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segunda-feira, março 31, 2014

Dívida Soberana dá biliões de lucros à Banca e envia milhões de portugueses (e de europeus) para a miséria


A fraude da «Dívida Soberana» e o ilusório «Manifesto dos 74»


Correio da Manhã - Bancos vão buscar crédito ao BCE a 1% e investem em dívida pública a taxas superiores (que vão de 5% a 12%). Em 2010, já ganharam mais de 150 milhões de euros. De Janeiro a Setembro, aplicações subiram 7,8 mil milhões.





O investimento na dívida pública portuguesa está a revelar-se um excelente negócio para a Banca nacional. Com os juros da dívida da República em alta desde o início do ano, até atingirem 6,8% no leilão de Obrigações do Tesouro neste mês, o aumento das aplicações em 7,8 mil milhões de euros, entre Janeiro e Setembro de 2010, já garantiu à Banca muitos milhões de euros.

Se fizermos as contas ao dinheiro aplicado neste ano, e se contarmos com uma margem mínima de dois pontos percentuais, o lucro ultrapassa os 150 milhões de euros, mas na realidade os ganhos ainda serão superiores. O BCE [Banco Central Europeu] empresta dinheiro à Banca portuguesa a 1%, contra garantias, e a Banca investe em dívida com juros a 6%", explica Mira Amaral, ex-ministro de Cavaco Silva e actual líder do BIC [Banco Internacional de Crédito].

Os últimos dados do Banco de Portugal revelam que, em Setembro de 2010, os bancos nacionais tinham investidos em dívida pública portuguesa 17,9 mil milhões de euros, um aumento de 53% em relação aos 9,5 mil milhões de euros registados em igual mês do ano passado.

Desde a entrada em vigor da moeda única, a 1 de Janeiro de 1999, que a Banca portuguesa não tinha tamanha exposição [leia-se: acesso] à dívida pública. Para Luís Nazaré, ex-líder dos CTT, esta realidade "revela mais sensibilidade [leia-se: voracidade] da Banca nacional para assegurar a dívida pública portuguesa, mas é também uma excelente aplicação, porque vai buscar o dinheiro a 1% ao BCE e investe-o a 5% na dívida".


Mira Amaral alerta que "isto não é sustentável", porque "o BCE está a ajudar, através dos bancos comerciais, os governos".


Mira Amaral - um assassino ao serviço da Grande Finança Internacional


Este fanhoso funcionário bancário tenta, manhosa mas infrutiferamente, virar o bico ao prego e colocar os bancos no papel de vítimas, dando a entender que é o Estado, ou seja, os contribuíntes, os grandes beneficiários deste roubo colossal perpetrado pela Banca, e de que ele, ao longo da vida, tem sido um fiel servidor.

Mira Amaral integrou os quadros do BPI, transitando do adquirido Banco de Fomento, privatizado nos anos 90. No início da década actual, reformou-se do BPI com indemnização e pensão substanciais. Algum tempo depois, ingressou na Caixa Geral de Depósitos, por influência do PSD; porém, ao fim de 18 meses, viria a deixar a instituição do Estado, com uma obscena pensão de reforma de mais de 18.000 euros mensais.

Hoje, Mira Amaral, administra o Banco BIC, ao serviço de Amorim e de Isabel dos Santos, a princesa do reino corrupto de Angola.


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O Banco Central Europeu (BCE), segundo os próprios estatutos, está proibido de comprar dívida diretamente aos Estados mas tem toda a liberdade de financiar a banca a uma taxa de juro muito baixa (1%), não impondo quaisquer limites na utilização desse dinheiro. Este facto permite que os bancos possam obter lucros extra à custa das taxas de juro elevadas que cobram não só aos Estados, mas também às famílias e às empresas.

No entanto, o BCE pode comprar dívida soberana, ou seja, dos Estados, no chamado "mercado secundário" onde têm acesso os bancos. Portanto, está-se perante a situação caricata que permite à banca especular com a divida emitida pelos Estados, da seguinte forma:

O BCE não pode comprar directamente a dívida ao Estado português, mas já pode comprá-la aos bancos (os celebérrimos mercados) que a adquirem. E então o esquema especulativo montado pela UE e pelo BCE para enriquecer a banca à custa dos contribuintes, das famílias, e do Estado português é o seguinte: a banca empresta às famílias, às empresas e ao Estado português cobrando taxas de juro que variam entre 5% e 12%, ou mesmo mais, depois pega nessa divida, titularizando-a, e vende-a ao BCE obtendo empréstimos a uma taxa de juros de apenas 1%.

