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quarta-feira, dezembro 27, 2017

Os governos transformaram os Orçamentos do Estado numa manjedoura para alimentar os amigos. Assim continuará a ser, também em 2018.

Jornal Público - 23 de Novembro de 2017

O Orçamento do Estado de 2018 (OE2018) penaliza as famílias, ao perpetuar uma das medidas mais marcantes da austeridade e da crise: a manutenção da taxa de IVA da electricidade a 23%. Mas as dificuldades não serão para todos. Para os protegidos do regime, sector financeiro e parcerias público-privadas, o governo irá fazer jorrar dinheiro a rodos.

Só em 2018, o Estado português irá disponibilizar — para benefício directo dos grandes grupos económicos que vivem de favores do Estado — mais de cinco mil milhões de euros, o equivalente à colecta de todo o IRC durante um ano.

Para a banca e afins o OE2018 contempla dotações de mais de três mil e trezentos milhões (3317). Só para participações financeiras estão previstos no documento orçamental 2,4 mil milhões. Depois de termos assistido durante anos de governos de Passos Coelho ao desvio de dezenas de milhares de milhões para a banca, iremos ainda provar a continuação desta prática, agora por culpa de António Costa e Centeno. Que contam com o silêncio cúmplice do Partido Comunista e do Bloco Esquerda.

A estes 2,4 mil milhões somam-se ainda mais 850 milhões para o Fundo de Resolução de apoio à banca. Esta verba está inscrita no OE2018 e não tem qualquer razão plausível que a suporte. Quando o Fundo de Resolução foi constituído, em 2015, aquando da falência do Grupo Espírito Santo, o Orçamento do Estado dotou-o com 3,8 mil milhões. Esta alocação de recursos deveria ser provisória, a verba deveria ser progressivamente devolvida pelos bancos e seriam estes a, no futuro, provisionar o Fundo. Pois, ao fim de quatro anos, o dinheiro dos contribuintes continuará a alimentar um fundo cuja missão é pagar os desmandos dos banqueiros.

Mas não ficamos por aqui. O OE2018 contempla ainda pagamentos de cerca de 1500 milhões (1498 milhões) de euros aos concessionários das parceiras-público privadas (PPP) rodoviárias, à semelhança do que vem acontecendo nos anos transactos. Garante assim rendas milionárias aos concessionários, que mantêm taxas de rendibilidade superiores a 15%. Este valor deveria ser, segundo estudos independentes, de apenas 400 milhões de euros — o correspondente ao valor patrimonial das PPP rodoviárias, 6,1 mil milhões, segundo avaliação do Eurostat. Mas, inexplicavelmente, o Estado tem previsto pagar até 2039, por este património, mais de 19 mil milhões. Só em 2018, o Estado português irá pagar 1100 milhões a mais do que deveria. Este é aliás um problema crónico e que se vai agravar nos anos vindouros: em 2017, a estimativa de gastos com PPP rodoviárias é de 1503 milhões de euros; em 2018 está previsto gastar 1498 milhões; em 2019, 1436 milhões e assim sucessivamente, por mais de 20 anos. E sobre este assunto, na discussão do Orçamento, o Partido Socialista, o PSD e o CDS, responsáveis pelas PPP, nada disseram. O PC e o Bloco, que em tempos contestavam violentamente estes negócios, estão agora estranhamente (?) emudecidos.

É claro que, para garantir aos grandes grupos económicos estes privilégios, António Costa não pode aliviar a carga fiscal. Opta assim por fustigar os contribuintes, mantendo as medidas de austeridade que tanto criticou a Passos Coelho — a mais gravosa das quais é, pela sua penetração na sociedade portuguesa e alcance junto da população, a manutenção do IVA da electricidade em 23%. Há muito esperada, a reposição do valor do IVA na electricidade, na sua taxa reduzida, 6%, é claramente imperiosa. Aliás, só a total reversão do “brutal aumento de impostos” (concebido pela dupla Passos Coelho-Vítor Gaspar) corresponderia, de facto, ao tão propalado “fim da austeridade”. Mas, falhando a coragem para cortar nos privilégios dos poderosos, o governo só pode optar por manter as receitas fiscais que os alimentam.

Com estas práticas reiteradas, de tirar muito a todos para dar tudo a alguns, a muito poucos, os governos — sejam de esquerda “geringonceira” ou de direita “neoliberal” — transformaram os Orçamentos do Estado numa manjedoura para alimentar os amigos. Assim continuará a ser, também em 2018.

domingo, maio 06, 2012

A fraude da alternância democrática dos Dois-Partidos (que de facto constituem um partido único) já foi topada pelos gregos



Em qualquer «Democracia» os dois partidos do «Arco da Governação», que se sucedem ininterruptamente no Poder, não passam de um único partido que obedece exclusivamente ao Polvo Financeiro.


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6/5/2012 às 21:59

Nas eleições gregas de hoje, o partido Nova Democracia (PSD) foi o mais votado com quase 21%, seguido do partido de Coligação de Esquerda com 15,2%. O PASOK (PS) ficou-se pelos 14,6%, os Gregos Independentes rondou os 10% e o Partido Comunista 8,2%.


Para o [comentador venal] professor Marcelo Rebelo de Sousa, para quem esta «é a má notícia da noite», depois deste resultado, «a Grécia está um pandemónio» e «ninguém sabe» o que vai acontecer ao país daqui para a frente...



DN Globo - 04-05-2012

O comentador político grego Antonis Delatollas prevê em entrevista à Lusa que os dois principais partidos não devem garantir em conjunto a maioria absoluta nas legislativas de domingo e terão muitas dificuldades em garantir um parceiro para governar.

"Será muito difícil os dois principais partidos, os socialistas do PASOK e os conservadores da Nova Democracia (ND), formarem um governo, mesmo em coligação", disse em entrevista telefónica à Lusa Antonis Delatollas, 49 anos, comentador político e diretor da revista política e satírica semanal "To Pontiki" (O Rato), publicado em Atenas.

