sexta-feira, abril 27, 2012

A segurança social e a saúde nos EUA – os campeões mundiais do laissez faire, laissez souffrir, laissez mourir...



Rapinado do Ladrões de Bicicletas

Hoje, no jornal Público, o economista e investigador Domingos Ferreira termina com estas perguntas o seu artigo intitulado "A desvalorização interna":

Outro erro histórico será o de privatizar a Segurança Social e o Sistema Nacional de Saúde.

Estes senhores não sabem que nos EUA milhões de americanos perderam as suas poupanças e foram lançadas na pobreza em resultado da falência de algumas companhias de seguros e de bancos?

Será que não sabem que uma em cada três famílias fica insolvente em resultado das elevadíssimas despesas do sistema de saúde privado americano?

Então não sabem que as despesas de saúde do tão "eficiente" sistema privado americano é duas vezes superior ao sistema de saúde público alemão ou sueco e três vezes superior ao Sistema Nacional de Saúde?

Porque insistem no erro?

a) Porque não reformam o cancro nacional que são as PPP?

b) Onde estão as reformas fundamentais para a modernização e revitalização da economia nacional?

c) Porque não abrem a economia fortemente oligopolizada e cartelizada à concorrência?

d) Porque não baixam os impostos às depauperadas pequenas e médias empresas?

e) Porque não introduzem moralidade no sistema e põem fim aos indevidos privilégios de alguns influentes?

f) Porque são sempre os mais vulneráveis a pagar?

Pois, disto nem se ouve falar.





«Porque insistem no erro?» Qual erro? Sócrates e Coelho são funcionários bancários. Complementam-se, são colegas de trabalho.

O primeiro (Sócrates) estoirou todo o dinheiro que podia em obras com tanto de inúteis como de faraónicas, subsidiadas pala Banca. O segundo (Coelho), faz questão de que os portugueses paguem, com sangue se necessário, os juros usurários a que Sócrates nos obrigou.

Sob esse aspeto têm sido profissionais (bancários) irrepreensíveis. Mesmo que tenham empurrado um povo inteiro para a miséria. Cabe ao povo dizer de sua justiça e executá-la de forma célere...



terça-feira, abril 24, 2012

Adeus, caro Miguel



A Integridade parte

Miguel Portas 1958-2012


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A Torpeza fica


domingo, abril 22, 2012

Vítor Gaspar: «As pessoas estão totalmente disponíveis para os sacrifícios»...

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Uma brigada constituída por cinco portugueses: um desempregado na casa dos 40-50, um precário com um salário insignificante, um idoso com uma pensão miserável, um jovem licenciado sem futuro e um sem-abrigo que perdeu a esperança, oferece em sacrifício o ministro da das finanças - Vítor Gaspar, a fim de apaziguar os deuses da ganância da Finança Internacional...


Vítor Gaspar: «As pessoas estão totalmente disponíveis para os sacrifícios e para trabalharem mais, para o país ter êxito nos programas de ajustes, se a partilha do esforço for vista como sendo justa. Como tal, temos estado constantemente preocupados com a concepção dos cortes na segurança social, no sistema de saúde, quando aumentamos impostos, para protegermos os menos favorecidos e os mais vulneráveis.»


Comentário

Os sacrifícios de que fala Gaspar estão a empurrar milhões de pessoas para a miséria e dezenas de milhar de jovens (que se vêem sem futuro) e idosos (que se vêem sem amparo) para o suicídio. Quaisquer sacrifícios a que Gaspar seja sujeito saberão sempre a pouco aos deuses da justiça social...


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segunda-feira, abril 16, 2012

"Portugal está a trabalhar bem para cumprir os «seus» objectivos", disse o banqueiro Ricardo Salgado

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«A CRISE FINANCEIRA»


Banco Espírito Santo

Lucros em 2006 = 420 milhões de euros

Lucros em 2007 = 607 milhões de euros

Lucros em 2008 = 402 milhões de euros

Lucros em 2009 = 522 milhões de euros

Lucros em 2010 = 510 milhões de euros

O BES lucrou, nos nove primeiros meses do ano de 2011, 137,8 milhões de euros. O agravamento da situação económica internacional levou o banco a reforçar as provisões em 660,7 milhões de euros, penalizando os resultados observados até Setembro. [As provisões destinam-se a que a empresa possa constituir reservas para acontecimentos incertos. Aquando da constituição da provisão, esta será um custo reconhecido na demonstração de resultados. Na actividade bancária, as provisões para riscos gerais podem ter uma influência grande nos resultados - fazendo evaporar magicamente chorudos lucros...]


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Texto de Baptista Bastos - 13 Abril 2012

As palavras do banqueiro

"Portugal está a trabalhar bem para cumprir os seus objectivos", disse o banqueiro Ricardo Salgado, com aquele ar assustador que o distingue. É um elogio ou o sinal de que somos a obediência em estado puro? A verdade é que sempre trabalhámos bem, muitas horas, cabisbaixos e tristes, não somos culpados deste infortúnio que nos caiu em cima, e pagamos uma culpa irremediável. Trabalhamos bem. Diz o banqueiro. E ele e os outros, têm trabalhado bem?

A pergunta modesta e singela tem razão de ser. Que têm feito pela pátria, ele e os outros? Que objectivos perseguem senão aqueles dimanados pelo lucro? Nada destas questões assentam num primarismo tonto. Correspondem a uma verdade como punhos. Eles enriquecem com o nosso dinheiro, quando cometem disparates têm sempre o respaldo do Governo, e, ainda por cima, atrevem-se a ditar sentenças. Sei, claro que sei e sabemos, que a Banca é um dos pilares do capitalismo, e que o capitalismo, ao contrário do socialismo, não promete nada, e muito menos a felicidade dos povos. Mas deixá-lo à solta, é arriscadíssimo. Tem-se visto.

A crise por que atravessamos não tem merecido, dos banqueiros, um esforço aturado de análise. E se, entre 1929 e agora, a crise possui semelhanças que têm sido escamoteadas, as causas são sempre as mesmas, porventura mais ou menos graves. Por sua vez, os políticos, esta geração de políticos, não sabe o que fazer. E a Europa está nas mãos de uma Direita tão anacrónica como incompetente.

Os senhores da Europa assenhorearam-se do mando porque são mais fortes, dispõem de dinheiro, de informação e de poder. Mais ainda: arregimentam Governos servis, de cega obediência, que mais não são do que serventuários de interesses alheios. O Governo português não foge à regra: é um arregimentado, sem personalidade própria, seguidor de uma estratégia imperial bicéfala. Mas não será a França a detentora absoluta do poder. Chegará a altura que ela própria sofrerá as consequências da megalomania.


Governos servis, de cega obediência, que mais não são do que serventuários de interesses alheios

O discurso clássico sobre a bondade da economia moral não passa de uma facécia. A economia vive de si mesma, e o pretendido equilíbrio geral que provoca é o equilíbrio instável do momento. Marx esclareceu. E se alguns preopinantes desenfreados entendem Marx como um pensador ultrapassado, ignoram que a relação económica imposta sem regras conduz ao descalabro. Como nos aconteceu esta desgraça?, perguntam as pessoas que mais sofrem a crise. Acontece que o mundo e os homens se transformaram em cobaias ou mercadorias, e introduzidos como engrenagens de uma roda infernal.

