quinta-feira, março 31, 2005

O Problema do Buraco - The (w)hole Problem

Três comunistas alentejanos, eufóricos com os resultados das últimas legislativas, decidem festejar com uma nova actividade lúdica.

Sugere um:
- Oh camaradas, já chega de sueca e dominó. Tou farto dessa merda!

Diz outro:
- Atão e se fossemos jogar golfiii?

Pergunta o primeiro:
- Atão oh compadri, cum'é quisso se joga?

Responde o primeiro:
- Atão joga-se com um pau, umas bolas e um buraco.

Responde o outro:
- Atão tá beim, ê cá posso dar o pau.

Diz o segundo:
- Prontos ê cá dou as bolas.

Exclama o terceiro:
- Bom, camaradas, ê cá nã jogo, nâ!!!



Também três centristas lisboetas, desgostosos com os resultados das últimas legislativas, decidem, para esquecer, praticar uma actividade mais arejada.

Sugere Lobo Xavier:
- Meus caros colegas, chega de bridge, gamão e scrabble. Já abomino esses jogos!

Diz Telmo Correia:
- Então, e se jogássemos golfe?

Pergunta Paulo Portas:
- E será que temos todos os apetrechos necessários?

Responde Lobo Xavier:
- Eu tenho tacos wood e iron. E para situações difíceis tenho o sand, o pitch e o putter.

Diz Telmo Correia:
- Eu tenho bolas de cobertura em Surlyn, ideais para executar pancadas a curta distância.

Exclama Paulo Portas, com a bandeirola na mão:
- Então, do que é que estamos à espera?

Eslováquia - Portugal

Até me vêm as lágrimas aos olhos cada vez que vejo o Deco a cantar o Hino Nacional antes de cada desafio da Selecção das Quinas...

quarta-feira, março 30, 2005

As Aspirinas dão de comer a muita gente...

Todos sabemos que os medicamentos e as farmácias são um dos últimos "negócios da China" que persistem neste país. Os farmacêuticos, através de um "lobbying" poderoso, sempre conseguiram manter a venda de medicamentos, até de uma simples aspirina, um exclusivo das farmácias.

Ora bem, agora que o Governo de Sócrates anunciou com pompa e circunstância que a venda de medicamentos sem receita médica vai poder ser feita noutros estabelecimentos, podemos mais uma vez perceber que este é mesmo um GRANDE negócio.

Supers e hipermercados, restaurantes e cafés, até bombas de combustíveis, todos estão interessados, e muito, em vender esses fármacos.

Se eu tivesse que apostar, diria que quer vai ganhar esta guerra, se realmente a promessa de Sócrates avançar, vai ser quem está a jogar nos dois tabuleiros. E quem é? Bom, quem está dos dois lados é o Estado, que vai decidir e que é dono de um dos interessados, a Galp. Ainda por cima, o Estado quer vender a gasolineira, em breve e ao melhor preço possível.
Um dos administradores da Galp já admitiu preto no branco em vários jornais o grande interesse neste negócio.... Por isso, eu aposto que.... vão ser as bombas de serviço vão ganhar mais um "negócio da China"...

A hora atlântica

João Carlos Espada, consagrado escriba do Expresso, escrevia na sua coluna a 5 de Março de 2005:

A visita de George W. Bush à Europa assinalou o reencontro transatlântico. Não desapareceram as divergências entre os vários parceiros ocidentais - e nenhuma aliança entre povos livres pode existir sem divergências. Mas desapareceu o anti-americanismo militante dos líderes franceses e alemães. Foi o reencontro da aliança atlântica, em grande parte promovido sob a égide no novo presidente português da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.

É importante recordar quem ficou de fora deste reencontro: o Sr. Zapatero. Tendo retirado unilateralmente as tropas espanholas do Iraque, Zapatero ficou de fora da família atlântica. É bom lembrar-lhe este facto, pois ele disse que Portugal e Espanha acertaram os relógios com a vitória eleitoral dos socialistas portugueses. Além de típica arrogância espanhola, essa afirmação é deslocada. A nossa hora é atlântica, não a de Madrid.


Ora acontece, meu caro Espada, que a 18 de Março de 2005, treze dias depois do seu avisado comentário, os media noticiaram o seguinte:

O presidente francês, Jacques Chirac, recebeu no Palácio do Eliseu o seu homólogo russo, Vladimir Putin, e os chefes de Governo de Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, e Alemanha, Gerhard Schröder. É a primeira vez que o presidente espanhol participa numa cimeira deste tipo.

Na relação entre a Rússia e a União Europeia (UE), os quatro vêm "a chave para a implementação definitiva da paz, da democracia e do estado de direito no nosso continente", disse o presidente francês, Jacques Chirac, numa conferência de imprensa conjunta.

Chirac evocou a "vontade de construir juntos uma comunidade de destino" entre a UE e a Rússia, e acrescentou que, se bem que isso vá exigir "esforços de adaptação" e "tempo", disse que "estamos resolutos" a trabalhar por ela "juntos", porque é a via da paz e da democracia "na grande Europa".



Donde, estimado Espada, se podem tirar várias conclusões:

1 - Zapatero saiu, por livre iniciativa, do clube dos mentirosos (das armas de destruição maciça no Iraque), que você denomina «família atlântica», para se juntar à família da Grande Europa, como a foto claramente demonstra. Zapatero escolheu, ao contrário do seu antecessor, não se aninhar aos pés de Bush como fizeram Blair, Berlusconi e o «trotskista» José Manuel Barroso.

2 – O Oceano Atlântico abarca seis fusos horários. A que hora atlântica é que se refere? À de Paris, à de Madrid, à de Reykjavik ou à de Washington? Cinco graus, apenas, separam Lisboa e Madrid. São vinte minutos solares. O tempo de beber uma imperial.

3 – Quanto ao anti-americanismo não tenho a certeza do que isso seja. Já quanto ao anti-bushismo e ao anti-neoconservadorismo estão mais fortes que nunca. Em todos os fusos horários. Tanto deste, como do outro lado do Atlântico.

4 - Apelidar de "reencontro transatlântico" a visita de George W. Bush à Europa é um pouco forte. Troque o termo “reencontro” por “desencontro” e talvez consiga transmitir uma imagem mais fidedigna do que se passou.

terça-feira, março 29, 2005

Putin-Bush: Gambito Recusado

A 17 de Outubro de 2003, Vladimir Putin afirmou que a Rússia ainda possuía “quantidades significativas de mísseis balísticos intercontinentais SS-19 que nunca foram colocados estrategicamente, e, portanto, não faziam parte das negociações de desarmamento, que continuam desactivados para uma emergência. “Estes são os mais poderosos mísseis do mundo”, afirmou Putin, acrescentando que seriam as armas ideais para furar qualquer potencial escudo de mísseis defensivos americanos. Rumores não confirmados sugerem que a Rússia possui no mínimo duzentos SS-19 armazenados.

Apenas uma semana depois, a 24 de Outubro de 2003, o Presidente Putin redefiniu os limites dos acessos americanos ao Hemisfério Oriental quando inaugurou uma nova base aérea russa em Kant no Quirguistão, 30 quilómetros a leste de uma base americana alugada em Manas, usada para apoiar operações “contra-terroristas” no Afeganistão. Na mesma altura os chineses movimentaram um esquadrão de aviões de combate Sukhoi 27 para a base aérea de Kashi, que é a mais próxima da fronteira com o Quirguistão.



Na cerimónia de inauguração Putin afirmou: “Ao construir um escudo aéreo no Quirguistão nós desejamos reforçar a segurança nesta região, cuja estabilidade é crescentemente um factor significante,” Putin enfatizou que a base de Kant era agora um dissuasor para terroristas e extremistas de TODOS os tipos (a deterrent for terrorists and extremists of ALL kinds).

25 de Novembro de 2004 – O presidente Vladimir Putin anunciou a semana passada que a Rússia iria desenvolver uma nova geração de armas nucleares que as outras potências ainda não possuem. Putin afirmou numa conferência de oficiais em Moscovo: “Nós continuaremos a persistir na construção consistente das forças armadas, em geral, incluindo a componente nuclear, e novas tecnologias de sistemas de mísseis nucleares que outras potências nucleares ainda não possuem e não possuirão,” e acrescentou “eu quero que todos compreendam isto”.

Depois da Geórgia e da Ucrânia, cujas revoluções constituíram duras derrotas para a diplomacia russa, o Kremlin tenta agora não perder o Quirguistão e passou à ameaça: "O Quirguistão é nosso aliado pelo Tratado de Segurança Colectiva. Penso que a chamada 'oposição' deve ter cabeça e encontrar forças para se acalmar e fazer voltar o desenrolar dos acontecimentos ao campo do diálogo político", declarou Serguei Ivanov, ministro da Defesa da Rússia.

O Tratado de Segurança Colectiva foi assinado por algumas repúblicas da antiga União Soviética (Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia e Tajiquistão) e prevê o apoio militar a um dos signatários caso seja vítima de agressão.


Comentário:
Após duas derrotas (revolução das "rosas" na Geórgia e "laranja" na Ucrânia), Valdimir Putin disputa uma terceira partida com o campeão mundial Bush. Está a ser uma partida movimentada, pois Bush escolheu uma variante um tanto aguda, ganhando uma capital «Bishkek» mas arriscando-se ao deixar uma base militar no extremo. Putin sacrificou a qualidade complicando a sua situação e conferiu certa instabilidade à posição. Tendo em conta o seu estilo de jogo combativo, tal comportamento é perfeitamente compreensível. Depois de mais um erro de Putin, Bush assume vantagem real, mas comete algumas imprecisões e Putin poderá ainda empatar. Claro que a tensão natural de estar a disputar um título de potência mundial influencia decisivamente os lances, e o presidente com nervos mais sólidos pode sair com uma vantagem considerável. Vamos à partida...

segunda-feira, março 28, 2005

Férias judiciais



Jorge Bacelar Gouveia é doutor em Direito Público pela Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa (1999), sendo licenciado (1989) e mestre (1993) em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

Jorge Bacelar Gouveia escreveu um artigo de opinião no Diário de Notícias (24/03/2005). Comentamo-lo a bold-negrito:

Uma das medidas mais marcantes do Programa de Governo recentemente apreciado foi a da redução das férias judiciais de Verão para um mês (sendo agora de dois, de 15 de Julho e 15 de Setembro), medida que logo surpreendeu diversos sectores que a entenderam num contexto isolado. «O meu sector, confesso, foi um dos que não a soube contextualizar

Mas a bondade desta solução tem de ser vista em razão dos seus propósitos, partindo-se do pressuposto de que não terá sido certamente agora que nesta matéria se descobriu a pólvora então as férias eram exageradas e nunca ninguém nelas reparou «é bizarro, na realidade!», tendo o XVII Governo Constitucional tido o genial pensamento de ver a luz que os outros não enxergaram durante décadas? «Pessoalmente nunca enxerguei, e já lá vão quatro décadas e tal

Obviamente que não, porque as férias judiciais se inserem no estatuto global dos operadores judiciários, que ao entrarem nessas profissões sabiam das coisas boas e más com que iam contar «uma delas o excessivo tempo de inacção», sendo as férias com uma duração um pouco superior à da generalidade da função pública «o dobro, sensivelmente» uma dessas vantagens.

Mudar um dos direitos dessas profissões, reduzindo a sua amplitude, pode ser problemático não só em nome dos direitos adquiridos «muito justa e merecidamente», constitucionalmente relevantes, mas sobretudo porque a evolução global do Direito da Função Pública, nos últimos anos, acelerada no tempo dos Governos socialistas, tem sido a da função premial dos suplementos de férias para os funcionários não faltosos, que já vão muito para além dos antigos 22 dias úteis «embora bastante aquém dos 44».