De 2008 a 2011 - EM APENAS TRÊS ANOS A DIFERENÇA DE TAXAS DE JURO DEU À BANCA PORTUGUESA UM LUCRO DE 3.828 MILHÕES DE EUROS.


Estatutos do BCE:

Capítulo IV - Funções monetárias e operações asseguradas pelo SEBC:

Artigo 21.º - Operações com entidades do sector público:

21.º 1 - De acordo com disposto no artigo 104.º do presente Tratado, é proibida a concessão de créditos sob a forma de descobertos ou sob qualquer forma, pelo BCE ou pelos bancos centrais nacionais, em benefício de instituições ou organismos da Comunidade, governos centrais, autoridades regionais, locais ou outras autoridades públicas, outros organismos do sector público ou a empresas públicas dos Estados membros; é igualmente proibida a compra directa de títulos de dívida a essas entidades, pelo BCE ou pelos bancos centrais nacionais.



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O Manifesto dos 74

E para desviar as atenções da população do carácter criminoso e fraudulento da «DÍVIDA SOBERANA», organizou-se um grupo de setenta e quatro personalidades que divulgaram um manifesto onde expressam a sua vontade de querer a reestruturação da dívida (aparentemente oposta à vontade dos partidos do Poder).

Este seria um processo preparatório tendente à reestruturação "honrada e responsável da dívida" e destinado a ajudar a encontrar soluções que minimizem o sofrimento dos nossos dias e não comprometam a esperança no nosso futuro.

Seguem-se algumas das setenta personalidades do «Manifesto»: Ferreira Leite, Bagão Félix, Adriano Moreira, Freitas do Amaral, Ferro Rodrigues, João Cravinho, Carvalho da Silva, Francisco Louçã... que pretendem demonstrar a abrangência da inteligência nacional envolvida.


Mas este «Manifesto» é tão falso como a «Dívida»:


Perante a evidente incapacidade de cobrar uma «Dívida» que vai aumentando anualmente em virtude dos juros obscenos em jogo, a Grande Finança Internacional, para continuar a arrecadar o seu saque e simultaneamente amansar as opiniões públicas, arquitectou o «Manifesto dos 74», que já se está a espalhar ao resto da europa:

O objectivo é baixar os juros da «Dívida» e prolongá-la no tempo, até que as prestações atinjam um valor que os povos possam pagar e, ainda assim, sobreviver...



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Comentário

Alguém com dois dedos de testa pode aceitar que o BCE [Banco Central Europeu] possa emprestar dinheiro aos bancos comerciais à taxa de 1% (mas que esteja proibido de emprestar aos Estado Nacionais), e que os bancos comerciais, por sua vez, emprestem esse dinheiro aos Estado Nacionais a 5%, 6%, 7%, ... , 12%, embolsando nesse processo juros escandalosos?

Que outra justificação pode existir para o BCE oferecer tais benefícios aos bancos comerciais, senão o facto de esta «instituição europeia» estar exclusivamente ao serviço da Banca Privada? Porque é que os estatutos do BCE o proíbem de emprestar dinheiro aos Estados Nacionais? Quem terá escrito tais estatutos e com que objectivos?

segunda-feira, outubro 15, 2012

Vacas sagradas – um Governo totalmente a soldo do Grande Dinheiro




Correio da manhã - 25 Setembro 2012

Por: Paulo Morais, Professor Universitário


Vacas sagradas

Há privilégios em que nenhum governante teve até hoje coragem de tocar. São despesas públicas inatacáveis, sagradas, as mais onerosas das quais são os juros da dívida pública, as rendas das parcerias público-privadas e as regalias da EDP.

Os juros de dívida são actualmente a maior despesa do estado e consomem cerca de nove mil milhões de euros por ano. Representam mais do que todo o serviço nacional de saúde, equivalem ao valor de salários de toda a função pública. Apesar de conseguir hoje financiamentos a taxas inferiores a dois por cento, o governo continua a pagar os juros agiotas contratados na Banca nos tempos negros de Sócrates. Poderia colocar dívida internamente através de certificados de aforro a uma taxa de três por cento, mas prefere pagar ao FMI a cinco.