"Vão necessitar do apoio de um terceiro partido e que terá de ser pró-memorando e não anti-memorando. Mas será muito difícil encontrar esse parceiro, porque a maioria dos restantes partidos são contra o memorando [segundo plano de resgate assinado com a União Europeia e Fundo Monetário Internacional, avaliado em 130 mil milhões de euros]", afirmou.

"Assim, será um duro despique para saber quem formará um governo na Grécia"

Esta fragmentação política vai penalizar sobretudo o "bloco central" formado entre os socialistas do PASOK e os conservadores da Nova Democracia (ND).

Desde novembro, os dois partidos integram um "governo de transição" responsável pelas mais recentes negociações com os credores internacionais e que implicou duras medidas de austeridade.


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The Establishment's Two-Party Scam

Establishment - é um termo usado para referir genericamente a tradicional elite dominante ou elite do poder e as estruturas da sociedade que ela controla.

Texto de Chris Gupta

Esta fraude consiste na fundação e financiamento pela elite do poder de dois partidos políticos que surgem aos olhos do eleitorado como antagónicos, mas que, de facto, constituem um partido único. O objectivo é fornecer aos eleitores a ilusão de liberdade de escolha política e serenar possíveis sentimentos de revolta contra a elite dominante.


Dr. Stan Monteith: "De há muito, o principal problema da vida política americana tem sido tornar os dois partidos congressionais (o partido Republicano e o partido Democrata) mais nacionais. O argumento de que os dois partidos deviam representar políticas e ideias opostas, uma, talvez, de Direita e a outra de Esquerda, é uma ideia ridícula aceite apenas por teóricos e pensadores académicos. Pelo contrário, os dois partidos devem ser quase idênticos, de forma a convencer o povo americano de que nas eleições pode "correr com os canalhas", sem na realidade conduzir a qualquer mudança profunda ou abrangente na política."


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É sobejamente reconhecido que as corporações internacionais contribuem com largas somas de dinheiro para ambos os partidos políticos, mas será possível que ambos os partidos sejam controlados essencialmente pelas mesmas pessoas? Teria George Wallace razão quando afirmou:

"... não existe diferença nenhuma entre Republicanos e Democratas."

"... A verdade é que a população raramente é envolvida na selecção dos candidatos presidenciais; normalmente os candidatos são escolhidos por aqueles que secretamente mandam na nossa nação. Assim, de quatro em quatro anos o povo vai às urnas e vota num dos candidatos presidenciais seleccionados pelos nossos 'governantes não eleitos.' Este conceito é estranho àqueles que acreditam no sistema americano de dois-partidos, mas é exactamente assim que o nosso sistema político realmente funciona."


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O Professor Arthur Selwyn Miller foi um académico da Fundação Rockefeller. No seu livro «The Secret Constitution and the Need for Constitutional Change» [A Constituição Secreta e a Necessidade de uma Mudança Constitucional], escreveu:

"... aqueles que de facto governam, recebem as suas indicações e ordens, não do eleitorado como um organismo, mas de um pequeno grupo de homens. Este grupo é chamado «Establishment». Este grupo existe, embora a sua existência seja firmemente negada; este é um dos segredos da ordem social americana. Um segundo segredo é o facto da existência do Establishment – a elite dominante – não dever ser motivo de debate. Um terceiro segredo está implícito no que já foi dito – que só existe um único partido político nos Estados Unidos, a que foi chamado o "Partido da Propriedade." Os Republicanos e os Democratas são de facto dois ramos do mesmo partido (secreto)."


O Professor Miller usou nesta frase "(secreto)" porque sabia que ao povo Americano nunca será permitido tomar conhecimento que na realidade só existe um partido político nos Estados Unidos.



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Professor Carroll Quigley


Nenhum debate do Governo Invisível Americano ficaria completo sem mencionar o Professor Carroll Quigley, o mentor de Bill Clinton quando este era um estudante na Universidade de Georgetown. O Presidente Clinton referiu-se bastantes vezes ao Professor Quigley nos seus discursos. O Professor Quigley deu aulas tanto na Universidade de Harvard como na de Princeton antes de se fixar na Universidade de Georgetown.

Embora Quigley fosse um devotado liberal, estamos em dívida para com ele pelas suas revelações acerca da origem da Elite do Poder que governa a nossa nação e o mundo. No seu livro «Tragedy and Hope: A History Of The World In Our Time» - [Tragédia e Esperança: uma história do Mundo dos nossos dias], Quigley revela que os Governantes não Eleitos da América têm por objectivo controlar-nos, utilizando "especialistas" para subverter o nosso processo eleitoral:

"... É cada vez mais claro que, no século XX, o especialista substituirá o magnata industrial no controlo do sistema económico tal como irá substituir o votante democrático no controlo do sistema político. Isto porque o planeamento vai inevitavelmente substituir o laissez faire… De forma optimista, podem sobreviver para o indivíduo comum os elementos da escolha e liberdade no sentido em que ele será livre de escolher entre dois grupos políticos antagónicos (mesmo que estes grupos tenham pouca latitude de escolha política dentro dos parâmetros da política estabelecida pelos especialistas), e o indivíduo tenha a oportunidade de escolher mudar o seu apoio de um grupo para outro. Mas, em geral, a sua liberdade e poder de escolha serão controlados entre alternativas muito apertadas"...

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

A fraude dos Dois-Partidos perpetrada pelo Establishment

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A ilusão da livre escolha entre Direita e Esquerda


The Establishment's Two-Party Scam

Establishment - é um termo usado para referir genericamente a tradicional elite dominante ou elite do poder e as estruturas da sociedade que ela controla.

Esta fraude consiste na fundação e financiamento pela elite do poder de dois partidos políticos que surgem aos olhos do eleitorado como antagónicos, mas que, de facto, constituem um partido único. O objectivo é fornecer aos eleitores a ilusão de liberdade de escolha política e serenar possíveis sentimentos de revolta contra a elite dominante.