"Gastámos de mais. Gastámos acima das nossas possibilidades", dizem por aí. Gastámos, quem? Gastámos de mais, se sempre tivemos de menos? A falácia não esconde o jogo desta hipocrisia inominável. Quando Ricardo Salgado formula aquela opinião, sabe muito bem que somos comprados, utilizados e manipulados a BEL-prazer das circunstâncias. Trabalhamos bem porque não recalcitramos contra estas afrontas, porque somos colonizados como peças de um empreendimento de domínio. No caso português, por submissão e impossibilidade criada pelos mecanismos de mando, chegamos a ser cúmplices dos nossos próprios verdugos.

Todos os dias, de forma quase implacável, surgem notícias de novas submissões. Todos os dias aumentam os impostos, de forma directa ou indirecta, e ninguém sabe explicar porquê, a não ser que a crise é que determina. Os portugueses nunca foram senhores da sua liberdade, é verdade. Desde sempre fomos colónia de qualquer império, e chegámos a ser colónia do nosso próprio império. A banalidade económica do mal (parafraseando Hannah Arendt) provém da banalidade do mal do capitalismo. E a implosão do "comunismo" auxiliou, grandemente, a voracidade da luxúria. Não digo nada que se não saiba: as coisas estão por aí.

Sofremos, em Portugal, o reflexo de uma ideologia que se oculta sob o nome de "neoliberalismo." Não é "neo", nem "liberalismo." As palavras têm sido alteradas e adulteradas ao sabor das circunstâncias históricas. E dispõe, a ideologia, como todas as ideologias dispõem, de turiferários [bajuladores] encartados [comentadores mediáticos], que encenam o destino dos outros e são pagos para isso. "Portugal está a trabalhar bem", assevera Ricardo Salgado. Está. Mas será em benefício próprio?


Turiferários [bajuladores] encartados, que encenam o destino dos outros e são pagos para isso


Comentário

O caso do pensionista grego de 77 anos que pôs termo à vida na manhã de quarta-feira (4 de Abril de 2012) na praça Syntagma, trouxe para primeiro plano o desespero das vítimas das políticas de austeridade. Dimitris Christoulas escreveu uma nota responsabilizando o Governo: "Não vejo outra solução senão pôr, de forma digna, fim à minha vida, para que eu não me veja obrigado a revirar o lixo para assegurar o meu sustento. Eu acredito que os jovens sem futuro um dia vão pegar em armas e pendurar os traidores deste país na praça Syntagma, assim como os italianos fizeram com Mussolini em 1945”, escreveu o antigo farmacêutico de Atenas.

É desejo de muitos que Portugal comece finalmente a trabalhar bem, recusando-se a continuar a encher os bolsos a banqueiros e acólitos, e cumprindo aquele que deve ser o seu primeiro objectivo: pegar em armas e pendurar os traidores deste país – banqueiros ladrões, políticos a soldo e comentadores venais - nas muitas praças deste país. Pelourinhos não faltam...
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quarta-feira, abril 11, 2012

Mentecaptos, ingénuos ou assassinos tout court?

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Estes são talvez os rostos mais conhecidos daqueles que têm vindo a arrastar Portugal e os portugueses para a pobreza e a morte.

Não há nenhum economista (não vendido à Banca) que defenda as medidas absurdas que estes indivíduos já tomaram e continuam diariamente a tomar para destruir este país e os seus cidadãos. Portugal tem atualmente a terceira taxa de desemprego mais elevada da OCDE.

Parecendo pertencer a ideologias diferentes, esta escumalha faz parte de um único partido – um aparelho que está ao serviço da Banca Internacional (que, mais tarde, lhes garantirá um esplêndido tacho numa das suas agências).


Chris Gupta: "A constituição de uma «Democracia Representativa» "consiste na fundação e financiamento pela elite do poder de dois partidos políticos que surgem aos olhos do eleitorado como antagónicos, mas que, de facto, constituem um partido único. O objectivo é fornecer aos eleitores a ilusão de liberdade de escolha política e serenar possíveis sentimentos de revolta..."


Não sendo mentecaptos nem ingénuos, estes canalhas da "governação", que premeditadamente atiram milhões de pessoas para a miséria e muitos outros milhares para o suicídio, podem e devem ser considerados assassinos encartados.

E na falta de uma justiça digna desse nome – seja porque a legislação é cozinhada por poderosos escritórios de advogados (a soldo do Grande Dinheiro), e de juízes cuja independência não passa de uma fantasia (algum juiz que se insubordine vai corrido para a comarca de Trancoso) – a justiça tem de ser feita diretamente pelos cidadãos. Quanto mais demorar essa justiça, maior a penúria que assolará o país.




O número de jovens que se suicidam por falta de futuro disparou (40% em Espanha). O número de idosos que morrem por falta de cuidados de saúde aumentou de forma brutal. O número de pessoas que caiem diariamente no desemprego e na pobreza é enorme.

O secretário de Estado da Saúde, Leal da Costa, diz que com o agravar da crise e com o aumento do desemprego e o aumento de situações de maior dificuldade social, individual e familiar "é possível e imaginável" que cada vez mais pessoas se suicidem.



Fernando Leal da Costa, Secretário de Estado Adjunto da Saúde, tenta demonstrar que o Governo não tem nada a ver com o súbito aumento da mortalidade, exibindo um gráfico que representa um pico de gripe que se revela de forma mais acentuada na Grécia e em Portugal. Depois dos surtos da gripe das aves e da gripe suína, defrontamo-nos agora com a gripe da Troika.


O caso do pensionista grego de 77 anos que pôs termo à vida na manhã de quarta-feira (4/4/2012) na praça Syntagma, trouxe para primeiro plano o desespero das vítimas das políticas de austeridade. Dimitris Christoulas escreveu uma nota responsabilizando o Governo: "Não vejo outra solução senão pôr, de forma digna, fim à minha vida, para que eu não me veja obrigado a revirar o lixo para assegurar o meu sustento. Eu acredito que os jovens sem futuro um dia vão pegar em armas e pendurar os traidores deste país na praça Syntagma, assim como os italianos fizeram com Mussolini em 1945”, escreveu o antigo farmacêutico de Atenas.


Comentário

De que é que estamos à espera para agir? Ou aceitamos todos continuar a marchar bovinamente para o matadouro enquanto uma escória que merece mil mortes continua a encher pornograficamente os bolsos – e sobretudo os bolsos daqueles a quem servilmente prestam vassalagem?

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segunda-feira, abril 09, 2012

«Bem pensado – mas nunca substituirão o cavalo», disseram os cépticos quando viram os primeiros automóveis.