A esta iniquidade juntam-se as rendas pagas pelas PPP, em particular as rodoviárias. Neste modelo de negócio, garantem-se rentabilidades obscenas às concessionárias, da ordem dos 17%. A renegociação dos contratos constitui uma exigência da Troika, mas os privados mantêm os seus privilégios intactos, até hoje. O governo deveria suspender de imediato os pagamentos e obrigar à redução das rendas. Em alternativa, poderia nacionalizar, pelo seu justo valor, os equipamentos concessionados; ou até alargar os prazos da concessão, desde que passasse a receber rendas, em vez de as pagar.

O terceiro dos roubos institucionalizados consiste na extorsão, através da factura da electricidade, de rendas para financiar negócios na área de energia. Hoje, apenas 60% do valor da factura corresponde a consumos. O remanescente é constituído por impostos e outras alcavalas, pomposamente designadas de serviços de interesse económico geral. Estes tributos enriquecem os parceiros da EDP, subsidiando nomeadamente as eólicas e tornam o preço da energia incomportável. Assim, as famílias mais humildes passarão frio no Inverno, algumas empresas deixam de ser viáveis e encerram.

Impõe-se a redução dos custos energéticos. É também urgente a diminuição dos gastos com as PPP e com os juros de dívida. Mas, por falta de coragem, os governantes preferem deixar o povo à míngua, enquanto alimentam estas autênticas vacas sagradas.

segunda-feira, outubro 08, 2012

A dívida existe mesmo? É que todos sabemos que há vigaristas que se acoitam nos organismos do Estado, a começar pelo Governo, para servir interesses inconfessáveis


"É preciso pagar a Dívida", repetem os ingénuos de tanto ouvirem esta frase repetida ad nauseam nos jornais e nas televisões.

Quando um indivíduo passa uma procuração a um vigarista e este, conluiado com outros vigaristas, assina com estes, em nome do outorgante, contratos que beneficiam descaradamente os burlões, esses contratos são considerados legalmente nulos.

O mesmo se deveria passar quando um povo, através de «eleições livres», passa procurações a políticos corruptos que estão a soldo do Grande Dinheiro, e que têm sugado o país à tripa forra, através de contratos ruinosos e fraudulentos (PPPs), empréstimos bancários com juros agiotas e burlas sem fim (privatizações de empresas monopolistas, etc.).


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A dívida existe mesmo?

Por José Vítor Malheiros

Texto publicado no jornal Público a 25 de Setembro de 2012

Devemos dinheiro a quem? E quanto? Quem o pediu e para quê? Onde está a lista das dívidas? Quem a certifica? Quem a auditou?

Sei que dívidas tenho. Tenho uma dívida a um banco, contraída para comprar a casa onde moro e garantida por uma hipoteca, que pago mensalmente. E tenho pequenas dívidas pontuais no meu cartão de crédito, que vou saldando conforme me convém.

A maior parte das pessoas que conheço tem uma estrutura de dívida semelhante, que paga com maior ou menor dificuldade, mas vai pagando sempre. De facto, enquanto uma empresa pode ter um limiar de endividamento elevadíssimo, que pode ir subindo para além do sustentável com alguma chantagem (“Se não puder comprar matéria-prima, declaro falência, lanço os trabalhadores no desemprego e os credores ficam a arder!”), os particulares têm em geral de ser mais comedidos (com as óbvias excepções de dirigentes do PSD e amigos de Cavaco Silva, como Dias Loureiro ou Duarte Lima) pois não possuem as mesmas formas de pressão.

