Este modelo de «desenvolvimento» é-nos vendido diariamente pelos jornais e televisões e é-nos paulatinamente imposto pelo centrão político (PS e PSD). São os novos amanhãs que nos assobiam ao ouvido:
Uma análise dos dados do Censo norte-americano de 2004 revela que 60 milhões de americanos vivem com menos de 7 dólares por dia. Um em cada cinco americanos vive com menos de 2,555 dólares por ano. Ao mesmo tempo, a fatia dos 1% mais ricos recebe cerca de 16 por cento do rendimento nacional, o dobro do que recebiam nos anos sessenta.
Enquanto a desigualdade na distribuição do rendimento global é provavelmente maior do que já alguma vez aconteceu na história da humanidade, com metade da população mundial a viver com menos de 3 dólares por dia, e um por cento dos mais ricos a receberem pelo menos 57% do rendimento total, o facto de tantos americanos viverem com tão pouco, é difícil de perceber.
A denominada "nação mais rica da Terra" tem agora a maior discrepância entre ricos e pobres de todas as nações industrializadas. O facto de que um dólar gasto nas Caraíbas, na América Latina e na Ásia compram o mesmo que três ou quatro dólares nas Estados unidos significa que a qualidade de vida de dezenas de milhões de americanos está agora ao nível de imensas populações a viver no Terceiro Mundo.
E as notícias do relatório ainda são piores. Não houve aumentos reais dos salários desde 1972. Vinte e cinco milhões de americanos dependem da ajuda alimentar de emergência. Esta tendência que está a aumentar rapidamente constitui uma brutal chamada de atenção para a forma como uma política de extrema direita destruiu a rede de segurança social nos Estados Unidos durante os últimos 25 anos. Numa altura em que a globalização avança a todo o galope, e os seus efeitos destrutivos estão a ser sentidos em muitas comunidades trabalhadoras desde Detroit ao Connecticut, a crise nacional está a ser exacerbada pela cultura do «o vencedor leva tudo» que incentiva a ganância e o egoísmo recompensando os ultra-ricos à custa dos pobres.
Por todos os Estados Unidos, o preço da disfunção económica é um aumento do nível de insegurança e sofrimento para todos, e praticamente já não existem locais onde se possa viver sem crime violento, proliferação de drogas, armas, doenças mentais, desespero, cinismo e corrupção. Ao mesmo tempo, a classe média é forçada a carregar o fardo dos custos económicos dos tribunais, polícia, prisões e apoio social através dos impostos. Enquanto o preço médio de uma casa duplicou nos últimos cinco anos, e com as taxas de juro a subir, a execução de hipotecas está a atingir números astronómicos. As rendas acompanharam estas subidas, empurrando muitos milhões de americanos para uma vida de dificuldades económicas, pobreza e sem tecto para dormir. Para demasiados americanos, a litania da violência, punição e sofrimento parece não ter fim, e o Sonho Americano é agora unicamente um Pesadelo Made-in-America.
Mais duas curiosidades das terras do Tio Sam:
Dois milhões e duzentas mil de famílias norte-americanas (Março 2007) em risco de perder as suas casas e cerca de 164 mil milhões de dólares devido à execução das hipotecas.
18,000 pessoas morrem diariamente nos Estados Unidos por falta de seguro de saúde. Ou seja, seis milhões e quinhentos e setenta mil americanos (2,2% da população) morrem por ano porque não têm dinheiro suficiente para pagar o seguro de saúde, e as empresas onde trabalham recusam-se a fazê-lo.