Por outra parte, importa também referir que quem conhece os tribunais facilmente se apercebe de que esse tempo de férias é pouco gozado «aqui não me ocorre nenhum comentário decoroso», havendo juízes e funcionários de turno - que logicamente não podem estar em férias - e havendo muitos que aproveitam a calmaria das férias para reorganizar trabalho «leia-se viajar», para pôr processos em ordem «leia-se noitadas», para redigir sentenças mais exigentes do ponto de vista doutrinário «leia-se golfe e snowboard», para tanto tendo de estudar e de consultar bibliotecas «leia-se sun, sea and sex».

Apenas numa coisa a redução das férias não se apresenta injustificada «???» é que, sendo a justiça um serviço público «deve existir uma maior consciencialização desse facto», nenhuma razão existe para que se paralise num certo período de Verão para além dos processos urgentes, que correm durante as férias «agora que fala nisso...». Basta olhar os outros serviços públicos, as forças armadas, o policiamento ou as repartições de finanças, para perceber que isto é exacto «É verdade! Muito poucos terão reparado».

Evidentemente que a redução das férias judiciais é, no meio de argumentos contra e a favor, um problema bem menor «dir-se-ia quase microscópico», para além de tacticamente contraproducente por indispor os operadores judiciários «quem é que não se sentiria agastado, tacticamente falando?», na sua máxima extensão, já que essa alteração atinge outros grupos de profissionais e não apenas os magistrados e os funcionários judiciais os advogados e os seus escritórios, para além de outros serviços que lhe estão conexos. «Os conexos seriam, de longe, os mais incomodados!».

E corre-se ainda o risco bem mais dramático de não ser através da redução das férias judiciais que o crónico problema do atraso na aplicação da justiça possa eficazmente resolver-se «o resultado poderá mesmo ser catastrófico», mas apenas se dando à opinião pública a ideia de que há uns privilegiados que deixarão de ter as férias gordas que tinham «puro engano». Alguém de bom senso acredita que é por haver menos um mês de férias que os processos passarão a ter uma outra velocidade, afrontando os juízes ao reduzir-se-lhes um direito de décadas? «Eu não, mas a sensatez é-me intrínseca!»

O que importa é seriamente falar das medidas que verdadeiramente resolvam o problema dos atrasos e das ineficiências da justiça em Portugal, medidas que têm de ser sistémicas para combater uma crise profunda e cultural, muitas delas já devidamente identificadas. «É gratificante ouvir perorar de forma tão inteligente e objectiva!»

(...)

É nestas matérias - e noutras - que se mostra a maturidade de uma boa governação. Aguardamos «ansiosamente por 15 de Julho».

domingo, março 27, 2005

Zé Policarpo



O patriarca de Lisboa, Zé Policarpo, em entrevista desassombrada ao Jornal de Notícias pronunciou-se em relação aos referendos sobre o Tratado da Constituição Europeia e sobre o do aborto.

Vejamos algumas das declarações do nosso Zé Policarpo, que é considerado um forte candidato ao lugar do polaco Karol Wojtila.


«...quando houver referendo,[sobre o Tratado da Constituição Europeia] voto "sim", porque me parece que é uma etapa necessária na construção da União Europeia. É o processo que, ao longo da história, foi mais longe e o mais conseguido na união entre países da Europa. Quem embarcou nesse navio não é no alto mar que vai desistir da viagem. Tudo fará para que a viagem corra bem.»

Zé, porque é que estás a meter o bedelho onde não és chamado? Olha o 41º, nº4 da Constituição da República Portuguesa, “As igrejas e outras comunidades religiosas estão separadas do Estado...”.
Alguém foi chamado a dizer se queria embarcar? Deixa-te de merdas, Zé!
Que percebes tu de construção europeia? Tu mal tens tempo para te coçar nessa azáfama da cura das almas...e às vezes até enjoas nas viagens...


«Os "media" têm dito que há a ameaça de a França optar pelo "não". Se isso acontecer, volta tudo ao princípio e cá estaremos para ver o que acontece à União sem este passo importante, que foi desejado por todos e longamente trabalhado não só por parlamentares como por vários organismos da sociedade civil.»

Zé, meu sacana que estás sempre no gozo! Então foi desejado por todos e a França ameaça optar pelo “não”?! Sempre foste danado para a brincadeira!


«Se houvesse alguma coisa no Tratado que agredisse directamente o que a Igreja defende, aconselharia o "não" com clareza. Mas, não creio que haja no Tratado algo que um cristão não possa votar. O que se tem de dizer aos católicos é se sim ou não querem ir em frente nesse barco. Seria um erro histórico criar, neste momento, dificuldades à União Europeia. As pessoas que vão fazer campanha pelo "não" são os antieuropeístas do costume.»

Pois claro Zé! O Cristianismo está sempre do lado dos mais fortes na luta contra os oprimidos, por isso nada de reclamações e toca a votar pela Europa do grande capital! E se o barco for ao fundo quase que aposto que vais ser o primeiro a saltar Zé, porque graças a deus que lá curto de jaqueta não és nada!
Pois os sacanas do costume que têm a mania de lutar para acabar com a pobreza, é quase certo que vão tentar entravar o processo...

Invoca, frequentemente, a dignidade da vida humana como razão primeira para dizer não ao aborto.
«A grande questão é saber onde é que começa a vida humana. A posição da Igreja é muito clara a vida humana começa desde o princípio. Por isso, não é uma questão religiosa, mas de direito fundamental.»

Olha lá Zezinho, já leste o 66º do Código Civil Português? “1. A personalidade adquire-se no momento do nascimento completo e com vida. 2. Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu nascimento.”
Abre-me esse olho Sacana! Onde é que tu tens andado para ainda não teres reivindicado que os fetos devem poder celebrar negócios jurídicos?!

«No último referendo, em Lisboa, surgiram quatro associações de apoio à maternidade. Mas o que se faz no dia-a-dia, com mulheres em situação de risco, não é para publicitar.»

Boa Zé! Aqui estiveste bem porque o segredo é a alma do negócio. Deixa para “os do costume” a publicidade contra os julgamentos das mulheres que abortam, porque esses não são pessoas de trabalho como tu e têm tempo...

Queira deus que esta grande alma, quando desta vida se for, não esteja muito tempo no purgatório e, sobretudo, que não desça de divisão...!

Comunicado do Dr. Santana



Santana Lopes decidiu, após muita ponderação (e ainda o acusam de impulsivo, errático, falta de sentido de estado e sabe-se lá mais o quê...), regressar à Câmara de Lisboa.
Eis o comunicado que dirigiu aos eleitores, com comentários nossos, a anunciar o seu regresso:

2005-03-15
Comunicado aos Lisboetas


«Ao reassumir funções de Presidente da Câmara Municipal de Lisboa quero saudar calorosamente todos os Lisboetas.»

Sempre notável a forma apaixonada como abraça a causa pública.
Onde se lê “lisboetas” deve ler-se “eleitores”.

«Como é público, suspendi o mandato autárquico em Julho último por ter sido chamado ao exercício do cargo de Primeiro-Ministro num momento particularmente difícil.»

Ou seja, “Eu gosto é das autarquias mas lá tive de ir tapar as trapalhadas do Durão”.

«Regresso à Presidência da Câmara Municipal de Lisboa para cumprir um dever que muito me honra. Faço-o com gosto, quando, como sempre, surgiram outros desafios na minha vida profissional. Quero, por isso, deixar claro que dou todo o meu trabalho até ao final do mandato sem procurar vantagens materiais.»

Tem tido uma vida profissional riquíssima embora desde há uns vinte e tal anos a esta parte a tenha posto de lado para poder aparecer na televisão.
Ah Santana andas sempre a trabalhar à borla! Por isso é que nunca hás-de ser um bom partido...a continuares assim ainda te vais sentar no colinho do outro...

«Na ponderação que fiz, tendo terminado a missão que fui chamado a desempenhar, nenhuma razão superior existia que justificasse a renúncia a este mandato que, para todos, representa uma viragem na condução dos destinos de Lisboa. Sempre disse, mesmo quando exerci funções de Primeiro-Ministro que não há trabalho mais bonito em política do que o trabalho autárquico.»

Foi sem dúvida uma viragem! Antes a cidade até estava relativamente bem.
Quando se leva um pontapé no cu como levaste, até passar uma esfregona num vãozinho de escada te ficaria bem...

«Regresso a sete meses das Eleições Autárquicas mas o dever não se mede em função do tempo que falta para terminar um mandato. Estou aqui para cumprir o programa que os Lisboetas sufragaram a 16 de Dezembro de 2001. Também em 1991, o Dr. Jorge Sampaio regressou à Presidência da Câmara Municipal de Lisboa depois de ter suspendido o mandato para disputar Eleições Legislativas com um resultado semelhante.»

Pois não mede, para quem não tem onde cair morto nem que faltassem duas semanas...e olha que ainda vais a tempo de construir outro Parque Mayer, outro Túnel e de mudar pela centésima vez o local da futura Feira Popular...

«É devida uma palavra de louvor e de agradecimento ao Professor Doutor António Pedro Carmona Rodrigues pela forma tão dedicada e competente como, nos últimos sete meses, conduziu os destinos da Cidade correspondendo ao desafio que juntos aceitámos em 2001.»

Sim, o Professor Doutor merece o agradecimento por ter tentado disfarçar as azelhices do menino...

«Voltamos a trabalhar em conjunto. Do mesmo modo, continuo a contar com uma equipa excepcional para levar este trabalho até ao final do mandato e cumprir o programa com o empenho e colaboração de todos os Lisboetas para que, juntos, façamos de Lisboa uma Cidade cada vez melhor.»

Ó Santana o Programa está praticamente cumprido...só faltava isso das casas para os jovens, mas como outro dia foste a uma discoteca anunciar que até 2012 eles vão poder continuar a alugar quartos na Reboleira, a malta já está toda descansada.

Todos juntos vais ver que não vai custar nada levares outra “biqueirada” no cu!

PEDRO SANTANA LOPES
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa

Paços do Concelho, 15 de Março de 2005


Bem hajas apóstolo predilecto de Francisco Sá Carneiro!

sábado, março 26, 2005

Índios!

Há dois dias, Jeff Weise de 17 anos, aluno da escola secundária de Red Lake situada numa reserva índia no Minnesota nos EUA, assassinou a tiro os avós, logo pela manhã e dirigiu-se em seguida para a escola onde entrou a sorrir e a disparar contra todos os que lhe iam aparecendo. Matou dez pessoas e suicidou-se em seguida.

Esta reserva índia é uma das mais pobres do Minnesota, aí vivem cerca de cinco mil pessoas da tribo Ojibwa.

Após a conquista do Oeste nos EUA, o governo norte-americano foi “instalando” os índios em reservas para que pudessem brincar à vontade aos índios e cowboys sem que estivessem sempre a perder como nos filmes de Hollywood.

Os assassinatos perpetrados por alunos em escolas nos Estados Unidos da América são relativamente frequentes e encarados com normalidade pela sociedade. Os pais americanos tentam sempre colocar os seus filhos em estabelecimentos de ensino próximos de lojas de venda de armas para que estejam mais protegidos, porque como a venda de armas na América é muito acessível os alunos poderão sempre lá dar um saltinho nos intervalos das aulas quando algum “calmeirão” se esteja a armar em faquir.

O liceu de Red Lake, cenário do massacre cometido por um jovem de 17 anos

quinta-feira, março 24, 2005

Descubra as diferenças

História 1 - O bêbado e a dama de preto

Começou a música e um bêbado levantou-se cambaleando e dirigindo-se a uma
senhora vestida de preto, pediu-lhe para dançar. Ouviu a seguinte resposta:

- Não, por quatro motivos:

a) Primeiro, o senhor está bêbedo!

b) Segundo, isto é um velório!

c) Terceiro, não se dança o Pai Nosso!

d) E quarto porque "Madame" é a puta que o pariu. Eu sou o padre!


História 2 - As bases do PP e Paulo Portas

Os democrata-cristãos, ainda atordoados pela derrota nas eleições, desejavam que o seu líder continuasse a presidir aos destinos do partido. Obtiveram, no entanto, a seguinte resposta:

- Não por quatro motivos:

a) Primeiro, não consegui contribuir para uma maioria de Centro-Direita!

b) Segundo, não consegui evitar uma maioria absoluta de um só partido!

c) Terceiro, não consegui atingir os 10% dos votos!

d) E quarto porque não consegui tornar o partido na terceira força política!