Texto de Chris Gupta

Tradução minha


Dr. Stan Monteith

Dr. Stan Monteith: "De há muito, o principal problema da vida política americana tem sido tornar os dois partidos congressionais (o partido Republicano e o partido Democrata) mais nacionais. O argumento de que os dois partidos deviam representar políticas e ideias opostas, uma, talvez, de Direita e a outra de Esquerda, é uma ideia ridícula aceite apenas por teóricos e pensadores académicos. Pelo contrário, os dois partidos devem ser quase idênticos, de forma a convencer o povo americano de que nas eleições pode "correr com os canalhas", sem na realidade conduzir a qualquer mudança profunda ou abrangente na política."



George Wallace

É sobejamente reconhecido que as corporações internacionais contribuem com largas somas de dinheiro para ambos os partidos políticos, mas será possível que ambos os partidos sejam controlados essencialmente pelas mesmas pessoas? Teria George Wallace razão quando afirmou:

"... não existe diferença nenhuma entre Republicanos e Democratas."

"... A verdade é que a população raramente é envolvida na selecção dos candidatos presidenciais; normalmente os candidatos são escolhidos por aqueles que secretamente mandam na nossa nação. Assim, de quatro em quatro anos o povo vai às urnas e vota num dos candidatos presidenciais seleccionados pelos nossos 'governantes não eleitos.' Este conceito é estranho àqueles que acreditam no sistema americano de dois-partidos, mas é exactamente assim que o nosso sistema político realmente funciona."



Arthur Selwyn Miller

O Professor Arthur Selwyn Miller foi um académico da Fundação Rockefeller. No seu livro «The Secret Constitution and the Need for Constitutional Change» [A Constituição Secreta e a Necessidade de uma Mudança Constitucional], que foi escrito para aqueles que partilhavam os segredos da nossa ordem social, escreveu:

"... aqueles que de facto governam, recebem as suas indicações e ordens, não do eleitorado como um organismo, mas de um pequeno grupo de homens. Este grupo é chamado «Establishment». Este grupo existe, embora a sua existência seja firmemente negada; este é um dos segredos da ordem social americana. Um segundo segredo é o facto da existência do Establishment – a elite dominante – não dever ser motivo de debate. Um terceiro segredo está implícito no que já foi dito – que só existe um único partido político nos Estados Unidos, a que foi chamado o "Partido da Propriedade." Os Republicanos e os Democratas são de facto dois ramos do mesmo partido (secreto)."

O Professor Miller usou nesta frase "(secreto)" porque sabia que ao povo Americano nunca será permitido tomar conhecimento que na realidade só existe um partido político nos Estados Unidos.



Professor Carroll Quigley

Nenhum debate do Governo Invisível Americano ficaria completo sem mencionar o Professor Carroll Quigley, o mentor de Bill Clinton quando este era um estudante na Universidade de Georgetown. O Presidente Clinton referiu-se bastantes vezes ao Professor Quigley nos seus discursos. O Professor Quigley deu aulas tanto na Universidade de Harvard como na de Princeton antes de se fixar na Universidade de Georgetown.

Embora Quigley fosse um devotado liberal, estamos em dívida para com ele pelas suas revelações acerca da origem da Elite do Poder que governa a nossa nação e o mundo. No seu livro «Tragedy and Hope: A History Of The World In Our Time» - [Tragédia e Esperança: uma história do Mundo dos nossos dias], Quigley documenta as origens da sociedade secreta que controla os nossos partidos políticos hoje e que se manifesta nas posições chave ocupadas pelo Council on Foreign Relations [Conselho das Relações Exteriores]. Aqueles que estudaram a influência deste Conselho reconhecem que ele controla tanto as nossas políticas domésticas quanto as externas.

O Professor Quigley também revelou que os Governantes Não Eleitos da América têm por objectivo controlar-nos, utilizando "especialistas" para subverter o nosso processo eleitoral:

"... É cada vez mais claro que, no século XX, o especialista substituirá o magnata industrial no controlo do sistema económico tal como irá substituir o votante democrático no controlo do sistema político. Isto porque o planeamento vai inevitavelmente substituir o laissez faire… De forma optimista, podem sobreviver para o indivíduo comum os elementos da escolha e liberdade no sentido em que ele será livre de escolher entre dois grupos políticos antagónicos (mesmo que estes grupos tenham pouca latitude de escolha política dentro dos parâmetros da política estabelecida pelos especialistas), e o indivíduo tenha a oportunidade de escolher mudar o seu apoio de um grupo para outro. Mas, em geral, a sua liberdade e poder de escolha serão controlados entre alternativas muito apertadas"...
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quinta-feira, junho 10, 2010

Incêndio no Reichstag – uma tragédia que mais de 90% dos portugueses não desdenharia ver por cá, com os 230 comensais lá dentro em "aceso" debate

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O incêndio do Reichstag [Parlamento Alemão]. Um mês após a nomeação de Adolf Hitler para o cargo de Chanceler da Alemanha, o prédio foi incendiado. O fogo começou por volta das 21:14h do dia 27 de Fevereiro de 1933. Acredita-se que o incêndio tenha sido iniciado em vários lugares. Quando a polícia e os bombeiros chegaram ao local, houve uma grande explosão na Câmara dos Deputados.




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A propósito de somas auferidas por inúteis [deputados], eis um discurso de Miguel Portas no Parlamento Europeu [2:16m]:



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domingo, janeiro 24, 2010

Um Governo privatizado que quer apostar em mais privatizações


TVI24 - 24/01/2010:

A garantia de que «não haverá aumento de impostos» e o alargamento do programa de privatizações contribuíram, no plano macroeconómico, para «a abstenção construtiva» do CDS-PP ao Orçamento do Estado para 2010, diz a Lusa.

