Numa epístola plena de angústia, Henrique Monteiro (nome de código - Comendador Marques de Correia), escreve ao director dos serviços secretos britânicos, dando-lhe conta das trapalhadas que tiveram lugar na
reunião dos comunistas internacionais em Lisboa, trapalhadas que não lembrariam nem ao Dan Brown, nem aos tipos todos das teorias da conspiração:
A Internacional silenciosaJornal Expresso - 11 de Novembro de 2006
Meu caro Director do MI 6
«Escrevo-te no dia em que passam 89 anos sobre a data da grandiosa Revolução de Outubro, a revolução soviética - também conhecida por aquele malfadado dia em que os bárbaros invadiram o Palácio de Inverno em São Petersburgo e deram cabo do champanhe todo - para te dar conta de uma coisa absolutamente incrível.»
«E a coisa quase incrível é esta: por um processo que
nem ao Dan Brown e aos tipos todos das teorias da conspiração alguma vez lembrou, somos capazes de escutar coisas que ainda não aconteceram. Foi o que se passou com a reunião dos comunistas internacionais em Lisboa, que era para ser num sítio secreto mas que, afinal, é num hotel em frente da sede do PCP.»
A agenda dos trabalhos, de acordo com os nossos informadores, era bastante difícil de estabelecer. Isto
porque cada partido tem a sua mania e nenhuma delas agrada aos outros.
«Por exemplo: os tipos da FARC, que aliás não vêm, mas mandam uma mensagem, adorariam fazer uma comunicação
sobre raptos, tráfico de droga e assassínios políticos…»
«O mesmo se passa, aliás, com o Partido Comunista da Coreia do Norte. Este partido queria fazer uma comunicação ao Congresso intitulada: «
A Bomba Nuclear - uma forma limpa de acabar com o capitalismo e com o pessoal todo que não tem uma admiração profunda, sincera e sem reservas pelo nosso querido líder Kim Jong Il, ou seja, para acabar com toda a gente menos um punhado de pessoas que são amigas dele, seja por interesse ou por medo de levarem com a bomba» (era este o título completo da comunicação). Foi recusada!»
«
E foi um sucesso. A reunião que vai decorrer este fim-de-semana e que nós já escutámos por antecipação, saldou-se num enorme reforço da cooperação e compreensão entre os povos. Vais ver se o comunicado final não é isso que diz.»
«E leva um abraço do teu fiel espião (nas horas vagas)»
«Comendador Marques de Correia»
Comentário:Tendo Henrique "Comendador" Monteiro toda a razão no que toca à barafunda que constituiu este simpósio de comunistas, é contudo pouco avisado reportar estes tristes acontecimentos ao director do MI6. Porque,
no que toca a balbúrdias, estes serviços secretos ingleses são praticamente imbatíveis:
Relembremos o dia 7 de Julho de 2005:
O diálogo seguinte teve lugar na tarde do dia dos atentados (7 de Julho de 2005) na
rádio da BBC 5. O repórter da BBC entrevistou Peter Power, Director Chefe da empresa Visor Consultants, que se define a si própria como uma empresa de consultoria para a “gestão de crises”. Power é um ex-funcionário da Scotland Yard:
POWER: Às nove e meia da manhã
estávamos efectivamente a realizar um exercício, utilizando mais de mil pessoas, em Londres, exercício esse baseado na hipótese de acontecerem explosões simultâneas de bombas,
precisamente nas estações de metro onde elas aconteceram esta manhã, por isso ainda estou estupefacto.
BBC: Sejamos claros, você estava e efectuar um exercício para testar se estavam à altura de um acontecimento destes, e
ele aconteceu enquanto faziam o exercício?
POWER:
Exactamente, e foi cerca das nove e meia da manhã. Nós planeámos isto para uma empresa, que por razões óbvias não vou revelar o nome, mas eles estão a ouvir e vão sabê-lo. Estava numa sala cheia de gestores de crises e, em menos de cinco minutos,
chegámos à conclusão que aquilo era real, e portanto passámos dos procedimentos de exercícios de crise para uma situação real.
As declarações de Peter Power na BBC 5
estão AQUI.