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sábado, novembro 14, 2009

Os Estados Unidos e a Suíça proibiram a vacina contra a Gripe A que está a ser utilizada em Portugal

EUA recusam vacina para gripe A usada na Europa

A vacina que está a ser usada em Portugal contra a gripe A não foi aprovada pelos Estados Unidos por conter substâncias na sua composição que podem alegadamente causar danos à saúde dos que a tomam. Trata-se da Pandemrix [...]

No entanto, a Pandemrix está a provocar a recusa de muitas pessoas na Alemanha da sua utilização, dando como justificação o facto de os políticos e os funcionários públicos de topo serem preventivamente vacinados com uma outra. O presidente do Colégio Alemão dos Médicos de Família refere mesmo que os "potenciais riscos ultrapassam os benefícios" e, segundo Michael Kochen, este é um "teste em larga escala feito à população alemã" [...]



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News Crohn - 30 de Outubro de 2009

Gripe A: Suíça proíbe que grávidas e crianças recebam a vacina Pandemrix

A Swissmedic (autoridade que regula o sector dos medicamentos na Suíça) emitiu, esta sexta-feira (30-10-2009), um comunicado, onde proíbe a utilização da vacina Pandemrix – a mesma utilizada em Portugal – em grávidas, crianças com menos de 18 meses e adultos com mais de 60 anos.

Na base da decisão da Swissmedic está a incerteza quanto aos efeitos do uso do adjuvante AS03, utilizado para a vacina Pandemrix do laboratório GSK.



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Se alguma tragédia acontecer em Portugal em resultado da campanha de vacinação contra a «Gripe A», a ministra da Saúde, Ana Jorge, e o director-geral da Saúde, Francisco George, vão ter muito que explicar aos cidadãos deste país.

quinta-feira, outubro 01, 2009

Na Canal Fox News o especialista em doenças infecciosas, Dr. Kent Holtorf, afirmou: "Nunca daria a vacina da Gripe A aos meus filhos"

O Dr. Kent Holtorf é entrevistado na Fox News sobre os sintomas e o tratamento do H1N1 (a Gripe Suína ou Gripe A). O Dr. Holtorf é um especialista em doenças infecciosas e a sua opinião sobre a vacina que está a chegar ao mercado em Outubro (de 2009) é no mínimo alarmante.


Locutor da Fox News: Disseram-nos que as autoridades americanas vão entregar os estudos iniciais dessa vacina da Gripe A e vão testá-la em finais do mês de Setembro [de 2009].

Temos connosco agora o Dr. Kent Holtorf que é especialista em doenças infecciosas. Sr. Dr. muito obrigado, vamos colocar no ecrã a lista dos sintomas clássicos do H1N1 que recebemos da Organização Mundial de Saúde e do DCD [Centros para o Controlo e Prevenção de Doenças]. Se alguém apresentar estes sintomas [Tosse, Febre, Dor de garganta] o que deverá fazer? Ir ao hospital? Ir ao seu médico?

Dr. Kent Holtorf: Bem o que acho interessante destacar é que o vírus H1N1 está a perder está a perder a sua virulência e vimos que desde que chegou do México perdeu a sua virulência e os sintomas são muito mais brandos. E agora parece que se está a transformar numa gripe sazonal.

Portanto, basicamente, a recomendação é a mesma que se faria para uma gripe sazonal. E se tiver febre contínua por mais de três horas, telefone ao seu médico. E se a febre parar e depois reaparecer e se está na faixa de risco, incluindo crianças pequenas, deve falar com o seu médico se, digamos, a criança ficar com as unhas azuladas, vá às emergências. Não há diferença entre ir às emergências ou a um médico seja em caso de gripe sazonal ou de Gripe A.

Na verdade, se tivesse de escolher, provavelmente, nesta altura, escolheria a Gripe A em vez da gripe sazonal.


Locutor da Fox News: Muito bem. E o que é que o Dr. pensa da vacinação?

Dr. Kent Holtorf: Eu tenho uma preocupação maior com a vacina do que com a Gripe A. A vacina saiu muito rapidamente para o mercado, foi-lhe adicionada um alto nível de drogas que, basicamente, a tornam muito potente, e este tipo de método que usam requer altos níveis desses aditivos, incluindo...