Há uns anos, começámos a ouvir falar do volume excessivo da dívida pública (que hoje rondará os 124% do PIB) e disseram-nos que precisávamos de a pagar urgentemente. Devíamos dinheiro a bancos estrangeiros e, como precisávamos de pedir mais dinheiro para as despesas correntes, não podíamos correr o risco de falhar uma prestação dos empréstimos anteriores. Tínhamos vivido acima das nossas possibilidades, disseram-nos. O Governo de Passos Coelho, quebrando as promessas eleitorais, pôs fim aos subsídios de férias e Natal com impostos extraordinários, cortou os nossos salários com aumentos de IRS, cortou subsídios e pensões, aumentou os preços de serviços e fez cortes a eito na Saúde e na Educação garantindo que a única saída para a crise era empobrecermos. E, como esses cortes não chegariam, também ia ser preciso vender empresas públicas para fazer dinheiro depressa. Tudo isto, recorde-se, para reduzir a nossa dívida, que gerava défices insustentáveis, já que para pagar mensalidades dos empréstimos antigos se contraíam novos empréstimos a juros mais elevados.

Foi em nome do pagamento desta dívida que nos foram impostos sacrifícios e que se foi sacrificando o Estado social. É em nome do pagamento desta dívida que se vendem os bens do Estado a preço de saldo. É em nome do pagamento desta dívida que se sacrificam os mais pobres, com o argumento de que temos de competir com a mão-de-obra barata da Ásia. É em nome do pagamento desta dívida que se desbaratam os investimentos feitos na educação, na investigação e na tecnologia nos últimos anos. É em nome do pagamento desta dívida que se sacrificam os cuidados de saúde - considerados um luxo incomportável num país endividado como o nosso. É em nome do pagamento desta dívida que se diz aos jovens que emigrem, que se diz aos pobres que não sejam piegas, que se diz aos trabalhadores que têm de ser formiguinhas trabalhadeiras e deixar de cantar canções do Lopes Graça nas manifestações.

Mas que dívida é esta? Para começar, quanto devemos exactamente e a quem? Alguém já viu a lista das dívidas? Quem a certificou? Quem a auditou? Quem são os credores? E devemos de quê? O que comprámos? O que pedimos emprestado? Em que condições? Quando? Quem pediu? Quem recebeu? Onde e quando? Para onde entrou o dinheiro? Para que serviu? Ainda podemos questionar se o dinheiro foi bem gasto ou não. Se serviu principalmente para encher os bolsos das empresas das PPP, da Soares da Costa, da Mota-Engil, do grupo Espírito Santo, do grupo JoséMello, se serviu para fazer estádios ou se serviu algum objectivo social meritório, mas antes disso eu gostava de saber se devemos mesmo, a quem, quanto e porquê. E não sei.

É que essa é a informação a que eu tenho acesso na minha hipoteca e no meu cartão de crédito. Essa é a informação que qualquer credor tem de mostrar (e provar) quando exige pagamento. Não há uma operação que eu pague que não venha discriminada nos meus extractos. Mas sobre as dívidas cujo pagamento hipoteca o futuro dos nossos filhos, não nos dão explicações.

Podem dizer-me que são transações com histórias muito longas, que vêm de longe, que são coisas muito complexas, que não íamos perceber. Mas a verdade é que não existe absolutamente nenhuma razão para que esta informação não nos seja fornecida em todos os detalhes, actualizada e explicada, na Internet, onde toda a gente a possa consultar e auditar.

Podem dizer-me que tenho de confiar naquilo que me diz o Governo, o Banco de Portugal, o Tribunal de Contas. Mas o problema é esse. É que eu não confio. Nem um bocadinho.

E penso que há uns milhões que também não confiam. É que todos sabemos que há vigaristas que se acoitam nos organismos do Estado, a começar pelo Governo, para servir interesses inconfessáveis. Podemos confiar no Banco de Portugal ou no Tribunal de Contas quando ambos se deixam enganar como anjinhos pelas declarações dos administradores do BCP e do BPN ou pelas contas das PPP? Alguém saberá alguma coisa verdadeira sobre a dívida? Na verdade, deveremos alguma coisa?

sábado, novembro 12, 2011

Um Movimento de cidadãos anuncia que vai realizar uma auditoria às contas portuguesas

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Miguel Sousa Tavares - Expresso 07/01/2006

«Todos vimos nas faustosas cerimónias de apresentação dos projectos da Ota e do TGV, [...] os empresários de obras públicas e os banqueiros que irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos. Vai chegar para todos e vai custar caro, muito caro, aos restantes portugueses. O grande dinheiro agradece e aproveita

«Lá dentro, no «inner circle» do poder - político, económico, financeiro, há grandes jogadas feitas na sombra, como nas salas reservadas dos casinos. Se olharmos com atenção, veremos que são mais ou menos os mesmos de sempre.»


