em (c - cumprir as obrigações legais em termos de reservas), decorre do facto de os Depósitos à Ordem fazerem parte da base de incidência. Assim sendo, o crédito de 100.000€ implica um aumento na base de incidência e consequentemente no montante de reservas necessário para cumprir os requisitos de reservas legais. No entanto, sendo a taxa de reserva legal de 2% na Zona Euro, o montante de reservas que o banco precisa para este fim é também comparativamente reduzido: o Banco-A irá necessitar de 0,02 x 100.000€ = 2.000€ de reservas para poder cumprir os requisitos legais.

A conclusão a tirar é que, para fazer face às exigências referidas nas alíneas (a), (b), e (c), o Banco-A necessita apenas de 3.500€ ( 500€ + 1.000€ + 2.000€ ) em reservas adicionais. Ou seja, para fazer face às exigências referidas em (a), (b), e (c), o Banco-A apenas necessita de um montante comparativamente reduzido de reservas adicionais (reduzido quando comparado com o valor do empréstimo, que foi de 100.000€ e que criou massa monetária também no valor de 100.000€). Se estendermos este raciocínio ao sistema monetário como um todo, chegamos à conclusão de que, para o conjunto da economia, a massa monetária é muito superior à base monetária. Esta ideia é traduzida quantitativamente pelo conceito de multiplicador monetário.




[......]

Stock de moeda e operações de crédito bancário

Como vimos, a operação de crédito do Banco-A à família provocou o aparecimento de Depósitos à Ordem - e portanto de moeda que não existia antes - no montante de 100.000€.

Vamos agora fazer uma afirmação mais forte: nas economias modernas, a principal fonte de criação de moeda é a concessão de crédito pelos Bancos Comerciais às famílias, às empresas e ao Estado. Repare-se que uma coisa é dizer que uma operação de crédito bancário cria moeda; outra, bem mais forte, é dizer que a maior parte da moeda que existe numa economia nasceu de operações de crédito bancário efectuadas até ao presente.

Note-se que, para que ocorra criação de moeda, a operação de crédito tem de ser de um banco para um agente do sector não monetário; caso contrário, não ocorrerá criação de moeda. Por exemplo, quando uma empresa emite obrigações que são compradas por famílias, as famílias estão a conceder crédito à empresa, mas esta operação não cria nova moeda - implica apenas uma transferência de Depósitos à Ordem já existentes das famílias para a empresa. Outro exemplo: quando um banco concede crédito a outro banco ocorre uma mera transferência de reservas de um banco para outro e nenhuma moeda é criada no processo. Terceiro exemplo: quando uma instituição financeira não monetária (por exemplo, uma locadora) concede crédito a uma empresa, não há criação de depósitos à ordem - ocorre uma mera transferência de depósitos à ordem da locadora para a empresa.

Repare-se também que quando a família paga um crédito que pediu anteriormente (e os juros) fá-lo por débito da sua conta de Depósitos à Ordem e, portanto, esse pagamento destrói depósitos e, assim, moeda. Consequentemente, pode dizer-se que nas economias modernas, a moeda está constantemente a ser criada e destruída: é criada quando os bancos concedem crédito ao sector não monetário e é destruída quando os agentes que pediram crédito aos bancos fazem o pagamento do empréstimo e juros correspondentes.


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Em suma


Graças a «dinheiro criado a partir do nada», os Bancos sugam as populações com os juros que cobram de dinheiro que eles criam a partir do nada.


Um banco concede crédito a uma família no valor de 100.000€ para a compra de uma casa, creditando a conta de depósitos à ordem dessa família no montante de 100.000€.

Para essa operação, um funcionário do banco altera os números que estão registados informaticamente na conta à ordem da família, somando 100.000€ ao valor que lá se encontrava anteriormente.

Esse dinheiro não existia antes em lado nenhum. O banco cria-o a partir do nada digitando essa quantia no teclado de um computador.

Como resultado desta «operação de crédito», passam a existir na economia mais 100.000€ de depósitos à ordem. Uma vez que os depósitos à ordem fazem parte da massa monetária, a operação de crédito fez aumentar o stock de moeda existente na economia.