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Uma resposta aos que se agarram desesperadamente a um paradigma que surgiu com a revolução industrial – O Emprego – quando se percebe que este está a agora desaparecer em todo o lado a uma velocidade vertiginosa. Tudo devido à evolução tecnológica exponencial a todos os níveis.

O fim do emprego trará também o fim do capitalismo e, a cereja em cima do bolo, o fim do parasitismo financeiro.


The Benz Patent Motor Car Velocipede Of 1894


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* Nos primeiros tempos da aviação, o astrónomo americano William Pickering, que predisse a existência de Plutão, preveniu o público de que: «A mente popular imagina frequentemente gigantescas máquinas voadoras atravessando o Atlântico a grandes velocidades e transportando numerosos passageiros como um moderno paquete… Parece-me seguro afirmar que tais ideias são totalmente visionárias, e mesmo que uma máquina conseguisse atravessar o Atlântico com um ou dois prisioneiros, os custos seriam proibitivos…» Três décadas mais tarde, em Julho de 1939, foi inaugurada a primeira linha aérea transatlântica com um hidroavião Boeing 314, o Yankee Clipper da Pan American, transportando 19 passageiros.




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* Em 1924, o engenheiro electrotécnico inglês Alan Archibald Swinton, um dos pioneiros do de raios catódicos, fez uma palestra na Radio Society da Grã-Bretanha sobre «Visão à Distância». Diria então: «Provavelmente não valerá a pena que alguém se dê ao trabalho de consegui-la.» Quatro anos mais tarde, a General Electric Company inaugurava, no estado de Nova Iorque, a primeira rede de televisão do Mundo.




* «História dos Grandes Inventos - Selecções do Reader’s Digest – 1983, pág 62».


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A automação e a inteligência artificial têm tido um desenvolvimento avassalador. A máquina, de forma crescente, possui mais dados, mais conhecimento e melhor capacidade de decisão. Cada vez é mais inteligente e mais autónoma. E cada vez menos precisa de ser dirigida pelo homem.

A tecnologia está cada vez mais próxima de produzir sozinha. O desenvolvimento tecnológico é exponencial em todos os campos que se considere. Donde, no binómio homem-máquina na produção, o homem tem cada vez menos peso. Em breve não terá praticamente nenhum e a máquina produzirá sozinha.

Nessa altura, a fábrica totalmente automatizada não poderá ser privada. Porque não existirão trabalhadores com salários, e sem salários não há poder de compra. Sem poder de compra não há vendas. Sem vendas não há lucros. Sem lucros não há empresas privadas. Qualquer empresa automatizada, seja o que for que produza, terá necessariamente de pertencer ao grupo, à comunidade, à sociedade.

O número crescente de desempregados a par do desenvolvimento exponencial do hardware e do software estão aí para prová-lo. Vamos acelerar a transição ou vamos permanecer agarrados a um passado de emprego condenado ao desastre social?

É a tecnologia que está a substituir o homem no trabalho. É por isso que o velho paradigma do emprego está moribundo. É necessário criar rapidamente, com o auxílio da tecnologia, um mundo mais justo, mais redistributivo e mais humano.




Comentário

O processo paradigmático acima descrito não tem necessariamente de ficar à espera de uma revolução tecnológica completa que o conclua. Muito sofrimento humano pode ser evitado com revoltas, ora pacíficas, ora violentas, consoante os casos, contra a vermina financeira (e respetivos serviçais – na política, na justiça e nos media) que carcome, devora e parasita a humanidade.
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quinta-feira, março 29, 2012

Simplificação da Ortografia - O confronto brutal entre Miguel Siguán e Maria Clara Assunção

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Miguel Siguán versus Maria Clara Assunção

Miguel Siguán y Soler (Barcelona, 2 de maio de 1918 - 8 de maio de 2010) foi um psicólogo, linguista e escritor catalão. Com 16 anos ingressa na Faculdade de Filosofia e Letras de Barcelona. Depois da Guerra Civil conhecerá Piaget em França e entrará em contacto com a Psicologia Industrial em Londres nos principios dos anos 1950. De regreso à sua cidade natal ocupa a cátedra de Psicología da Universidade de Barcelona, de que será nomeado posteriormente vice-reitor. Foi também vice-presidente do Centre Mundial d'Information sur l'Education Bilingüe e da International Society of Applied Psycholinguistics.

Obras de Miguel Siguán: Metodologia per a l'estudi del llenguatge infantil (1985), Estudios sobre psicolingüística (1985), Bilingualism and Education (1986), España plurilingüe (1992), L'Europa de les llengües (1996), Bilingüisme i educació (1998), La escuela y los inmigrantes (1998), Bilingüismo y lenguas en contacto (2001), etc.

VERSUS

Maria Clara Assunção - do blogue «A bibliotecária de Jacinto»


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A seguir, um excelente excerto do livro «A EUROPA DAS LÍNGUAS», de Miguel Siguan, que nos mostra as incongruências ortográficas das principais línguas europeias:

A par das diferenças nos sinais do alfabeto, o segundo tipo de diferenças que encontramos nos sistemas de escrita das línguas europeias são as diferenças nas regras de transcrição fonética, ou seja, o que em geral conhecemos como as regras de ortografia. Dadas as diferenças que há entre os repertórios de sons utilizados por cada língua é evidente que as regras de transcrição não podem ser as mesmas em todas as línguas da Europa. Mas a verdade é que as diferenças nas regras ortográficas vão muito mais além do que seria necessário pelas diferenças entre os sons das diferentes línguas. Menos justificação há ainda para as regras, no interior da mesma língua, não serem nem sistemáticas nem coerentes.

Um primeiro tipo de incoerência é que numa mesma língua um mesmo som ou fonema se represente com grafias diferentes segundo os casos. Assim, em alemão o fonema [f] pode ser representado por um «f» (form), por um «v» (vorn) ou por um «ph» (phosfor), sem que haja alguma regra que regule estes diferentes usos. Em francês, o fonema [є], «[e aberto») pode representar-se de catorze maneiras diferentes sem que tão-pouco haja alguma regra que justifique por que é que num casos se utiliza uma em vez de outra. Eis aqui alguns exemplos: «e» (fer), «è» (mère), «ê» (fête), «ë» (Noël), «ei» (peine), «ep» (sept), «e» (internet)... Ainda, em francês, o fonema [k] pode ser representado de nove maneiras diferentes: «k» (klaxon), «c» (corps), «q» (coq), «qu»(quand), «cc» (accord)...

Os exemplos em inglês não são menos frequentes. Assim, o fonema [i] pode ser representado de dez maneiras diferentes: «ea» (sea), «ee» (bee), «ie» (field), «ei» (ceiling), «eo» (people)...

A incongruência é ainda maior quando com uma mesma letra ou combinação de letras se representam sons diferentes. Assim, em inglês a letra «a» representa segundo. os casos, seis fonemas diferentes: (account), (arm), [ei] (lake), [a] (ask), [o] (fall), [e] (many), [i] (language), e pode ser muda como o segundo «a» de (arrival). O grafema ou combinação de letras «ai» pode representar quatro sons diferentes segundo os casos, por exemplo: (wait), (aisle), (said), (plaid). E o grafema «au», outros quatro: (claw), (laugh), (gauge), (mauve).