Locutor da Fox News: O Timerasol que é um conservante anti-séptico e que foi relacionado, em alguns casos, com o autismo?

Dr. Kent Holtorf: Exacto, foi demonstrado que causa autismo em crianças com disfunção mitocondrial e agora toda essa controvérsia tem grandes implicações. O problema é que você provavelmente não sabe se a criança tem essa disfunção. Existe também a preocupação com as crianças e adultos que possuem a disfunção hematoencefálica, ou que não esteja completamente desenvolvida, o que inclui crianças, grávidas, pessoas com doenças neurológicas crónicas e casos significativos de fibriomialgia. Já vi pessoas devastadas por estas infecções [causadas pelo Timerasol, aditivo da vacina para a Gripe A].


Locutor da Fox News: Você daria a vacina aos seus filhos?

Dr. Kent Holtorf: De forma nenhuma!


Locutor da Fox News: Não daria. Para sermos justos, falei com três médicos em três dias e todos eles disseram que dariam certamente a vacina aos seus filhos e tomavam-na eles também, mas o Sr. diz que não o faria.

Dr. Kent Holtorf: Eu vi pessoas que sofriam de fibriomialgia a serem devastadas. Vi elevadas implicações em casos de autismo, acho que é estar a brincar à roleta russa. Foi provado que [o Timerasol, aditivo da vacina para a Gripe A] era uma neurotoxina 25 mil vezes mais tóxica que o nível de mercúrio que seria considerado tóxico se estivesse na comida ou na água. E os níveis ascendem a 100 vezes mais que o nível tóxico tolerável. É um risco demasiado grande.


Locutor da Fox News: Muito bem. Foi o Dr. Kent Holtorf, especialista em doenças infecciosas que nos trouxe o outro lado da questão. Muito obrigado.


Vídeo da entrevista legendado em português




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Também o Correio da Manhã, de 17 Setembro 2009, noticiava que a vacina da gripe A pode ser fatal. Que a nova vacina da gripe A pode provocar uma doença neurológica grave, a síndrome Guillain-Barré, que causa paralisia, insuficiência respiratória e pode levar à morte.

Dizia o jornal que a Agência Britânica de Protecção da Saúde (Health Protection Agency), entidade que supervisiona a saúde pública no Reino Unido, enviou uma carta confidencial aos neurologistas britânicos a exigir saber por que razão não foi tornada pública a informação sobre as possíveis consequências da vacina antes do início da vacinação de milhões de pessoas, incluindo crianças.


E no Jornal Nacional da TVI, de 7 de Setembro de 2009, o Dr. Fernando Maltês, Director do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital Curry Cabral e um dos homens que mais tem lidado com a Gripe A em Portugal, afirmava que a Gripe A vai matar menos gente do que uma simples gripe sazonal (gripe comum), que é mais inofensiva e que se trata, na maioria dos casos, com antipiréticos. O Director Geral de Saúde Espanhol é da mesma opinião.

No mesmo Jornal foi dito que saíra a sorte grande à Glaxo Smith Kline, o laboratório britânico a quem Portugal já encomendou seis milhões de doses da vacina contra a Gripe A (a 8 euros cada uma - 48 milhões de euros), que deverá ter um rendimento de cerca de dois mil milhões de euros, tendo em conta que as encomendas estão quase a atingir as trezentas milhões de doses.

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Comentário

Todo este frenesim na encomenda de quantidades astronómicas de vacinas da Gripe A, consideradas altamente nocivas e mesmo mortais por um número crescente de especialistas, somado aos programas de vacinação massiva que se preparam em todo o mundo, incluindo Portugal, faz-me lembrar este relato de Eça de Queiroz de um caso ocorrido durante a Guerra Russo-Turca em 1877:

Eça de Queiroz – Cartas de Inglaterra - Londres, 30 de Maio de 1877

"... Assim o Comissário Geral dos Fornecimentos do Exército [Russo] acaba de ser fuzilado sem processo. Este funcionário estimável introduziu na farinha tal quantidade de cal – que realmente não era possível deixar de lhe meter algumas balas no peito. Uma certa quantidade de cal na farinha como uma certa quantidade de pau campeche no vinho – são procedimentos razoáveis que dão honra, grandes proveitos e ordinariamente uma condecoração. Mas uma tal porção de cal, que torna a farinha mais própria para pintar paredes que para fazer pão, é realmente abusivo, e o Conselho de Guerra foi apenas justo dando àquele funcionário uma disponibilidade... na Eternidade."
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sexta-feira, fevereiro 22, 2008

É a saúde, estúpido!, a saúde dos seus negócios, não a dos cidadãos estúpidos

Boaventura de Sousa Santos é doutor em sociologia do direito pela Universidade de Yale e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

É a Saúde, estúpido!