Ao fim de 30 anos, a uma taxa de juro de 5%, a família pagou ao banco um total de cerca de 193.000€, dos quais 93.000€ são juros.

Resumindo, o banco inventou 100.000€ que emprestou com juros a uma família, e esta, ao fim de 30 anos, entrega os 100.000€ inventados pelo banco mais 93.000€ em juros, estes bem reais. A família foi espoliada pelo banco em 93.000€ de juros sobre um capital que o banco fez surgir do nada e lhe «emprestou».

Esta fraude sem nome acontece quotidianamente em todos os empréstimos dos bancos comerciais às famílias, às empresas e ao Estado. Haverá roubo maior na história da civilização?


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Atentemos igualmente nas palavras de Murray N. Rothbard [Professor de economia e liberal da Escola Austríaca] quando fala da gigantesca fraude bancária que os bancos comerciais têm vindo a praticar até aos nossos dias:

Murray N. Rothbard

"Desde então, os bancos têm criado habitualmente recibos de depósitos, originalmente notas de banco e hoje depósitos, a partir do nada [out of thin air]. Essencialmente, são contrafactores de falsos recibos de depósitos de activos líquidos ou dinheiro padrão, que circulam como se fossem genuínos, como as notas ou contas de cheques completamente assegurados."

"Os bancos criam dinheiro literalmente a partir do nada, hoje em dia exclusivamente depósitos em vez de notas de banco. Este tipo de fraude ou contrafacção é dignificado pelo termo reservas mínimas bancárias [fractional-reserve banking], o que significa que os depósitos bancários são sustentados apenas por uma pequena fracção de activos líquidos que prometem ter à mão para redimir os seus depósitos."




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Os bancos comerciais praticam essencialmente dois grandes tipos de fraude

1 – Quando lhes é pedido um empréstimo, os bancos criam dinheiro a partir do nada sob a forma de depósitos bancários, e cobram juros desse «dinheiro» que possui uma existência apenas contabilística.

Estas «operações» são tornadas possíveis porque os bancos comerciais funcionam em circuito fechado - o dinheiro levantado num banco é depositado noutro, e actuam sob a batuta dos bancos centrais, na sua maioria privados ou geridos por privados, que determinam as taxas directoras e regulam os movimentos financeiros entre os bancos comerciais.


2 – Com esta capacidade mágica de criar do nada ou fazer desaparecer dinheiro, os Banqueiros geram alternadamente dois ciclos «económicos»:

a) O período da Sementeira: os banqueiros baixam os juros e os spreads, facilitam os empréstimos, e, deste modo, injectam dinheiro na economia. As pessoas pedem dinheiro emprestado para montar empresas, os negócios florescem, a produção e o emprego crescem e a riqueza da população aumenta.

b) O período da Colheita: os banqueiros aumentam os juros e os spreads, dificultam os empréstimos, conduzindo a depressões económicas em que as empresas fecham, a produção diminui, o desemprego aumenta e levando as empresas à falência e famílias à pobreza, e de cujos bens se apropriam por uma fracção do seu real valor.



quarta-feira, outubro 29, 2014

A Gordura do Estado e o «facto» de estarmos a viver acima das nossas possibilidades...




Texto de Miguel Mattos Chaves - Gestor - Doutorado em Estudos Europeus (dominante: Economia) - Auditor de Defesa Nacional (que chegou a resultados muito idênticos ao do economista Eugénio Rosa...)



Meus Prezados Amigos,

Um pouco farto de ver e ouvir certas histórias, que pressentia, mal contadas, e decidi-me a fazer as minhas contas a partir das Fontes Oficiais (INE e EUROSTAT).

Tem sido dito que os Pensionistas e os Reformados, junto com as Despesas de Pessoal do Estado, significariam, em conjunto, cerca de 75% a 78% das Receitas Públicas, fui então verificar.

Ora, sendo eu um cidadão preocupado com o desenvolvimento do meu País e com o Bem-Estar dos portugueses, achei que este número, a ser verdade, seria muito elevado e traria restrições severas a uma Política de Desenvolvimento e de Crescimento a Portugal.

Mas depois de tanto ouvir, comecei a achar estranho que estes números fossem repetidos até à exaustão. E decidi investigar eu próprio da veracidade de tais números.