De acordo com um documento divulgado pelo CDS-PP, os democratas-cristãos receberam ainda a garantia do Governo de que haverá «um controlo reforçado» das parcerias público-privadas.


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As privatizações em Portugal na electricidade e distribuição da gasolina que geraram monopólios privados têm dado muito boa conta de si:

Em 2008, a privatizada EDP teve mais de 1.000 milhões de euros de lucro e a privatizada Galp teve mais de 500 milhões de lucro, tendo esta última aumentado os preços da electricidade em 5%, cerca de três vezes mais do que valor da inflação.

Quanto aos lucros tão elevados da privatizada Galp foram conseguidos graças à demora na repercussão da descida do preço da gasolina em relação ao preço do petróleo, ou seja, roubando os consumidores.

Evidentemente que haverá ainda outros serviços públicos que, se privatizados e seguindo as «boas práticas» de gestão da Galp e da EDP, poderão tornar-se em novos monopólios lucrativos.

Afinal, o financiamento privado de políticos e de partidos, que inclui o apoio mediático de jornais e televisões, tem a obrigação de gerar um retorno decente para os que investem o seu dinheiro nos poderes Legislativo e Executivo.
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domingo, outubro 11, 2009

Talvez a única forma de combater o caciquismo e a corrupção autárquica seja admitir que os candidatos se eliminem mutuamente.


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Crime em Mondim de Basto

O dia eleitoral ficou hoje marcado pelo homicídio do marido da presidente da Junta de Freguesia de Ermelo, concelho de Mondim de Basto, distrito de Vila Real de Trás os Montes. António Cunha, autor do crime e candidato do PS à freguesia de Ermelo, encontra-se a monte.

António Cunha, candidato do PS à Junta de Freguesia de Ermelo, terá disparado contra Maximino Clemente, marido da actual presidente da Junta - Glória Clemente - e recandidata pelo PSD ao terceiro mandato. "Ele quando percebeu que a minha sogra ia ganhar outra vez, fez isto... nunca se conformou em ter perdido a Junta...ele sempre usou e abusou dos dinheiros públicos...", acusa Armindo Henrique, genro da vítima mortal.

António Cunha, 61 anos, foi presidente da Junta de Freguesia de Ermelo durante dois mandatos, acabando por perder o lugar para Glória Clemente. Entre eles era conhecida alguma animosidade devida a divergências quanto à gestão dos bens da Junta. Já a contar com alguns possíveis desentendimentos, a GNR tinha preparado para o dia de hoje um reforço de vigilância para as duas mesas de voto da freguesia de Ermelo.

Segundo testemunhas no local, Maximiano estava na sala da assembleia de voto a ultimar os preparativos para as eleições, quando António Cunha entrou com uma caçadeira encostada à perna e, sem explicações, terá disparado um tiro que atingiu mortalmente António Cunha na cabeça.


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E uma luz ao fundo do túnel


Parabéns Felgueirenses. Souberam dar uma verdadeira lição de inteligência à grande maioria dos cidadãos deste país.
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segunda-feira, setembro 28, 2009

10,4 por cento dos votos e 21 deputados - o novo campeonato de Paulo Portas. Longe vão as tácticas menos claras desta Fénix renascida

Jornal de Notícias - 28/9/2009:


"Minhas amigas e meus amigos, foi desta vez: dois dígitos!" O CDS chegou ao pódio e Paulo Portas não tem dúvidas: "Passamos a ser o terceiro partido, temos mais de 10%, a partir de hoje, passamos a discutir outro campeonato".

"Não é o fim da linha, é apenas o princípio de um caminho que vai demorar algum tempo para que haja, em Portugal, um grande partido não socialista, frontal, directo e corajoso", afirmou Paulo Portas, perante um auditório a rebentar pelas costuras. "Este resultado é a remuneração do esforço, a compensação da clareza e a vitória do bom senso em Portugal", sublinhou, exaltando o facto do CDS ter ficado à frente de CDU e BE, a "Esquerda radical".


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Mas no campeonato de 2005 a posição de Portas era mais periclitante:


Negócios de Portas vistos à lupa

O Ministério Público e a Polícia Judiciária estão a investigar vários actos da gestão de Paulo Portas no Ministério da Defesa. Em causa estão, desde já, os contratos e, sobretudo, as contrapartidas negociadas para a aquisição de submarinos e de helicópteros pesados, no valor global de 1,3 mil milhões de euros, e onde a Escom, trading do grupo Espírito Santo, surge associada aos consórcios vencedores a HWD (alemã) e a Agusta-Westland (belgas e britânicos), respectivamente.

O DN apurou, no entanto, que na mira dos investigadores estarão também outros dossiers, alguns dos quais se encontram por concluir, não existindo, até agora, nenhuma adjudicação de helicópteros ligeiros para o exército, substituição dos Aviocar, viaturas de transporte blindadas e armas ligeiras.

O que indicia que, nesta fase, os investigadores parecem especialmente apostados em averiguar o tipo de contrapartidas que terão sido prometidas ou até mesmo negociadas à margem dos diversos concursos que decorreram, ou estão ainda a decorrer, para a aquisição dos diferentes equipamentos das Forças Armadas.

Aliás, para a prova dos crimes de corrupção e tráfico de influências a lei requer que se demonstre a relação causa-efeito de uma determinada decisão.

O que justificaria, por exemplo, as apreensões de documentos que foram feitas na Escom, empresa que actua habitualmente neste tipo de negócios como "intermediária" entre as partes.

Ao que tudo indica, MP e PJ esperam encontrar nesses documentos os indícios e provas suficientes que lhes permitam sustentar as suspeitas de corrupção e tráfico de influências que os levaram a agir, nesta primeira fase, sobre o caso da herdade da Vargem Fresca, em Benavente. E que poderão passar também pelo financiamento do CDS/PP, apesar dos desmentidos públicos de Abel Pinheiro, o dirigente popular que controlou os dinheiros do partido durante a direcção de Paulo Portas, e que já foi constituído arguido no processo que envolve a herdade da Vargem Fresca. Além de Abel Pinheiro, foram ainda constituídos arguidos Luís Nobre Guedes e três quadros do Grupo Espírito Santo Luís Horta e Costa, José Manuel Sousa e Carlos Calvário. Todos por suspeitas do crime de tráfico de influências.

