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quarta-feira, dezembro 13, 2017

Fará sentido continuar à procura de emprego quando a tecnologia o está a suprimir a ritmo acelerado?


Excerto de - UMA ESTRANHA DITADURA - de Viviane Forrester

«Que bem desejamos para nós?» Uma pergunta que deveríamos poder fazer permanentemente a nós próprios em vez de termos que nos perguntar incessantemente a que mal nos é mais urgente escapar. «Que bem desejamos para nós?» Pergunta proibida: seria bonito ver reclamar coisas supérfluas, ou mesmo uma norma favorável, ou uma travessia cativante e harmoniosa da existência, quando o indispensável se torna um género em vias de desaparecimento! Será razoável preocuparmo-nos com condições de trabalho ou de vida, quando é preciso procurar tanto, esfalfarmo-nos tanto para encontrar esses empregos impostos e recusados num mundo em que a sobrevivência depende deles, mas em que eles faltam?

Que bem desejamos para nós?» Deveria ser, no entanto, o embaraço da escolha a perturbar-nos. Este tempo da História, o nosso, detém uma capacidade até aqui desconhecida de se revelar benéfico para a maioria, precisamente graças às fabulosas novas tecnologias, capazes de oferecer abundantes possibilidades de escolha de vida, em vez de as esgotar.

Sem por isso nos perdermos na utopia nem sonharmos com um paraíso terrestre, seria possível hoje em dia imaginar que fossem permitidas vidas levadas de maneira inteligente e também mais divertidas que, libertas de tantos constrangimentos, encontrassem todas um sítio onde fossem bem-vindas! Temos meios para isso. Adquirimos os meios para isso. A nossa espécie adquiriu-os. Deixou-se extorquir por alguns que os atribuíram a si próprios ou os perverteram. Mas são recuperáveis.



Libertados pelas tecnologias da maioria das tarefas penosas, ingratas ou destituídas de sentido, todos poderíamos e deveríamos tornar-nos infinitamente mais disponíveis em oportunidades mais alargadas - e não, como actualmente, alargadas ao desemprego. Oportunidades de agir num mundo em que os dons, os gostos já não têm as mesmas razões para serem reprimidos, guardados para benefício de tarefas daqui em diante transferidas para as máquinas;, poderiam, finalmente, ser tidos em conta, ter pelo menos as suas possibilidades de desabrochar, ser dedicados a valores, a necessidades reais, sem ligação obrigatória à rentabilidade.

Hoje devia desenvolver-se como nunca a prática de misteres, de ofícios, de empregos indispensáveis, mas cuja penúria se torna paradoxalmente cada vez mais manifesta. A educação. gratuita e obrigatória, a democratização dos estudos, deram, no entanto, à maioria, a capacidade de os exercer. Elas prepararam para isso. Ora, vê-se por um lado esses empregos desaparecerem a uma velocidade vertiginosa, ou tornarem-se caricaturas de empregos, pagos com remunerações de gozo, enquanto, por: outro lado, os misteres e os ofícios são ignorados, automaticamente negligenciados, postos de lado sem terem sido tomados em consideração, condenados como luxos extravagantes, como caras velharias passadas de moda, armadilhas de prejuízo, de desperdício, o sumo da não rentabilidade. A prova concreta de que, fora dos caminhos da especulação, não há salvação possível.

É alucinante que nestes tempos de luta proclamada contra o desemprego e a favor do emprego, profissões inteiras, repita-se, tenham uma falta cruel de efectivos. A ponto de, por exemplo, liceais, estudantes, desçam à rua com os seus professores para reclamar em vão docentes em número aceitável, pessoal cuja necessidade é evidente e cuja falta é angustiante. Que resposta lhes é dada, expressa ou subentendida? Demasiado caro. Que ar daríamos em Bruxelas e noutros locais, «enfarpelados» com tais despesas públicas? E vá de continuar a suprimir lugares, a comprimir virtuosamente os efectivos. Ou, quando a contestação começa a provocar desordem, utilizar contratados a prazo impedindo-os de entrar no quadro, desencantar antigos professores não reciclados. Os quais terão todos em comum serem mal pagos, entregues à insegurança. Sorte a que estão destinados tantos desses estudantes que tentam escapar-lhe.

Será verdadeiramente razoável deixar a vida económica depender de lógicas tais que se possa - e até que «seja preciso», segundo os seus postulados! - deitar fora homens e mulheres como se fossem escovas de dentes gastas, a fim de aumentar a produtividade, em vez de rever o sistema que defende essas lógicas? Será necessário prosseguir o nosso regresso ao século XIX, exigir uma forma de sociedade obsoleta e retrógrada, em vez de adaptar o real às necessidades dos vivos?


terça-feira, dezembro 05, 2017

O Horror Económico


A tese (1997) defendida por Viviane Forrester de que o emprego, tal como o conhecemos durante três séculos no Ocidente, tem os dias contados e tornou-se menos plausível, a cada ano que passa, de ser a forma de distribuir a riqueza.

O "O Horror Económico" ataca também as actuais políticas dos governos ocidentais que fazem tentativas cada vez mais desesperadas para manter vivo o sistema de trabalhos e salários. Forrester cita a constante redução de números cada vez maiores das classes trabalhadoras e, agora, das classes médias; o atrito constante, a nível internacional, da assistência social e dos direitos sindicais, por um lado, e a crescente desestabilização dos que trabalham, já para não falar dos desempregados.

Tudo isto criou uma cultura de emprego e desemprego (e subemprego) que não é apenas stressante, lamentável e desagradável mas também, segundo Forrester, "gerou uma economia mundial que é uma obscenidade, uma afronta à natureza humana" e, usando as palavras do título do livro, um "Horror Económico":



Excertos de "O HORROR ECONÓMICO" de Viviane Forrester

«Penso que cada um de nós, qualquer que seja o nosso trajecto de vida, deveria sentir-se preocupado com a actual situação do mundo, o qual é inteiramente governado por economistas. Se Shakespeare voltasse hoje à vida, julgo que ficaria fascinado pela trágica interacção das poderosas forças económicas que estão furtivamente a transformar os destinos dos cidadãos ou melhor das populações de todos os países.

Em minha opinião estamos a testemunhar uma mudança profunda, uma transformação da sociedade e da civilização, e estamos a ter muita dificuldade em aceitá-lo. Como é que podemos dizer adeus a uma sociedade que estava baseada em empregos estáveis que forneciam uma rede segura e os fundamentos de uma existência decente? A segurança no emprego está de saída.

Pela primeira vez na história, a grande maioria dos seres humanos já não são indispensáveis ao pequeno número daqueles que dirigem a economia mundial. A economia está de forma crescente envolvida com especulação pura. As massas trabalhadoras e os seus custos estão a tornar-se supérfluas. Por outras palavras, existe uma coisa ainda pior do que ser explorado e que consiste em já nem sequer valer ser explorado!

É verdade que a forma como as coisas estão não estão a ser escondidas, mas existe uma tendência para evitar falar sobre isso claramente. Em sociedades democráticas, em qualquer caso, não se diz às pessoas que estão a ser consideradas como supérfluas. Sob os totalitarismos pode existir um perigo ainda pior do que o desemprego e a pobreza. Uma vez desaparecidos os assalariados, porque é que um regime totalitário não elimina simplesmente essas forças que se tornaram inúteis.

Em países democráticos existe uma necessidade urgente de vigilância. É muitas vezes invocado de que a era industrial, quando um salário regular fornecia os meios de subsistência, pode de alguma forma reacender-se. Mas esses dias acabaram. Os rendimentos salariais estão a desaparecer e a panóplia de esmolas temporárias e pensões concebidas para os substituir estão a minguar, algo que não pode ser considerado senão criminoso.