Eis os resultados:

QUADRO nº 1 - Pensões e Reformas

(Unidade: mil milhões de euros)




Qual não foi o meu espanto quando face a "doutas" opiniões de Economistas do Regime, de Jornalistas (ditos de economia) e de Políticos em que todos coincidiam, em que esta Rubrica rondaria os 30% a 35% das Receitas do Estado e cerca de 15% a 17% do PIB, vim a verificar os resultados do Quadro nº 1 que acima publico.

Isto é: as Reformas e as Pensões, mesmo numa Economia em Recessão, significaram entre os 20,13% e os 19,89%, sobre as receitas totais do Estado. Muito longe, portanto, dos anunciados 30% a 35%.

Mas se a análise for feita sobre o PIB então o seu significado variou, repito num quadro de uma Economia em Recessão, entre os 8,69% e os 5,56%. Portanto muito longe do anunciado pelos "especialistas".

A coberto dessas pretensas "realidades" foram cometidos os mais soezes ataques a esta parte da população portuguesa. Parafraseando o Prof. Doutor Adriano Moreira "estamos em presença de um esbulho".

NOTA: Por uma questão de educação não quero adjectivar mais as declarações sobre a matéria da Srª Ministra das Finanças e seu antecessor, nem do Sr. 1º Ministro, já que os restantes declarantes deixaram de me merecer qualquer respeito.


QUADRO nº 2 - Despesas com Pessoal d o Estado

(Unidade: mil milhões de euros)



Devo confessar que aqui, nesta rubrica, o meu espanto ainda foi maior, dada a prolixa comunicação sobre este tema proferida pelos actores acima referidos.

E feitas as contas, (quadro nº 2 acima), e juntando então os dois, os resultados são na verdade os seguintes:

(Quadro nº 3 Pensões e Reformas + Custos c/ Pessoal)

(Unidade: mil milhões de euros)




Ou seja: a SOMA das Pensões e Reformas com as dos Custos de Pessoal do Estado, somam (numa Economia em Recessão) entre os 34,92% (incluindo aqui as indemnizações de mútuo acordo das rescisões então efectuadas) e os 31,80% sobre as Receitas Totais do Estado; e entre 15,15% (incluindo aqui as indemnizações de mútuo acordo das rescisões então efectuadas) e os 10,31% sobre o Produto Interno Bruto.


OU SEJA:

Menos de Metade dos números anunciados pelo Sr. 1º Ministro e seus Ministros das Finanças, para falar de actores políticos relevantes, deixando de lado as personalidades menores que pululam nas Televisões, Rádios e Imprensa escrita, que passei assim a tratar dada a sua falta de seriedade intelectual.

E a coberto disto se construiu uma Política do agrado do Sistema Financeiro, por razões e números que aqui não vou referir, e dos Credores (por razões que aqui também me dispenso de enumerar).



CONCLUSÃO:

Estamos a ser enganados deliberadamente por pessoas que têm e prosseguem uma filosofia política bem identificada e proveniente dos teóricos da Escola de Chicago (a Escola Ultra Liberal), apesar de um dos seus maiores expoentes, o Sr. Alan Greenspan ex- Governador do FED (Reserva Federal Norte-americana) ter pedido desculpa por ter acreditado nela e ter permitido os desmandos do sector financeiro que nos trouxeram até às crises das Dívidas Soberanas, embora ajudados pela subserviência, incúria e incompetência de boa parte das classes políticas ocidentais.

Espero ter sido útil neste meu escrito. Na verdade, sendo um homem da Direita Conservadora o meu primeiro Partido é Portugal. Os Partidos Políticos são, para mim, apenas Instrumentos para o engrandecimento de Portugal. Se não cumprirem esta missão então, para mim, não servem para nada. E vejo, com extremo desgosto, o meu próprio Partido o CDS-PP, metido nesta situação degradante para Portugal e para os Portugueses sabendo que há alternativas. E acima de tudo odeio a mentira.

Está na hora, na minha opinião, de reformar e modificar o sistema político vigente, sob pena de irmos definhando enquanto Nação Independente.



