"Uma reportagem de uma visita de estudo feita por quinze alunos de Valpaços. A Auschwitz-Birkenau. Ouve-se aqui."
"Podia falar-se da insconciência do júbilo saltitante de quem parece mais ter chegado ao Oceanário ou a um festival de Verão, do que ao anus mundi. (Na verdade, o anus Occidentis...) Mas isso talvez fosse injusto: o que se ouve pode muito bem estar descontextualizado e reflectir apenas um desvio relativamente às nossas expectativas de adultos. O problema são os diálogos, as discussões que se podem ouvir: primeiro, julguei tratar-se de alunos dos 9º ou 10º Anos. Mas não. São alunos do 12º... Ao fim de quase doze anos de escolaridade é aquilo que se obtém. A imaturidade é inacreditável. Imaturidade histórica, cultural - talvez até se possa falar em imaturidade humana. Não são inteira nem fundamentalmente culpados por ela. O facto de viverem onde vivem contribuiu para o crime? Sim, mas só em parte. Acontece que a Escola existe para contribuir decisivamente para minorar ou contrariar esses constrangimentos."
"Aquelas raparigas e rapazes são vítimas de anos e anos de mediocridade castrante, da estupidificação da Escola portuguesa. Orientações políticas, visão da Escola como armazém de entretenimento infantilizante, directivas incompetentes, quantas vezes idiotas, opções curriculares, erosão da autonomia dos professores, perversões pedagógicas e da política disciplinar, etc."
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"Podia falar-se da insconciência do júbilo saltitante de quem parece mais ter chegado ao Oceanário ou a um festival de Verão, do que ao anus mundi. (Na verdade, o anus Occidentis...) Mas isso talvez fosse injusto: o que se ouve pode muito bem estar descontextualizado e reflectir apenas um desvio relativamente às nossas expectativas de adultos. O problema são os diálogos, as discussões que se podem ouvir: primeiro, julguei tratar-se de alunos dos 9º ou 10º Anos. Mas não. São alunos do 12º... Ao fim de quase doze anos de escolaridade é aquilo que se obtém. A imaturidade é inacreditável. Imaturidade histórica, cultural - talvez até se possa falar em imaturidade humana. Não são inteira nem fundamentalmente culpados por ela. O facto de viverem onde vivem contribuiu para o crime? Sim, mas só em parte. Acontece que a Escola existe para contribuir decisivamente para minorar ou contrariar esses constrangimentos."
"Aquelas raparigas e rapazes são vítimas de anos e anos de mediocridade castrante, da estupidificação da Escola portuguesa. Orientações políticas, visão da Escola como armazém de entretenimento infantilizante, directivas incompetentes, quantas vezes idiotas, opções curriculares, erosão da autonomia dos professores, perversões pedagógicas e da política disciplinar, etc."
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A este post de Carlos Botelho, no Blogue "O Cachimbo de Magritte", eu respondi com o seguinte comentário:

Elie Wiesel é um judeu nascido na Roménia a 30 de Setembro de 1928. Aos 15 anos é deportado para Auschwitz, onde esteve prisioneiro durante dez meses, e depois para Buchenwald. Sobrevivente dos campos de concentração nazis, torna-se cidadão americano em 1963 e obtém uma cátedra de ciências humanas na universidade de Boston. Em 1980, Elie Wiesel funda o Conselho para o Holocausto americano. Condecorado em França com a Legião de Honra, recebeu a Medalha do Congresso americano, recebeu o título de doutor honoris causa em mais de cem universidades e recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1986. O Comité norueguês do Nobel denominou-o "mensageiro para a humanidade."
As suas obras, quase 40 livros, edificadas para resgatar a memória do Holocausto e defender outros grupos vítimas de perseguições receberam igualmente vários prémios literários. Em Outubro de 2006, o Primeiro-ministro israelita Ehud Olmert propôs-lhe o cargo de Presidente do Estado de Israel. Elie Wiesel recusou a oferta explicando que não era mais do que um "escritor". Elie Wiesel preside, nos EUA, desde 1993, à Academia Universal de Culturas.
As suas obras, quase 40 livros, edificadas para resgatar a memória do Holocausto e defender outros grupos vítimas de perseguições receberam igualmente vários prémios literários. Em Outubro de 2006, o Primeiro-ministro israelita Ehud Olmert propôs-lhe o cargo de Presidente do Estado de Israel. Elie Wiesel recusou a oferta explicando que não era mais do que um "escritor". Elie Wiesel preside, nos EUA, desde 1993, à Academia Universal de Culturas.