Publicado na Visão em 14 de Fevereiro de 2008

Ficou famosa a frase "Is the economy, stupid", pronunciada em 1992 por Bill Clinton para explicar aos republicanos as razões da sua vitória eleitoral. Com ela queria dizer que as preocupações principais dos norte-americanos tinham a ver com o estado da economia e com o modo como este se traduzia no seu bem-estar. E por isso uma das suas promessas eleitorais prioritárias era a criação de um sistema de saúde universal, que se aproximasse dos sistemas de saúde da Europa e do Canadá e que acabasse com o escândalo de no país mais rico do mundo cerca de 30 milhões de cidadãos não terem qualquer protecção na saúde. Como é sabido, as grandes empresas da indústria da saúde (das empresas hospitalares, às seguradoras, à indústria farmacêutica e de meios de diagnóstico) moveram uma das guerras mediáticas mais agressivas de que há memória contra a "medicina socialista" de Clinton e a proposta caiu. Hoje são 49 milhões os norte-americanos sem qualquer protecção. Não havendo sistema público senão para os idosos, os trabalhadores dependem da disponibilidade dos patrões para agregarem o seguro ao contrato de trabalho e tal disponibilidade é cada vez mais escassa. Não é, pois, por acaso, que os candidatos do partido democrático, Barak Obama e Hilary Clinton, voltem a pôr no centro dos seus programas eleitorais o financiamento público da cobertura universal dos meios de saúde.

«Tem tudo a ver com prioridades. Podemos subornar um xeque sunita para que seja nosso aliado durante uma semana inteira pelo mesmo preço de vacinar 100.000 miúdos pobres contra a gripe.»


Mais do que irónico é trágico que em Portugal se esteja a tentar destruir aquilo que o povo norte-americano tanto aspira. Mais trágico ainda é que, neste domínio, haja desde 2002, com o governo de Durão Barroso, uma continuidade mal disfarçada entre as políticas do PSD e do PS. Descartada a retórica, os objectivos do ministro da saúde de Durão Barroso, Luís Filipe Pereira, e do ex ministro Correia de Campos são os mesmos: privatizar o bem público da saúde, transformando-o num lucrativo sector de investimentos de capital (como dizia recentemente, um quadro de uma grande empresa de saúde: "mais lucrativo que o negócio da saúde, só o negócio das armas"); transformar o Serviço Nacional de Saúde num sistema residual, tecnológica e humanamente descapitalizado, proporcionando serviços de baixa qualidade às populações pobres da sociedade; definir a eficiência em termos de custos e não em termos de resultados clínicos (levado ao paroxismo pela decisão do ex-ministro socialista de limitar o aumento da produção cirúrgica nos hospitais para não aumentar a despesa); eliminar qualquer participação dos cidadãos na formulação das políticas de saúde para poder impor rápida e drasticamente três palavras de ordem: privatizar, fechar, concentrar; promover parcerias público/privado em que todos os riscos são assumidos pelo Estado e as derrapagens financeiras não contam como desperdício ou ineficiência (já que uma e outra são um exclusivo do sector público).

A Correia de Campos, apenas devemos reconhecer a coerência. Desde que passou pelo Banco Mundial assumiu-se como coveiro do Estado Social, seja na saúde ou na segurança social. Na Comissão do Livro Branco da Reforma da Segurança Social, a que pertenci, verifiquei com espanto que os seus aliados na comissão não eram os socialistas, eram precisamente Luís Filipe Pereira (que pouco depois quis privatizar a saúde) e Bagão Félix (que, desde sempre quis privatizar a segurança social). Alguém se recorda que a criação do SNS em 1979 esteve na origem do abandono por parte do CDS da coligação que sustentava o governo do partido socialista? Portanto, de duas uma, ou o PS abandonou os seus princípios ou Correia de Campos está no partido errado? A sua recente demissão parece apontar para a segunda opção mas só a política concreta da nova ministra confirmará ou não se afinal não estamos perante a primeira opção.