Os gestores da máquina económica exploram esta situação. O pleno emprego é uma coisa do passado, mas ainda o utilizamos como padrão que era corrente no século dezanove, ou há vinte ou trinta anos, quando ainda existia. Entre outras coisas, este facto encoraja a que muitos desempregados sintam vergonha de si próprios. Esta vergonha sempre foi absurda mas é-o ainda mais hoje.

Isto ocorre de mãos dadas com o receio sentido pelos privilegiados que ainda possuem um emprego pago e têm medo de o perder. Eu sustento que esta vergonha e este medo deviam ser cotadas na bolsa de valores, porque constituem inputs importantes no lucro. Há uns anos as pessoas condenavam a alienação causada pelo trabalho. Hoje, a redução dos custos do trabalho contribuem para os lucros das grandes companhias, cuja ferramenta de gestão favorita é despedir trabalhadores; quando despedem, o valor das suas acções disparam.

Hoje, ouvimos muito falar acerca da "criação de riqueza". Dantes, esta expressão era simplesmente conhecida como lucro. Hoje, as pessoas falam desta riqueza como se ela fosse automática e directamente para a comunidade e criasse empregos, e, contudo, vemos empresas altamente lucrativas a reduzir drasticamente a sua força de trabalho.

Quando as pessoas falam dos poderosos, não estão a falar do grosso da população do seu país mas acerca dos manda-chuvas que relocalizam num piscar de olhos. Os políticos fazem do emprego a sua prioridade, mas a Bolsa de Valores fica deliciada sempre que um grande complexo industrial despede trabalhadores e fica preocupada sempre que exista qualquer melhoria nos números do emprego. Gostava de chamar a atenção das pessoas para este paradoxo. A cotação do valor em bolsa de uma empresa depende em grande parte dos custos do trabalho, e o lucro é gerado em última análise pela redução do número daqueles que têm trabalho.

A presente situação levanta uma questão vital para o futuro das pessoas deste planeta, sobretudo para os mais jovens e o seu futuro. Hoje, o ideal é ser "lucrativo", não "útil". Isto levanta uma questão muito séria: Devem as pessoas ser lucrativas para "merecer" o direito a viver? A resposta do senso comum é que é uma coisa boa ser útil à sociedade. Mas estamos a impedir as pessoas de serem úteis, estamos a esbanjar a energia da juventude ao olhar para a rentabilidade como o supra-sumo.


A maior parte dos países perdeu o seu sentido das prioridades. Existe uma necessidade cada vez maior de professores, pessoal médico, mas os governos mostram-se crescentemente agressivos contra eles. Estas são as profissões onde os lugares são abolidos e os fundos são cortados. E no entanto são indispensáveis para o bem-estar e o futuro da humanidade. Esta confusão entre "utilidade" e "rentabilidade" é desastrosa para o futuro do planeta.

Os jovens vivem numa sociedade que ainda considera o emprego assalariado como o único modo de vida aceitável, honesto e de acordo com a lei, mas a maior parte deles estão impedidos de ter a oportunidade de os alcançar. Em zonas pobres dentro das cidades isto é um grande problema. Ao mesmo tempo, encontro muitas vezes gente jovem com os braços carregados de diplomas que não arranjam trabalho. Que desperdício imperdoável! Durante gerações os estudos constituíam a iniciação da juventude na vida social. Admiro os jovens de hoje porque avançam com os seus estudos perfeitamente conscientes de que correm o risco de serem rejeitados pela sociedade.

Apenas há vinte ou trinta anos atrás, existiam ainda razões para esperar que a prosperidade relativa do Norte se espalhasse pelo mundo. Hoje, estamos a assistir à globalização da pobreza. As empresas do Norte que se deslocalizaram para os chamados “países em desenvolvimento”, não criam empregos para as pessoas desses países, em vez disso fazem-nos geralmente sem qualquer tipo de protecção social, em condições medievais. A razão para isto é que força de trabalho sub-paga de homens, mulheres e crianças, tal como os prisioneiros, custam menos do que a automação custaria no país de origem. Isto é colonização noutra, igualmente odiosa, forma.

Não sou pessimista, longe disso. Os pessimistas são aqueles que afirmam não haver alternativa à presente situação, de que não há escolha possível. O meu livro é uma tentativa para descrever o que se passa. É verdade que a situação é dramática. Apesar de tudo, eu sou, tal como muitas outras pessoas, uma cidadã de um país cujo regime democrático torna possível reflectir e resistir livremente à pressão crescente que o factor económico está a exercer nas nossas vidas.

Eu gostaria que existissem contrapoderes, pensamento alternativo, conflitos de ideias e interesses. Não conflito violento, claro, mas temos de acordar e deixar de estar petrificados, prisioneiros do pensamento banal. Em países onde o meu livro já foi traduzido, especialmente nos Estados Unidos, Brasil, México, Lituânia, Polónia e outros tais como a República da Coreia, está a causar uma espécie de convulsão mesmo antes da sua publicação.»

segunda-feira, novembro 20, 2017

Revista Visão - 24/02/2005 - Prevê-se que em cada cinco crianças nascidas hoje, três jamais arranjarão emprego estável.

Este texto é um excerto de um artigo de Fernando Dacosta publicado na revista Visão 625 -- 24/02/05.

Uma nova forma de desemprego


Prevê-se que em cada cinco crianças nascidas hoje, três jamais arranjarão emprego estável.

Corrompida, a liberdade imergiu-as em novas (outras) desigualdades, indignidades, como as do crescente, insaciável «triângulo negro» da precarização, escravização, exclusão. Direitos penosamente conquistados (na saúde, na assistência, no trabalho, no ensino, no lazer, na cultura) estão a ser dissolvidos em cascatas de perfumado cinismo light. Os jovens que entram no mundo do emprego fazem-no a prazo, a contrato volátil, vendo-se, sem a mínima segurança, impedidos de construir uma vida própria, entre zappings de subtarefas e de pós-formações ludibriadoras.

O problema não tem no sistema vigente, o que poucos ousam admitir, solução visível. Enquanto isso há quem, para se confundir (confundir), culpabilize por ele a baixa taxa de natalidade e, lestamente, se proponha incentivá-la – incentivá-la para aumentar o número de crianças abandonadas?, para disparar a percentagem de jovens sem ocupação?, para renovar de carne fresca e farta os canhões, as camas, os catecismos, os esclavagismos? Prevê-se, com efeito, que em cada cinco crianças nascidas hoje em Portugal, três jamais arranjarão emprego estável.

A queda, por exemplo, de descontos para a Previdência (que tanta ondulação provoca) não advém da falta de trabalhadores com vontade de fazê-los – aos descontos; advém, sim, da falta de trabalho para serem feitos. Há já mais de 600 mil desempregados «seniores» e de 80 mil jovens à procura do primeiro emprego (40 mil licenciados), sem que ninguém, ao que se observa, se dinamize com isso. Nesta fase, as teses «coelheiras» só iriam agravar, não resolver, os problemas demográficos existentes.

Subir a idade da reforma para os 70 anos (aos 50 um trabalhador começa a ser tratado pelos superiores e colegas como um estorvo), aumentar os horários laborais (a produção tornou-se não insuficiente mas excessiva para o mercado), congelar os salários líquidos (enquanto a inflação os baixa) como defendem certos especialistas (que preservam, no entanto, para si retribuições e reformas milionárias) apenas desarticulará o mecanismo social que a humanidade vem, penosamente, construindo no sentido de tornar a existência mais digna e solidária.