De acordo com diversas fontes consultadas pelo DN, as suspeitas dos investigadores sobre a gestão de Paulo Portas no Ministério da Defesa poderão vir a alargar-se ainda mais nos próximos dias, admitindo-se que o Ministério Público e a PJ possam vir a interessar-se igualmente por dossiers tão distintos como a "privatização" das OGMA ou a venda de terrenos na Grande Lisboa e no Grande Porto e que foram, entretanto, desafectados aos três ramos das Forças Armadas.

São negócios de muitos milhões de euros, que começaram há vários anos e onde se cruzam vários interesses, que parecem ter despertado o interesse dos investigadores. E não só. Pelo menos a avaliar pela intenção já anunciada por Luís Amado, o socialista que sucedeu a Paulo Portas, de pedir a revisão do contrato de contrapartidas

Já em relação aos submarinos, o processo arrastou-se durante sete anos, tendo a decisão final pertencido a Paulo Portas.

E entre os processos que se encontram no DCIAP, além das questões relacionadas com a aquisição dos helicópteros e submarinos, estarão outras no âmbito de alegadas irregularidades na aquisição de viaturas blindadas ligeiras e de desvio de verbas nas Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento.

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quinta-feira, setembro 24, 2009

Post destinado à carneirada que se limita a ler o Expresso, a ver os telejornais, e que vai votar candidamente no Centrão – PS / PSD

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Ricardo Araújo Pereira, dos Gatos Fedorentos, questionou o Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, no programa "Esmiuçar os Sufrágios" de 23/9/2009:

"Sr. Ministro, quando, enfim, essa vida atarefada acabar e sair do Governo, já escolheu em que grande empresa, daquelas que têm negócios com o Estado, é que vai ser Director-Geral? A Caixa [Geral de Depósitos], eu sei lá, a EDP, a Galp, a Mota Engil, o que é que lhe apetece?"

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O Mecanismo do Poder e a «Democracia»



Rui Mateus em "Contos Proibidos – Memórias de um PS desconhecido, 1996":

"Para além da ausência de regras que permitam, pela via individual, o acesso do cidadão à actividade política, não existem regras idóneas de financiamento dos partidos nem de transparência para os políticos. Um pouco à semelhança dos pilares morais do regime, a Maçonaria e a Opus Dei, tudo se decide às escondidas, como se o direito dos cidadãos à informação completa e rigorosa, de como são financiadas as suas instituições e dos rendimentos dos seus governantes e dos seus magistrados se tratasse de algo suspeito, de algo subversivo."


João Cravinho (Revista Visão – 4/10/2007):

"Um dos nossos grandes problemas é a corrupção de Estado, a apropriação de órgãos vitais de decisão ou de preparação da decisão por parte de lóbis. [...] Não pode estar a promover-se uma pseudo-economia de mercado, em que o Estado serve de muleta aos grandes e até aos pequenos negócios. Muitos acham que deve ser essa a originalidade do neoliberalismo à portuguesa. [...]"


Miguel Sousa Tavares (Jornal Expresso 07/01/2006):

"Todos vimos nas faustosas cerimónias de apresentação dos projectos da Ota e do TGV, [...] os empresários de obras públicas e os banqueiros que irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos. Vai chegar para todos e vai custar caro, muito caro, aos restantes portugueses. O grande dinheiro agradece e aproveita«Lá dentro, no «inner circle» do poder - político, económico, financeiro, há grandes jogadas feitas na sombra, como nas salas reservadas dos casinos. Se olharmos com atenção, veremos que são mais ou menos os mesmos de sempre."


Fernando Madrinha (Jornal Expresso - 1/9/2007):

[...] Não obstante, os bancos continuarão a engordar escandalosamente porque, afinal, todo o país, pessoas e empresas, trabalham para eles. [...] Remetem-nos para uma sociedade cada vez mais vulnerável e sob ameaça de desestrutruração, indicam-nos que os poderes do Estado cedem cada vez mais espaço a poderes ocultos ou, em qualquer caso, não sujeitos ao escrutínio eleitoral. E dizem-nos que o poder do dinheiro concentrado nas mãos de uns poucos é cada vez mais absoluto e opressor. A ponto de os próprios partidos políticos e os governos que deles emergem se tornarem suspeitos de agir, não em obediência ao interesse comum, mas a soldo de quem lhes paga as campanhas eleitorais.
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sexta-feira, julho 31, 2009

O ex-bloquista e activista gay, Miguel Vale de Almeida, não soube resistir ao charme de Sócrates



TSF - 24 JULHO 2009

O ex-bloquista Miguel Vale de Almeida, que vai fazer parte da lista de deputados do PS pelo círculo de Lisboa, afirmou em declarações à TSF que está satisfeito com o convite e que este só mostra que a divisão entre a «esquerda e a direita se estabelece sobretudo entre o PS e o PSD».

O PS chamou a actriz Inês de Medeiros e o ex-bloquista Miguel Vale de Almeida para serem candidatos a deputados por Lisboa em lugares de eleição garantida.

Em declarações à TSF, o antropólogo disse estar muito satisfeito com o convite, lembrando que é preciso «reforçar a ideia de que a linha divisória entre a esquerda e a direita se estabelece sobretudo entre o PS e o PSD».

Miguel Vale de Almeida é também um conhecido activista dos movimentos gay por direitos iguais e diz que vai fazer dessa questão uma prioridade, embora garanta que vai dar atenção a todos os assuntos em debate na Assembleia da República.