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Este "boneco" é da autoria do autor deste blogue e pretende, tão simplesmente, expressar a vontade que vai no íntimo de 99,99% dos portugueses.



segunda-feira, setembro 22, 2014

O Banco de Inglaterra admite-o abertamente: o dinheiro é apenas um reconhecimento de dívida e os bancos estão a encher-se à tripa forra.


Este Post é dedicado a todos os políticos, economistas, comentadores mediáticos (e outros que escrevem nas redes sociais) que, nas faculdades de economia ou de finanças que frequentaram, se limitaram a memorizar as sebentas que os professores lhes prescreviam, sem raciocinar um minuto sequer naquilo que estavam a empinar. O resultado não é difícil de adivinhar...



A Criação de Dinheiro na Economia Moderna


«Por que é que o Banco da Inglaterra, de repente admite tudo isto? Bem, uma razão possível é que isto é obviamente verdadeiro. O trabalho do Banco é o de gerir o sistema, e nos últimos tempos, o sistema não tem funcionado muito bem. É bem possível que tenham chegado à conclusão que por manter a versão fantasiosa da teoria económica oficial, que provou ser muito conveniente para os ricos, é simplesmente um luxo a que já não podem permitir-se

[E, acrescento eu, a divulgação deste «esquema» pela Internet já atingiu tais proporções que qualquer economista, político ou comentador que o defenda, passa por corrupto ou atrasado mental].




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A verdade está à vista: o dinheiro é apenas Dívida (IOU - I Own You - Eu devo-te), e os bancos estão a rebolar-se nele [no dinheiro].

A dose de honestidade do Banco de Inglaterra lança a base teórica para a austeridade pela janela fora.





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O Banco de Inglaterra admite: o dinheiro é apenas um reconhecimento de dívida e os bancos estão a encher-se à tripa forra.

"A verdade nua e crua: o dinheiro é apenas um reconhecimento de dívida e os bancos estão a encher-se à grande. A honestidade do Banco de Inglaterra arrasa a base teórica da austeridade."

Num artigo de David Graeber publicado a 18 de Março de 2014 no jornal britânico The Guardian, em que ele comenta o artigo do Banco da Inglaterra intitulado: «A criação monetária na economia moderna».


O artigo do Banco de Inglaterra resume-se a três pontos:

• A explicação de como a maioria do dinheiro na economia moderna é criado pelos bancos comerciais na concessão de empréstimos.

A criação de dinheiro, na prática, é completamente diferente de algumas ideias falsas muito difundidas - Os bancos não actuam simplesmente como intermediários, pagando aos aforradores os depósitos lá depositados, nem "multiplicam" o dinheiro do Banco Central para criar novos empréstimos e depósitos.

• A quantidade de dinheiro criado para a economia depende em última instância da política monetária do Banco Central. Em tempos normais, isso é feito através da definição das taxas de juro. O Banco Central também pode afetar a quantidade de dinheiro diretamente através da compra, usando dinheiro criado a partir do nada, de ativos ou "quantitative easing" [política monetária extrema, utilizada por alguns Bancos centrais, de comprar activos incluindo dívida pública ou dívida emitida por GSEs - grupo de instituições financeiras criadas pelo Congresso Norte-Americano, com o objectivo de facilitar o acesso ao crédito a alguns segmentos da economia].


Banco de Inglaterra



Como afirmei no meu último artigo, não estamos diante de algo novo. Numerosos pensadores independentes, como o recentemente falecido Margrit Kennedy, Bernard Lietaer, Ellen Brown ou Thomas Greco passaram décadas denunciando-o. Em geral, qualquer pessoa envolvida na área de moedas sociais ou complementares estão bem cientes disto. Também, recentemente, outras vozes muito pouco "alternativas" o afirmaram, como os economistas do FMI, Michael Kumhof e Jaromir Benes no seu «Plano de Chicago Revisitado» de 2012 e 2013.