Nestas duas histórias, semelhantes na aparência, existem, contudo, algumas diferenças:

Na primeira temos um bêbado, um padre e quatro motivos vigorosos.

Na segunda temos um astuto, um partido e quatro motivos falaciosos.


Portas salvou a Bombardier!

Graças a Deus que Paulo Portas tratou a tempo do problema dos trabalhadores da Bombardier!

«O meu “Lito” pode ter muitos defeitos, mas para os trabalhadores porta-se como uma verdadeira Diva», terá dito Helena Sacadura Cabral mãe de Paulo Portas sobre o filho “Lito”, diminutivo de Paulito, como o trata.

«Portugal irá produzir 80 por cento das viaturas que vão substituir as velhinhas Chaimite que estavam a cair de velhas, do tempo da guerra do ultramar. Esta substituição vai dar não só ao país uma nova capacidade industrial e tecnológica, como emprego a 190 trabalhadores que eram da Bombardier, uma empresa cuja produção encerrou recentemente». Palavras de “Paulito” no dia 16 de Fevereiro proferidas em Viseu durante a campanha eleitoral.

Se hoje os operários da Bombardier podem fazer vigílias descansados devem agradecer à utilidade das convicções de Portas porque «A convicção é útil para Portugal», e se é útil para Portugal quem se fica a rir são os trabalhadores, esses grandes mariolas!

Bobby Fischer



A Islândia concedeu a nacionalidade ao norte-americano Bobby Fischer, ex-campeão mundial de xadrez e por muitos considerado o melhor jogador de xadrez de todos os tempos.

Robert James Fischer que completou 62 anos no passado dia 9 de Março, encontra-se detido no Japão desde Julho do ano passado devido à caducidade do seu passaporte americano. Desde 1992 que é procurado pelas autoridades dos EUA porque nesse ano jogou xadrez na ex-Jugoslávia violando o embargo decretado pelo seu país.

Fischer tornou-se famoso em todo o mundo no ano de 1972 quando, em plena guerra fria, venceu o soviético Boris Spassky na Islândia, tornando-se o primeiro e único campeão mundial de xadrez norte-americano da história. Na altura ele quis desistir do “match” pouco depois do seu inicio, mas Kissinger, antigo chefe da diplomacia dos EUA, pressionou-o com as palavras “você representa o bem contra o mal e tem de vencer pela liberdade, e pelo prestígio da América”.

Após a vitória Fischer foi recebido como um herói pela Administração dos EUA. Ele que sempre se tinha queixado de falta de apoio por parte do Governo fez um pequeno discurso em que terminou dizendo, “Quem haveria de dizer que o xadrez teria honras de primeira página nos jornais americanos e apenas uma pequena nota nos soviéticos?! Parece que tudo depende de quem ganha...!”.

Na altura recusou todas as honrarias e todos os proventos financeiros e desapareceu do mundo do xadrez durante 20 anos. Em 1992 aceitou conceder a desforra a Spassky e voltou a derrotá-lo na ex-Jugoslávia. Desde aí não mais pôde regressar aos EUA tendo sido detido em Julho do ano passado no aeroporto de Tóquio com o pedido de extradição pela América onde incorre numa pena de 10 anos de prisão.
Anteriormente o Governo americano tinha apreendido e vendido todos os seus bens em hasta pública.

Porquê todo este ódio do país mais poderoso do mundo relativamente a um dos seus mais brilhantes cidadãos? Dez anos de prisão por apenas ter jogado xadrez? Ainda por cima ele, que derrotou o representante do arqui-inimigo e onde este jogo foi ao máximo apoiado pelo Estado ao invés da América, onde Fischer apenas deveu tudo ao seu próprio génio. E porquê só agora fez caducar o seu passaporte? É aqui que esta história necessita de uma explicação adicional... .

Uns dias depois do 11 de Setembro de 2001, surgem declarações de Bobby Fischer em rádios das Filipinas congratulando-se pelos acontecimentos, “Estava na altura de alguém dar um pontapé no cu da América!”. Mais recentemente Fischer voltou a insurgir-se contra os EUA pela invasão do Iraque.

Oficialmente perseguem-no por “evasão fiscal”, mas como prender alguém por jogar xadrez?! Então será que é pelas declarações? Mas então a célebre Constituição dos Estados Unidos da América não garante a todos a liberdade de expressão?!

Felizmente para o genial Bobby Fischer o pequeno país onde ele se tornou famoso, e onde ele venceu para "glória da América e da liberdade" concedeu-lhe a nacionalidade para que assim hoje seja libertado do seu longo cativeiro.

Quando chegar a Reykjavik talvez Fischer se recorde das palavras que pronunciou em 1972 quando chegou aos EUA após a vitória, “Parece que tudo depende de quem ganha...”.
Será que desta vez ganhou mesmo a liberdade? Ou será que haverá mais um país, com pouco mais de 200.000 habitantes, que engrossará a pista da Al-Qaeda?


Fischer is now on his way to Iceland.

quarta-feira, março 23, 2005

Mais vale tarde do que nunca

O jornal Público noticiou a 23 de Março de 2005 o seguinte:

O ministro da Administração Interna, António Costa, revelou hoje que foi informado pelo seu antecessor no cargo, Daniel Sanches, da adjudicação de um negócio de mais de 500 milhões de euros feita três dias depois das eleições legislativas.

"O meu antecessor [Daniel Sanches] teve o cuidado e a gentileza de assinalar essa matéria", afirmou António Costa, à saída de uma série de reuniões com representantes dos partidos com assento parlamentar sobre a questão das nomeações para cargos públicos.

Daniel Sanches assinou um despacho conjunto com o ex-ministro das Finanças Bagão Félix três dias depois das eleições legislativas de 20 de Fevereiro, adjudicando o Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP) – no valor de mais de 500 milhões de euros –, a um consórcio liderado pela Sociedade Lusa de Negócios (SLN), uma "holding" para a qual Daniel Sanches trabalhou antes de integrar o Governo de Santana Lopes.

O deputado do PSD Manuel Dias Loureiro está também ligado a este grupo como administrador não executivo e o ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais de Cavaco Silva, Oliveira e Costa, é o presidente da SLN.

De acordo com António Costa, Daniel Sanches alertou-o para a existência daquele despacho durante uma reunião "para a passagem de dossiers".



Meu caro António Costa mais vale tarde do que nunca. O facto da adjudicação de um negócio de mais de 500 milhões de euros ter sido feita três dias depois das eleições legislativas só demonstra quão inadiável era o ajuste.

O facto de Daniel Sanches ter trabalhado na Sociedade Lusa de Negócios (SLN), a ligação de Dias Loureiro à empresa, bem como a coincidência do ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais - Oliveira e Costa - ser o seu presidente, só demonstra que o contrato é incensurável e digno da maior confiança.

Quem melhor para seleccionar uma empresa para prestar serviços ao Estado, que homens que labutaram, afincadamente, tanto numa, como noutro? Sobretudo, se estão envolvidos 100 milhões de contos? Não são propriamente trocos!

terça-feira, março 22, 2005

Eles falam falam

Mário Soares:

“É preciso conhecer melhor a Al-Qaeda para a combatermos com eficácia. Não às cegas. Exploremos os contactos que a Al-Qaeda parece ter com o mundo obscuro das finanças - dos «off-shores» e dos «paraísos fiscais» - com o «dinheiro sujo», com a criminalidade organizada, com o tráfico ilegal de armas, incluindo atómicas, com o mercado da droga. Há franjas desse sub-mundo que, seguramente, serviços secretos, mesmo os minimamente secretos, mesmo os minimamente organizados, podem penetrar e conhecer. Já o devem ter feito. Mas será que os grandes responsáveis querem tomar conhecimento dessa negra realidade e das pistas que indica?”

“Os atentados de que temos conhecimento demonstram, da parte dos terroristas, certo domínio de tecnologias de ponta, meios logísticos e materiais, conhecimento, armas, informações actualizadas. Já nos lembrámos de investigar donde vem isso tudo?"



Miguel Urbano Rodrigues - historiador (especialista na área da Ásia Central), e jornalista

"Foram os EUA quem desde 1980 financiaram as escolas de terrorismo instaladas nos territórios tribais da fronteira Noroeste. Ali se formaram sucessivas gerações de terroristas primeiro a serviço das chamadas Sete Organizações Sunitas de Peshawar e depois dos Talibã. Os homens saídos da academia do terror ideada e montada sob a supervisão da CIA ficaram internacionalmente conhecidos como «os afegãos», embora alguns fossem árabes, paquistaneses e iranianos."

"Um dos incontáveis absurdos da campanha marcada pelo discurso da irracionalidade é a obsessão do sistema de poder dos EUA em identificar o «grande responsável». Quase imediatamente, o terrorista saudita Osama bin Laden passou a ser apontado como «o inimigo número um» dos EUA. Tal atitude seria ridícula se não fosse acompanhada de iniciativas políticas definidoras da estratégia da resposta político-militar dos EUA. De repente, o sistema de poder da primeira potência do mundo fez de um fanático islamita o cérebro e o responsável por um atentado de extraordinária complexidade, sobre cuja montagem e densa rede de cumplicidades no interior dos EUA quase tudo permanece envolvido em mistério."



Sofocleto:

Eles falam falam, falam falam, falam falam e eu não os vejo a esclarecer nada, é claro que fico baralhado, concerteza que fico baralhado!

segunda-feira, março 21, 2005

O vegetal, o atrasado mental e o animal

O Congresso norte-americano aprovou domingo à noite (20/03/2005) uma lei para impedir a morte de Terri Schiavo, a mulher que se encontra em coma há 15 anos e a quem foi retirado na sexta-feira o tubo de alimentação por decisão judicial. O texto, aprovado numa sessão extraordinária da Câmara dos Representantes com 202 votos a favor e 58 contra, permite à família o recurso aos tribunais federais, que até agora se recusavam a apreciar o caso.

A par, o documento permitirá a recolocação do tubo de alimentação enquanto o processo seguir os seus trâmites. O texto entrará em vigor assim que o presidente norte-americano George W. Bush, o rubricar. Um trâmite que deverá acontecer «quanto antes», adiantou o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan. O Presidente, que se encontrava no seu rancho em Crawford (Texas), regressou domingo a Washington mais cedo que o previsto para ratificar esta lei.

Terri Schiavo, 41 anos, encontra-se em coma desde que sofreu um ataque vascular cerebral, em Fevereiro de 1990, e a sua condição é irreversível. Na sexta-feira, um juiz estatal da Florida ordenou que fosse retirado o tubo a Schiavo no seguimento de uma petição do marido da doente, mas contra a vontade dos pais desta.

O Congresso não tem autoridade para anular esta decisão judicial, mas a lei agora aprovada permite o recurso aos tribunais federais, o que significa que o tubo de alimentação deve ser recolocado enquanto o processo legal decorrer.


Desde que a pena de morte foi reinstalada em 1976, pelo menos 35 pessoas com atraso mental foram executadas no Estados Unidos. O número exacto não é conhecido; especialistas apontam para 200 a 300 casos.

Por causa do seu atraso mental, não compreendem o que é que fizeram de errado nem o castigo que os aguarda. Enquanto têm corpos de adultos, têm mentalidades de crianças. 25 estados permitem a pena capital a pessoas com atraso mental. O Supremo Tribunal do Estados Unidos decidiu que a execução de pessoas com atraso mental não é um castigo cruel, o que é proibido pela oitava emenda da Constituição Americana.

George W. Bush durante os seis anos em que foi governador do Texas superintendeu a 152 execuções, mais do qualquer outro governador na história recente dos Estados Unidos. Entre os executados encontravam-se bastantes casos de atrasados mentais. Bush afirmou: “Eu levo cada caso de pena de morte a sério e revejo cada caso cuidadosamente... Cada caso é o principal porque cada caso é um caso de vida ou de morte.”