Para que esta primeira opção não se confirme é necessário que a actuação do governo se paute, por obras e não por palavras, pelos seguintes princípios.

O SNS é um dos principais pilares da democracia portuguesa, e a ela se devem os enormes ganhos de desenvolvimento humano nos últimos trinta anos; qualquer retrocesso neste domínio é um ataque à democracia. O SNS é um factor decisivo da gestão territorial do país (o país não termina a 50 km da costa). O SNS é um serviço financiado por todos, ao serviço e gerido em função dos ganhos de saúde e de modo a eliminar desperdícios. Nos critérios de eficiência, inclui-se a eficiência na vida dos doentes cujo atendimento pontual é fundamental para que não se perca uma manhã num acto médico que dura 20 minutos.

É urgente modernizar o SNS no sentido de o aproximar dos cidadãos tanto na prestação dos cuidados como na gestão dos serviços (participação dos cidadãos e das associações de doentes na concretização do direito à saúde deve ser incentivada). Promover a todo o custo o regime de exclusividade e terminar com a escandalosa promiscuidade entre a medicina pública e privada para que, por exemplo, não se continuem a acumular fortunas fabulosas com base nas listas de espera ou na falta de equipamentos. Promover a estabilidade e as carreiras, apostar na inovação técnica e científica e democratizar o acesso às faculdades de Medicina. E sobretudo tornar claro o carácter complementar do sector privado antes que os grupos económicos da saúde (Grupo Mello, BES, BPN/GPS, CGD/HPP, etc.) tenham suficiente poder para serem eles próprios a definir as políticas públicas de saúde e, portanto, para bloquear quaisquer medidas que afectem as suas taxas de juro. Quando tal acontecer serão eles a dizer: "É a saúde, estúpido!", a saúde dos seus negócios, não a dos cidadãos estúpidos.


Comentário:

... antes que os grupos económicos da saúde (Grupo Mello, BES, BPN/GPS, CGD/HPP, etc.) tenham suficiente poder para serem eles próprios a definir as políticas públicas de saúde e, portanto...



... para bloquear quaisquer medidas que afectem as suas taxas de juro.


sexta-feira, janeiro 18, 2008

Laissez-faire, laissez mourir. Faites vos jeux!

Economist - 14 de Janeiro de 2008


«Os Estados Unidos ficam atrás de outros países ricos no desempenho global de seu sistema médico. Um novo estudo efectuado por investigadores da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres comparou os dados de 19 países em relação ao número de mortes abaixo dos 75 anos que poderiam ter sido evitadas com os cuidados médicos próprios. As mortes evitáveis decaíram 16% em média nestes países entre 1997 e 2003. Foram registradas grandes melhorias em países que começaram com níveis baixos de mortes evitáveis (como em França) e outros com níveis mais altos (como em Inglaterra). Mas os Estados Unidos, onde os custos em cuidados médicos per capita são os mais elevados, estão no fundo da tabela


Comentário:

Do people die younger? It’s the Free Market stupid! No money, no fun!



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terça-feira, novembro 13, 2007

Porque eles temem Michael Moore

No Resistir.Info - por John Pilger

Em Sicko, o novo filme de Michael Moore, aparece um jovem Ronald Reagan apelando à classe trabalhadora americana para rejeitar a "medicina socializada" como subversão comunista. Nas décadas de 1940 e 1950 Reagan foi empregado pela American Medical Association e pela grande indústria como o amável porta-voz de uma tendência neo-fascista a fim de persuadir os americanos comuns de que os seus verdadeiros interesses, tais como cuidados universais de saúde, eram "anti-americanos".

Ao ver isto, encontrei-me a recordar os efusivos adeuses a Reagan quando morreu três anos atrás. "Muitas pessoas acreditam", disse Gavin Esler na Newsnight da BBC, "que ele restaurou a fé na acção militar americana [e] era amado até pelos seus adversários políticos". No Daily Mail, Esler escreveu que Reagan "corporificava o melhor do espírito americano — a crença optimista de que os problemas podem ser resolvidos, de que amanhã será melhor do que hoje, e de que os nossos filhos serão mais ricos e mais felizes do que nós somos".