Elie Wiesel, no seu livro autobiográfico «Noite», onde descreve os dez meses em que esteve prisioneiro no campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, não refere uma única vez nenhuma das cinco enormes câmaras de gás que funcionaram em Auschwitz-Birkenau.
E quando os Russos estavam prestes a tomar conta de Auschwitz em Janeiro de 1945, Elie e o seu pai escolheram ir para a Alemanha com os nazis em retirada em vez de serem libertados pelo maior aliado de América. Se tivessem permanecido no campo, teriam podido, dentro de dias, contado ao mundo inteiro tudo sobre o extermínio dos judeus perpetrado pelos nazis em Auschwitz - mas, Elie e o pai escolheram, em vez disso, viajar para oeste com os nazis, a pé, de noite, num Inverno particularmente frio, e consequentemente continuarem a trabalhar para a defesa do Reich.
Excerto do livro «Noite» de Elie Wiesel:
- O que é fazemos, pai?
Ele estava perdido nos seus pensamentos. A escolha estava nas nossas mãos. Por uma vez, podíamos ser nós a decidir o nosso destino: ficarmos os dois no hospital, onde podia fazer com que ele desse entrada como doente ou como enfermeiro, graças ao meu médico, ou, então, seguir os outros.
Tinha decidido acompanhar o meu pai para onde quer que fosse.
- E então, o que é que fazemos pai?
Ele calou-se.
- Deixemo-nos ser evacuados juntamente com os outros – disse-lhe eu.
Ele não respondeu. Olhava para o meu pé.
- Achas que consegues andar?
- Sim, acho que sim.
- Espero que não nos arrependamos, Elizer!
A escolha aqui feita em Auschwitz por Elie Wiesel e o seu pai, em Janeiro de 1945, é de extrema importância. Em toda a história do sofrimento judeu às mãos dos nazis, que altura poderia ser mais dramática do que o precioso momento em que um judeu podia escolher entre a libertação pelos Soviéticos ou fugir com os genocidas nazis para a Alemanha, continuando a trabalhar para eles e ajudando-os a preservar o seu regime demoníaco?
E quando os Russos estavam prestes a tomar conta de Auschwitz em Janeiro de 1945, Elie e o seu pai escolheram ir para a Alemanha com os nazis em retirada em vez de serem libertados pelo maior aliado de América. Se tivessem permanecido no campo, teriam podido, dentro de dias, contado ao mundo inteiro tudo sobre o extermínio dos judeus perpetrado pelos nazis em Auschwitz - mas, Elie e o pai escolheram, em vez disso, viajar para oeste com os nazis, a pé, de noite, num Inverno particularmente frio, e consequentemente continuarem a trabalhar para a defesa do Reich.
Excerto do livro «Noite» de Elie Wiesel:
- O que é fazemos, pai?
Ele estava perdido nos seus pensamentos. A escolha estava nas nossas mãos. Por uma vez, podíamos ser nós a decidir o nosso destino: ficarmos os dois no hospital, onde podia fazer com que ele desse entrada como doente ou como enfermeiro, graças ao meu médico, ou, então, seguir os outros.
Tinha decidido acompanhar o meu pai para onde quer que fosse.
- E então, o que é que fazemos pai?
Ele calou-se.
- Deixemo-nos ser evacuados juntamente com os outros – disse-lhe eu.
Ele não respondeu. Olhava para o meu pé.
- Achas que consegues andar?
- Sim, acho que sim.
- Espero que não nos arrependamos, Elizer!
A escolha aqui feita em Auschwitz por Elie Wiesel e o seu pai, em Janeiro de 1945, é de extrema importância. Em toda a história do sofrimento judeu às mãos dos nazis, que altura poderia ser mais dramática do que o precioso momento em que um judeu podia escolher entre a libertação pelos Soviéticos ou fugir com os genocidas nazis para a Alemanha, continuando a trabalhar para eles e ajudando-os a preservar o seu regime demoníaco?
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Este meu comentário que Carlos Botelho, o autor do post, considerou um «descarregar de obsessões, foi censurado:
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Face ao que foi afirmado pelo Prémio Nobel, Elie Wiesel (que tomou a decisão de fugir de Auschwitz com os nazis ante a proximidade dos soviéticos), atrevo-me a pensar que a censura ao meu comentário no blogue Cachimbo de Magritte não se deve tanto à imaturidade dos miúdos de Valpaços, mas antes, aos anos e anos de mediocridade castrante e à constante estupidificação mediática a que Carlos Botelho tem vindo a ser submetido.