Conclusão:

Há gente que se afadiga a evitar o óbito de um corpo cuja morte cerebral aconteceu há quinze anos. Por outro lado, a mesma gente estafa-se a enviar para a morte seres humanos com a mentalidade de crianças. Essa gente possui o sentido moral duma couve e a ética e a decência de uma besta.

sexta-feira, março 18, 2005

Tecnologia ADN



"Eu penso que [a pena de morte] tem um efeito dissuasor sobre o crime, mas devemos ter a certeza de que os condenados à morte são verdadeiramente culpados", disse o chefe de Estado norte-americano em conferência de imprensa, insistindo na utilização "da tecnologia ADN para estar absolutamente certo da inocência ou da culpabilidade de um acusado".


Metam o Cheney e o Rumsfeld na câmara de gás a ver se resulta. Depois dos testes de ADN, claro!

Being smart

“Eu quero agradecer àqueles dentre vós que usam o uniforme da nossa nação para o vosso sacrifício.”

"I want to appreciate those of you who wear our nation's uniform for your sacrifice." — George W. Bush, Jacksonville, Fla., Jan. 14, 2005

quinta-feira, março 17, 2005

Sócrates - depois dos estádios, o TGV

Em relação ao anunciado TGV coexistem vários pareceres:

A opinião dos Expert(o)s

A Rave - Rede de Alta Velocidade vai lançar este ano os estudos para a ligação Aveiro/Salamanca em alta velocidade. Braamcamp Sobral, presidente da Rave, considera que nesta linha será "adoptada uma solução muito idêntica à definida para a linha Lisboa/Porto".

Para Braamcamp Sobral, a prioridade da Rave na ligação a Salamanca "é colocar Viseu no mapa ferroviário". Segundo este responsável, "não faz sentido manter a situação actual".

O primeiro troço a avançar, diz Braamcamp Sobral, será "Aveiro/Viseu", depois, "vamos resolver os problemas mais perto da fronteira. A intenção é fasear o projecto".

O projecto de alta velocidade prevê cinco novas ligações - Lisboa/Porto, Lisboa/Madrid, Porto/Vigo, Aveiro/Salamanca e Faro/Huelva. A primeira ligação a entrar em funcionamento é Lisboa/Madrid, em 2010, e a segunda será Lisboa/Porto, em 2012.

Em causa está um projecto avaliado em mais de 12 mil milhões de euros e que fomentará a criação de mais de 90 mil postos de trabalho (na esmagadora maioria trabalhos precários de construção civil).

Carlos Nunes, director-geral da Fergrupo, empresa ligada ao grupo espanhol Comsa, expressa bem as expectativas do sector quando diz ao DN que a alta velocidade "é o pão das empresas para os próximos anos".

Responsáveis da Somague, integrada no grupo espanhol Sacyr, realçaram a importância que o projecto tem para o sector da construção, considerando-o "estruturante para o País".

Numa primeira fase, os custos previstos para este empreendimento são de 3, 8 mil milhões de euros, um custo menor do que o avaliado para um outro projecto que previa uma viagem em TGV feita em apenas uma hora e dez minutos, mas que custava mais 1, 6 mil milhões de euros.

O ex-ministro António Mexia justificou a decisão de avançar faseadamente com a preocupação da viabilidade do projecto, ponto a tónica na relação entre o custo e o benefício das várias opções estudadas. Se fosse a solução máxima, o investimento adicional para encurtar o trajecto em 25 minutos seria de 6.000 milhões, ou seja, 240 milhões de euros por minuto.

O ex-ministro considerou que a poupança compensa: «Cada minuto que poupamos custa 240 milhões. É um hospital».



E a opinião de um contribuinte de Leiria:

A distância mínima aconselhável entre paragens do TGV, ainda não está bem estudada. Há quem diga que é de cerca de 350 km, há quem aponte para cerca de 500 km. Deste modo, um hipotético TGV Lisboa/Porto, a justificar-se, não admitiria qualquer paragem intermédia.

Da mesma forma que um hipotético TGV Lisboa/Madrid quando muito admitiria apenas uma paragem, mas já em território espanhol. E digo sempre a justificar-se porque está averiguado que se toda a gente que hoje viaja de comboio e de avião entre Lisboa/Porto, Lisboa/Madrid e Porto/Madrid passasse a viajar no TGV, essa clientela não era sequer suficiente para pagar os custos de funcionamento do comboio de alta velocidade. Quem pagaria o resto? E isto é só no que respeita a passageiros porque quanto a mercadorias nem pensar em TGV, dado o acréscimo de custos de investimento que acarreta.

A Espanha e a França já assim o decidiram, mas os teóricos (distraídos?) da RAVE (Rede de Alta Velocidade) ainda continuam a planear o transporte de mercadorias em alta velocidade até à fronteira, para depois terem de utilizar redes comuns no resto da Europa.



E, por fim, a minha casta opinião:

Foram gastos 800 milhões de Euros em dez estádios que estão às moscas. Quer-se agora gastar 12 mil milhões de euros (dois mil e quatrocentos milhões de contos) em comboios para levar as moscas aos estádios. Os nossos governantes, e os seus compinchas, governam-se a 300 à hora!

quarta-feira, março 16, 2005

Holocausto

José Cutileiro na edição do Expresso nº 1683

PELA primeira vez, as Nações Unidas dedicaram uma sessão ao Holocausto. Kofi Annan disse serem os judeus as suas principais vítimas: «Toda uma civilização que tanto contribuíra para a riqueza cultural e intelectual da Europa e do mundo foi erradicada, destruída, arrasada». Palavras bem-vindas do chefe de uma organização que até há pouco considerava o sionismo uma forma de racismo. Mais vale tarde do que nunca.



O sionismo é uma forma de racismo, Cutileiro.

Teodoro (Binyamin Zeev) Herzl, o visionário do sionismo, nasceu em Budapeste em 1860. Foi educado no espírito do iluminismo germano-judeu da época, aprendendo a apreciar a cultura secular.

Herzl concluiu que o anti-semitismo era um factor estável e imutável da sociedade humana, que não fora resolvido pela assimilação. Após ponderar a respeito da idéia da soberania judaica, ele publicou o livro Der Judenstoot (O Estado judeu, 1896), no qual argumentava que a essência do problema judaico era nacional, não individual.

Declarava que os Judeus só receberiam aceitação mundial se deixassem de ser uma anomalia nacional. Os Judeus são um povo, e seu destino pode ser transformado numa força positiva pelo estabelecimento de um Estado Judeu com o consentimento das grandes potências. A questão judaica é política e internacional, pensava, e deve ser tratada como tal na arena mundial.


Porque é que uma boa parte dos judeus nunca se integrou em sociedades declaradamente seculares? O que é que os impediu? Porquê tanta resistência à assimilação? Será o anti-semitismo um reflexo do sionismo?

O Odigo de Macover

O quotidiano israelita Ha’aretz revelou que a Odigo, uma empresa líder em matéria de sistemas electrónicos de mensagens, sedeada em Nova Iorque (a dois quarteirões do World Trade Center) e com escritórios em Israel, recebeu mensagens de alerta anónimos informando sobre os atentados do World Trade Center, duas horas antes de eles ocorrerem. Os factos foram confirmados por Micha Macover, director da empresa.

Questionado sobre se podia confirmar que a Odigo tinha recebido mensagens de alerta sobre o ataque ao World Trade Center, o vice-presidente da companhia, Alex Diamandis, responsável pelas vendas e marketing, confirmou que as mensagens de aviso dos ataques foram recebidas mas não quis comentar o seu conteúdo: “Fornecer mais pormenores levaria apenas a mais conjecturas” – afirmou.

Confirmou, também, que logo após os ataques terroristas a Nova Iorque, os funcionários da Odigo comunicaram o facto à direcção, que, por sua vez, contactou os serviços israelitas de segurança. Por seu turno o FBI foi informado das mensagens de alerta.

A Odigo forneceu ao FBI o endereço da Internet do emissor da mensagem de forma a que este pudesse ser encontrado [Deutsche Presse-Agentur 9/26/01]. Dois meses depois foi reportado que o FBI estava ainda a investigar o assunto, mas não se soube mais nada depois disso [Courier Mail 11/20/01].

Um porta voz do FBI disse que “pode ter sido alguém a brincar e, sem querer, acertou”. "It may just have been someone joking and (it) turned out they accidentally got it right," he said.



Das duas, uma:

Ou Bin Laden contactou os seus terroristas, duas horas antes, a indicar-lhes o alvo por SMS, e, inadvertidamente, as mensagens chegaram também ao pessoal da Odigo.

Ou algum brincalhão, com emprego no World Trade Center e a quem não apetecia trabalhar naquele dia, inventou um atentado, que por mero acaso se concretizou, como afirmou sensatamente o porta voz do FBI.


Eu, pessoalmente, inclino-me mais para a terceira hipótese.

Santana e as casas para os jovens

No seu regresso à Câmara de Lisboa, Santana Lopes já arregaçou as mangas e começou o trabalho. Em 2001 tinha prometido o repovoamento do centro da cidade através da recuperação de habitações degradadas para os jovens. Para quem não acreditava aí está a resposta: vão ser postas à venda dez mil casas até 2013.

O projecto irá ser financiado pela constituição de um Fundo de Investimento Imobiliário, “Lisboa Séc. XXI”, promovido pela empresa Ambelis, que por sua vez foi promovida pela CML. Esta empresa não participa no investimento, mas promove o Fundo e estabelece a ligação deste com a Câmara de modo a “trazer jovens para a cidade”.

Santana estará hoje às 23h na discoteca “Fama” para anunciar este ambicioso projecto que lhe trará a definitiva fama de “troca-tintas” entre os jovens que nele votaram em 2001.

"Os apartamentos são desenhados para pessoas dessa idade, mas serão postos no mercado sem quaisquer limitações”.Disse um responsável da Ambelis. Ou seja, os apartamentos serão de pequeno formato adaptado aos jovens, que são menores que os adultos, mas se eles não tiverem dinheiro para os comprar serão vendidos a quem calhar. Depois não venham dizer que não sabiam e vão comprar estúdios na Reboleira! Os primeiros apartamentos serão já entregues em Setembro porque como as eleições autárquicas se realizarão em Outubro os jovens poderão ver assim cumprida a promessa eleitoral.

Continuando a dar corpo ao “Pensamento político de Francisco Sá-Carneiro”, Santana prossegue a sua carreira baseada em reformas arrojadas com forte componente social, longe das luzes da ribalta embora próxima dos holofotes da "fama".
Tal como Jesus Cristo também ele poderá agora dizer, “Deixai vir a mim as criancinhas...".

terça-feira, março 15, 2005

O mar dá uma identidade a Portugal

José António Saraiva, director do Expresso, na sua edição de 12-03-2005 aborda os vários problemas que Freitas do Amaral vem trazer ao Governo e ao País. Foquemo-nos, por agora, num deles. Diz Saraiva:

“O problema maior da inclusão de Freitas neste Governo não tem que ver com o passado mas com o futuro.

A política externa portuguesa assenta num tripé constituído pelas relações com a Europa, as relações com os EUA e as relações com as antigas colónias de África e o Brasil.

No meio deste tripé está o mar, que é o nosso principal recurso - a nível económico, estratégico, científico e daquilo que dá uma identidade a Portugal.

A importância de Portugal para a Europa resulta do facto de ser um país marítimo, com umas águas territoriais imensas, membro da NATO, capaz de estabelecer pontes com países de África, com o Brasil e com os Estados Unidos.

É aqui que reside a nossa importância.

Que contributo poderá dar à Europa um país que se apresenta em Bruxelas sem uma ideia clara da importância dos oceanos para a sua economia?”