Tantas idiotices acerca de um homem que, como presidente, foi responsável pelo banho de sangue na América Central durante a década de 80, e pela ascensão do próprio terrorismo que produziu a al-Qaeda, tornaram-se uma mentira acreditada e propagada por todos os meios. A participação de Reagan em Sicko é um raro vislumbre da verdade da sua traição ao país dos colarinhos azuis que ele dizia representar. As trafulhices de um outro presidente, Richard Nixon, e de uma aspirante a presidente, Hillary Clinton, são igualmente reveladas por Moore.

Exactamente quando parecia que pouco restava a dizer acerca do grande trafulha do Watergate, Moore extrai das fitas da Casa Branca de 1971 uma conversação entre Nixon e John Erlichman, seu ajudante que acabou na prisão. Um rico apoiante do Partido Republicano, Edgar Kaiser, chefe de uma das maiores companhias de seguro de saúde, está na Casa Branca com um plano para "uma indústria nacional de cuidados de saúde". Erlichman remete-o para Nixon, o qual está aborrecido até que a palavra "lucro" é pronunciada.

"Todos os incentivos", diz Erlichman, "correm do modo certo: quanto menos cuidados [médicos] eles lhes derem, mais dinheiro eles fazem". Ao qual Nixon replica sem hesitação: "Boa!" A cena seguinte mostra o presidente a anunciar à nação um grupo de trabalho que fará um sistema "dos melhores cuidados de saúde". Na verdade, é um dos piores e mais corruptos do mundo, como mostra Sicko, negando a humanidade comum a uns 50 milhões de americanos e, para muitos deles, o direito à vida.

A sequência mais assombrosa é capturada por uma câmara de segurança numa rua de Los Angeles. Uma mulher, ainda com o seu avental de hospital, cambaleia através do tráfego, para onde foi atirada pela companhia (aquela fundada pelo apoiante de Nixon) que dirige o hospital ao qual estava autorizada. Ela ainda está mal e assustada e não tem seguro de saúde. Ainda usar a sua pulseira de admissão, embora o nome do hospital tenha sido cuidadosamente apagado.

Mais tarde encontramos este fascinante casal liberal, Bill e Hillary Clinton. É o ano de 1993 e o novo presidente está a anunciar a designação da primeira dama como aquela que cumprirá a sua promessa de dar à América um cuidado de saúde universal. E aqui está a própria "encantadora e inteligente" Hillary, quando um senador chama-a, lançando a sua "visão" para o Congresso. O retrato de Moore da loquaz, trocista e sinistra Hillary recorda Bob Roberts , a soberba sátira política de Tim Robbins. Você sabe que o seu cinismo já está na sua garganta. "Hillary", informa a voz de Moore, "foi premiada pelo seu silêncio [em 2007] como a segunda maior receptora do Senado de contribuições da indústria de cuidados de saúde".


Moore disse que Harvey Weinstein, cuja companhia produziu Sicko e que é amigo dos Clintons, quis cortar esta parte, mas ele recusou. O assalto ao candidato do Partido Democrático que provavelmente será o próximo presidente é um desvio de Mooore que, na sua campanha pessoal de 2004 contra George Bush, apoiou a candidatura presidencial de general Wesley Clark, que bombardeou a Sérvia, e defendeu o próprio Bill Clinton, afirmando que "nunca ninguém morreu devido ao sexo oral". (Talvez não, mas meio milhão de crianças iraquianas morreu devido ao sítio medieval de Clinton ao seu país, assim como milhares de haitianos, sérvios, sudaneses e outras vítimas das suas incontáveis invasões).

Com esta aparente nova independência, a destreza de Moore e o humor negro em Sicko, que é um brilhante trabalho de jornalismo, sátira e feitura de filmes, explica – talvez ainda melhor do que os filmes que lhe deram fama, Roger and Me, Bowling for Columbine e Fahrenheit 9/11 – sua popularidade e influência, assim como seus inimigos. Sicko é tão bom que você esquece os seus viéses, nomeadamente a romantização de Moore do Serviço Nacional de Saúde britânico, ignorando um sistema de dois níveis que negligencia os idosos e os doentes mentais.