A primeira consequência destas incongruências é que frequentemente quando ouvimos uma palavra não temos a certeza de como se escreve correctamente e, por outro lado, quando vemos uma palavra escrita nem sempre sabemos como se pronuncia. Esta ambivalência pode chegar ao ponto de duas palavras que se escrevem exactamente da mesma forma se pronunciarem de maneira diferente segundo o significado e, pelo contrário, palavras que se pronunciam da mesma forma terem grafias diferentes também segundo aquilo que significam. Exemplos do primeiro caso de homografia com heterofonia, em inglês, são: (read), que se pode pronunciar [rid] ou [red], e (bow), que se pode pronunciar [bou] ou [bau]. E em francês a palavra (portions), onde a letra «t» se lê [t] ou [s] segundo o significado que se dá à palavra. Quanto ao segundo caso, homofonia com poligrafia, limitar-me-ei a um exemplo simples: a ortografia francesa distingue cuidadosamente em muitos casos de adjectivos entre masculino e feminino: (vrai-vraie), (égal-égale), (aigu-aigue), (cher-chère)... quando na linguagem oral não se dá pela diferença.

Não é necessário insistir tanto no ponto a que estas incoerências do sistema ortográfico dificultam a aquisição da língua escrita (quanto tempo e quanta energia se têm de dedicar a uma tarefa que começa na primeira infância e nunca se pode considerar terminada). Como no ponto a que a distinção social, muitas vezes gratuita e injusta, se estabelece entre aqueles que escrevem sem erros de ortografia e os que os cometem. Acrescentemos as dificuldades que uma ortografia irracional acrescenta à tarefa de aprender línguas estrangeiras, algo que hoje pretendemos estender a toda a população. Todas estas considerações são tão evidentes, que é natural que em todas as línguas se tenham feito e se continuem a fazer propostas para racionalizar a ortografia. Que esperanças há de que estas reformas se levem a cabo?

A ortografia francesa foi fixada no séc. XVIII pela Academia da Língua com critérios arqueológicos e arcaizantes que já no seu tempo se aproximavam do pedantismo - «esta companhia declara que deseja seguir a ortografia antiga que distingue os "homens de letras" dos ignorantes e das mulheres simples...» - e que desde então se tem mantido inalterada apesar das frequentes denúncias. «Esta ortografia criminosa, uma das fabricações mais grotescas do mundo» (Paul Valéry, Varieté III, 1936).

Têm sido frequentes também as propostas de reforma, mas ao contrário da Academia Espanhola, que por duas vezes ao longo da sua história modificou as normas ortográficas em nome de uma maior racionalidade, a Academia Francesa não aceitou nunca nenhuma. Nos últimos anos, as vozes a favor de uma reforma têm-se feito ouvir mais. O conhecido linguista Martinet, consciente das dificuldades que apresenta a ortografia para a aquisição da língua escrita, propôs há algum tempo (1977) um sistema estritamente fonético, o «alfonic», que se utilizaria para ensinar a ler e a escrever antes de, numa etapa posterior, se dar o salto para a ortografia «oficial», embora seja evidente que assim só se complica o problema. Numa perspectiva mais radical, Chervel e Blanche Benveniste (1978) propuseram substituir a ortografia francesa por um sistema de transcrição exclusivamente fonético. Mais recentemente ainda, a Academia da Língua, em resposta às fortes pressões recebidas, negou-se a tomar em consideração qualquer das propostas, mesmo as mais suaves.

A par do francês, o inglês é outro caso. O sistema ortográfico inglês é provavelmente o mais incoerente de todos os sistemas ortográficos que utilizam o alfabeto latino, isso porque manteve intacta a grafia correspondente ao inglês falado no séc. XVI ou mesmo, segundo certos autores, ao inglês medieval, apesar das mudanças fonéticas ocorridas desde então. No caso do inglês, o conservadorismo da ortografia contrasta com a notável flexibilidade da língua em todos os aspectos, do vocabulário à sintaxe, e deve ser atribuído, como em França, ao respeito reverencial de que sempre desfrutou a língua escrita transmitida academicamente e privilégio de uma minoria, no fundo a mesma motivação que faz com que se mantenha na China a escrita tradicional.

Não é que tenham faltado críticas ou propostas para a modificar. No século passado, Pitman, o inventor da estenografia, dedicou muito do dinheiro que tinha ganho com a sua invenção a promover uma ortografia simplificada do inglês. E, já no séc. XX, é conhecida a cruzada que Bernard Shaw levou a cabo na mesma direcção e à qual deixou em testamento a maior parte da sua fortuna. A «Simplified Spelling Society», dedicada ao mesmo objectivo, contou entre os seus membros com ilustres linguistas e um neto de Pitman divulgou um método fonético para as escolas semelhante ao que Martinet propôs em França. Tudo em vão. Paradoxalmente, o facto de a ortografia inglesa não depender de uma autoridade com poder decisório como aquele que a Academia Francesa constitui, apoiando-se só no peso da tradição, faz com que a reforma seja ainda mais difícil.

Referi-me ao francês e ao inglês porque são os exemplos mais patentes de incoerência ortográfica. Vendryes (1921), um conhecido linguista, dizia: «A ortografia do alemão é regular, a do espanhol bastante boa, mas a do francês e do inglês são abomináveis». Na verdade, também a ortografia do alemão e do espanhol apresentam incongruências, apesar de tudo. Quase todas as línguas escritas as apresentam. Para encontrar exemplos de escritas completamente racionais. sem contar com o esperanto, temos de pensar nalgumas línguas siberianas que nunca tinham tido um uso escrito quando linguistas soviéticos as codificaram nos anos trinta. Porque mesmo línguas que nunca tinham tido um uso académico ou oficial e que, no século passado ou mesmo mais recentemente, foram codificadas, quando lhes foi atribuída uma norma escrita não foram seguidos totalmente os critérios da racionalidade. Às vezes, o exemplo da língua mais forte fez com que se adoptassem as suas soluções na transcrição fonética. É o que acontece hoje quando se propõem normas escritas para línguas autóctones da América em países onde o espanhol é, desde há séculos, a língua dominante. Embora noutros casos aconteça o contrário.

Do que foi dito até aqui se conclui que se as reformas ortográficas das línguas europeias são necessárias e urgentes, a probabilidade de que se introduzam a curto prazo são pequenas. Acerca do sentido destas reformas falta ainda fazer uma observação, aquela que mais tem a ver com o espírito deste livro.