Vejamos, amigo Saraiva, um pouco da história marítima Europeia:

Os Gregos exploraram o Mediterrâneo desde o século VIII a.C. Em 340 a.C. o grego Piteias viajou de Marselha à Grã-Bretanha, visitando as ilhas Órcades e Shetland; posteriormente visitou a Noruega e a Alemanha do Norte. Os Micenenses foram marinheiros hábeis e comerciantes de longas distâncias.

Roma transformou o Mediterrâneo num lago Romano. Exploraram também partes da África Ocidental e ocuparam parte da Grã-Bretanha.

As condições agrestes do Norte levaram os Viquingues a partir à procura de novas terras e recursos. Começaram por dominar os seus vizinhos bálticos, recebendo impostos em troca de âmbar, parafina, peixe, marfim e peles. Os Noruegueses e Dinamarqueses exploraram a fraqueza da França, Inglaterra e Irlanda. Usando os seus barcos longos, rápidos e manobráveis, para a realização de "raides-relâmpagos", exigiram impostos, conquistaram e colonizaram. Posteriormente, na procura de novas terras atravessaram o Atlântico e chegaram à Islândia em 860 e à Terra Nova cerca do ano 1000. Os comerciantes suecos exploraram os rios navegáveis da Rússia para dominarem o comércio lucrativo com Constantinopla e o mundo Árabe.

No século XVI, a Espanha conquistou um vasto império terrestre que englobava grande parte da América Central e do Sul, as Índias Ocidentais e as ilhas Filipinas.

Simultaneamente, os Portugueses apoderaram-se de um vasto império marítimo que se estendia do Brasil a Malaca e a Macau. Fernão de Magalhães, um navegador português ao serviço da Espanha, demonstrou que os oceanos comunicavam entre si, e criaram-se rotas marítimas no Índico, no Pacífico e no Atlântico, o que, pela primeira vez, deu origem a uma verdadeira rede comercial mundial.

Embora os Portugueses negociassem com o império Ming e com o Japão, os contactos culturais entre os Europeus e a Ásia Oriental eram restritos. Na África, a repercussão europeia também pouco se estendeu para além da costa.

Durante o século XVII os marinheiros holandeses, britânicos e franceses seguiram os ibéricos pelos mares do mundo. Todas as três nações estabeleceram colónias na América do Norte, e todas entraram nas redes comerciais do oceano Índico. Os marinheiros britânicos e franceses procuravam passagens a nordeste e a noroeste da Europa para Ásia e, embora sem sucesso, os seus esforços expandiram o conhecimento da geografia mundial.

As incursões holandesas pelas Índias Orientais começaram a desgastar o domínio do império português nesta região. O comércio entre a Europa, a África, a América do Norte e a América do Sul levou à integração económica da bacia do oceano Atlântico, enquanto o comércio europeu no oceano Índico ligou os mercados europeu e asiático.

Na primeira metade do século XX assistiu-se ao reforço extraordinário da marinha alemã. Os célebres U-boat – submarinos de guerra alemães dominaram o Atlântico. A “Batalha do Atlântico” que opôs alemães a ingleses e americanos na II Grande Guerra foi disso um exemplo.

Nos últimos cinquenta anos, Americanos e Russos dominaram os sete mares com porta-aviões, cruzadores, navios mercantes e submarinos atómicos.


E agora, prezado Saraiva, um pouco de geografia:

Vejamos a relação entre o comprimento de costa e o perímetro total de diversos países europeus:

Portugal - 0,48
Espanha - 0,63
França - 0,62
Itália - 0,78
Inglaterra - 1,00
Holanda - 0,62
Alemanha - 0,30
Grécia - 0,77
Dinamarca - 0.96
Suécia - 0,48
Noruega - 0,58

Dos países acima referidos todos têm uma relação [comprimento de costa – perímetro total] superior à portuguesa (com excepção da Alemanha). Em termos de comprimento absoluto de costa acontece o mesmo (com excepção da Holanda)


Donde se inferem, meu caro Saraiva, algumas conclusões:

Portugal é um país marítimo? Que dizer, então, da Noruega, Suécia, Dinamarca, Alemanha, Holanda, Inglaterra, Irlanda, França, Espanha, Itália e Grécia?

Você afirma: “que contributo poderá dar à Europa um país que se apresenta em Bruxelas sem uma ideia clara da importância dos oceanos para a sua economia?”

Eu penso que Freitas do Amaral é capaz de ter uma ideia clara da importância dos oceanos. Parece-me que quem não a tem é você.

Portugal teve a sua importância há 500 anos, Saraiva. É muito tempo. Desde então, muita água banhou as costas europeias.

A importância do Atlântico para Portugal está hoje reduzida à pesca da sardinha, ao banho de mar e ao bodyboard. E a nada mais, estimado Saraiva!

sábado, março 12, 2005

Olha se fosse hoje!

A operação Northwoods (elaborado pelos generais Lemnitzer, Walker e William Craig do Estado-Maior Interarmas em 1962), visava convencer a comunidade internacional de que Fidel Castro era irresponsável ao ponto de representar um perigo para a paz do Ocidente. A fim de tal coisa conseguir, estava previsto orquestrarem-se, imputando-os depois a Cuba, graves danos nos Estados Unidos. Eis algumas das provocações projectadas:

- Atacar a base americana de Guantanamo. A operação teria sido conduzida por mercenários cubanos com uniformes das forças castristas, teria incluído diversas sabotagens e a explosão do paiol de munições, a qual, necessariamente, provocaria perdas humanas e materiais consideráveis.

- Fazer explodir um navio americano em águas territoriais cubanas de maneira a acordar nas memórias a destruição do Maine, em 1898 (266 mortos), que provocou a intervenção americana contra a Espanha. O barco estaria na realidade vazio e seria telecomandado. A explosão deveria ser visível em Havana ou em Santiago para que houvessem testemunhas. As operações de socorro teriam sido conduzidas de forma a dar credibilidade às perdas. A lista das vítimas seria publicada na imprensa e ter-se-iam organizado falsas exéquias para suscitar a indignação. A operação teria sido desencadeada quando navios e aviões cubanos se encontrassem na zona, para lhes poder imputar o ataque.

- Aterrorizar os exilados cubanos organizando alguns atentados contra eles em Miami, na Florida, e mesmo em Washington. Falsos agentes cubanos seriam detidos para dispor de algumas confissões. Falsos documentos comprometedores, elaborados antecipadamente, iram ser capturados e distribuídos à imprensa.

- Mobilizar os Estados vizinhos de Cuba, fazendo-os acreditar numa ameaça de invasão. Um falso avião cubano bombardearia durante a noite a República Dominicana, ou outro Estado da região. As bombas utilizadas teriam sido, evidentemente, de fabrico soviético.

- Mobilizar a opinião pública internacional destruindo um voo espacial tripulado. Para atingir todos os espíritos, a vítima teria sido John Glenn, o primeiro americano a ter percorrido uma órbita completa em redor da Terra (voo Mercury).

Uma das provocações fora estudada em maior detalhe: É possível criar um incidente que demonstre de forma convincente que um avião cubano atacou e abateu um voo comercial civil que se dirigia para os Estados Unidos, a Jamaica, a Guatemala, o Panamá ou a Venezuela.

Um grupo de passageiros cúmplices, por exemplo estudantes, tomaria um voo charter de uma companhia mantida sub-repticiamente pela CIA. Ao largo da Florida, o avião cruzar-se-ia com uma réplica, na verdade um avião em tudo idêntico mas vazio e transformado em drone. Os passageiros cúmplices regressariam a uma base da CIA, ao passo que o drone prosseguiria aparentemente o seu trajecto. O aparelho emitiria mensagens de socorro indicando que estava a ser atacado por aviões de caça cubanos e explodiria em pleno voo.

A concretização destas operações implica necessariamente a morte de numerosos cidadãos americanos, civis e militares. Mas são precisamente os custos humanos que fazem delas acções eficazes de manipulação.

Para John F. Kennedy, Lemnitzer é um anticomunista histérico apoiado por multinacionais sem escrúpulos. O novo presidente compreende o sentido do aviso lançado pelo seu antecessor, o presidente Eisenhower, um ano antes, no discurso de final de mandato:

"Nos conselhos do governo, devemos precaver-nos contra a aquisição de uma influência ilegítima, quer ela seja ou não procurada pelo complexo militar-industrial. O risco de desenvolvimentos desastrosos por parte de um poder usurpado existe e continuará a existir. Nunca deveremos permitir que o peso desta conjuntura ameace as nossas liberdades ou os processos democráticos. Não devemos dar nada por adquirido. Somente a vigilância e a consciência cívica poderão garantir o equilíbrio entre a influência da gigantesca maquinaria industrial e militar de defesa e os nossos métodos e objectivos pacíficos, por forma a que a segurança e a liberdade possam crescer lado a lado."

John F. Kennedy resiste em definitivo aos generais Walker, Lemnitzer e seus amigos, e recusa empenhar mais a América numa guerra ultramarina contra o comunismo, seja em Cuba, no Laos, no Vietname ou noutro local. É assassinado a 22 de Novembro de 1963.

Este precedente histórico recorda-nos que uma conjura interna nos Estados Unidos, prevendo o sacrifício de cidadãos americanos no âmbito de uma campanha terrorista, não é, infelizmente, impossível. Em 1962, John Kennedy resistiu ao delírio do seu Estado-Maior. Provavelmente terá pago isso com a vida



Bolas! Anda bem que esta Junta de Chefes de Estado Maior já não está em funções. Senão, com a tecnologia que existe hoje, sabe Deus o que é que poderia acontecer!

sexta-feira, março 11, 2005

quinta-feira, março 10, 2005

Perdão, engenheiro Saraiva

A 31 Janeiro de 2005, José António Saraiva (JAS), director do Expresso, tinha este desabafo em relação ao Iraque. Claro que não o deixámos a falar sozinho.



JAS - A elevada participação de votantes nas eleições iraquianas - que pulverizou todas as votações na democrática Europa - foi uma bofetada com luva branca nos pessimistas de todas as cores.

Nós - É certo que a votação iraquiana pulverizou as votações da Europa democrática. É também certo que no Iraque, os votantes são igualmente pulverizados, não importa a sua cor.


JAS - À direita e à esquerda considerou-se que as eleições no Iraque seriam um tremendo fracasso.

Nós - E afinal revelaram-se um estrondoso e ribombante sucesso!


JAS - À direita e sobretudo à esquerda desejou-se que as eleições no Iraque corressem mal, para os americanos sofrerem mais uma humilhação.

Nós - A direita e sobretudo a esquerda são perversas. Ao passo que o centro, ou seja você, é um amor.


JAS - Ora é preciso denunciar este tipo de raciocínio.

Nós - Denunciar não basta. É preciso propalá-lo!


JAS - Tem-se por vezes a sensação de que certas forças querem que as coisas não melhorem no Iraque para verem as suas teses confirmadas.

Nós - Não devia falar assim da administração norte-americana.


JAS - Tem-se a sensação, mesmo, de que chegam a aguardar a ocorrência de actos terroristas para que fique claro que o Iraque é ingovernável e que os Estados Unidos não tinham razão quando invadiram o país.

Nós - Em compensação, a ocorrência de actos terroristas fornecem aos Estados Unidos um excelente pretexto para lá permanecerem.


JAS - Assim, certas forças não lamentam o terrorismo - desejam o terrorismo.

Nós - Volto a repetir que não devia referir-se nesse termos à administração Bush.


JAS - Não criticam os terroristas - criticam os americanos.

Nós - Há muito boa gente que os confunde.


JAS - Não desejam a paz - desejam a continuação da instabilidade.

Nós - Outra vez a dar-lhe com os americanos!


JAS - No fundo, no fundo, certas forças estão no seu íntimo mais próximas do terrorismo que tem posto o Iraque a ferro-e-fogo do que das tropas da coligação que tentam repor a ordem.

Nós - É verdade, no fundo, no fundo, certas forças estão tão próximas do terrorismo, que até o recrutam, treinam e financiam. Chamam-lhes neo-nãoseiquê.