As velhas gerações , a sair de cena, agarram-se às influências que julgam, julgavam, manter, merecer. Disfarçando desesperos, socalcam sem resultados patéticas vias sacras de cunhas, súplicas, empenhos, hipotecas, tráficos. As crispações que não sentiram quando, décadas atrás, iniciaram as suas carreiras (eram de outro tipo as, então, sofridas) experimentam-nas agora em relação à insegurança inquietante dos filhos e netos. Ingénuas, acreditaram que bastava, como no seu tempo, um curso superior para se ficar protegido, promovido. Fizeram os seus tirá-lo sem reparar que as universidades se transformaram de clubes VIP em fábricas massificadoras, cada vez mais vazias de elitismos internos e poderes externos.

Só os filhos-família de famílias dominantes (na direita, no centro e na esquerda, na economia, na política e nos lobbies) dispõem de privilégios garantidos, defendidos.

segunda-feira, janeiro 30, 2017

Eurodeputados querem fundos para fazer face à ameaça dos robôs destruidores de empregos



Jorge Valero - EurActiv.com - 12/01/2017

Hoje (12 de Janeiro de 2017), legisladores da União Europeia requereram uma renda básica universal para combater o risco iminente de perda de empregos causado pela crescente utilização de robôs, bem como devido às preocupações com os sistemas de bem-estar europeus.

O progresso tecnológico já não é visto como um caminho seguro para a prosperidade. Uma nova geração de robôs e o desenvolvimento da inteligência artificial podem melhorar a forma como fabricamos bens ou como usufruímos o nosso tempo de lazer.

Mas esta nova vaga de aparelhos inteligentes e robôs autónomos podem também destruir milhares de postos de trabalho sem criar outros novos na mesma proporção, alertou um relatório não legislativo aprovado pela Comissão de Assuntos Jurídicos do Parlamento Europeu (JURI).

O desenvolvimento da robótica e da inteligência artificial suscitou "preocupações sobre o futuro do emprego, a viabilidade do bem-estar social e dos sistemas de segurança social" e, em última instância, está "a criar um potencial de aumento da desigualdade na distribuição da riqueza e influência social".

Os eurodeputados, por conseguinte, disseram aos Estados-Membros que a criação de um rendimento básico universal deveria ser "seriamente considerado".

O debate sobre uma renda básica universal está a ganhar terreno na Europa e no resto do mundo. A Finlândia tornou-se a primeira nação a testar a distribuição de dinheiro aos cidadãos como parte de um regime de segurança social no início deste mês.

quinta-feira, outubro 13, 2016

Quando a máquina substituir totalmente o homem no trabalho, a solução será socializar os meios de produção e dar uma mensalidade a toda a gente



Excerto do livro «The Lights in the Tunnel: Automation, Accelerating Technology and the Economy of the Future [As luzes no Túnel: Automação, Tecnologia em Aceleração e a Economia do Futuro]» de Martin Ford - Engenheiro informático de Silicon Valley, autor e empresário.

[Tradução minha]



O Ponto de Viragem

Trabalho-Intensivo versus Capital-Intensivo, Desemprego e o fim da Economia de Mercado

[Qualquer actividade produtiva utiliza uma determinada combinação de factores produtivos para a produção de bens e serviços. Quanto à intensidade da utilização dos factores produtivos, podem ser de capital-intensivo (utilizam mais intensivamente o capital – tecnologia, máquinas), ou trabalho-intensivo, que utilizam intensivamente o trabalho ou mão-de-obra.]

Podemos situar qualquer indústria algures no espectro que vai desde o grau mais trabalho-intensivo até ao grau mais capital-intensivo. Na nossa economia actual, algumas das indústrias de cariz mais trabalho-intensivo estão na venda a retalho, hotelaria e pequenos negócios. Supermercados, cadeias de lojas, restaurantes e hotéis têm todos de contratar bastantes empregados.

Indústrias de capital-intensivo, por outro lado, empregam relativamente poucas pessoas e, em vez disso, requerem investimento em tecnologia: maquinaria e equipamento avançados e em sistemas computorizados. Indústrias de alta tecnologia tal como fabrico de semicondutores, biotecnologia e companhias baseadas na Internet são todas de capital intensivo.


Trabalho-Intensivo versus Capital-Intensivo


Com o tempo, à medida que a tecnologia evolui, a maior parte das indústrias tornam-se mais capital-intensivas e menos trabalho-intensivas. A tecnologia também cria indústrias completamente novas, e estas são quase sempre capital-intensivas. Este facto tem sido assim há séculos, e historicamente tem sido uma coisa positiva. Se se comparar as indústrias numa nação desenvolvida, como os Estados Unidos, com as indústrias de uma nação do Terceiro Mundo, descobre-se invariavelmente que a economia americana é muito mais capital-intensiva. Foi a introdução da tecnologia avançada que aumentou a produtividade e tornou ricas as nações mais desenvolvidas.

A razão deste facto remonta à explicação dos economistas da «Falácia Ludita»:

Wikipedia - [O Ludismo é o nome do movimento contrário à mecanização do trabalho trazida pela Revolução Industrial. Adaptado aos dias de hoje, o termo Ludita (do inglês Luddite) identifica toda a pessoa que se opõe à industrialização intensa ou a novas tecnologias. Os Luditas invadiram fábricas e destruíram máquinas, que, segundo eles, por aquelas serem mais eficientes que os homens, lhes tiravam os seus empregos. Os Luditas ficaram lembrados como "estoira-máquinas"]

À medida que a nova tecnologia é adoptada pelas indústrias, a produção torna-se mais eficiente. Isto resulta na perda de alguns empregos, mas também provoca preços mais baixos para bens e serviços. Por outras palavras, coloca mais dinheiro nos bolsos dos consumidores. Estes consumidores vão então comprar todo o tipo de coisas, e o resultado é um aumento da procura dos produtos de toda a espécie de indústrias.

Algumas destas indústrias são muito trabalho-intensivas, e portanto enquanto se esforçam para fazer face a este aumento da procura, são forçados a contratar mais trabalhadores. E desta forma, o emprego na sua totalidade mantém-se estável ou até aumenta. Por vezes, evidentemente, este resultado traduz-se numa transição desagradável para alguns trabalhadores: podem perder um emprego bem remunerado na indústria e acabar com um emprego mal pago como caixa de um supermercado.


Número de empregados e respectivos salários médios nas seguinte empresas:

McDonalds - 400.000 empregados - 59.000 dólares

Wal-Mart - 2.100.000 empregados - 180.000 dólares

Intel - 83.000 empregados - 456.000 dólares

Microsoft - 91.000 empregados - 664.000 dólares

Google - 20.000 empregados - 1.081.000 dólares



Pode este processo continuar indefinidamente? A tecnologia da automação vai progressivamente invadir os restantes sectores do trabalho-intensivo da economia. Quando isto acontecer, que indústrias restarão para absorver todos os trabalhadores substituídos? Atente-se na tabela acima. O que é que acontecerá quando a McDonalds começar a ficar mais parecido [em termos de empregos] com a Google?

Um exercício simples de senso comum mostra-nos que existe um limiar a partir do qual a economia no seu todo se torna demasiado capital-intensiva. Assim que isto aconteça, preços mais baixos resultantes de aperfeiçoamentos tecnológicos não se traduzirão em mais emprego. Depois deste limiar ou ponto de viragem, as indústrias que constituem a nossa economia já não necessitarão de contratar os trabalhadores suficientes para compensar a perda de empregos resultantes da automação; serão, em vez disso, capazes de encontrar algum aumento na procura principalmente investindo em mais tecnologia. Este ponto marca a derrocada da fé dos economistas na Falácia Ludita, e marca também o princípio de uma espiral económica decrescente pela simples razão de que os trabalhadores são também os consumidores de tudo o que é produzido na nossa economia.