A novidade é que seja o próprio Banco de Inglaterra a admiti-lo. O autor do comentário no The Guardian, o antropólogo David Graeber, autor do interessante livro "Dívida, os primeiros 5.000 anos", pergunta e responde a si mesmo:

«Por que é que o Banco da Inglaterra, de repente admite tudo isto? Bem, uma razão possível é que isto é obviamente verdadeiro. O trabalho do Banco é o de gerir o sistema, e nos últimos tempos, o sistema não tem funcionado muito bem. É bem possível que tenham chegado à conclusão que por manter a versão fantasiosa da teoria económica oficial, que provou ser muito conveniente para os ricos, é simplesmente um luxo a que já não podem permitir-se.

David Graeber, não adianta muito coisa quando avalia as consequências desta admissão. Mas esta admissão do banco de Inglaterra não só deita por terra a base teórica das políticas de austeridade, como, também, os pilares fundamentais dos modelos económicos atuais, a neutralidade da moeda, ou mesmo a sua própria natureza, pois ao considerar-se que o dinheiro é uma mercadoria serve de justificação para seja negociado no mercado.

Não devemos esquecer que o juro, na teoria económica actual, assenta na preferência temporal de possuir o dinheiro hoje do que no futuro, uma justificação completamente ligada à suposta falta de dinheiro, como uma mercadoria. O facto de que a verdadeira natureza do dinheiro ser, na verdade, um reconhecimento de dívida significa que a alocação de crédito com o qual se cria o dinheiro e que pode ser um mecanismo suficiente de alocação de recursos e de suporte aos mercados de capitais não tem razão de ser.

Dentro de pouco tempo, com alguma sorte, alguém numa destas instituições importantes irá fazer uma aritmética simples e vai-se dar conta de que a maior parte do dinheiro na economia é criado como um empréstimo com juros: em seguida, será reconhecido oficialmente que esta forma de criação de dinheiro, o crédito com juros é o verdadeiro motor que causa o crescimento económico e provoca as crises financeiras, quando o crescimento falha.




O dinheiro não é uma mercadoria - como as batatas, os automóveis ou os programas de computador. O dinheiro é criado a partir do nada (out of thin air) e quem o cria e o controla, tem o domínio do mundo.

quinta-feira, agosto 14, 2014

O colossal roubo perpetrado pelos Bancos às famílias, às empresas e aos Estados, admiravelmente explicado por três professores de economia monetária e financeira


Um pequeno mas extraordinário excerto do livro "Política Monetária e Mercados Financeiros", escrito em linguagem perfeitamente acessível e que toda a gente deveria ler. Porque, para compreender a forma como os Bancos nos roubam, explicação mais simples não há:




Comprei há meses um excelente livro - Política Monetária e Mercados Financeiros - que me foi aconselhado por um jornalista do Diário Económico. O livro, síntese da experiência de ensino ao longo dos últimos dez anos, dos autores Emanuel Reis Leão, Sérgio Chilra Lagoa e Pedro Reis Leão, na área da economia monetária e financeira, está escrito de forma perfeitamente compreensível a todos.

O livro começa praticamente pelo processo de criação de moeda e, coisa espantosa, explica-nos, de forma muito simples, a forma como os bancos comerciais perpetram diariamente roubos de proporções inimagináveis às famílias, às empresas e aos Estados:



A criação de massa monetária

De seguida, passaremos a explicar a criação de depósitos resultante da concessão de crédito pelos Bancos Comerciais (ou de 2ª ordem), por exemplo o BBVA, o BCP, o BPI, o Santander Totta, o BES, etc., ao sector não monetário da economia - Famílias, Empresas [não financeiras] e Estado:



Concessão de crédito por um banco cria nova moeda na economia


Suponha-se que um Banco-A concede crédito a uma família no valor de 100.000€. Esta operação pode ser registada da seguinte forma:

Isto é, o Banco-A credita a conta de depósitos à ordem da família no montante de 100.000€ (algum funcionário do Banco-A altera os números que estão registados informaticamente na conta à ordem da família, somando 100.000€ ao valor que lá se encontrava anteriormente).




Um funcionário do Banco-A altera os números que estão registados informaticamente na conta à ordem da família, somando 100.000€ ao valor que lá se encontrava anteriormente.


Isto significa que, como resultado desta operação de crédito, passam a existir na economia mais 100.000€ de depósitos à ordem. Uma vez que os Depósitos à Ordem fazem parte da massa monetária, a operação de crédito fez aumentar o stock de moeda existente na economia.