JAS - Cada um tem, obviamente, direito à sua opinião sobre a legitimidade ou ilegitimidade da intervenção dos EUA no Iraque.

Nós - Mas?


JAS - Hoje, porém, a situação não oferece dúvidas: de um lado está o terrorismo internacional e os seus aliados, de outro lado está a coligação e as forças iraquianas interessadas na democracia.

Nós - Eu diria mais: de um lado está o terrorismo estatal coligado, e do outro, os desgraçados dos iraquianos.


JAS - E é relativamente a isto que temos de nos posicionar: estamos do lado da democracia ou do lado do terrorismo?

Nós - Da democracia claro! Ninguém gosta de oligarcas Yankees.


JAS - Estamos do lado da democracia ou, para provar que os americanos estavam errados, somos aliados dos terroristas?

Nós - Estamos do lado da verdade, minha besta! Perdão! Engenheiro Saraiva.

quarta-feira, março 09, 2005

A deslocalização do suplício

Uma reportagem exibida a 6 de Março de 2005, pelo programa "60 Minutes" do canal CBS, revelou que a CIA utiliza um avião secreto para transferir supostos terroristas para países onde é praticada tortura durante interrogatórios.

O programa mostrou imagens do Boeing 737 numa pista do aeroporto de Glasgow, na Escócia. A reportagem afirma que o avião fez 600 voos, para 40 países, após os atentados de 11 de Setembro, incluindo 30 viagens para a Jordânia, 19 para o Afeganistão, 17 para o Marrocos e 16 para o Iraque. Houve também passagens no Egipto, Líbia e na base americana de Guantanamo, Cuba.

Segundo a reportagem, o avião é utilizado dentro do programa Rendition, da CIA, que inclui a transferência de suspeitos para serem interrogados noutros países. A agência não confirmou a existência deste programa.

O "60 Minutes" apresentou o depoimento de um homem que teria sido preso e torturado, identificado pelo nome de Khalid el Masri. Ele afirmou que foi preso na Macedónia, agredido por homens encapuzados, drogado e obrigado a embarcar no 737.

Depois, foi levado a Bagdad (Iraque) e Cabul (Afeganistão), e quando acordou, no chão de uma cela, os seus captores informaram-no: "Você está num país sem leis, num lugar onde ninguém sabe quem você é."

Também foram registradas viagens do 737 ao Uzbequistão, onde os métodos de interrogatório são particularmente cruéis, informou a reportagem.





O debate sobre a deslocalização do tortura parece estar ao rubro nos Estados Unidos.

A ideia dos carrascos "globalizadores" de que o "outsourcing" do tormento e o "offshoring" da atrocidade não é mais do que a flagelação internacional por outra via, é contestada pelos que reclamam o regresso às políticas públicas do flagídio para salvaguarda dos verdugos locais.

Há a tentação de apelidar os deslocalizadores de "traidores", e de impor uma medida para excluir dos contratos federais todos os algozes que utilizem para o efeito adjudicações externas dolorosas.

Os números em isolado assustam os americanos, mas não são um cataclismo. Por maior que seja a globalização, 90% da tortura nos EUA está ligada a suplícios que exigem proximidade geográfica, e nos próprios processos de martírio existem, segundo Drezner, segmentos de sofrimento e dor que exigem um tratamento de intimidade que não se compadece com a distância.

Mas, os ganhos da deslocalização são óbvios. Um estudo da economista norte-americana Catherine Jude, do Instituto for International Mortification, estima que a deslocalização teve um impacto positivo anual equivalente a 0,03% do PIB dos EUA entre 2002 e 2005. E um relatório do Humiliation Global Institute conclui que cada dólar investido na deslocalização em sofrimento gera um ganho de 12 a 14%.

terça-feira, março 08, 2005

Tête à tête avec João Pereira Coutinho (JPC)

Banho democrático



JPC - Mina, iraniana, 36 anos, casada, apareceu num tribunal de Teerão com um pedido bicudo: o divórcio. Não necessariamente por razões prosaicas e, atendendo à cultura, aceitáveis - tareias, humilhações, violações, etc. Mas porque o marido, segundo Mina, não toma banho há mais de um ano.

Sofocleto – Não sei o que será pior Mina. Se uma tareia prosaica, se uma tarde de paixão com um badalhoco. O italiano Rocco Butiglione, (“Um senhor” na opinião JPC e uma aposta, vetada, de Durão Barroso para a pasta da Justiça da Comissão Europeia), afirmou relativamente à protecção da família: quase sempre a mulher tem que sacrificar uma parte importante da sua carreira profissional. E, porque não o olfacto, pergunto eu?


JPC - Calma, Mina. Existem sinais de mudança na zona. Para começar, e depois das últimas eleições, o Afeganistão não parece mostrar grandes saudades da rapaziada simpática que gostava de fazer explodir estátuas em nome do Profeta.

Sofocleto – O Afeganistão não parece mostrar grandes saudades da rapaziada que tem controlado aquela merda nos últimos 150 anos. Falemos do período pós-talibã tão caro a JPC: Foi relatado a destruição por bombardeiros B-52 de aldeias «demasiado pequenas para aparecerem no mapa», com «talvez mais de 300 pessoas mortas» numa só noite. Numa família de quarenta, apenas um rapazinho e a sua avó sobreviveram, noticiou Richard Lloyd Parry, do Independent. Longe da vista das câmaras de televisão, «pelo menos 3767 civis foram mortos por bombardeiros americanos entre 7 de Outubro e 10 de Dezembro [...] uma média de sessenta e duas mortes de inocentes por dia», de acordo com um estudo; e isto, num país cujo último orçamento anual - no valor de 83 milhões de dólares - representa um décimo do custo de um bombardeiro B-528.


JPC - No Iraque, uma parte considerável da população apareceu nas urnas de dedo no ar.

Sofocleto - No Iraque, outra parte considerável da população aparece diariamente em urnas com membros no ar, fruto do «rigor mortis». Segundo o Guardian, depois da invasão, já terão morrido 100.000 civis iraquianos, na sua maior parte mulheres e crianças.


JPC - No Egipto, Hosni Mubarak, um simpático faraó que reina há vinte anos, chegou à conclusão que concorrer sozinho a eleições não tem grande piada; Hosni quer meninos para brincar.

Sofocleto – Querer, não queria. Mas que remédio. Os meninos Cheney, Rumsfeld, Rice e Wolfowitz são tão insinuantes. Têm brinquedos tão caros. Como não brincar com eles?


JPC - E no Líbano, a «rua» saiu à rua para denunciar o «paternalismo militar» sírio. Damasco, muito compreensivelmente, treme.

Sofocleto – A morte do Primeiro Ministro Libanês Rafik Hariri, imputada aos sírios, forneceu um excelente pretexto aos Estados Unidos e Israel para ameaçarem a Síria. Os media americanos e outros têm avançado argumentos violentos contra a Síria. Exploram a situação para atacar a Síria e implementar a sua agenda. O assassínio de Hariri serviu tudo menos a Síria. Nas semanas que se vão seguir, a “rua” abrigar-se-á em casa, temerosa do paternalismo militar americano, já testado com tanto êxito no Afeganistão e Iraque.


JPC - E até na Arábia Saudita já se comenta que as mulheres talvez tenham cérebro para votar.

Sofocleto – Onde quer que haja petróleo, a “democracia” não tardará, «Bush dixit». Mesmo com associados de longa data. É verdade meu pobre Fahd. Mesmo consigo.


JPC - Por outras palavras: um banho democrático vai escorrendo pelo Médio Oriente. Mérito do cobói texano que mora nas pradarias de Washington? Mistério.

Sofocleto - Por outras palavras ainda: um banho de sangue vai escorrendo pelo Médio Oriente. Mérito do cobói texano que mora nas pradarias de Washington? Sem dúvida.


JPC - Mas sabendo, como todos sabemos, que a turba iraniana não simpatiza particularmente com os «ayatollahs» locais, talvez o banho chegue ao Irão. E, com sorte, talvez Mina consiga enfiar o marido na rua. Ou, pelo menos, na banheira conjugal.

Sofocleto – Sabemos igualmente que a turba iraniana, e certas outras, inclusive europeias, russas e chinesas, não simpatizam particularmente com os «neoconservadores» do lado de lá do Atlântico. O banho talvez chegue ao Irão. Talvez chegue também a Israel. Talvez chegue a toda a parte. Neste cenário querida Mina, não vai precisar de dar banho ao seu marido. O duche é garantido.

Dia Internacional da Mulher

O homem é a mais elevada das criaturas. A mulher, o mais sublime dos ideais.
Deus fez para o homem um trono; para a mulher fez um altar. O trono exalta e o altar santifica.
O homem é o cérebro; a mulher, o coração. O cérebro produz a luz; o coração produz amor. A luz fecunda; o amor ressuscita.
O homem é o génio; a mulher é o anjo. O génio é imensurável; o anjo é indefenível;
A aspiração do homem é a suprema glória; a aspiração da mulher é a virtude extrema; A glória promove a grandeza e a virtude, a divindade.
O homem tem a supremacia; a mulher, a preferência. A supremacia significa a força; a preferência representa o direito.
O homem é forte pela razão; a mulher, invencível pelas lágrimas. A razão convence e as lágrimas comovem.
O homem é capaz de todos os heroísmos; a mulher, de todos os martírios. O heroísmo enobrece e o martírio purifica.
O homem pensa e a mulher sonha. Pensar é ter uma larva no cérebro; sonhar é ter na fronte uma auréola.
O homem é a águia que voa; a mulher, o rouxinol que canta. Voar é dominar o espaço e cantar é conquistar a alma.
Enfim, o homem está colocado onde termina a terra; a mulher, onde começa o céu.
Victor Hugo
Enfim... se conseguirem decidir se V.H. escreveu isto para enaltecer mais a mulher ou o homem, avisem-me. Vivam as mulheres... e os homens também. Não em dias especiais, mas todos os dias.

segunda-feira, março 07, 2005

O ditador benévolo católico




O responsável pelo museu dedicado à irmã Lúcia contou há dias numa reportagem da SIC, que a vidente se correspondia com Oliveira Salazar figura que muito admirava e que foi, nas palavras dele, “um ditador benévolo católico”.

Que ele foi católico parece não haver dúvidas. Leia-se este fragmento, de uma rara beleza literária, extraído de um texto da sua autoria, intitulado «Jesus» e que foi publicado num bissemanário católico visiense em 1908 quando era seminarista em Viseu: «Tanto sofrimento só se explica por um imenso amor! Assim se Lhe resume a vida: amou-nos!»

O seguinte episódio é elucidativo sobre a sua benevolência, que já se manifestava na juventude.

Em 22 de Março de 1914 houve uma grande “borrasca” em Coimbra derivada de as autoridades se proporem fechar a Igreja de S. João de Almedina e transformá-la em museu. O Centro Académico da Democracia Cristã, onde militava Salazar que na altura era estudante em Coimbra, ficou indignado e convocou uma manifestação de repúdio. “À frente dos católicos, com os seus revólveres no bolso, Oliveira Salazar e o padre Cerejeira (...) Gritavam os católicos: «Viva a liberdade de consciência! » Bradavam os adversários: «Viva Afonso Costa! Viva a República! Abaixo a reacção! » Depois foi a luta corpo-a-corpo, à bengalada, à cacetada...” (In Franco Nogueira – Salazar – Vol. I, pág.101-103).

Quanto a ter sido ditador é que já não estamos de acordo. Vejam-se os seguintes dados relativos à sua carreira política.