O que é que devemos esperar que aconteça se a generalidade da economia se estiver a aproximar deste ponto de viragem, a partir do qual as indústrias deixam de ser suficientemente trabalho-intensivas para absorver os trabalhadores que perderam os seus empregos devido à automação? Devemos provavelmente assistir um aumento gradual do desemprego, congelamento de salários e aumentos significativos na produtividade (output por hora de trabalho) à medida que as indústrias forem sendo capazes de produzir um maior número de bens e serviços com menos trabalhadores.



Isto parece desconfortavelmente parecido com o que tem estado a acontecer nos anos que conduziram à actual recessão. Em Agosto de 2003, o "The Economist" escreveu que a "Agência de Estatística do Trabalho expressou a mais recente prova do renascimento da produtividade americana: a produtividade por trabalhador aumentou em 5,7% no segundo trimestre, calculada a um período de um ano. Mas nos tempos actuais, menos exuberantes, o número levantou a triste possibilidade de crescimento sem criação de empregos." Três anos depois, num artigo intitulado "O caso dos Empregos Desaparecidos," a BusinessWeek disse: "Desde 2001, com a ajuda de computadores, modernização das comunicações, e com operações fabris ainda mais avançadas, a produtividade industrial americana, ou o total de bens e serviços que um trabalhador produz numa hora, disparou para uns impressionantes 24%... Em suma: estamos a fazer mais com menos gente." Não há forma de saber com segurança a que distância estamos da estagnação permanente da criação de emprego na economia. Contudo, estas estatísticas são seguramente uma causa de preocupação.



O Trabalhador Médio e a Máquina Média

Outra forma de expressar esta ideia de um ponto de viragem é imaginar num trabalhador médio a utilizar uma máquina média algures na economia. Obviamente, no mundo real existem milhões de trabalhadores a utilizar milhões de máquinas diferentes. Com o tempo, evidentemente, estas máquinas vão-se tornando mais sofisticadas. Imagine-se uma máquina típica que represente de modo geral todas as máquinas na economia.

A determinada altura, essa máquina pode ter sido uma nora de um moinho. Depois, pode ter sido uma máquina movida a vapor. Mais tarde, uma máquina industrial alimentada a electricidade. Hoje, a máquina é provavelmente controlada por um computador ou por microprocessadores embutidos.



À medida que a máquina típica se vai tornando cada vez mais sofisticada, os salários dos operários que nela trabalhavam foram aumentados. Máquinas mais sofisticadas tornam a produção mais eficiente e tal traduz-se em preços mais baixos e, portanto, mais dinheiro nos bolsos dos consumidores. Os consumidores vão então gastar esse dinheiro extra, e isso cria empregos para mais trabalhadores que, de igual forma, vão operar máquinas que continuam a evoluir.

De novo, a questão a colocar é: Pode este processo continuar para sempre? Estou convencido de que a resposta é NÃO, e o gráfico seguinte ilustra este facto.


Valor Acrescentado (Salário) do Trabalhador Médio a operar uma Máquina Média:

O problema, evidentemente, é que as máquinas se estão a tornar cada vez mais autónomas. Pode-se observar isto no gráfico no ponto onde a linha pontilhada (conhecimento convencional) e a linha contínua divergem. À medida que mais máquinas começarem a trabalhar sozinhas, o valor que o trabalhador médio acrescenta começa a declinar. É de lembrar que estamos a falar de trabalhadores médios. Para melhor perceber o gráfico acima, atente-se na distribuição de rendimentos nos Estados Unidos e depois retirem tanto as pessoas mais ricas como as mais pobres. Depois veja-se o rendimento médio dos "típicos" restantes (a maioria dos consumidores) ao longo do tempo. Se, ao invés, se observar o Produto Interno Bruto per capita, chegar-se-á a um gráfico semelhante, mas a divergência entre as linha pontilhada e a linha contínua irá ocorrer um pouco mais tarde. Isto acontece porque as pessoas mais ricas (que são donas das máquinas ou com altos níveis de especialização) irão beneficiar inicialmente da automação e, por isso, elevam a média.

Logo que as linhas começam a divergir, as coisas vão ficar muito feias. Isto acontece porque o mecanismo básico que coloca o poder de compra nas mãos dos consumidores está a falhar. Com o tempo, desemprego, baixos salários – e talvez o mais importante – a psicologia do consumidor irá causar uma muito grave retracção económica.

Como o gráfico mostra, dentro do contexto das nossas actuais regras económicas, a ideia das máquinas serem "completamente autónomas" é apenas uma meta teórica que nunca poderá ser alcançada.

Algumas pessoas podem pensar que estou a ser demasiado simplista em relacionar "o progresso tecnológico" com "máquinas mais autónomas". No fim de contas, a tecnologia não são apenas máquinas físicas; são também técnicas, processos e conhecimento distribuído. A realidade, contudo, é que a distinção histórica entre máquinas e capital intelectual está a tornar-se pouco distinta. É agora muito difícil separar processos inovadores da tecnologia de informação avançada que quase sempre torna possível e está na base deles. Sistemas avançados de gestão de inventários e marketing informatizado são exemplos de inovações técnicas, mas que assentam grandemente em computadores. De facto, é possível pensar em quase qualquer processo ou técnica como "software" – e, portanto, parte de uma máquina.

Se ainda tiver problemas em aceitar este cenário, pode colocar a si próprio algumas questões: (1) É possível continuar a aperfeiçoar uma máquina para sempre sem que por fim se torne autónoma? (2) Mesmo se for possível, então não chegará um dia em que a máquina se tornará tão sofisticada que a sua operação estaria para além da grande maioria das pessoas com um grau de formação normal? E não conduziria isto directamente à autonomia da máquina?




Em suma

À medida que a máquina for substituindo totalmente o homem no trabalho, deixará de haver trabalhadores e, portanto, salários. Sem salários não haverá poder de compra. Sem compras não há vendas. Sem vendas não há lucros. Não havendo lucros, deixa de fazer sentido a propriedade privada dos meios de produção.

O futuro da Economia passará pela socialização dos meios de produção e das matérias-primas, pela produção completamente automatizada, e pela entrega de uma mensalidade a todas as pessoas para que possam adquirir os bens de que necessitam.

quinta-feira, fevereiro 04, 2016

Número de americanos a viver na pobreza atinge recorde




Quanto mais Capitalismo e mais Evolução Tecnológica, maior a Pobreza... Um dueto que funciona cada vez pior...


1 - A Informática, a Automação, as Telecomunicações, etc., estão a substituir progressivamente o homem nas empresas, o que provoca um desemprego crescente.

2 - Ao contrário do que aconteceu até aos anos 70-80, em que a Tecnologia destruía empregos mas criava novas funções gerando outros empregos, as novas Tecnologias geram actividades que já não são preenchidas por pessoas mas por máquinas..

3 - Estes desempregados ficam sem poder de compra o que implica que as empresas vendem cada vez menos e fecham as suas portas criando cada vez mais desemprego... rumo ao desemprego total.

4 - A «Economia» baseada no Emprego está a morrer. Caímos no absurdo em que a capacidade de produção aumenta exponencialmente e as pessoas, porque desempregadas e sem dinheiro, vivem cada vez pior. Este paradigma económico tem de mudar radicalmente...




