
Noutra edição do Público, Paulo Teixeira Pinto exerce o seu direito de resposta:
(i) "Não recebi qualquer "indemnização de 10 milhões de euros", nem "à cabeça", nem a qualquer outro título, pela renúncia ao cargo de presidente do Conselho de Administração Executivo do Banco Comercial Português;"
(ii) "Também não recebi qualquer indemnização pela rescisão do contrato de trabalho enquanto quadro do banco, com a categoria de director-geral;"
(iii) "Foi-me paga a remuneração total referente ao exercício de 2007;"
(iv) "Passei à situação de reforma em função de relatório de junta médica."
Seguindo-se a seguinte Nota da Direcção do jornal: Como "indemnização", o PÚBLICO pretendeu referir-se ao acerto de contas imediato efectuado aquando da saída do banco. Os números que deverão constar do Relatório e Contas do BCP são os seguintes: Compensações - 1,9625 milhões de euros; Remunerações Variáveis - 7,770 milhões de euros; Pensão Vitalícia - 37,5 mil euros mensais durante catorze meses por ano. Nas contas de 2007, apenas serão contabilizados os encargos com pensões durante os primeiros 14 anos.
Mas, pergunta-se, não merecerá um homem cujo suor ofereceu tantas centenas de milhões de lucros à empresa que o acolheu, uma reforma que não envergonhe? Ou, dar-se-á o caso do genial Paulo Teixeira Pinto ter pouco ou nada a ver com os lucros escandalosos que o Millenium BCP tem vindo a acumular?
Porque, na verdade, todos os bancos têm vindo a bater recordes de lucros. Não será tudo afinal fruto da incompreensível subida da taxa de juros levada a cabo pelo Banco Central Europeu (BCE), para uma inflação que permanece estável? Não estarão os bancos a proceder a um roubo de proporções bíblicas sob a batuta do Presidente do BCE, Jean-Claude Trichet e respectivos Masters?

Os analistas económicos fazem a mesma pergunta:
Domingos Amaral – Diário económico (2/5/2007): "O Banco Central Europeu continua demasiado paranóico com a inflação, descobriu uma nova fonte de aflição chamada "massa monetária", que segundo o BCE cresce em demasia, e portanto há que conter essa energia desalmada, e a única forma de o fazer é aumentar as taxas de juro. A subida das taxas complica tudo. Complica porque valoriza ainda mais o euro perante o dólar, e complica porque aumenta as dívidas das pessoas, das empresas e do Estado."
Miguel Frasquilho – Jornal de negócios (2/5/2007): "(...) Assim sendo, por que continua o BCE a sua escalada dos juros? Promover o crescimento económico sem pressões inflacionistas não é positivo? (...) Tudo leva a que seja difícil de entender o que move o BCE a continuar a subir os juros, como os mercados antecipam e já atrás referi. Não deverá o BCE deixar de utilizar a massa monetária como principal factor para explicar o comportamento da inflação?"

O despejo de uma casa fruto da execução da hipoteca pelo banco

Comentário:
Madre Teresa de Calcutá afirmava sobre o uso da disciplina: "Se estou doente, me açoito cinco vezes. Preciso fazê-lo para compartilhar da paixão de Cristo e do sofrimento de nossos pobres. Quando vemos as pessoas sofrendo, a imagem de Cristo surge naturalmente diante de nós."
Paulo Teixeira Pinto afirma ter passado à situação de reforma em função de relatório de junta médica. Não será o problema físico que atormenta Teixeira Pinto, resultado de alguma infecção provocada por um excesso de açoites auto-infligidos, na prática da mortificação voluntária, nos bons ensinamentos da a Opus Dei?
Terá Paulo Teixeira Pinto, devido a excessos de espiritualidade, abusado na auto-flagelação por forma a compartilhar o sofrimento dos portugueses que perderam as suas casas graças às subidas das taxas de juro, e que continuam denodadamente a trabalhar para a engorda, tanto dos Paulos como da banca?
Ou, em alternativa, quantos açoites lhe daria Madre Teresa de Calcutá para o fazer compartilhar da paixão de Cristo e do sofrimento dos novos pobres (que perderam as suas casas e os seus negócios em virtude de juros inexplicáveis)? E, à falta da Madre Teresa, quantos açoites lhe deveriam aplicar os novos pobres para fazer o Paulo compartilhar da paixão de Cristo?