1926: Após o golpe de 28 de Maio é convidado para Ministro das Finanças; ao fim de 13 dias renuncia ao cargo. - 1928: É novamente convidado para Ministro das Finanças; nunca mais abandonará o poder.- 1930: Presidente do Conselho de Ministros; cria a União Nacional. - 1933: Faz ratificar a nova Constituição (corporativa); cria a PVDE, polícia política; proíbe as oposições, impõe o partido único, regime totalitário. - 1936: Na Guerra Civil de Espanha apoia Franco; cria a Legião Portuguesa e a Mocidade Portuguesa; abre as colónias penais do Tarrafal e de Peniche - 1937: Escapa a um atentado dos anarquistas. 1945: A PIDE substitui a PVDE. - 1949: Contra Norton de Matos, Carmona é reeleito Presidente da República; Portugal é admitido como membro da NATO. - 1951: Contra Quintão Meireles, Craveiro Lopes é eleito Presidente da República. - 1958: Contra Humberto Delgado, Américo Tomás é eleito Presidente da República; o Bispo do Porto critica a política salazarista - 1961: 22/01, assalto ao Sta. Maria; 04/02, assalto às prisões de Luanda; 11/03, tentativa de golpe de Botelho Moniz; 21/04, resolução da ONU condenando a política africana de Portugal; 19/12, a União Indiana invade Goa, Damão e Diu; 31/12/61 para 01/01/62, revolta de Beja. - 1963: O PAIGC abre nova frente de batalha na Guiné. - 1964:A FRELIMO inicia a luta pela independência, em Moçambique. - 1965: Crise académica; a PIDE assassina Delgado.

Num próximo artigo continuaremos a focar mais alguns aspectos deste “ditador benévolo católico”, nascido no Vimieiro – Santa Comba Dão em 1889, filho de Maria do Resgate e de António “Feitor”, que caiu de uma cadeira e bateu com os cornos no chão em 1968, tendo falecido em 1970. Esteve no poder durante 40 anos e salvou Portugal de ter sido uma Nação próspera e evoluída.

Roubadas mais três obras de Munch

O pintor norueguês Edvard Munch perdeu ontem mais três das suas obras. Os quadros foram roubados de um hotel no Sudeste da Noruega, seis meses após terem desaparecido do Museu Munch de Oslo «O Grito» e «A Madona».

Um quadro intitulado «O Vestido Azul» e duas litografias, um auto-retrato de Munch e um retrato do escritor e dramaturgo sueco August Strindberg são as obras desaparecidas.

Em baixo um auto-retrato de Munch quando lhe foi comunicado o roubo das obras. Ao fundo, Strindberg com o seu companheiro Maurice.

Um vidente, evidentemente!

Bruce Hoffman é vice-presidente da Rand Corporation. Com um orçamento anual de 160 milhões de dólares, a Rand Corporation é o mais importante centro privado de pesquisas em matéria de estratégia e de organização militar em todo o mundo. Ela é a expressão prestigiada do lobby militar-industrial americano. Presidida por James Thomson, conta entre os seus administradores com Frank Carlucci (actual presidente do Carlyle Group, Carlucci foi ainda Secretário da Defesa de Reagan, director da CIA e embaixador em Portugal de 1974 a 1977). Condoleezza Rice e Donald Rumsfeld foram também administradores enquanto as suas funções oficiais o permitiram.

Ora, Bruce Hoffman, numa conferência publicada pela US Air Force Academy em Março de 2001 (ou seja, seis meses antes dos atentados de 11 de Setembro de 2001), dirigindo-se a uma audiência de oficiais superiores da força aérea norte-americana, afirmou:

“Estamos a tentar preparar as nossas armas contra a Al-Qaeda, a organização - ou talvez o movimento - associada a Bin Laden (...) Pensem por um momento no que foi o atentado à bomba contra o World Trade Center, em 1993. Agora, considerem que é possível fazer cair a Torre Norte sobre a Torre Sul e matar 60.000 pessoas [it was possible to actually topple the North Tower onto the South Tower and kill 60,000 people] (...) Eles encontrarão outras armas, outras tácticas e outros meios para atingirem os seus objectivos. Têm uma clara opção entre várias armas, entre as quais os drones [aviões telecomandados - UAVs (Unmanned Aerial Vehicles)].”



Caro Hoffman, é raríssimo, hoje em dia, encontrar alguém com uma tal presciência! Você, um vice-presidente de um centro privado de pesquisa estratégica? Não brinque comigo! Você é mas é, um vidente. E que vidente excepcional!

Há, para aí, muito menino a fazer presságios, oráculos, adivinhação ou magia, a praticar encantamentos, a interrogar espíritos ou almas, ou ainda a invocar os mortos. Outros há, que consultam horóscopos, praticam a astrologia, a quiromancia e a interpretação da sorte. Mas, comparados consigo, meu amigo, não passam de um bando de amadores incapazes e de vigaristas.

Eu não sei quanto é que você ganha como vice-presidente da Rand Corporation, empresa que, como sabemos, dispõe de um orçamento anual de 160 milhões de dólares, mas estou convencido, que você, cá fora, ganhava o triplo! Nas calmas!

Parece que já estou a ver o anúncio: Médium Hoffman. Ajuda mesmo nos problemas mais difíceis e desesperados. Especialista em todos os trabalhos ocultos. Aconselha nos negócios, invejas, armamento, impotência sexual, operações clandestinas, droga, etc. Facilidades de pagamento. Consultas por carta ou pessoalmente das 9h às 20h.

Realmente, pressagiar a queda das Twin Towers sob o embate de aviões telecomandados. Não lembra ao Diabo!

domingo, março 06, 2005

Sócrates, Arnault, Cruz e Madail



A 12 de Fevereiro de 2005 António José Seguro lembrou as responsabilidades de Sócrates na realização do Euro-2004: "Hoje, como no Euro-2004, houve um homem que lançou a semente, a semente de uma força que ninguém pode parar. Esse homem chama-se José Sócrates, futuro primeiro-ministro de Portugal", acentuou.

O Correio da Manhã de 21/05/2004 avançava com uma previsão do impacto do Euro 2004:

Apesar dos receios, a segurança não falhou no Euro 2004. Os problemas ficaram muito aquém dos esperados e a organização e segurança no Campeonato Europeu foi louvada tanto pelos portugueses como pelos visitantes. O Euro teve um efeito no país de proporção muito superior à esperada: a união nacional. Em todas as ruas do país encontrava-se pelo menos uma bandeira a enfeitar uma janela. O orgulho nacional esteve em alta, e a merchandise com a bandeira portuguesa também. Nunca se ouviu tanto cantar o hino nacional e criança que se preze andava com a fatiota da selecção.

O Euro2004 em futebol contribuiu para o «reforço da imagem de Portugal» como país «moderno e dinâmico», «capaz» de organizar grandes competições desportivas, em segurança, sublinhou o Ministro-Adjunto, José Luís Arnaut. O ministro com a tutela do Desporto fez um balanço «muito positivo» da organização do torneio, apesar das críticas dos mais «descrentes».

Na economia é que o impacto não foi tão bom como o esperado. Nas previsões apresentadas à evolução da economia portuguesa, o Banco de Portugal afirmou que o impacto do Euro2004 poderá «afectar negativamente as taxas de variação» da economia portuguesa em 2005. Os efeitos positivos do Euro foram apenas temporários.

E o dinheiro investido neste espectáculo de grande escala também não teve grande retorno. Quase seis meses depois do Euro 2004, alguns estádios onde foram investidos milhões de euros para receber a prova estão «às moscas». Dos recintos do Euro2004, só os dos «três grandes» tiveram sucesso comercial.

Numa auditoria desenvolvida pelo Tribunal de Contas junto dos estádios de Guimarães, Braga, Leiria, Coimbra, Aveiro, Loulé e Faro, ficou claro que todos custaram mais do que o orçamentado, e que as autarquias se endividaram para os próximos 20 anos. As sete autarquias que receberam jogos do Euro 2004 contraíram empréstimos bancários no valor global de 290 milhões de euros para financiar obras relacionadas com o campeonato. Na sequência destes empréstimos, as câmaras terão que pagar juros no montante de 69,1 milhões de euros, nos próximos 20 anos, refere o relatório de auditoria do Tribunal de Contas.

Vejamos, um a um, os números do desastre (em Euros):

Braga - Custo previsto: 29,9 milhões - Custo final: 90 milhões

Coimbra - Custo previsto: 14,9 milhões - Custo final: 56 milhões

Guimarães - Custo previsto: 15,9 milhões - Custo final: 38,1 milhões

Leiria - Custo previsto: 19,4 milhões - Custo final: 73,4 milhões

Aveiro - Custo previsto: 29,9 milhões - Custo final: 90 milhões

Algarve - Custo previsto: 29,9 milhões - Custo final: 66,5 milhões

Dragão - Custo previsto: 96,5 milhões - Custo final: 125 milhões

Bessa - Custo previsto: 36,2 milhões - Custo final: 66,6 milhões

Alvalade - Custo previsto: 79,7 milhões - Custo final: 80 milhões

Luz - Custo previsto: 91,6 milhões - Custo final: 118 milhões

Ou seja, um total de 800 milhões de Euros. Nunca as moscas desfrutaram de tanta comodidade para assistirem aos excelentes espectáculos de futebol que compõem os jogos dos nossos campeonatos nacionais.

A Suíça e a Áustria, vão realizar conjuntamente o Euro 2008, utilizando cada país quatro estádios, e prevêem gastar, respectivamente, 256 milhões de euros e 136 milhões de euros. Total: 392 milhões de Euros

Portugal, o mais pobre da Europa, gastou 800 milhões! Sócrates e Arnault afirmaram que o Euro 2004 contribuiu para o «reforço da imagem de Portugal» como país «moderno e dinâmico». E, com a ajuda de Carlos Cruz e Gilberto Madail, trouxeram-no para Portugal.

É esta modernidade e dinâmica que Sócrates pretende recuperar para o nosso país? Unidade nacional, bandeiras nas janelas e bancarrota?

Alguém, com convicções menos firmes na honestidade dos políticos, dos empreiteiros, da Federação Portuguesa de Futebol e da UEFA, diria que terá havido negociata da grossa. Injustamente, claro!

A Câmara Municipal de Lisboa e o Desporto

O Vereador do Desporto da CML, Moreira Marques, disse em Dezembro de 2004 que a CML promoveria a partir de Janeiro de 2005, umas actividades desportivas denominadas “Jogos LX”. Também disse, nessa altura, que estes “Jogos” teriam um carácter inteiramente diferente dos “Jogos de Lisboa” anteriormente realizados pela CML, que foram suspensos com a vitória de Santana Lopes nas autárquicas de Dezembro de 2001, e que eram “muito politizados” na opinião de Moreira Marques.
Entretanto surgiu um anúncio dos “Jogos LX” num site da Câmara Municipal de Lisboa.

“Uma vez mais, a Câmara Municipal de Lisboa promove a actividade desportiva para todos os munícipes da cidade, através dos Jogos LX. Pela forte adesão e pelo que possibilitam a todos os lisboetas que neles participam, os Jogos LX são já um sucesso na nossa cidade”.

Uma vez mais?? Já existiram alguma vez ou estão-se a referir aos verdadeiros Jogos de Lisboa promovidos pelo anterior poder político na CML?
São já um sucesso?? Mas já houve alguma coisa?!

“E com o início de um novo ano, os Jogos LX estão prestes a recomeçar, com novos torneios e provas...”.

A recomeçar?? Alguma vez começaram?! Ou também se estão a referir ao que foi feito pelos outros? Afinal ainda nada houve e “são já um sucesso?!”

Afinal que Jogos Lx são estes?! O Sr.Vereador disse em Dezembro que iriam começar em Janeiro e já estamos em Março e continua por esclarecer de que constam. E o que é isso de “não serem politizados” como os anteriores? Será por aparecerem a apenas cinco meses das eleições, após três anos de vácuo desportivo na CML, que eles são “apolíticos”? Ou será que o seu eventual aparecimento nesta altura tem a ver precisamente com as eleições?