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Um grupo de cidadãos de diversos setores anuncia, terça-feira, a realização de uma Convenção de Lisboa, onde será apresentada a comissão que fará uma auditoria cidadã à dívida pública, sendo esta a primeira iniciativa do género em Portugal.

Em declarações à Agência Lusa, Raquel Freire - do Movimento 12 de Março - explicou que “pessoas de diversas sensibilidades, setores e movimentos sociais decidiram juntar-se porque estão conscientes que é urgente e fundamental que haja uma nova abordagem ao problema da dívida”.

Para além da cineasta Raquel Freire, entre os participantes desta iniciativa estão o economista José Maria Castro Caldas, o secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, a ex-secretária de Estado da Educação Ana Benavente, o ex-secretário de Estado das Finanças António Carlos Santos e o ex-deputado e economista José Guilherme Gusmão.

“Nós, cidadãos, evocando o direito da transparência democrática - direito fundamental à informação - queremos saber em nome de quê e porquê nos impõem estas políticas que destroem aquilo que é a base da democracia”, disse.

Segundo Raquel Freire, “há uma vastíssima plataforma de cidadãos e cidadãs que se juntaram nesta tarefa de querer defender a democracia e a transparência democrática” em Portugal.

“Uma auditoria cidadã vai ver o que é que dívida pública, em que é que foi gasto o nosso dinheiro até agora, como é que foi gasto, se foi gasto em prol dos cidadãos, se foi em prol de interesses privados, ou se foi, por exemplo, em atividades corruptas. Há também essa hipótese”, declarou à Agência Lusa.

A cineasta explicou que “para que se faça uma auditoria cidadã à dívida pública é preciso que haja uma comissão, que vai analisar tudo o que foi dívida pública até agora” no nosso país.

“Vamos anunciar terça-feira quem são os subscritores que vão lançar uma iniciativa de auditoria cidadã, a lançar num grande encontro com a população. Vamos fazer uma Convenção de Lisboa para a qual o povo português está convidado a participar”, antecipou.

Segundo Raquel Freire, este processo já foi feito, com sucesso, no Equador e na Islândia e está a ser feito na Irlanda, na Grécia, na França, na Bélgica.

“É um movimento internacional de cidadãos que se estão a juntar porque perceberam que os governos até agora andaram a gastar o dinheiro público de formas anti-democráticas. Nunca uma auditoria cidadã foi feita em Portugal”, enfatizou.

Para a participante nesta iniciativa “isto é uma questão de decisão política” porque, neste momento, “a democracia está em risco e os cidadãos têm que ser ativos”, sob pena de, se continuarem “a dormir”, podem acordar numa ditadura.

"Há dados que nós vamos pressionar o poder político para nos dar, e por isso vai haver uma petição; há dados que são públicos e há os que não são públicos e que teremos que apelar à cidadania das pessoas para que nos enviem informação", acrescentou.


Comentário

A soldo da Banca, Sócrates andou a semear dívidas astronómicas em obras inúteis: Centro Cultural de Belém, Casa da Música no Porto, Estádios do Euro 2004, Expo98, Aeroporto de Beja, Metro Sul do Tejo, Pontes, Submarinos, 700 quilómetros de Auto-Estradas excedentárias, TGVs projectados, mais de 140 Parcerias Público-Privadas (PPP), Projectos do novo Aeroporto de Lisboa (Ota e Alcochete), Empresas Públicas, Consultorias, etc. A mando da Banca, Passos Coelho anda agora a recolher os descomunais juros agiotas das ditas obras.