O filme abre com um amargo carpinteiro a descrever como teve de fazer uma escolha depois de dois dedos serem cortados por uma serra eléctrica. A escolha era US$60.000 para restaurar um dedo indicador ou US$12.000 para restaurar um dedo médio. Ele não podia permitir-se arcar com as despesas de ambos, e não tinha seguro. "Sendo um romântico irremediável", diz Moore, "ele escolheu o dedo anular" no qual usa a sua aliança de casamento. O talento de Moore conduz-nos a cenas abrasadoras, ainda que não sentimentais, tais como a ira eloquente de uma mulher a cuja filha pequena foi negado cuidado hospitalar e morreu de um ataque. Poucos dias depois de Sicko ser lançado nos Estados Unidos, mais de 25 mil pessoas inundaram o sítio web de Moore com histórias semelhantes.

A Associação dos Enfermeiros da Califórnia e o Comité Organizador Nacional dos Enfermeiros enviaram voluntários para viajar com o filme. "No meu entender", diz Jan Rodolfo, um enfermeiro de oncologia, "ele demonstra o potencial para um verdadeiro movimento nacional porque obviamente está a inspirar muitas pessoas em muitos lugares".

A "ameaça" de Moore é a sua visão certeira a partir da base. Ele elimina a satisfação com a qual a elite da América e os media entretêm as pessoas comuns. Isto é um assunto tabú entre muitos jornalistas, especialmente aqueles que afirmam terem ascendido ao nirvana da "imparcialidade" e outros que declaram ensinar jornalismo. Se Moore simplesmente apresentasse vítimas como de costume, com corridas de ambulância, deixando os espectadores chorosos mas paralisados, ele teria poucos inimigos. Não seria encarado como um polemista e auto-promotor e todas as outras etiquetas pejorativas que aguardam aqueles que dão um passo para além das fronteiras invisíveis em sociedades onde se diz que a riqueza equivale à liberdade. Os poucos que escavam mais fundo na natureza de uma ideologia liberal que se considera a si própria como superior, ainda que seja responsável por crimes em proporções enormes e geralmente não reconhecidos, arriscam-se a serem eliminados do jornalismo "de referência", especialmente se forem jovens — um processo que um antigo editor certa vez descreveu-me como "uma espécie de defenestração gentil".

Ninguém avançou tanto como Moore, e os seus detractores são perversos ao dizer que ele não é um "jornalista profissional" quando o papel do jornalista profissional é tantas vezes o de servir com zelo, ainda que subrepticiamente, o status quo. Sem a lealdade destes profissionais no New York Times e outras augustas instituições mediáticas "de registo" (a maior parte delas liberal), a invasão criminosa do Iraque poderia não ter acontecido e um milhão de pessoas hoje estariam vivas. Posicionado no lugar sagrado de Hollywood – o cinema – o Fahrenheit 9/11 de Moore lançou uma luz nos seus olhos, penetrou no buraco da memória, e contou a verdade. Eis porque audiências por todo o mundo aplaudiram-no de pé e com entusiasmo.

O que me impressionou quando vi pela primeira vez Roger and Me, o primeiro grande filme de Moore, foi que éramos convidados a gostar de americanos comuns pela sua luta e resistência e política que ia para além da barulhenta e falsificada indústria da democracia americana. Além disso, é claro que eles "captavam-no": que apesar de ser rico e famoso ele é, no fundo, um deles. Um estrangeiro a fazer algo semelhante arriscar-se-ia a ser atacado como "anti-americano", uma expressão que Moore utiliza muitas vezes como ironia a fim de demonstrar a sua desonestidade. De repente, ele despede-se da espécie de asneiradas sem sentido, como aquela de uma série da Radio 4 da BBC que apresentou a humanidade como pro- ou anti-americana enquanto o repórter extasiava-se acerca da América, "a cidade sobre a colina".