A operação de concessão de crédito é realizada pela área comercial do banco. O facto de, como resultado dessa operação, terem surgido mais 100.000€ de Depósitos à Ordem no passivo do Banco-A, obriga a sua área de tesouraria a tomar medidas para que o banco continue a possuir reservas suficientes para:


(a) Satisfazer eventuais pedidos de conversão de Depósitos à Ordem em notas e moedas físicas pela família,

(b) Fazer face a eventuais cheques que a família venha a usar e,

(c) Cumprir as obrigações legais em termos de reservas (as Reservas Legais de 2% da Zona Euro).


Podemos perguntar se o montante de reservas adicionais que a área de tesouraria do banco vai ter de adquirir é próximo dos 100.000€ ou não. A resposta é não. O montante de reservas necessário para suportar o acréscimo de Depósitos à Ordem é comparativamente reduzido. Senão vejamos.

A exigência referida em (a) diz respeito ao facto de a família poder solicitar a conversão de parte ou da totalidade dos 100.000€ em notas e moedas. Suponhamos que a família decide levantar 1.000€. Ora, é natural que a família gaste estas notas e moedas no valor de 1.000€ a comprar algo que o comerciante que vier a receber estas notas e moedas volte a depositá-las no banco.

No caso de o banco com o qual o comerciante trabalha não ser o Banco-A mas sim o Banco-B, devemos ter em conta que existirá provavelmente uma situação simétrica de outra família que solicitou 100.000€ ao Banco-B, que levantou 1.000€ e os usou para pagar a um comerciante que tem conta no Banco-A. Sendo assim, em média, a quantidade de notas e moedas que sai de cada banco é aproximadamente igual à que entra.



Em média, a quantidade de notas e moedas que sai de cada banco é aproximadamente igual à que entra.


Isto não significa que o Banco-A não necessita de notas e moedas para este fim. De facto, mesmo no caso do comerciante a quem a família paga também tem de ter conta no Banco-A, existirá sempre algum tempo durante o qual as notas e moedas estarão fora do banco e, por isso, este é obrigado a possuir notas e moedas para o efeito. Por outro lado, no caso de o comerciante ter conta no Banco-B, não há garantia de que o outro comerciante, que tem conta no Banco-A (comerciante da situação simétrica), venha a depositar notas e moedas no Banco-A exactamente no mesmo montante. Por esta razão, a área de tesouraria do Banco-A terá de obter alguma quantidade de notas e moedas.

Em resumo: em qualquer dos dois casos existe necessidade de alguma quantidade de notas e moedas, embora não muito elevada. Admita-se que, por experiência, o Banco-A sabe que necessita de cerca de 0,5% do montante de Depósitos à Ordem criado em cada empréstimo para fazer face a este tipo de exigência. Sendo assim, o crédito de 100.000€ faz com que a área de tesouraria do Banco-A decida ir procurar 500€ de reservas de cobertura adicionais para responder à exigência mencionada em (a).

A exigência referida em (b - fazer face a eventuais cheques que a família venha a usar), refere-se ao facto de a família poder escrever um cheque, por exemplo no valor de 99 000€, e entregá-lo como pagamento de algum bem ou serviço. Se o comerciante que recebe o cheque possuir conta num banco que não o Banco-A, por exemplo no Banco-C, quando este banco recebe o cheque que o comerciante lá deposita, leva-o à compensação no Banco de Portugal. Com base nesse cheque, o Banco de Portugal moverá 99.000€ da conta de depósito do Banco-A no Banco de Portugal para a conta de depósito do Banco-C no Banco de Portugal. Para estar preparado para esta eventualidade, o Banco-A tem que possuir reservas suficientes na sua conta no Banco de Portugal.

Um raciocínio idêntico ao feito para o caso da exigência de tipo (a) mostra-nos, no entanto, que o montante de reservas necessárias para este efeito não é muito elevado. De facto, tenderá a existir uma situação simétrica, de uma família que obteve um crédito de 100.000€ junto do Banco-C, que passou um cheque no valor de 99.000€ a um comerciante que depositou o cheque no Banco-A.