Até meados do séc. xx, as propostas de reforma ortográfica fizeram-se no seio de uma determinada língua e pensando só nos seus habitantes nativos e nos alunos que tinham de a aprender. Actualmente, dada a necessidade crescente de aprender línguas estrangeiras e o peso crescente dos sistemas informáticos, não só convém que o sistema ortográfico de cada língua seja o mais simples e racional possível, como também que os sistemas das diferentes línguas sejam coerentes e não contraditórios entre si. Ou seja, convém que uma mesma letra ou uma mesma combinação de letras não signifique sons totalmente diferentes segundo a língua considerada, e ao contrário, que um som igual ou parecido não seja representado de formas completamente diferentes em diferentes línguas. Todavia, é um facto que este objectivo não é fácil de alcançar.
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segunda-feira, março 26, 2012

Uma «piquena» que não vai à bola nem com a evolução da escrita (acompanhando a oralidade) nem com o acordo ortográfico

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O texto da «piquena» Maria Clara Assunção - MCA em azul

O acordo ortográfico e o futuro da língua portuguesa

Tem-se falado muito do Acordo Ortográfico e da necessidade de a língua evoluir no sentido da simplificação, eliminando letras desnecessárias e acompanhando a forma como as pessoas realmente falam. Sempre combati o dito Acordo mas, pensando bem, até começo a pensar que este peca por defeito. Acho que toda a escrita deveria ser repensada, tornando-a mais moderna, mais simples, mais fácil de aprender pelos estrangeiros.

1 - MCA - Comecemos pelas consoantes mudas: deviam ser todas eliminadas. É um fato que não se pronunciam. Se não se pronunciam, porque ão-de escrever-se? O que estão lá a fazer? Aliás, o qe estão lá a fazer? Defendo qe todas as letras qe não se pronunciam devem ser, pura e simplesmente, eliminadas da escrita já qe não existem na oralidade.

1 - Diogo - Concordo com a autora do artigo - a eliminação de letras desnecessárias. Analisemos os dois casos que ela referiu:

Porque não substituir «hão-de» por «ão-de»? Ou, da mesma forma, «» por «à»?

Dirá a informada autora que «» é uma forma do presente do indicativo (3.ª pessoa do singular) do verbo haver. Enquanto que, «à» é a contração da preposição "a" com o artigo definido "a" - Exemplo: O João vai à feira = O João vai «a» (preposição) + «a» (artigo) feira (a + a = à).

Em termos de escrita talvez a diferença entre «há» e «à» seja mais informativa etimologicamente. Mas em termos orais, como a pronúncia é igual, a distinção entre «há» e «à» depende completamente do contexto. E ninguém se queixa disso - exemplo:

- Já não «» políticos honestos. - A Joana vai «à» praia.

Em suma, não vejo necessidade de escrever o mesmo som de duas formas diferentes. Os significados diferentes dependem do contexto da frase. A oralidade depende disso.

Porque é que o «u» da palavra «que» é escrito? Mas não se escreve em «te», «de», «se», «me», etc. Porque não «qe»?

Porque razão se lê a letra «u» em «quase» ou «quota», e não se lê em «querida» ou «quisto»?


2 - MCA - Outra complicação decorre da leitura igual qe se faz de letras diferentes e das leituras diferentes qe pode ter a mesma letra.

Porqe é qe "assunção" se escreve com "ç" e "ascensão" se escreve com "s"?

Seria muito mais fácil para as nossas crianças atribuir um som único a cada letra até porqe, quando aprendem o alfabeto, lhes atribuem um único nome. Além disso, os teclados portugueses deixariam de ser diferentes se eliminássemos liminarmente o "ç".

Por isso, proponho qe o próximo acordo ortográfico elimine o "ç" e o substitua por um simples "s" o qual passaria a ter um único som.


2 - Diogo - Volto a concordar com a autora do artigo - Escrevemos com «ção» as palavras derivadas de vocábulos terminados em «to(r)». Fará sentido a origem etimológica de uma palavra ser causa de tanta confusão ortográfica? Vejamos:

Porque é que estas palavras se deverão escrever com «ção»:

Erudito - erudição
Exceto - exceção
Sector - seção
Intuito - intuição

E estoutras com «são»? Dissuasão, pretensão, compreensão, expansão, etc.?




3 - MCA - Como consequência, também os "ss" deixariam de ser nesesários já qe um "s" se pasará a ler sempre e apenas "s".

Esta é uma enorme simplificasão com amplas consequências económicas, designadamente ao nível da redusão do número de carateres a uzar. Claro, "uzar", é isso mesmo, se o "s" pasar a ter sempre o som de "s" o som "z" pasará a ser sempre reprezentado por um "z".

Simples não é? Se o som é "s", escreve-se sempre com s. Se o som é "z" escreve-se sempre com "z".

3 - Diogo - De acordo. Se «s» se pronunciar sempre como na palavra «pretensão», para quê os «ss» ou o «ç» cedilhado? Para quê complicar?


4 - MCA - Quanto ao "c" (que se diz "cê" mas qe, na maior parte dos casos, tem valor de "q") pode, com vantagem, ser substituído pelo "q". Sou patriota e defendo a língua portugueza, não qonqordo qom a introdusão de letras estrangeiras. Nada de "k".

4 - Diogo – Concordo quanto a "c". Mas não me repugna a utilização de letras estrangeiras.


5 - MCA - Não pensem qe me esqesi do som "ch".

O som "ch" pasa a ser reprezentado pela letra "x". Alguém dix "csix" para dezignar o "x"? Ninguém, pois não? O "x" xama-se "xis". Poix é iso mexmo qe fiqa.

5 - Diogo – Tal como o «ph» das antigas farmácias desapareceu sem deixar saudades a ninguém, também o «ch» pode passar à história por não fazer falta nenhuma. Quantas vezes não ouvimos já a pergunta: "esta palavra escreve-se com «x» ou com «ch»?"

Se temos o «x», para quê o «ch»? Apenas para complicar?


6 - MCA - Qomo podem ver, já eliminámox o "c", o "h", o "p" e o "u" inúteix, a tripla leitura da letra "s" e também a tripla leitura da letra "x".

Reparem qomo, gradualmente, a exqrita se torna menox eqívoca, maix fluida, maix qursiva, maix expontânea, maix simplex. Não, não leiam "simpléqs", leiam simplex. O som "qs" pasa a ser exqrito "qs" u qe é muito maix qonforme à leitura natural.

6 - Diogo – Nada mais natural. Atentem bem na pronúncia das palavras: «inúteis» que acaba em «x» e «simplex» que acaba em «qs».


7 - MCA - No entanto, ax mudansax na ortografia podem ainda ir maix longe, melhorar qonsideravelmente.

Vejamox o qaso do som "j". Umax vezex excrevemox exte som qom "j" outrax vezex qom "g". Para qê qomplicar?!?

Se uzarmox sempre o "j" para o som "j" não presizamox do "u" a segir à letra "g" poix exta terá, sempre, o som "g"” e nunqa o som "j". Serto? Maix uma letra muda qe eliminamox.

7 - Diogo – É certo! Para quê escrever «giesta», «ginástica» ou «girino» quando dispomos da letra «j»? «jasmim», «José» ou «jumento». Fará sentido utilizar a letra «g» que pode ter dois sons diferentes [galo (g) – gila (j)] quanto temos a letra «j» cujo som é inequívoco?