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DN - Globo - 04 de fevereiro de 2016

No ano passado foram contabilizados 46,2 milhões de americanos a viver na pobreza. Este é o número mais elevado desde que em 1959 o gabinete de recenseamento dos EUA começou a recolher destes dados.

O número de americanos a viver abaixo do limiar da pobreza aumentou durante quatro anos seguidos, enquanto a taxa de pobreza no país é a mais elevada desde 1993. Já o número de pobres em termos absolutos, 46,2 milhões em 2010, é o mais elevado desde que o gabinete de recenseamento começou a efectuar este tipo de registos.Os números foram hoje avançados num relatório do Census.

Nos Estados Unidos, é considerada pobre uma família de quatro elementos que tiver um rendimento anual inferior a 22314 dólares (cerca de 16 mil euros) ou uma pessoa sozinha que receba menos de 11139 dólares (cerca de oito mil euros) por ano.

O relatório indica ainda que o valor dos rendimentos das famílias americanas baixou 2,3% em 2010. Enquanto isso, a taxa de desemprego mantém-se actualmente acima dos 9%.

Para fazer face a esta situação, o presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou na semana passada o lançamento de um plano de 450 mil milhões de dólares (328 mil milhões de euros) para promover a criação de emprego.


domingo, agosto 16, 2015

As mentiras do Governo sobre os reais números do desemprego (29%) em Portugal


Por Nuno Serra - 29 de Julho de 2015


Conseguem as estatísticas oficiais reflectir adequadamente a realidade do desemprego em Portugal? Um primeiro exercício de resposta a esta pergunta foi aqui feito, há mais de meio ano, permitindo desmascarar os expedientes do governo para camuflar a verdadeira dimensão do problema. Nos termos desse exercício associaram-se, ao número oficial de desempregados, os desempregados ocupados, os inactivos desencorajados e os emigrantes em idade activa, assumindo que estas situações configuram formas de desemprego não reconhecidas pelas estatísticas oficiais. Posteriormente, essa análise seria revista e aprofundada, interpretando adicionalmente o subemprego como uma outra forma, mitigada, de desemprego. Ao actualizar as séries de dados para o primeiro trimestre de 2015 (a informação disponível mais recente), obtém-se o resultado que o gráfico seguinte procura traduzir.



Nestes termos:

1. Ao contrário do que diz a despudorada propaganda governamental, o desemprego não está a diminuir, sendo mais correcto falar na sua estabilização em patamares muito elevados. Com efeito, enquanto os números oficiais apontam para uma redução da Taxa de Desemprego na ordem dos 3,8 pontos percentuais, entre o primeiro trimestre de 2013 e o primeiro trimestre de 2015, a estimativa da Taxa de Desemprego Real mostra que essa descida é de apenas 0,4 pontos percentuais no mesmo período e de 0,5 pontos percentuais, caso se considere o Desemprego Real + o Subemprego.

2. Mesmo excluindo o subemprego (isto é, os activos empregados que trabalham a tempo parcial e que gostariam de poder trabalhar mais tempo) enquanto forma oculta de desemprego, uma estimativa realista da Taxa de Desemprego aponta para um valor que ronda os 25% no final do primeiro trimestre de 2015 (muito superior, portanto, aos 14% que os números oficiais apregoam). Para a divergência crescente entre estas duas taxas (Desemprego Oficial e Desemprego Real), conta sobretudo o contingente de desempregados ocupados (que passam de 23 mil em Março de 2011 para 161 mil em Março de 2015), bem como o volume de migrantes em idade activa, que constituem, no fundo, desempregados não contabilizados pelas estatísticas (apenas por terem saído do país) e que em termos acumulados passam de 12 mil para 322 mil, no período considerado.

3. Poderá argumentar-se que os números oficiais deixaram sempre de fora estas situações de desemprego, não reconhecidas como tal pelas estatísticas. E sendo isso verdade, há contudo aqui algo de substancialmente novo e que aponta para o peso crescente que essas formas ocultas de desemprego assumem, nos últimos anos, face ao desemprego total. Com efeito, se no primeiro trimestre de 2011 o Desemprego Oficial representava cerca de 61% do Desemprego Real, no período homólogo de 2013 já só representava 56% e, em Março de 2015, apenas 41%. Ou seja, a maior parte do desemprego que hoje existe em Portugal, nas suas diferentes formas, está estatisticamente oculto. Como se simplesmente não existisse.

Tem pois razão o Fundo Monetário Internacional quando afirma, como fez recentemente (contrariando o Secretário de Estado Bruno Maçães), que «Portugal precisa de 20 anos para regressar ao desemprego que tinha antes da crise». Da continuada estagnação do desemprego, nos níveis elevados em que a «austeridade expansionista» o colocou - e sem uma verdadeira alternativa às políticas de empobrecimento que a troika impôs e que o actual governo entusiasticamente abraçou - outra coisa não seria de esperar.

segunda-feira, junho 08, 2015

O Fim do Emprego - «Bem pensado – mas nunca substituirão o cavalo», disseram os cépticos quando viram os primeiros automóveis.


No principio do século XX só um louco imaginaria que no seu tempo de vida poderia ser trivial viajar a 10 km de altitude a 1000 km/h, que seria banal uma transplantação do coração, fígado, pulmões, etc., que com um telemóvel poderia falar em tempo real com outra pessoa no outro lado do mundo (vendo a sua imagem no ecrã), ou que poderia ter quase todo o conhecimento do mundo na ponta dos dedos (num computador ligado à Internet).

Uma resposta aos que se agarram desesperadamente a um paradigma que surgiu com a revolução industrial – O Emprego – quando se percebe que este está a agora desaparecer em todo o lado a uma velocidade vertiginosa. Tudo devido à evolução tecnológica exponencial a todos os níveis.

O fim do emprego trará também o fim do capitalismo e, a cereja em cima do bolo, o fim do parasitismo financeiro.


The Benz Patent Motor Car Velocipede Of 1894


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* Nos primeiros tempos da aviação, o astrónomo americano William Pickering, que predisse a existência de Plutão, preveniu o público de que: «A mente popular imagina frequentemente gigantescas máquinas voadoras atravessando o Atlântico a grandes velocidades e transportando numerosos passageiros como um moderno paquete… Parece-me seguro afirmar que tais ideias são totalmente visionárias, e mesmo que uma máquina conseguisse atravessar o Atlântico com um ou dois prisioneiros, os custos seriam proibitivos…» Três décadas mais tarde, em Julho de 1939, foi inaugurada a primeira linha aérea transatlântica com um hidroavião Boeing 314, o Yankee Clipper da Pan American, transportando 19 passageiros.





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* Em 1924, o engenheiro electrotécnico inglês Alan Archibald Swinton, um dos pioneiros do de raios catódicos, fez uma palestra na Radio Society da Grã-Bretanha sobre «Visão à Distância». Diria então: «Provavelmente não valerá a pena que alguém se dê ao trabalho de consegui-la.» Quatro anos mais tarde, a General Electric Company inaugurava, no estado de Nova Iorque, a primeira rede de televisão do Mundo.




* «História dos Grandes Inventos - Selecções do Reader’s Digest – 1983, pág 62».


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A automação e a inteligência artificial têm tido um desenvolvimento avassalador. A máquina, de forma crescente, possui mais dados, mais conhecimento e melhor capacidade de decisão. Cada vez é mais inteligente e mais autónoma. E cada vez menos precisa de ser dirigida pelo homem.