No Jornal Expresso de 1/9/2007, o jornalista Fernando Madrinha explicou sucintamente de que forma a Banca, a mais poderosa, interligada e influente quadrilha do planeta, utiliza a política e os políticos, os Media e os jornalistas para saquear os Estados Nacionais:

[...] «Não obstante, os bancos continuarão a engordar escandalosamente porque, afinal, todo o país, pessoas e empresas, trabalham para eles. [...] os poderes do Estado cedem cada vez mais espaço a poderes ocultos ou, em qualquer caso, não sujeitos ao escrutínio eleitoral. E dizem-nos que o poder do dinheiro concentrado nas mãos de uns poucos é cada vez mais absoluto e opressor. A ponto de os próprios partidos políticos e os governos que deles emergem se tornarem suspeitos de agir, não em obediência ao interesse comum, mas a soldo de quem lhes paga as campanhas eleitorais
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sexta-feira, junho 24, 2011

Dívidas ilegais, ilegítimas, odiosas ou simplesmente insustentáveis

Não seria razoável e justo pegar naqueles que nos levaram a este estado ruinoso – os que nos têm "governado" deixando-nos totalmente à mercê dos mercados financeiros - e chegar-lhes a roupa ao pêlo?




Rapinado ao Álvaro do blogue PSICANÁLISES (Junho 23, 2011)


"Por uma auditoria à dívida portuguesa"

A petição, intitulada "Por uma auditoria à dívida portuguesa", é assinada por 38 figuras ligadas ao movimento sindical, associativo e ao ensino universitário e defende uma auditoria da dívida "com participação da sociedade civil e do movimento dos trabalhadores", como forma de "determinar que partes da dívida são ilegais, ilegítimas, odiosas ou simplesmente insustentáveis".

"É urgente, neste contexto, a constituição de uma comissão popular, aberta e de convergência unitária, para uma auditoria à dívida portuguesa", refere o documento, acrescentando que uma auditoria nestes moldes "oferece aos trabalhadores o conhecimento e a autoridade necessários para a definição democrática de políticas nacionais perante a dívida".

Segundo os peticionários, esta auditoria "incentiva igualmente a responsabilidade, a prestação de contas e a transparência da administração do Estado".

"A austeridade e as medidas de privatização pressionam em primeiro lugar os mais pobres, enquanto as 'ajudas' são para quem está na origem da crise. Se as medidas de austeridade anti-populares não forem postas em causa, terão um impacto considerável na Europa durante muitos anos, modificando de forma drástica a relação de forças em favor do capital e em prejuízo do trabalho", conclui a petição. publico.pt


Nota

Aqui temos uma forma bastante reducionista, ainda que lógica, de expôr as coisas. Quem esbanjou os cofres do Estado são os principais responsáveis pelo estado a que chegamos. Esses deveriam ser os primeiros a ser julgados. Depois vieram os especuladores, claro. Mas se o Estado não tivesse sido totalmente desbaratado, a margem de actuação dos especuladores seria pelo menos muito reduzida.




Quer dizer: andaram-se a fazer PPP's e concessões ruinosas para o Estado que por outro lado enriqueceram os privados a quem foram oferecidas. Andaram-se a desbaratar milhões em estudos, assessorias, consultadorias, etc, para coisas que não tinham pernas para andar dado o estado do país (TGV, novo aeroporto). Encheu-se a administração pública e as EP's de boys e girls, equiparados a chefes de serviço sem ninguém para chefiar. Andaram-se a comprar carros e mais carros, chegando-se ao ponto de não se conseguir contabilizar quantos carros o Estado comprou e quantos mantém. E depois de tudo isto quer-se atribuir a responsabilidade exclusivamente aos especuladores internacionais, essa figura abstracta que ninguém sabe exactamente onde agarrar? Não seria mais fácil, razoável e justo pegar naqueles que nos levaram a este estado ruinoso - deixando-nos totalmente à mercê dos tais especuladores - e dar-lhes no "pêlo"? Desculpem o mau jeito mas só assino essa petição depois de lançarem outra a exigir a detenção e julgamento de quem nos conduziu ao estado em que nos encontramos. Despois sim, assino essa contra os especuladores internacionais, esses velhacos.

Mas há aqui qualquer coisa de verdade e é isso que vai acabar por fazer implodir o actual sistema enquanto entidade genérica: as ajudas têm ido parar ás mãos daqueles que estiveram na origem da crise.

No caso de Portugal a responsabilidade é em primeiro lugar de quem nos tem governado. Seguidamente é dos bancos e empresas (contam-se pelos dedos de uma só mão) que participaram activa e consistentemente na delapidação do Estado.