8 - MCA - É impresionante a quantidade de ambivalênsiax e de letras inuteix qe a língua portugesa tem! Uma língua qe tem pretensõex a ser a qinta língua maix falada do planeta, qomo pode impôr-se qom tantax qompliqasõex? Qomo pode expalhar-se pelo mundo, qomo póde tornar-se realmente impurtante se não aqompanha a evolusão natural da oralidade?

8 - Diogo – Trocar o «o» pelo «u» quando se lê «u», faz todo o sentido. Na Roménia, a palavra «telejornal» escreve-se «telejurnal».


9 - MCA - Outro problema é o dox asentox. Ox asentox só qompliqam! Se qada vogal tiver sempre o mexmo som, ox asentox tornam-se dexnesesáriox.

A qextão a qoloqar é: á alternativa? Se não ouver alternativa, pasiênsia.

É o qazo da letra "a". Umax vezex lê-se "á", aberto, outrax vezex lê-se "â", fexado. Nada a fazer.

9 - Diogo – Discordo! Os acentos fazem falta. As vogais têm várias nuances: «à» e «a», «é» e «ê», «ó» e «ô», etc.


10 - MCA - Max, em outrox qazos, á alternativax.

Vejamox o "o": umax vezex lê-se "ó", outrax vezex lê-se "u" e outrax, ainda, lê-se "ô". Seria tão maix fásil se aqabásemox qom isso! Para qe é qe temux o "u"? Para u uzar, não? Se u som "u" pasar a ser sempre reprezentado pela letra "u" fiqa tudo tão maix fásil! Pur seu lado, u "o" pasa a suar sempre "ó", tornandu até dexnesesáriu u asentu.

Já nu qazu da letra "e", também pudemux fazer alguma qoiza: quandu soa "é", abertu, pudemux usar u "e". U mexmu para u som "ê". Max quandu u "e" se lê "i", deverá ser subxtituídu pelu "i". I naqelex qazux em qe u "e" se lê "â" deve ser subxtituidu pelu "a".

Sempre. Simplex i sem qompliqasõex.

10 - Diogo -De acordo!




11 - MCA - Pudemux ainda melhurar maix alguma qoiza: eliminamux u "til" subxtituindu, nus ditongux, "ão" pur "aum", "ães" – ou melhor "ãix" - pur "ainx" i "õix" pur "oinx".

Ixtu até satixfax aqeles xatux purixtax da língua qe goxtaum tantu de arqaíxmux.

11 - Diogo – De acordo, mais uma vez. Deve-se, contudo, determinar se se deve substituir o til por «n» ou «m». Cão por «caun» ou «caum», etc.


MCA - Pensu qe ainda puderiamux prupor maix algumax melhuriax max parese-me qe exte breve ezersisiu já e sufisiente para todux perseberem qomu a simplifiqasaum i a aprosimasaum da ortografia à oralidade so pode trazer vantajainx qompetitivax para a língua purtugeza i para a sua aixpansaum nu mundu.

Será qe algum dia xegaremux a exta perfaisaum?


Comentário

A «piquena» que escreveu este artigo (texto em azul), tenta fazer uma paródia à simplificação da ortografia e ao Acordo Ortográfico (com os quais obviamente discorda). Mas quase todas as sugestões de alterações ortográficas que ela aventa não estão mal vistas.

As línguas vão-se alterando ao longo do tempo e a escrita tem obrigatoriamente de acompanhar a fonética, caso contrário cava-se um abismo entre a fala e a escrita. Sendo a nossa língua uma língua fonética, julgo que faz todo o sentido manter os fonemas e os grafemas o mais aproximados possível.

Querer manter as origens etimológicas à custa de uma complexificação absurda da ortografia parece-me absurdo. Evidentemente que a ortografia não pode ser alterada todos os dias. Mas, de tempos a tempos, é necessário aproximar a palavra da escrita.

Farmácia já não se escreve Pharmacia. E não vejo ninguém a queixar-se...

Quanto ao Acordo Ortográfico em si, só vejo vantagens para os portugueses: existem quase trezentos milhões de brasileiros (contra 10 milhões de portugueses), dos quais, muitos brasileiros há que traduzem livros e legendam filmes e documentários, que Portugal não traduziria nem legendaria porque não tem massa crítica suficiente (nem leitores, nem espectadores) para o fazer.
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quinta-feira, março 22, 2012

Como os Banqueiros Internacionais controlam e sugam o nosso país através do poder financeiro, do poder executivo, do poder legislativo e do poder mediático

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Um Estado cujas leis são deliberadamente confeccionadas à medida para servir um bando de gatunos, não é um Estado de Direito – é um Estado sequestrado!



Um Estado cujos partidos políticos e os governos que deles emergem agem, não em obediência ao interesse comum, mas a soldo de quem lhes paga as campanhas eleitorais, não é um Estado de Direito – é um Estado usurpado!


O Poder Financeiro

Dizem-nos que o mundo é dominado por uma dúzia de famílias que controla toda a finança, corporações comerciais e industriais e que, por via disso, são donos de grande parte da riqueza mundial. São apontados nomes como os Rothschilds (que muitos afirmam controlar metade da riqueza mundial), os Morgans, os Rockefellers, os Oppenheims, os Lazards, os Sterns, os Speyers, os Seligmans, os Du Ponts, os Mellons, os Barings, etc.

Há quem lhes chame Money Masters [Senhores do Dinheiro] ou International Bankers [Banqueiros Internacionais]. Vamos designar este grupo de famílias como «Oligopólio Bancário Internacional».


Os bancos comerciais [e os de investimento] portugueses e dos outros países não passam de simples agências do Oligopólio Financeiro Internacional. A prova de que não passam de humildes peões de uma estrutura financeira supranacional, está no facto extraordinário de o Banco Central Europeu (BCE) emprestar, a taxas de juro muito baixas, dinheiro (criado a partir do nada) aos Bancos Comerciais , os quais, por sua vez, emprestam esse dinheiro aos Estados, às Empresas e às Famílias a juros muito mais elevados.

O BCE está, pelos próprios estatutos [era interessante saber quem os redigiu], proibido de emprestar dinheiro aos Estados, Empresas e Famílias. Este privilégio de que gozam os Bancos Comerciais e que lhes proporciona lucros tão excepcionais é prova evidente de um esquema fraudulento só possível de ser engendrado por um Oligopólio ou Monopólio financeiro internacional.

Se atentarmos nas estruturas accionistas dos Bancos Comerciais Portugueses e formos desbravando pelo emaranhado de interligações empresariais, financeiras e estruturas accionistas, acabamos por ver que tudo vai desaguar nos mais poderosos bancos mundiais.

O BPI, por exemplo, é detido pelo Grupo La Caixa (30,1%), pelo Grupo Itaú (possui uma das maiores instituições bancárias brasileiras - 18.9%), pela Santoro Financial Holdings (9.99%), pelo Grupo Allianz (empresa alemã de seguros e serviços financeiros - 8.8%), etc.