O antropólogo promete contribuir para uma nova imagem, linguagem e forma de fazer política no Parlamento.
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sexta-feira, junho 26, 2009

O verdadeiro móbil da política que Sócrates e os seus patronos delinearam para o país

O abismo social como projecto político

Ao governo Sócrates junta-se todo o Centrão e boa parte dos políticos que navegam na órbita dessa galáxia de interesses e corrupção.

São auxílios a Bancos em "Crise", TGVs, Projectos PIN, Aeroportos, Auto-Estradas, Pontes, e toda a sorte da elefantíase albina que povoa a mente sôfrega destes parasitas profissionais.
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segunda-feira, junho 08, 2009

Eleições Europeias 2009 - A Fresh Perspective


Excertos [com alguns acrescentos meus] retirados do Arte da Fuga:

Tendo em conta o número total de eleitores portugueses, a grande vencedora da noite foi a Dra. Abstenção com uns esmagadores 62,5% dos votos. Também a Coligação Brancos + Nulos ultrapassou a fasquia dos 2,5%... Na realidade, o PSD obteve apenas 11,9%, o PS alcançou 10% e o BE e a CDU receberam 4% cada.

Donde se retira que a legitimidade democrática destes actos eleitorais, um pouco por toda a Europa, está no limiar do sustentável.

Se as pessoas não votarem e a abstenção continuar a crescer desta forma, a prazo, será a própria existência da classe política a estar em causa! Enfim, o jogo da sobrevivência também já chegou à política, em particular a este regime de democracia indirecta (ou representativa).

... Sitiados pela corrupção e pelo compadrio, a abstenção é um sintoma, quando a indiferença já é azedume e pode volver-se em explosão, se se confirmarem os sinais do "out of control".

Sobre as possíveis consequências do autismo da classe política perante a abstenção eleitoral, a capa de um single do grupo de heavy-metal Corrosion of Conformity:

quinta-feira, setembro 18, 2008

O Processo Democrático visto por Ricardo Araújo Pereira


Texto de Ricardo Araújo Pereira

Da obra: Boca do Inferno


O congresso está no meio de nós

Nunca fui a um congresso partidário, mas tenho pena: nutro grande interesse por manifestações religiosas em geral. E gostaria muito de ter estado em Santarém, no congresso do PS. Os congressos do PS e do PSD são o grande palco da democracia portuguesa. É aquela gente que escolhe o primeiro-ministro do país. O resto dos portugueses limita-se a ir às urnas dizer se prefere começar a ser governado pelo senhor que os socialistas escolheram ou pelo senhor escolhido pelos sociais-democratas. E, quatro anos depois, troca.

Os candidatos a primeiro-ministro são, por isso, designados por uma espécie privilegiada de cidadão que se chama «delegado ao congresso». «Delegado ao congresso» significa" em terminologia política, «o maior da sua aldeia». Trata-se de um indivíduo que, à custa, de estratagemas de vária ordem, conseguiu obter, dos militantes da sua área de residência, um mandato para os representar no congresso. Um dos estratagemas mais frequentes e bem sucedidos é o seguinte: o aspirante a delegado casa com uma rapariga que tenha uma família grande e, depois, mobiliza os primos todos para votarem nele. É uma manobra que requer um módico de astúcia política e, dependendo da aparência física da rapariga, uma maior ou menor capacidade de sacrifício. Uma vez no congresso, O delegado opta pelo candidato que melhor serve Portugal - isto se, por extraordinário acaso, as necessidades de Portugal coincidirem com os interesses do delegado e dos que o mandataram. Como é raro Portugal necessitar de ver o seu caminho facilitado nas concelhias do PS, os interesses do delegado quase nunca coincidem com os do país - circunstância que só fica mal ao país.

No entanto, nem tudo nos congressos é tão transparente e louvável. Há gestos que constituem apenas dispêndio escusado de energia, e isso verificou-se, uma vez mais, neste congresso socialista. A tentativa de empolgar os delegados com música e gritaria (normalmente, duas actividades a cargo de Jorge Coelho, que canta e grita com igual entusiasmo) é inútil. Aquela gente já anda empolgada. O partido é deles e está a governar Portugal como bem entende. É o resto do país que precisa de ser empolgado. E, nesse sentido, a entrada de José Sócrates ao som da música do Gladiador pode ter dado origem a mal-entendidos. Se Portugal fosse um circo romano (passe o desprimor para com o circo romano), Sócrates podia ser um gladiador, mas os portugueses seriam dez milhões de cristãos, prestes a serem apresentados aos leões.

Mas o congresso do PS deu também um sinal claro e positivo ao país: é possível um aglomerado razoável de pessoas estar na presença de José Sócrates sem começar a manifestar-se contra o seu governo. Já não é mau. Além disso, o congresso demonstrou ainda que, neste momento, o PS, para Sócrates, é igual a Portugal: quer num sítio, quer noutro, não se pode dizer que tenha uma oposição particularmente credível e consistente. Haja um português a quem a vida corre bem.
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sexta-feira, fevereiro 08, 2008

O sequestro do Estado Português pelos Bancos e pelos Grandes Empreiteiros




Rui Mateus em "Contos Proibidos – Memórias de um PS desconhecido, 1996"

"Para além da ausência de regras que permitam, pela via individual, o acesso do cidadão à actividade política, não existem regras idóneas de financiamento dos partidos nem de transparência para os políticos. Um pouco à semelhança dos pilares morais do regime, a Maçonaria e a Opus Dei, tudo se decide às escondidas, como se o direito dos cidadãos à informação completa e rigorosa, de como são financiadas as suas instituições e dos rendimentos dos seus governantes e dos seus magistrados se tratasse de algo suspeito, de algo subversivo."