Tenderá a existir uma situação simétrica, de uma família que obteve um crédito de 100.000€ junto do Banco-C, que passou um cheque no valor de 99.000€ a um comerciante que depositou o cheque no Banco-A.


Ao levar este cheque à compensação junto do Banco de Portugal, o Banco-A consegue assim reaver as reservas que perdera para o Banco-C. O Banco-A deve no entanto precaver a possibilidade de desfasamentos entre o montante que recebe e o montante que tem que pagar, facto que o leva a ter reservas preparadas na sua conta junto do Banco de Portugal. Admita-se que, por experiência, o Banco-A sabe que necessita de possuir 1% do crédito concedido para fazer face a este tipo de desfasamentos. Neste caso, o crédito de 100.000€ obriga o banco a obter 1000€ adicionais de reservas de cobertura.

Finalmente, a exigência referida em (c - cumprir as obrigações legais em termos de reservas), decorre do facto de os Depósitos à Ordem fazerem parte da base de incidência. Assim sendo, o crédito de 100.000€ implica um aumento na base de incidência e consequentemente no montante de reservas necessário para cumprir os requisitos de reservas legais. No entanto, sendo a taxa de reserva legal de 2% na Zona Euro, o montante de reservas que o banco precisa para este fim é também comparativamente reduzido: o Banco-A irá necessitar de 0,02 x 100.000€ = 2.000€ de reservas para poder cumprir os requisitos legais.

A conclusão a tirar é que, para fazer face às exigências referidas nas alíneas (a), (b), e (c), o Banco-A necessita apenas de 3.500€ ( 500€ + 1.000€ + 2.000€ ) em reservas adicionais. Ou seja, para fazer face às exigências referidas em (a), (b), e (c), o Banco-A apenas necessita de um montante comparativamente reduzido de reservas adicionais (reduzido quando comparado com o valor do empréstimo, que foi de 100.000€ e que criou massa monetária também no valor de 100.000€). Se estendermos este raciocínio ao sistema monetário como um todo, chegamos à conclusão de que, para o conjunto da economia, a massa monetária é muito superior à base monetária. Esta ideia é traduzida quantitativamente pelo conceito de multiplicador monetário.



Os Bancos criam artificialmente dinheiro na Economia concedendo empréstimos com base no sistema bancário de reservas fracionárias. No exemplo da imagem, a partir de um depósito de 100 unidades de dinheiro, chega-se a 171 unidades de dinheiro emprestado.


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Stock de moeda e operações de crédito bancário

Como vimos, a operação de crédito do Banco-A à família provocou o aparecimento de Depósitos à Ordem - e portanto de moeda que não existia antes - no montante de 100.000€.

Vamos agora fazer uma afirmação mais forte: nas economias modernas, a principal fonte de criação de moeda é a concessão de crédito pelos Bancos Comerciais às famílias, às empresas e ao Estado. Repare-se que uma coisa é dizer que uma operação de crédito bancário cria moeda; outra, bem mais forte, é dizer que a maior parte da moeda que existe numa economia nasceu de operações de crédito bancário efectuadas até ao presente.

Note-se que, para que ocorra criação de moeda, a operação de crédito tem de ser de um banco para um agente do sector não monetário; caso contrário, não ocorrerá criação de moeda. Por exemplo, quando uma empresa emite obrigações que são compradas por famílias, as famílias estão a conceder crédito à empresa, mas esta operação não cria nova moeda - implica apenas uma transferência de Depósitos à Ordem já existentes das famílias para a empresa. Outro exemplo: quando um banco concede crédito a outro banco ocorre uma mera transferência de reservas de um banco para outro e nenhuma moeda é criada no processo. Terceiro exemplo: quando uma instituição financeira não monetária (por exemplo, uma locadora) concede crédito a uma empresa, não há criação de depósitos à ordem - ocorre uma mera transferência de depósitos à ordem da locadora para a empresa.

Repare-se também que quando a família paga um crédito que pediu anteriormente (e os juros) fá-lo por débito da sua conta de Depósitos à Ordem e, portanto, esse pagamento destrói depósitos e, assim, moeda. Consequentemente, pode dizer-se que nas economias modernas, a moeda está constantemente a ser criada e destruída: é criada quando os bancos concedem crédito ao sector não monetário e é destruída quando os agentes que pediram crédito aos bancos fazem o pagamento do empréstimo e juros correspondentes.