O Millenium BCP, por seu lado, é detido, entre outros, pelo Grupo BPI, pelo Grupo Eureko (companhia de seguros holandesa), pela Sonangol, Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola, S.A., pelo UBS (banco de investimentos suíço), pelo Grupo JPMorgan (líder mundial em serviços financeiros e uma das maiores instituições bancárias dos Estados Unidos da América), etc.

Para melhor saquear os Estados, uma das tarefas da Banca consiste em controlar os respectivos poderes executivos, legislativos e mediáticos.



Da esquerda para a direita - Faria de Oliveira (CGD), Carlos Santos Ferreira (BCP), Ricardo Salgado (BES), Fernando Ulrich (BPI), Nuno Amado (Santander Totta) - Estes cavalheiros não passam de meros "gerentes de conta" das agências portuguesas do Oligopólio Financeiro Internacional.


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O Estabelecimento de uma «Democracia Representativa»

Chris Gupta: "A constituição de uma «Democracia Representativa» "consiste na fundação e financiamento pela elite do poder [os testas de ferro do Oligopólio Financeiro Internacional] de dois partidos políticos que surgem aos olhos do eleitorado como antagónicos, mas que, de facto, constituem um partido único. O objectivo é fornecer aos eleitores a ilusão de liberdade de escolha política e serenar possíveis sentimentos de revolta..."

Os autores seguintes referem-se ao processo eleitoral e à «democracia» que existe nos Estados Unidos da América, mas o método é o mesmo em todos os países «democráticos» do mundo. Para compreender o que se passa em Portugal, basta apenas substituir os partidos Republicano e Democrata americanos pelos portugueses PSD e PS:

Dr. Stan Monteith: "... os dois partidos devem ser quase idênticos, de forma a convencer o povo americano de que nas eleições pode "correr com os canalhas", sem na realidade conduzir a qualquer mudança profunda ou abrangente na política."

George Wallace: "... os candidatos são escolhidos por aqueles que secretamente mandam na nossa nação. Assim, de quatro em quatro anos o povo vai às urnas e vota num dos candidatos presidenciais seleccionados pelos nossos 'governantes não eleitos' [os testas de ferro do Oligopólio Financeiro Internacional]. Este conceito é estranho àqueles que acreditam no sistema americano de dois-partidos, mas é exactamente assim que o nosso sistema político realmente funciona."

Arthur Selwyn Miller: " ... só existe um único partido político nos Estados Unidos, a que foi chamado o "Partido da Propriedade." Os Republicanos e os Democratas são de facto dois ramos do mesmo partido."


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O Poder Executivo

Sheldon Emry: "Democratas, Republicanos e eleitores independentes sempre se perguntaram porque é que os políticos gastam sempre mais dinheiro do que aquele que recebem dos impostos... Quando se começa a estudar o nosso sistema monetário, apercebemo-nos rapidamente que estes políticos não são agentes do povo mas sim agentes dos banqueiros, para quem fazem planos para colocar as pessoas ainda mais endividadas."

"Os nossos dois principais partidos tornaram-se seus servos (dos banqueiros), os vários departamentos do governo tornaram-se as suas agências de despesas, e o Serviço da Receita Federal (IRS) é a sua agência de recolha de dinheiro."


No Jornal Expresso de 1/9/2007, o jornalista Fernando Madrinha explicou sucintamente de que forma a Banca subsidia e utiliza a política e os políticos para saquear este país:

[...] «Não obstante, os bancos continuarão a engordar escandalosamente porque, afinal, todo o país, pessoas e empresas, trabalham para eles. [...] os poderes do Estado cedem cada vez mais espaço a poderes ocultos ou, em qualquer caso, não sujeitos ao escrutínio eleitoral. E dizem-nos que o poder do dinheiro concentrado nas mãos de uns poucos é cada vez mais absoluto e opressor. A ponto de os próprios partidos políticos e os governos que deles emergem se tornarem suspeitos de agir, não em obediência ao interesse comum, mas a soldo de quem lhes paga as campanhas eleitorais.» [...]


O Oligopólio Financeiro Internacional, através dos seus testas de ferro em cada país, procede a uma selecção criteriosa de pessoas, seleccionadas entre quadros técnicos, docentes universitários, responsáveis partidários e figuras prestigiadas de diferentes ordens profissionais, que, a priori, demonstrem possuir o perfil necessário - a fome de poder, a ganância e a falta de escrúpulos - para satisfazer todos os favores que lhes virão a ser exigidos pela Banca (mais tarde retribuídos com juros).

Depois destes indivíduos terem sido devidamente doutrinados e amestrados para responder subservientemente e sem rebuço a todas as solicitações da Banca, esta fá-los eleger para os lugares governamentais, subsidiando-lhes prodigamente as campanhas eleitorais e apoiando-os com vasta propaganda mediática nos jornais e televisões (todos propriedade da Banca), onde uma multidão de comentadores venais os enaltecem quotidianamente, ao mesmo tempo que desacreditam os seus adversários políticos.

Os comentadores Camilo Lourenço, João Duque, Pedro Marques Lopes e Cantiga Esteves


Todos estes governantess ascenderam a cargos políticos por decisão "ab anteriori" da Banca. Sem o apoio desta nunca teriam chegado a cargos de poder. A Banca, que domina por completo os Media e os Partidos Políticos, nunca o permitiria.

Depois de eleitos, estes «representantes do povo», trabalharão afincadamente a favor dos seus patrões (a Banca), engrossando-lhes os lucros à custa dos contribuintes a quem seria suposto servirem. Depois de cumprirem o seu mandato como «representantes democráticos», a Banca trata de lhes arranjar um lugar ao sol que os recompense das agruras da vida política:


Jornal Expresso - 2/10/2010

Banca é refúgio para ex-ministros


De 115 ex-governantes: 84 foram para a Banca




Dirigentes do Bloco estudaram o percurso de 115 ex-governantes: 84 foram para a Banca ou tiveram uma ligação ao sector bancário, passando por órgãos sociais dos mais diversos bancos. Mais interessante ainda: desses 84 ex-governantes com ligação à banca, na grande maioria dos casos (56, ou seja, dois terços,) essa ligação não tinha antecedentes, e só surgiu depois da passagem pelo Governo.

A generalidade dos bancos [...] vai buscar ex-ministros e secretários de Estado (sobretudo os que passaram pelas finanças e economia, mas não só — basta pensar nos casos de Dias Loureiro e Armando Vara, que vinham da Administração Interna, ou Celeste Cardona, que foi ministra da Justiça). BES e BCP são, no universo analisado, os que mais apostaram nestas contratações — um em cada dez está ou esteve no BES, e quase um em cada cinco teve ou tem uma ligação ao BCP. Rui Machete, ex-ministro e barão social-democrata, conseguiu juntar as duas marcas no seu currículo. Também o grupo Champalimaud (e, depois, Santander) apostou forte em ex-governantes, quase todos do PSD.