João Cravinho (Revista Visão – 4/10/2007)

"Um dos nossos grandes problemas é a corrupção de Estado, a apropriação de órgãos vitais de decisão ou de preparação da decisão por parte de lóbis. [...] Não pode estar a promover-se uma pseudo-economia de mercado, em que o Estado serve de muleta aos grandes e até aos pequenos negócios. Muitos acham que deve ser essa a originalidade do neoliberalismo à portuguesa. [...]"


Miguel Sousa Tavares (Jornal Expresso 07/01/2006)

"Todos vimos nas faustosas cerimónias de apresentação dos projectos da Ota e do TGV, [...] os empresários de obras públicas e os banqueiros que irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos. Vai chegar para todos e vai custar caro, muito caro, aos restantes portugueses. O grande dinheiro agradece e aproveita«Lá dentro, no «inner circle» do poder - político, económico, financeiro, há grandes jogadas feitas na sombra, como nas salas reservadas dos casinos. Se olharmos com atenção, veremos que são mais ou menos os mesmos de sempre."


Fernando Madrinha (Jornal Expresso - 1/9/2007)

[...] Não obstante, os bancos continuarão a engordar escandalosamente porque, afinal, todo o país, pessoas e empresas, trabalham para eles. [...] Remetem-nos para uma sociedade cada vez mais vulnerável e sob ameaça de desestrutruração, indicam-nos que os poderes do Estado cedem cada vez mais espaço a poderes ocultos ou, em qualquer caso, não sujeitos ao escrutínio eleitoral. E dizem-nos que o poder do dinheiro concentrado nas mãos de uns poucos é cada vez mais absoluto e opressor. A ponto de os próprios partidos políticos e os governos que deles emergem se tornarem suspeitos de agir, não em obediência ao interesse comum, mas a soldo de quem lhes paga as campanhas eleitorais.
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sábado, janeiro 05, 2008

Um Estado ao serviço de meia dúzia

Daniel Oliveira - Jornal Expresso - 5/1/2008

O pai tirano

«...quando mais o Estado abandona as suas funções sociais e deixa de intervir como árbitro em relações de poder desiguais (como as do trabalho), mais aumenta a sua presença no quotidiano dos cidadãos. Faz sentido. Se o Estado não quer gastar dinheiro com a nossa saúde ou nos deixa morrer ou limita a nossa liberdade. Se o Estado não quer planear as cidades ou dar apoio social põe um polícia em cada esquina. Uma sociedade que desiste do ideal igualitário não pode confiar na liberdade dos seus cidadãos. Eles estão demasiado zangados. Aquilo a que assistimos nos últimos anos em Portugal é um excelente retrato do que nos espera: o mesmo Estado que fecha urgências quer convencer-nos a deixar de fumar. O mesmo Estado que não nos protege do despedimento arbitrário protege-nos dos perigos da bola de Berlim


Mas que Estado é este de que fala Daniel Oliveira? Fernando Madrinha esclarece:


Fernando Madrinha - Jornal Expresso - 1/9/2007:

«...Remetem-nos para uma sociedade cada vez mais vulnerável e sob ameaça de desestrutruração, indicam-nos que os poderes do Estado cedem cada vez mais espaço a poderes ocultos ou, em qualquer caso, não sujeitos ao escrutínio eleitoral. E dizem-nos que o poder do dinheiro concentrado nas mãos de uns poucos é cada vez mais absoluto e opressor. A ponto de os próprios partidos políticos e os governos que deles emergem se tornarem suspeitos de agir, não em obediência ao interesse comum, mas a soldo de quem lhes paga as campanhas eleitorais


Comentário:

É natural que os cidadãos andem demasiado zangados. Apercebem-se, crescentemente, que aquilo que vêem como Estado, é apenas dinheiro concentrado nas mãos de uns poucos. E que esse poder, cada vez mais absoluto e opressor, é quem paga as campanhas eleitorais das marionetas que nos «governam».


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quarta-feira, dezembro 05, 2007

Eça de Queiroz (110 anos depois) - Os interesses do País

Não resisti a transcrever um pequeno excerto da crónica «HABILITAÇÕES NECESSÁRIAS PARA SER MINISTRO» publicado nas Farpas e escrito por Eça de Queiroz.

"Há muitos anos que a política em Portugal apresenta este singular estado:

Doze ou quinze homens, sempre os mesmos, alternadamente, possuem o poder, perdem o poder, reconquistam o poder, trocam o poder...

O poder não sai de uns certos grupos como uma péla que quatro crianças, aos quatro cantos de uma sala, atiram umas às outras, pelo ar, num rumor de risos.

Quando quatro ou cinco daqueles homens estão no poder, esses homens são, segundo a opinião e os dizeres de todos os outros que lá não estão - os corruptos, os esbanjadores da fazenda, a ruína do País!

Os outros, os que não estão no poder, são, segundo sua própria opinião e os seus jornais - os verdadeiros liberais, os salvadores da causa pública, os amigos do povo, e dos interesses do País.

Mas, coisa notável - os cinco que estão no poder fazem tudo o que podem para continuar a ser os esbanjadores da fazenda e a ruína do País, durante o mais tempo possível! E os que não estão no poder movem-se, conspiram, cansam-se, para deixar de ser o mais depressa que puderem – os verdadeiros liberais, e os interesses do País!

Até que enfim caem os cinco do poder, e os outros, os verdadeiros liberais, entram triunfantemente na designação herdada de esbanjadores da fazenda e ruína do País; entanto que os que caíram do poder se resignam, cheios de fel e de tédio – a vir a ser os verdadeiros liberais e os interesses do País."


Os corruptos, os esbanjadores da fazenda, a ruína do País...