Basicamente, e apesar da primeira parte do meu comentário, uma auditoria à dívida portuguesa é uma ideia que não só tem pernas para andar como é imperativa para se conhecer o estado em que nos encontramos de facto. Mas se não se tirarem consequências (legais e eventualmente criminais) dessa auditoria, o acto não passará de mais um gesto simbólico desprovido de exemplaridade. Seja como fôr, a dimensão e a qualidade da dívida tem de ser conhecida.



Se se tirarem consequências legais e eventualmente criminais...
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quarta-feira, dezembro 15, 2010

Correio da Manhã - Dívida do Estado dá milhões de lucro à Banca

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De Janeiro a Setembro, aplicações subiram 7,8 mil milhões. Bancos vão buscar crédito ao BCE a 1% e investem em dívida pública a taxas superiores. Em 2010, já ganharam mais de 150 milhões de euros.


O investimento na dívida pública portuguesa está a revelar-se um excelente negócio para a Banca nacional. Com os juros da dívida da República em alta desde o início do ano, até atingirem 6,8% no leilão de Obrigações do Tesouro neste mês, o aumento das aplicações em 7,8 mil milhões de euros, entre Janeiro e Setembro de 2010, já garantiu à Banca muitos milhões de euros.

Se fizermos as contas ao dinheiro aplicado neste ano, e se contarmos com uma margem mínima de dois pontos percentuais, o lucro ultrapassa os 150 milhões de euros, mas na realidade os ganhos ainda serão superiores. O BCE [Banco Central Europeu] empresta dinheiro à Banca portuguesa a 1%, contra garantias, e a Banca investe em dívida com juros a 6%", explica Mira Amaral, ex-ministro de Cavaco Silva e actual líder do BIC [Banco Internacional de Crédito].

Os últimos dados do Banco de Portugal revelam que, em Setembro de 2010, os bancos nacionais tinham investidos em dívida pública portuguesa 17,9 mil milhões de euros, um aumento de 53% em relação aos 9,5 mil milhões de euros registados em igual mês do ano passado.

Desde a entrada em vigor da moeda única, a 1 de Janeiro de 1999, que a Banca portuguesa não tinha tamanha exposição [leia-se: acesso] à dívida pública. Para Luís Nazaré, ex-líder dos CTT, esta realidade "revela mais sensibilidade [leia-se: voracidade] da Banca nacional para assegurar a dívida pública portuguesa, mas é também uma excelente aplicação, porque vai buscar o dinheiro a 1% ao BCE e investe-o a 5% na dívida".

Mira Amaral alerta que "isto não é sustentável", porque "o BCE está a ajudar, através dos bancos comerciais, os governos".



Comentário

Alguém com dois dedos de testa pode aceitar que o BCE [Banco Central Europeu] empreste dinheiro aos bancos comerciais à taxa de 1%, e estes, por sua vez, emprestem esse dinheiro aos Estado Nacionais a 5%, 6% e 7%, embolsando juros escandalosos?

Que outra justificação pode existir para o BCE oferecer tais benefícios aos bancos comerciais, senão o facto de esta «instituição europeia» estar exclusivamente ao serviço da Banca Privada? Porque é que os estatutos do BCE o proíbem de emprestar dinheiro aos Estados Nacionais? Quem terá escrito tais estatutos e com que objectivos?


Afirma Mira Amaral que "isto não é sustentável, porque o BCE está a ajudar, através dos bancos comerciais, os governos".

Miga Amagal - um cabgão ao serviço da Banca

Este untuoso funcionário bancário tenta manhosamente virar o bico ao prego e colocar os bancos no papel de vítimas, dando a entender que é o Estado, ou seja, o contribuínte, o grande beneficiário desta fraude imensa perpetrada pela Banca, de que ele, ao longo da vida, tem sido um fiel servidor.

Mira Amaral integrou os quadros do BPI, transitando do adquirido Banco de Fomento, privatizado nos anos 90. No início da década actual, reformou-se do BPI com indemnização e pensão substanciais. Algum tempo depois, ingressou na Caixa Geral de Depósitos, por influência do PSD; porém, ao fim de 18 meses, viria a deixar a instituição do Estado, com uma obscena pensão de reforma de mais de 18.000 euros mensais.

Hoje, Mira Amaral, administra o Banco BIC, ao serviço de Amorim e de Isabel dos Santos, a princesa do reino corrupto de Angola.
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