A tecnologia está cada vez mais próxima de produzir sozinha. O desenvolvimento tecnológico é exponencial em todos os campos que se considere. Donde, no binómio homem-máquina na produção, o homem tem cada vez menos peso. Em breve não terá praticamente nenhum e a máquina produzirá sozinha.

Nessa altura, a fábrica totalmente automatizada não poderá ser privada. Porque não existirão trabalhadores com salários, e sem salários não há poder de compra. Sem poder de compra não há vendas. Sem vendas não há lucros. Sem lucros não há empresas privadas. Qualquer empresa automatizada, seja o que for que produza, terá necessariamente de pertencer ao grupo, à comunidade, à sociedade.

O número crescente de desempregados a par do desenvolvimento exponencial do hardware e do software estão aí para prová-lo. Vamos acelerar a transição ou vamos permanecer agarrados a um passado de emprego condenado ao desastre social?

É a tecnologia que está a substituir o homem no trabalho. É por isso que o velho paradigma do emprego está moribundo. É necessário criar rapidamente, com o auxílio da tecnologia, um mundo mais justo, mais redistributivo e mais humano.




Comentário

O processo paradigmático acima descrito não tem necessariamente de ficar à espera de uma revolução tecnológica completa que o conclua. Muito sofrimento humano pode ser evitado com revoltas, ora pacíficas, ora violentas, consoante os casos, contra a vermina financeira (e respetivos serviçais – na política, na justiça e nos media) que carcome, devora e parasita a humanidade.
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domingo, novembro 30, 2014

Carta aberta de Pedro Passos Coelho aos desempregados portugueses





Carta aos 19%


Artigo de Ricardo Araújo Pereira em «Novíssimas Crónicas da Boca do Inferno» (2012):

Em nome de Portugal, gostaria de agradecer o teu contributo para o sucesso económico do nosso país. Portugal tem tido um desempenho exemplar, e o ajustamento está a ser muito bem sucedido, o que não seria possível sem a tua presença permanente na fila para o centro de emprego.

Está a ser feito um enorme esforço para que Portugal recupere a confiança dos mercados e, pelos vistos, os mercados só confiam em Portugal se tu não puderes trabalhar. O teu desemprego, embora possa ser ligeiramente desagradável para ti, é medicinal para a nossa economia. Os investidores não apostam no nosso país se souberem que tu arranjaste emprego. Preferem emprestar dinheiro a pessoas desempregadas.

Antigamente, estávamos todos a viver acima das nossas possibilidades. Agora estamos só a viver, o que aparentemente continua a estar acima das nossas possibilidades. Começamos a perceber que as nossas necessidades estão acima das nossas possibilidades. A tua necessidade de arranjar um emprego está muito acima das tuas possibilidades. É possível que a tua necessidade de comer também esteja. Tens de pagar impostos acima das tuas possibilidades para poderes viver abaixo das tuas necessidades. Viver mal é caríssimo.

Não estás sozinho. O governo prepara-se para propor rescisões amigáveis a milhares de funcionários públicos. Vais ter companhia. Segundo o primeiro-ministro, as rescisões não são despedimentos, são janelas de oportunidade. O melhor é agasalhares-te bem, porque o governo tem aberto tantas janelas de oportunidade que se torna difícil evitar as correntes de ar de oportunidade.

Há quem sinta a tentação de se abeirar de uma destas janelas oportunidade e de se atirar cá para baixo. É mal pensado. Temos uma dívida enorme para pagar, e a melhor maneira de conseguir pagá-la é impedir que um quinto dos trabalhadores possa produzir. Aceita a tua função neste processo e não esperneies.

Tem calma. E não te preocupes. O teu desemprego está dentro das previsões do governo. Que diabo, isso tem de te tranquilizar de algum modo. Felizmente, a tua miséria não apanhou ninguém de surpresa, o que é excelente. A miséria previsível é a preferida de toda a gente. Repara como o governo te preparou para a crise. Se acontecer a Portugal o mesmo que ao Chipre, é deixá-los ir à tua conta bancária confiscar uma parcela dos teus depósitos. Já não tens lá nada para ser confiscado. Podes ficar tranquilo. E não tens nada que agradecer.


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Um desempregado de longa data faz compras em Lisboa coadjuvado por dois canídeos (um claro sinal de abastança).


sexta-feira, fevereiro 21, 2014

Alemães propõem que se trabalhe menos horas pelo mesmo salário




Alemães sugerem 30 horas de trabalho contra o desemprego


11 de Fevereiro de 2013


Um grupo de 100 académicos e políticos alemães estão a pedir um horário de 30 horas semanais sem um corte nos salários, noticia hoje o jornal alemão Tageszeitung, citado pela CNBC. Os peticionários argumentam que uma semana de trabalho mais curta é a melhor forma de lidar com o aumento da taxa de desemprego no país, contribuindo também para o aumento da produtividade dos trabalhadores.

O desemprego alemão subiu para os 7,4% em Janeiro, mas ainda está muito abaixo dos 26% registados em Espanha. Contudo, um grupo de 100 alemães argumenta, numa carta aberta publicada hoje num jornal alemão, que a redução do horário de trabalho semanal pode ajudar os trabalhadores do país.

O plano, que foi concebido por políticos de partidos de esquerda, filósofos e académicos, sugere que a semana de trabalho de 30 horas pode ser introduzida gradualmente ao longo de vários anos. Os peticionários também defendem que a redução do horário de trabalho iria melhorar significativamente a produtividade dos trabalhadores, o que iria, por seu turno, ajudar os empregadores a pagar os salários na íntegra.

Precisamos de um projecto da sociedade como um todo para reduzir o horário de trabalho. Isto já não pode ser apenas uma questão política de negociação colectiva”, defende na carta aberta o professor universitário de direito comercial Hein-Josef Bontrup.

O mesmo responsável adianta que os líderes dos sindicatos argumentaram que os trabalhadores tinham muitas dúvidas em relação à semana com menos horas de trabalho, por recearem que isso poderia motivar salários mais baixos e uma maior carga de trabalho. Mas Bontrup sustenta que esta perspectiva se trata de uma falha na compreensão da medida.


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Uma resposta aos que se agarram desesperadamente a um paradigma que surgiu com a revolução industrial – O Emprego – quando se percebe que este está a agora desaparecer em todo o lado a uma velocidade vertiginosa. Tudo devido à evolução tecnológica exponencial a todos os níveis.

O fim do emprego trará também o fim do capitalismo e, sobretudo, o fim do parasitismo financeiro.


«Bem pensado – mas nunca substituirão o cavalo»,
disseram os cépticos quando viram os primeiros automóveis.



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* Nos primeiros tempos da aviação, o astrónomo americano William Pickering, que predisse a existência de Plutão, preveniu o público de que:

«A mente popular imagina frequentemente gigantescas máquinas voadoras atravessando o Atlântico a grandes velocidades e transportando numerosos passageiros como um moderno paquete… Parece-me seguro afirmar que tais ideias são totalmente visionárias, e mesmo que uma máquina conseguisse atravessar o Atlântico com um ou dois prisioneiros, os custos seriam proibitivos...»

Três décadas mais tarde, em Julho de 1939, foi inaugurada a primeira linha aérea transatlântica com um hidroavião Boeing 314, o Yankee Clipper da Pan American, transportando 19 passageiros.




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* Em 1924, o engenheiro electrotécnico inglês Alan Archibald Swinton, um dos pioneiros do de raios catódicos, fez uma palestra na Radio Society da Grã-Bretanha sobre «Visão à Distância». Diria então: «Provavelmente não valerá a pena que alguém se dê ao trabalho de consegui-la.» Quatro anos mais tarde, a General Electric Company inaugurava, no estado de Nova Iorque, a primeira rede de televisão do Mundo.