Os que caíram do poder se resignam, cheios de fel e de tédio...
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segunda-feira, dezembro 03, 2007

Banco Alimentar - Há médicos e professores a pedirem-nos ajuda para dar de comer aos filhos



Jornal Expresso - Raquel Moleiro, com Isabel Vicente, 1/12/2007

A denúncia parte de Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar. São os ‘novos pobres’: a classe média sobreendividada

Manuela, 33 anos, hesitou antes de escrever aquele «e-mail» para o Banco Alimentar Contra a Fome (BACF). E mesmo enquanto o redigia, não tinha ainda a certeza de, no fim, ter coragem de carregar no botão de enviar. Ela, bacharel em Relações Internacionais, quadro de um ministério, casada com um professor de educação física ex-atleta olímpico. Ela, mãe de uma bebé com cinco meses, tinha agora de pedir ajuda para alimentar a família. O marido que ficou sem emprego, um salário de €2000 que desapareceu no mês em que festejaram a gravidez, a renda da casa que foi falhando vezes de mais, o cartão de crédito gasto até ao limite, o apartamento trocado por um quarto, e nem assim a comida chegava à mesa. "No dia em que enviei o «e-mail» faltavam três semanas para receber e só tinha €80", explica. "Havia para a bebé, mas nós íamos passar fome".

O caso tem um mês. Ana Vara, assistente social do BACF, ligou a Manuela mal leu o pedido. E disse-lhe o que tanto tem repetido ultimamente: não tenha vergonha, não é a única. "Nos últimos quatro meses, mais que duplicaram os pedidos directos ao banco alimentar. E há cada vez mais casos de classe média", garante Isabel Jonet. A directora do BACF chama-lhes "os novos pobres": empregados, instruídos, socialmente integrados, mas, ainda assim, vítimas da pobreza e até da fome. Nos últimos três meses, chegaram ao banco alimentar de Alcântara 250 casos, 30% dos quais se enquadram nesta nova categoria. E em todos há pontos transversais: mais mulheres, muitas mães, desemprego inesperado, rupturas familiares, e sempre sobreendividamento.

(...) As famílias tradicionalmente carenciadas aparecem no banco alimentar, pedem olhos nos olhos. Os novos pobres gritam por ajuda, envergonhadamente, através do correio electrónico. Como Luciana, médica, cujo desemprego súbito do marido fez ruir a estrutura económica do lar de nove filhos. Sem ele saber, sem o magoar de vergonha, pediu apoio alimentar para um casa onde nunca tinha faltado nada.


Entretanto, nem tudo são lágrimas:

O lucro do Millennium BCP atingiu 191 milhões de euros no primeiro trimestre do ano. Os resultados em base recorrente cresceram 16% nos primeiros três meses do ano.

O Banco Espírito Santo divulgou quinta-feira um lucro de 139,8 milhões de euros no primeiro trimestre, mais 33% que no período homólogo...

O BPI obteve um resultado líquido de 96,8 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, um valor que corresponde a uma subida de 30 por cento face a igual período do ano anterior.

O resultado do Banco Bilbao Viscaya y Argentaria (BBVA) subiu para pouco mais de 1,25 mil milhões de euros, mais 23% no resultado líquido no primeiro trimestre de 2007.

O Banco Santander Central Hispano obteve um resultado líquido de 1,8 mil milhões de euros, no primeiro trimestre do ano. Este valor representa mais 21% que no período homólogo...



Fernando Madrinha - Jornal Expresso - 1/9/2007:

«Centenas e centenas de famílias pedem conselho à Deco porque estão afogadas em dívidas à banca. São pessoas que ainda têm vontade e esperança de cumprir os seus compromissos. Mas há milhares que já não pagam o que devem e outras que já só vivem para a prestação da casa. Com o aumento sustentado dos juros, uma crise muito séria vem aí a galope.»

«Não obstante, os bancos continuarão a engordar escandalosamente porque, afinal, todo o país, pessoas e empresas, trabalham para eles. Daí que os manda-chuvas do Millenium BCP se permitam andar há meses numa guerra para ver quem manda mais, coisa que já custou ao banco a quantia obscena de 2,3 mil milhões de euros em capitalização bolsista. Ninguém se rala porque, num país em que os bancos são donos e senhores de quase tudo, esse dinheirinho acabará por voltar às suas mãos.»

«Quer dizer, as notícias fortes das últimas semanas - as da tal «silly season», em que os jornalistas estão sempre a dizer que nada acontece - são notícias de mau augúrio. Remetem-nos para uma sociedade cada vez mais vulnerável e sob ameaça de desestrutruração, indicam-nos que os poderes do Estado cedem cada vez mais espaço a poderes ocultos ou, em qualquer caso, não sujeitos ao escrutínio eleitoral. E dizem-nos que o poder do dinheiro concentrado nas mãos de uns poucos é cada vez mais absoluto e opressor. A ponto de os próprios partidos políticos e os governos que deles emergem se tornarem suspeitos de agir, não em obediência ao interesse comum, mas a soldo de quem lhes paga as campanhas eleitorais


N'est ce pas, monsieurs les politiques?

domingo, novembro 11, 2007

O pacto proposto por Menezes a Sócrates para a satisfação dos clientes e financiadores de ambos

Miguel Sousa Tavares - Expresso 11/11/2007

«Pacheco Pereira tem toda a razão: o pacto de dez anos proposto por Luís Filipe Menezes a José Sócrates, quanto às grandes obras públicas, é uma proposta indecorosa. Traduzida por miúdos, quer dizer o seguinte: “Independentemente de saber quem vai ganhar as eleições nos próximos dez anos, vamos pôr-nos de acordo em satisfazer os nossos comuns clientes e financiadores, para que eles tenham a segurança de saber que, seja quem for, os seus negócios estão seguros com qualquer um de nós”. Justamente o que seria de esperar de um partido que quer liderar a oposição e ser a principal alternativa de governo era que tivesse uma atitude diferente perante esse regabofe dos grandes negócios com o Estado. Se assim não for, as eleições servirão apenas para mudar o titular da conta no livro de cheques».



Sócrates – Menezes: uma dupla apostada em satisfazer os seus clientes e financiadores, para que estes tenham a segurança de saber que, seja com qual deles for (Sócrates ou Menezes), os seus negócios estarão sempre seguros.