Dias Loureiro, Armando Vara, Celeste Cardona e Rui Machete


A banca é o máximo denominador comum neste universo [...]. Um terceiro aspeto deste fenómeno: a "forte promiscuidade", com "governantes que transitam diretamente da tutela para a gestão de topo de empresas cujo quadro de atuação condicionaram imediatamente antes”. Há bons exemplos nas obras públicas (Ferreira do Amaral, Jorge Coelho, Luís Parreirão) e na energia (Pina Moura, Fernando Pacheco). A grande maioria dos ex-governantes portugueses que se dedicaram aos negócios privados têm ou tiveram uma ligação ao sector bancário [...].


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O Poder Legislativo


Correio da Manhã - 10 Janeiro 2012

Texto de Paulo Morais, Professor Universitário


Poder & Associados

As grandes sociedades de advogados adquiriram uma dimensão e um poder tal que se transformaram em autênticos ministérios-sombra.

É dos seus escritórios que saem os políticos mais influentes e é no seu seio que se produz a legislação mais importante e de maior relevância económica. Estas sociedades têm estado sobre-representadas em todos os governos e parlamentos.

São seus símbolos o ex-ministro barrosista Nuno Morais Sarmento, do PSD, sócio do mega escritório de José Miguel Júdice, ou a centrista e actual super-ministra Assunção Cristas, da sociedade Morais Leitão e Galvão Teles. Aos quais se poderiam juntar ministros de governos socialistas como Vera Jardim ou Rui Pena.

Algumas destas poderosas firmas de advogados têm a incumbência de produzir a mais importante legislação nacional. São contratadas pelos diversos governos a troco de honorários milionários. Produzem diplomas que por norma padecem de três defeitos:

a) São imensas as regras, para que ninguém as perceba;

b) São muitas as excepções para beneficiar amigos;

c) E, finalmente, a legislação confere um ilimitado poder discricionário a quem a aplica, o que constitui fonte de toda a corrupção.

As maiores sociedades de advogados do país, verdadeiras irmandades, constituem hoje o símbolo maior da mega central de negócios em que se transformou a política nacional.


Miguel Sousa Tavares - Expresso 07/01/2006

«Todos vimos nas faustosas cerimónias de apresentação dos projectos [Ota e o TGV], não apenas os directamente interessados - os empresários de obras públicas, os banqueiros que irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos - mas também flutuantes figuras representativas dos principais escritórios da advocacia de negócios de Lisboa. Vai chegar para todos e vai custar caro, muito caro, aos restantes portugueses. E o grande dinheiro agradece e aproveita.»

«Lá dentro, no «inner circle» do poder - político, económico, financeiro, há grandes jogadas feitas na sombra, como nas salas reservadas dos casinos. Se olharmos com atenção, veremos que são mais ou menos os mesmos de sempre.»


E assim, poderosas firmas de advogados, verdadeiras irmandades sobre-representadas em todos os governos e parlamentos, são contratadas pelos diversos governos para produzir a mais importante legislação nacional e cujos diplomas são imensos, confusos e imperceptíveis (para que ninguém os perceba), e discricionários, cheios de excepções e de alçapões (para facilitar e promover a corrupção).




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O Poder Mediático

Os bancos tomaram o controlo dos Media através de empréstimos, do dinheiro da publicidade e da posse efectiva directa e indirecta. O controlo dos Media determina quem é eleito. Se um político não obedecer ao banco, este dá cobertura mediática ao oponente do político desobediente.

O político Mário Soares assevera que os meios de comunicação social (jornais e televisões) são, igualmente, propriedade da Banca Internacional (que abarca, naturalmente, a banca nacional):


Mário Soares no Programa "Prós e Contras" [27-04-2009]:

Mário Soares: [...] «Pois bem, agora um jornal, não há! Uma pessoa não pode formar um jornal, precisa de milhares de contos para formar hoje um jornal e, então, para uma rádio ou uma televisão, muito mais. Quer dizer, toda a concentração da comunicação social foi feita e está na mão de meia dúzia de pessoas, não mais do que meia dúzia de pessoas

Fátima Campos Ferreira: «Grupos económicos, é

Mário Soares: «Grupos económicos, claro, grupos económicos. Bem, e isso é complicado, porque os jornalistas têm medo. Os jornalistas fazem o que lhes mandam, duma maneira geral. Não quer dizer que não haja muitas excepções e honrosas mas, a verdade é que fazem o que lhes mandam, porque sabem que se não fizerem aquilo que lhe mandam, por uma razão ou por outra, são despedidos, e não têm depois para onde ir.» [...]


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Comentário

Ficamos a perceber que há muitos anos que a Banca Internacional, lentamente, surdamente, se tem vindo a apoderar das grandes forças sociais – o Aparelho Político: tanto o Executivo como o Legislativo, e os Meios de Comunicação Social.

Com a Justiça e a Polícia de mãos atadas graças a uma legislação confeccionada à medida dos interesses de uma todo-poderosa quadrilha financeira e dos seus esbirros, que podem os cidadãos honestos fazer? Um Estado cujas leis são feitas para servir uma corja de gatunos, não é um Estado de Direito – é um Estado sequestrado. Se os cidadãos honestos não podem recorrer à justiça, que mais lhes resta senão a violência em legítima defesa para responder a todas as violências perpetradas contra eles pela corja que detém o poder?

Artigo 32º do Código Penal - Legítima defesa:
Constitui legítima defesa o facto praticado como meio necessário para repelir a agressão actual e ilícita de interesses juridicamente protegidos do agente ou de terceiro.

Artigo 35º do Código Penal - Estado de necessidade desculpante
1 - Age sem culpa quem praticar um facto ilícito [* uma agressão, por exemplo] adequado a afastar um perigo actual, e não removível de outro modo, que ameace a vida, a integridade física, a honra ou a liberdade do agente ou de terceiro, quando não for razoável exigir-lhe, segundo as circunstâncias do caso, comportamento diferente.


Os partidos do Partido Único e todos os jornais e televisões estão na posse da Banca Internacional. Deste modo, a Banca não apenas traz o Estado, as empresas e os cidadãos dependentes pelo capital, mas, injúria suprema, pela força das suas leis e pela voz dos seus jornais e televisões, impõem-lhes o desemprego massivo e o empobrecimento geral, as pensões de miséria, a extorsão escandalosa das "recapitalizações" e das "garantias" dadas aos bancos, o roubo despudorado que constituem as privatizações dos monopólios naturais de bens e serviços essenciais, os cortes dos salários e dos subsídios, o aumento escandaloso dos impostos e dos preços dos bens de primeira necessidade, e a burla das dívidas brutais e dos juros usurários que vão ter de pagar à Banca Internacional.

Artigo 282.º do Código Civil - Negócios usurários:
1 - É anulável, por usura, o negócio jurídico, quando alguém, [* negoceia com um representante corrupto de outrem com a intenção de prejudicar este último], explorando a situação de necessidade, inexperiência, ligeireza, dependência, estado mental ou fraqueza de carácter de outrem, obtiver deste, para si ou para terceiro, a promessa ou a concessão de benefícios excessivos ou injustificados.

*As expressões entre parênteses rectos são minhas.
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