* «História dos Grandes Inventos - Selecções do Reader’s Digest – 1983, pág 62».


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A automação e a inteligência artificial têm tido um desenvolvimento avassalador. A máquina, de forma crescente, possui mais dados, mais conhecimento e melhor capacidade de decisão. Cada vez é mais inteligente e mais autónoma. E cada vez menos precisa de ser dirigida pelo homem.

A tecnologia está cada vez mais próxima de produzir sozinha. O desenvolvimento tecnológico é exponencial em todos os campos que se considere. Donde, no binómio homem-máquina na produção, o homem tem cada vez menos peso. Em breve não terá praticamente nenhum e a máquina produzirá sozinha.

Nessa altura, a fábrica totalmente automatizada não poderá ser privada. Porque não existirão trabalhadores com salários, e sem salários não há poder de compra. Sem poder de compra não há vendas. Sem vendas não há lucros. Sem lucros não há empresas privadas. Qualquer empresa automatizada, seja o que for que produza, terá necessariamente de pertencer ao grupo, à comunidade, à sociedade.

O número crescente de desempregados a par do desenvolvimento exponencial do hardware e do software estão aí para prová-lo. Vamos acelerar a transição ou vamos permanecer agarrados a um passado de emprego condenado ao desastre social?

É a tecnologia que está a substituir o homem no trabalho. É por isso que o velho paradigma do emprego está moribundo. É necessário criar rapidamente, com o auxílio da tecnologia, um mundo mais justo, mais redistributivo e mais humano.




Comentário

O processo paradigmático acima descrito não tem necessariamente de ficar à espera de uma revolução tecnológica completa que o conclua. Muito sofrimento humano pode ser evitado com revoltas, ora pacíficas, ora violentas, consoante os casos, contra a vermina financeira (e respetivos serviçais – na política, na justiça e nos media) que carcome, devora e parasita a humanidade.

terça-feira, janeiro 29, 2013

Dedicado aos patrões que estão convencidos de que a precariedade laboral é uma excelente medida, tanto para a sua própria empresa como para a economia em geral:


Com meia dúzia de excepções, todas as empresas ficam a perder num país onde a precariedade aumenta. Isto, porque um cidadão que perde o poder de compra, deixa de ser um consumidor no verdadeiro sentido do termo. Não havendo consumo, não há compras. Não havendo compras, não há vendas. Não havendo vendas, não há lucros. Não havendo lucros, não há produção. Não havendo produção, aumenta o desemprego.

E se, inicialmente, a um patrão pode parecer favorável ter na sua empresa funcionários a quem paga pouco e a quem pode contratar e despedir à vontade, mais tarde ou mais cedo, dar-se-á conta de que os consumidores que lhe compravam os produtos vão paulatinamente desaparecendo – porque esses ex-consumidores estão agora no desemprego ou são os empregados precários de outras empresas que seguiram as mesmas políticas.

Em síntese, a precariedade laboral representa o fim dos consumidores e, portanto, a falência em catadupa das empresas e o desmoronar da economia.



E sob o ponto de vista do cidadão precário:

Excerto de um artigo de Daniel Oliveira – 25/01/2013 - Expresso Online

[…] Sabe-se que (em Portugal) o desemprego real - bem diferente do que as estatísticas revelam - estará acima dos 20%, correspondendo a 1,2 milhão de pessoas. Que há mais de 16 mil desempregados todos os meses. Que a taxa de desemprego entre os jovens está a aproximar-se perigosamente dos 40%. Se aos desempregados juntarmos os precários, temos 2,9 milhões de pessoas, a maioria da população ativa portuguesa. Ou seja, o trabalho com o mínimo de direitos é já um fenómeno minoritário.

A precariedade entrou no jargão político. Mas nem todos parecem compreender o que ela significa e os efeitos devastadores que tem na organização social de um país. Ser precário é não poder fazer projetos. É não ter qualquer capacidade de estruturar a vida e o futuro. É adiar a possibilidade de ter filhos ou de comprar uma casa. É não ter qualquer esperança de uma progressão profissional. É não ter qualquer direito quando se está doente, quando se engravida, quando se chega à idade da reforma. É a completa imprevisibilidade, o que torna insuportável a vida em sociedade e tem efeitos desastrosos na economia. É, muitas vezes, a impossibilidade de ter férias, horários decentes, direitos mínimos. É ter de comer e calar. De aceitar salários inaceitáveis, horários insuportáveis, condições de trabalho indignas.


A precariedade não se limita a degradar a dignidade do trabalho. Deixa aos pais a tarefa eterna de, volta não volta, sustentarem os seus filhos. Deixa os filhos dependentes dos seus pais. A precariedade (quando não corresponde a um excelente rendimento) não promove, ao contrário do que alguns pensam, a autonomia dos indivíduos. Porque a autonomia exige o mínimo de independência material e esta exige o mínimo de previsibilidade profissional. A precariedade é uma doença social que, por deixar tanta gente à deriva, acaba por corroer a vida de toda a comunidade, pondo mesmo em causa a sustentabilidade da democracia. E se a precariedade é tudo isto, em Portugal, onde os apoios sociais ao desemprego eram poucos e estão próximos de serem nenhuns, ela é uma autêntica catástrofe social.

Há quem tente vender a ideia de que o combate aos direitos laborais e a promoção da precariedade seriam uma forma eficaz de garantir o emprego. A ideia resume-se assim: garantindo maior rotatividade laboral e dando maior segurança ao empregador de que, a qualquer momento, pode "reestruturar", de forma barata, o seu quadro de pessoal, haverá mais empregos. Escuso-me a dar muitos argumentos. A realidade fala por si. À desregulação laboral e ao consequente aumento do número de precários não correspondeu, nem aqui nem em lado nenhum, uma redução do desemprego. Pelo contrário: os países com mais desemprego são, em regra, aqueles que têm mais precários.

Como só um cego pode continuar a defender uma teoria que os factos teimam em não confirmar, está chegada a altura de perceber que o efeito do aumento da precariedade não é esse. A única coisa que se conseguiu foi tornar a situação dos trabalhadores de tal forma frágil que ao mínimo abalo económico ficam completamente desprotegidos. E a sua desproteção tem efeitos imediatos na economia. Por outro lado, a precariedade - a legal e a ilegal -, teve um efeito direto, pela perda de poder negocial dos trabalhadores, nos salários. Os nosso jovens, quase todos precários, trabalham muito, ganham quase nada e não esperam muito do futuro. Por fim, a precariedade, reduzindo as obrigações do empregador, descapitaliza a segurança social. [...]

segunda-feira, setembro 17, 2012

Nick Hanauer, um multimilionário crente nas virtudes do capitalismo, explica como a ideia de que os ricos criam emprego é uma falácia


Clicar em CC na barra inferior do vídeo para ver as legendas em português



Numa palestra TED impressionante Nick Hanauer desmonta um dos mitos mais malignos associados ao capitalismo: de que os ricos merecem ter privilégios tais como impostos reduzidos para que possam continuar a desempenhar a sua suposta função social num sistema capitalista que é a de criar postos de trabalho. Nick Hanauer é um empreendedor americano especializado em capital de risco. No dia 1 de Março de 2012 deu esta palestra numa das famosas conferências TED e os responsáveis desta organização sem fins lucrativos recusaram-se a publicá-la. Nick afirma que é falsa a ideia de que "os ricos são criadores de emprego e que por isso não devem pagar impostos". Afirma antes que o verdadeiro criador de emprego é o consumidor da classe média. Ainda que o site TED.com seja bem conhecido por difundir palestras bem provocadoras esta palestra não foi publicada no dito site.

segunda-feira, maio 14, 2012

Novas Oportunidades



Uma bala certeira num assassino corrupto pode ser uma oportunidade [de todo um povo] para mudar de vida e não tem de ser visto como [algo] negativo. Muito pelo contrário...