Igualmente tendencioso é um documentário chamado Manufacturing Dissent, o qual parece ter sido produzido para desacreditar, se não o Sicko, o próprio Moore. Feito pelos canadianos Debbie Melnyk e Rick Caine, ele diz mais acerca de liberais que gostam de ver os dois lados e os ciúmes invejosos dos presunçosos. Melnyk conta-nos ad nauseam o quanto ela admira os filmes e a política de Moore e é por eles inspirada, a segue procede a uma tentativa de assassínio do seu carácter com uma enxurrada de afirmações e boatos acerca dos seus "métodos", juntamente com abuso pessoa, tal como aquele do crítico que objectou quanto ao caminhar "balouçante" de Moore e mais alguém que disse considerar que Moore realmente odiava a América — era anti-americano, nada menos!

Melnyk critica Moore ao perguntar-lhe porque, na sua tentativa de obter uma entrevista de Roger Smith da General Motors, deixou de mencionar que já havia falado com ele. Moore disse que entrevistou Smith muito antes de começar a filmar. Quando ela por duas vezes intercepta o caminho de Moore, é certamente porque está envergonhada com a sua resposta afável. Se há um renascimento dos documentários, ele não é beneficiado por filmes como este.

Isto não significa sugerir que Moore não deveria ser criticado e desafiado sobre se ele, sim ou não, "excedeu-se" quanto às normas aceites, assim como o trabalho do reverenciado pai do documentário britânico, John Grierson, tem sido reexaminado e questionado. Mas a paródia irresponsável não é o caminho. Rodar a câmara em torno, como tem feito Moore, e revelar o "governo invisível" dos grandes poderes de manipulação e muitas vezes de propaganda subtil certamente é um caminho. Ao fazer assim, o autor de documentários rompe o silêncio e cumplicidade descritos por Günter Grass na sua confissão autobiográfica, Peeling the Onion, tal como a mantida por aqueles que "fingem a sua própria ignorância e atestam a de outro... distraindo a atenção de algo que se pretende esquecer, algo que no entanto recusa-se a ir embora".

Para mim, um Michel Moore anterior foi aquele outro grande denunciante "anti-americano", Tom Paine, que incorreu nas iras do poder corrupto quando advertiu que se à maioria do povo estava a ser recusada "as ideias da verdade", era tempo de derrubar o que chamou a "Bastilha das palavras" e que nós chamamos "os media". Esse tempo está mais que ultrapassado.
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sábado, julho 14, 2007

EUA – a saúde pode matar

Jornal Expresso - 14 de Julho de 2007

Texto de Daniel Oliveira

‘Sicko’

Eram escusadas as lágrimas e a pequena manipulação emocional no último filme de Michael Moore, ‘Sicko’, sobre o sistema de saúde americano. Os factos chegavam. Por cada cidadão, gastam-se nos EUA mais de sete mil dólares por ano em saúde. O dobro dos europeus. O triplo dos portugueses. Para acudir a todos? Pelo contrário. 43 milhões de americanos não têm acesso a qualquer cuidado de saúde e por isso mesmo morrem 18 mil por ano. Para ter melhor? Pelo contrário. A qualidade do sistema de saúde americano, quase exclusivamente garantido por seguradoras, põe os Estados Unidos no humilhante 37º lugar do «ranking» da Organização Mundial de Saúde. Os dez primeiros são quase todos europeus. Segure-se: Portugal está em 12º. E cerca de metade da mortalidade infantil por mil nascimentos da que é registada nos EUA. Um número a reter.

O documentário conta histórias na primeira pessoa. Um amputado que teve de escolher o dedo que poderia ver de volta olhando para o seu saldo bancário. Uma mulher que não foi aceite por uma seguradora por ser demasiado gorda. Um médico que assina de cruz todas as recusas e ganha um bónus por cada tostão que poupa à empresa.

Da próxima vez que alguém, para defender a privatização do serviço público de saúde, lhe falar de liberdade de escolha e de qualidade dos serviços veja este filme. O europeu gasta menos e pode escolher entre o privado e o público. O americano gasta mais para poder escolher entre as seguradoras e coisa nenhuma. E mesmo assim terá de negociar a sua vida.

Um resumo de 12 minutos do filme de Michael Moore - Sicko




Comentário:

Ora aqui está um filme que o nosso ministro da saúde, António Correia de Campos, não desejará assistir. Um filme demasiado violento para quem se tem empenhado tanto em enterrar o Serviço Nacional de Saúde