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Em suma



Graças a «dinheiro criado a partir do nada», os Bancos sugam as populações com os juros que cobram de coisíssima nenhuma.



Um banco concede crédito a uma família no valor de 100.000€ para a compra de uma casa, creditando a conta de depósitos à ordem dessa família no montante de 100.000€.

Para essa operação, um funcionário do banco altera os números que estão registados informaticamente na conta à ordem da família, somando 100.000€ ao valor que lá se encontrava anteriormente.

Esse dinheiro não existia antes em lado nenhum. O banco cria-o a partir do nada digitando essa quantia no teclado de um computador.

Como resultado desta «operação de crédito», passam a existir na economia mais 100.000€ de depósitos à ordem. Uma vez que os depósitos à ordem fazem parte da massa monetária, a operação de crédito fez aumentar o stock de moeda existente na economia.

Ao fim de 30 anos, a uma taxa de juro de 5%, a família pagou ao banco um total de cerca de 193.000€, dos quais 93.000€ são juros.

Resumindo, o banco inventou 100.000€ que emprestou com juros a uma família, e esta, ao fim de 30 anos, entrega os 100.000€ inventados pelo banco mais 93.000€ em juros, estes bem reais. A família foi espoliada pelo banco em 93.000€ de juros sobre um capital que o banco fez surgir do nada e lhe «emprestou».

Esta fraude sem nome acontece quotidianamente em todos os empréstimos dos bancos comerciais às famílias, às empresas e ao Estado. Haverá roubo maior na história da civilização?


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Atentemos igualmente nas palavras de Murray N. Rothbard [Professor de economia e liberal da Escola Austríaca] quando fala da gigantesca fraude bancária que os bancos comerciais têm vindo a praticar até aos nossos dias:

Murray N. Rothbard

"Desde então, os bancos têm criado habitualmente recibos de depósitos, originalmente notas de banco e hoje depósitos, a partir do nada [out of thin air]. Essencialmente, são contrafactores de falsos recibos de depósitos de activos líquidos ou dinheiro padrão, que circulam como se fossem genuínos, como as notas ou contas de cheques completamente assegurados."

"Os bancos criam dinheiro literalmente a partir do nada, hoje em dia exclusivamente depósitos em vez de notas de banco. Este tipo de fraude ou contrafacção é dignificado pelo termo reservas mínimas bancárias [fractional-reserve banking], o que significa que os depósitos bancários são sustentados apenas por uma pequena fracção de activos líquidos que prometem ter à mão para redimir os seus depósitos."




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Os bancos comerciais praticam essencialmente dois grandes tipos de fraude

1 – Quando lhes é pedido um empréstimo, os bancos criam dinheiro a partir do nada sob a forma de depósitos bancários, e cobram juros desse «dinheiro» que possui uma existência apenas contabilística.

Estas «operações» são tornadas possíveis porque os bancos comerciais funcionam em circuito fechado - o dinheiro levantado num banco é depositado noutro, e actuam sob a batuta dos bancos centrais, na sua maioria privados ou geridos por privados, que determinam as taxas directoras e regulam os movimentos financeiros entre os bancos comerciais.


2 – Com esta capacidade mágica de criar do nada ou fazer desaparecer dinheiro, os Banqueiros (mantendo sempre a sua actividade parasita) geram alternadamente dois ciclos «económicos»:

a) O período da Sementeira: os banqueiros baixam os juros e os spreads, facilitam os empréstimos, e, deste modo, injectam dinheiro na economia. As pessoas pedem dinheiro emprestado para montar empresas, os negócios florescem, a produção e o emprego crescem e a riqueza da população aumenta.

b) O período da Colheita: os banqueiros aumentam os juros e os spreads, dificultam os empréstimos, conduzindo a depressões económicas em que as empresas fecham, a produção diminui, o desemprego aumenta e levando as empresas à falência e famílias à pobreza, e de cujos bens se apropriam por uma fracção do seu real valor.