11-05-2012

O primeiro-ministro considerou esta sexta-feira que o desemprego pode ser «uma oportunidade para mudar de vida» e não tem de ser visto como negativo.

Presente no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, para a tomada de posse do Conselho para o Empreendedorismo e a Inovação, Pedro Passos Coelho lamentou que os portugueses tenham «aversão ao risco», dando como exemplo que a maioria dos jovens licenciados prefiram trabalhar por conta de outrem «do que empreendedores».

Para o primeiro-ministro, esta é uma conceção que «tem de ser alterada»: «Estar desempregado não pode ser, para muita gente, como é ainda hoje em Portugal, um sinal negativo. Despedir-se ou ser despedido não tem de ser um estigma, tem de representar também uma oportunidade para mudar de vida, tem de representar uma livre escolha também, uma mobilidade da própria sociedade

Pedro Passos Coelho realçou durante o seu discurso que terão que aumentar os níveis de competitividade da generalidade dos portugueses, apesar das condições atuais: «No curto prazo, no meio da crise em que estamos, claro que é preferível ter trabalho, mesmo precário, do que não ter, claro que é preferível trabalhar mais do que não trabalhar, vender mais barato do que não vender, mas o modelo para o futuro tem de ser o de acrescentar valor.»


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A manter-se ou a agravar-se a actual situação de desemprego e de pobreza, há quem aposte que não faltará nuito para que o PM se encontre a chiar e a guinchar como um láparo à beira do tacho.


Três formas pouco lamechas de lidar com um Primeiro-ministro que se obstina em enviar um povo inteiro para a miséria enquanto entrega as riquezas do país à Finança Internacional...


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Jornal ionline - 17 Fev 2012

Portugal. Há 885 novos desempregados por dia

Desemprego jovem disparou 61% em 2011, quando em todo o período entre 2002 e o final de 2010, cresceu 29%

No final de 2011, o desemprego oficial bateu os recordes e chegou a 14%, fruto de um salto trimestral nunca antes visto: mais 1,6 pontos. E a tendência, como se antecipa nas previsões do governo e da troika, é piorar.

Mas o cenário real é bem mais gravoso do que aquele que a taxa de desemprego oficial mostra. Juntando aos 771 mil desempregados – valor refere-se às pessoas sem emprego que durante o período do inquérito procuraram trabalho –, os inactivos disponíveis ou desencorajados – que não procuraram emprego –, e os trabalhadores a tempo parcial, o total chega a 1,24 milhões de pessoas sem emprego ou sem emprego a full-time. Um número que corresponde a uma taxa de desemprego ajustada de 22,6%.



Num país em que os políticos, legisladores e comentadores mediáticos estão na sua esmagadora maioria a soldo do Grande Dinheiro, só existe uma solução para resolver a «Crise»... Somos 10 milhões contra algumas centenas de parasitas...


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No Jornal Expresso de 1/9/2007, o jornalista Fernando Madrinha explica de que forma a Banca subsidia e utiliza a política e os políticos para saquear este país:

[...] «Não obstante, os bancos continuarão a engordar escandalosamente porque, afinal, todo o país, pessoas e empresas, trabalham para eles. [...] os poderes do Estado cedem cada vez mais espaço a poderes ocultos ou, em qualquer caso, não sujeitos ao escrutínio eleitoral. E dizem-nos que o poder do dinheiro concentrado nas mãos de uns poucos é cada vez mais absoluto e opressor. A ponto de os próprios partidos políticos e os governos que deles emergem se tornarem suspeitos de agir, não em obediência ao interesse comum, mas a soldo de quem lhes paga as campanhas eleitorais.» [...]


segunda-feira, abril 09, 2012

«Bem pensado – mas nunca substituirão o cavalo», disseram os cépticos quando viram os primeiros automóveis.

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Uma resposta aos que se agarram desesperadamente a um paradigma que surgiu com a revolução industrial – O Emprego – quando se percebe que este está a agora desaparecer em todo o lado a uma velocidade vertiginosa. Tudo devido à evolução tecnológica exponencial a todos os níveis.

O fim do emprego trará também o fim do capitalismo e, a cereja em cima do bolo, o fim do parasitismo financeiro.


The Benz Patent Motor Car Velocipede Of 1894


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* Nos primeiros tempos da aviação, o astrónomo americano William Pickering, que predisse a existência de Plutão, preveniu o público de que: «A mente popular imagina frequentemente gigantescas máquinas voadoras atravessando o Atlântico a grandes velocidades e transportando numerosos passageiros como um moderno paquete… Parece-me seguro afirmar que tais ideias são totalmente visionárias, e mesmo que uma máquina conseguisse atravessar o Atlântico com um ou dois prisioneiros, os custos seriam proibitivos…» Três décadas mais tarde, em Julho de 1939, foi inaugurada a primeira linha aérea transatlântica com um hidroavião Boeing 314, o Yankee Clipper da Pan American, transportando 19 passageiros.




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* Em 1924, o engenheiro electrotécnico inglês Alan Archibald Swinton, um dos pioneiros do de raios catódicos, fez uma palestra na Radio Society da Grã-Bretanha sobre «Visão à Distância». Diria então: «Provavelmente não valerá a pena que alguém se dê ao trabalho de consegui-la.» Quatro anos mais tarde, a General Electric Company inaugurava, no estado de Nova Iorque, a primeira rede de televisão do Mundo.




* «História dos Grandes Inventos - Selecções do Reader’s Digest – 1983, pág 62».


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A automação e a inteligência artificial têm tido um desenvolvimento avassalador. A máquina, de forma crescente, possui mais dados, mais conhecimento e melhor capacidade de decisão. Cada vez é mais inteligente e mais autónoma. E cada vez menos precisa de ser dirigida pelo homem.

A tecnologia está cada vez mais próxima de produzir sozinha. O desenvolvimento tecnológico é exponencial em todos os campos que se considere. Donde, no binómio homem-máquina na produção, o homem tem cada vez menos peso. Em breve não terá praticamente nenhum e a máquina produzirá sozinha.

Nessa altura, a fábrica totalmente automatizada não poderá ser privada. Porque não existirão trabalhadores com salários, e sem salários não há poder de compra. Sem poder de compra não há vendas. Sem vendas não há lucros. Sem lucros não há empresas privadas. Qualquer empresa automatizada, seja o que for que produza, terá necessariamente de pertencer ao grupo, à comunidade, à sociedade.

O número crescente de desempregados a par do desenvolvimento exponencial do hardware e do software estão aí para prová-lo. Vamos acelerar a transição ou vamos permanecer agarrados a um passado de emprego condenado ao desastre social?

É a tecnologia que está a substituir o homem no trabalho. É por isso que o velho paradigma do emprego está moribundo. É necessário criar rapidamente, com o auxílio da tecnologia, um mundo mais justo, mais redistributivo e mais humano.




Comentário

O processo paradigmático acima descrito não tem necessariamente de ficar à espera de uma revolução tecnológica completa que o conclua. Muito sofrimento humano pode ser evitado com revoltas, ora pacíficas, ora violentas, consoante os casos, contra a vermina financeira (e respetivos serviçais – na política, na justiça e nos media) que carcome, devora e parasita a humanidade.
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