Que estranha forma de promover o desporto, Sr.Vereador! Felizmente que o Sr. sabe que o PSD vai perder as eleições em Outubro e a partir dessa altura não irá precisar de continuar a fazer de conta como anda a fazer em Lisboa desde que ganhou as eleições ocorridas em Dezembro de 2001.

sábado, março 05, 2005

Freitas no Governo

À hora em que escrevemos podemos confirmar que o PS assegurou a contratação de Diogo Freitas do Amaral para Ministro dos Negócios Estrangeiros.
Freitas, de 63 anos, esteve anteriormente no CDS durante várias épocas, tendo sido considerado um dos seus melhores elementos. Em 1986 realizou uma das suas melhores épocas sendo candidato à Presidência da República. Após vários anos em Portugal sem nunca ter conquistado o campeonato tentou uma experiência no estrangeiro assinando por ano e meio pela Presidência da Assembleia Geral da ONU.
Encontrava-se há alguns anos sem clube e agora decidiu-se pelo Governo onde já tinha jogado na longínqua época de 1980/81 ao serviço da AD.
É um jogador tecnicista de estilo refinado jogando preferencialmente pela direita mas também com incursões pelo centro ou mesmo pela meia esquerda, dependendo das circunstâncias. Joga muito bem de cabeça e possui uns dribles imprevisíveis, que deixa os próprios companheiros de equipa desconcertados.
O PS reforça-se assim a custo zero, pesando nesta decisão a vontade já manifestada pelo jogador à comunicação social.

O mercado de transferências volta assim a agitar-se depois de outras grandes transferências no passado, como a de Zita do PCP para o PSD, Acácio Barreiros da UDP para o PS, José Magalhães do PCP para o PS, Maria Santos dos Verdes para o PS, Helena Roseta do PSD para o PS, etc. Todas estas trocas foram motivadas por melhorias contratuais ou pela promessa de um emprego.

O Partido Socialista tem sido o que mais tem “pescado” nas outras agremiações, constando-se que se encontra ainda à procura de elementos para o lado esquerdo, já que o esquerdino Manuel Alegre passou a jogar novamente pelo centro-direita graças à sua grande flexibilidade.

sexta-feira, março 04, 2005

Só à chapada!

O Expresso online noticiou, a 28 Fevereiro 2005, que Paulo Portas pode reconsiderar a demissão:

"O presidente do senado do CDS-PP revelou no domingo que aquele órgão vai pedir uma reunião urgente com o líder do partido, Paulo Portas, para discutir a «situação preocupante» causada pela sua demissão."

"Sem revelar o que os senadores vão pedir ao líder do CDS-PP, João Abreu Lima explicou que os «históricos» do partido se reuniram no domingo em Fátima devido à «situação particular do partido» e aprovaram um «conjunto de recomendações» para apresentar a Paulo Portas."

"No entanto, o antigo autarca de Ponte de Lima rejeitou esclarecer se uma dessas recomendações passa pela manutenção de Paulo Portas na liderança."

"«São questões que irei revelar primeiro ao presidente do partido», afirmou João Abreu Lima."

"No entanto, um dos elementos que acompanhou a reunião confirmou que o Senado vai pedir formalmente a Paulo Portas que reconsidere a sua demissão, decidida na semana passada perante a perda de dois deputados nas eleições legislativas de 20 de Fevereiro."

"O pedido a Paulo Portas para que continue à frente do partido foi também feito hoje pela Distrital do CDS de Leiria, que recomendou, em comunicado, ao seu senador (José Esperança Lourenço) que sensibilize o senado para esta questão."

"No documento, a Comissão Política Distrital saudou o «exemplo político do doutor Paulo Portas enquanto presidente de um partido seguro, sereno e de um referencial de estabilidade», manifestando-lhe o desejo de que continue «o projecto de renovação que iniciou para Portugal»."



Eu, pessoalmente, não acredito que Portas venha a suceder a Portas.

Portas, é possuidor de uma tal integridade, honestidade, honradez, probidade, rectidão, virtude, seriedade, idoneidade e estatura moral, que, o dar o dito por não dito, virar o bico ao prego e voltar, cobardemente, com a palavra atrás, lhe está formalmente proibido. Trata-se de um cenário que nunca se colocará depois de ter falhado estrondosa, aparatosa e retumbantemente nos quatro objectivos a que, sensatamente, se propôs nestas eleições.

Fazê-lo, seria revelar-se um canalha, um mentiroso, um biltre, um aldrabão, um velhaco, um intrujão, um ordinário, um embusteiro e um desavergonhado, tudo epítetos a que Portas definitivamente é alheio.

Vamos, pois, esperar serenamente pelo congresso do CDS-PP e pelo prazer de observar o, ainda, insigne líder, dar uma chapada sem mão aos seus odiosos detractores. O probo Portas esbofeteará então, sem piedade e para nosso gáudio, os reles e desprezíveis caluniadores.

quinta-feira, março 03, 2005

D. Luís Delgado - O Benzodiazepínico Moralizante

Descobri hoje a razão pela qual Luís Delgado é um caso de insensibilidade e presunção de dimensão tão incalculável {perdoem a hipérbole}: não compreendeu a Mensagem pessoana.

Luís Delgado diz hoje no Diário de Notícias, com a sua escrita simplista e desprestigiante para muitos bons redactores que, certamente, estão desempregados, o seguinte:

“ Mas vamos ao que interessa: quais são as causas que levam os portugueses a ingerir tantos antidepressivos, mais benzodiazepinas, e outros "calmantes", em linguagem popular?

É da crise? É do clima?, Ou é, na verdade, da nossa génese como povo deprimido, com fraca auto-estima, e incapaz de vencer os medos?

O V Império morreu por falta de imperador, e isso sempre nos levou a encarar a tristeza, o pessimismo e a falta de objectivos nacionais como um estigma insolúvel.

Portugal é um país feito de metades: uma sempre deprimida - que tende a crescer - e outra desinibida, que tende a exagerar. É o nosso fado.

Mas a verdadeira questão, que um estudo sobre esse consumo poderia revelar, é saber se os nossos jovens, as novas gerações, estão a conseguir ultrapassar a síndroma colectiva da falta de D. Sebastião. Não é seguro que assim seja.”

Ora, se D. Luís Delgado tivesse atentado bem naquilo que Pessoa disse, teria compreendido que o Quinto Império é um ideal colectivo e que a sublimação dos portugueses que o poeta vaticina não poderia nunca coexistir com a liderança de um imperador. Com efeito, D. Sebastião não representa a chefia da nossa nação para o alcance de grandes ideais e/ou valores próprios do Quinto Império; ele é, tão-somente, um paradigma necessário. Pessoa não nos pede que esperemos pela manhã de nevoeiro, mas sim que lutemos para que o nosso país se torne, um dia, no Quinto Império, para que “se cumpra Portugal”. Obviamente, Luís Delgado também critica a nossa dependência do mito – aí terá razão, mas é também certo que a dependência é NOSSA; Pessoa não a incutiu em nós, pelo contrário. O carácter onírico que imprimiu na sua obra parece até ser encorajador.

Quanto ao fado e às metades, também não estou muito convencida. Fado? Quem mistura o Quinto Império com fado? É preciso separar as respectivas providências. “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce” mostra-nos exactamente isso: Deus poderia ter correspondência com o Fado, mas ele é, ainda assim, só um incentivo. Que seria de Deus sem o Homem? Aliás, Hegel e Feuerbach provam-no bem. É ao Homem que cabe a árdua tarefa de transformar o seu destino. Qual fado, qual carapuça! Os portugueses tomam antidepressivos a mais porque os antidepressivos existem, pura e simplesmente (um chavão é sempre enobrecedor). A atitude de tomar um prozacquezito (um neologismo afrancesado) é tipicamente americana, e é da América que vêm os antidepressivos mais vendidos. Mas o que não é americanizado nos dias que correm? A dignidade pára em algum lado {a propósito, já reparam que estou a escrever numa máquina idealizada e fabricada em Silicon Valley?}? E os fármacos são solução para a mediocridade cultural e a degenerescência moral, ideológica e social do nosso país.

No que respeita aos jovens, é certo que ultrapassam a ausência de D. Sebastião. Se não o fazem com antidepressivos, têm os charros, que vão dar ao mesmo. Os que ultrapassam melhor são aqueles que desconhecem D. Sebastião ou o que ele tem representado desde a sua morte. Também há os que não querem saber do D. Sebastião para nada e os que, mesmo lendo artigos do Luís Delgado, não acreditam que o sonho acabou n’ “O Encoberto”. São os que temem tornar-se “cadáveres adiados” e os que sabem que “ser descontente é ser homem” e, por isso, concretizam, eles mesmos, o mito sebástico. São poucos estes jovens, mas eu tenho o prazer de conhecer alguns. Voilá, algo de bom!

A dada altura, Luís Delgado lança uma pérola epigramática que creio nunca mais poder vir a esquecer:

Convém olhar para isto com todo o pragmatismo, antes com antidepressivos, do que sem nada.

Agora cabe aos especialistas analisar as consequências. Um país de alienados também não é a receita certa e eficaz para dar a volta.

{peço perdão pela pontuação. Não sei se o autor escreveu isto mesmo assim ou se a edição do DN online é, de facto, rebelde. Mas sei que não gasto dinheiro a comprar um jornal no qual Luís Delgado assina uma coluna…}

Ora, imagine-se um indivíduo órfão, desempregado, com 14 filhos para sustentar e uma mulher chata como o caraças: a tendência primeira seria a de se entregar a uma vida desregrada (com álcool, drogas e, quem sabe, algum rock-n’-roll) para esquecer essas adversidades. Poderia recorrer aos antidepressivos em vez de se drogar com outras coisas já referidas, ou mesmo ainda não referidas – seria o caso dos panfletos propagandistas do PSD, por exemplo -, mas, como nos indica o Sr. Delgado, essa criatura estaria muito próxima daquilo a que chamamos convencionalmente pateta alegre. Tem piada que Luís Delgado primeiro gosta dos espécimes em causa (os “alienados”) e depois já deixa a sua utilidade ao critério dos “especialistas”. Os típicos portugueses são, para ele, depressivos. Eu cá acho que, não sendo nem parecendo propriamente depressivo, Luís Delgado é muito mais português do que todos os portugueses de que fala: à mínima dúvida, contrata, como todos os portugueses que se prezem, serviços de consultoria!

Enfim… vai um Prozac?

quarta-feira, março 02, 2005

Diz-me com quem andas...

Segundo John Pilger, as instruções transmitidas ao Pentágono pelo secretário da Defesa Donald Rumsfeld para «pensarem o impensável» deverão suscitar a preocupação dos não-americanos, mais que não seja devido ao facto de a única super-potência mundial ter sido dominada por fundamentalistas cujo fanatismo faz prever uma carnificina a uma tal escala que torna insignificante o terrorismo não-estatal daqueles que atiram aviões contra arranha-céus e colocam bombas em discotecas de Bali.
(o «não-estatal» é da responsabilidade de Pilger)

Exemplo

Em Washington, a «Junta do Petróleo e do Gás» é cada vez mais influenciada pela Comissão de Política de Defesa, um painel semioficial que aconselha Rumsfeld e o seu vice, Paul Wolfowitz. Conhecido em Washington como a «cabala do Wolfowitz», o grupo reúne a extrema-direita da política americana, sendo responsável pela inspiração por trás da «guerra ao terrorismo», em especial do conceito de «guerra total».

Rumsfeld, que Henry Kissinger descreveu como “o homem mais brutal que ele já tinha conhecido”, tem constituído, e continuará a sê-lo, uma referência ímpar da democracia americana.

O Expresso de 26 de Fevereiro de 2005 noticiou:
Rumsfeld dá apoio a Portas.
"O Secretário norte-americano da defesa, telefonou na terça-feira ao ministro da defesa e líder do CDS para lhe dar uma palavra de apoio depois da derrota sofrida nas eleições de domingo e do anúncio da demissão de Paulo Portas da liderança do CDS."



Secretário Rumsfeld, eu sei que já perfez setenta radiosas primaveras e tem, portanto, muito mais experiência de vida, de atrocidades e de política do que um inexperiente adepto do Bloco, como eu. No entanto, perdoe-me a ousadia, Paulo Portas é uma figura muito pouco recomendável, tanto ao nível político, como noutros, porventura menos nobres.

Você, melhor que ninguém, lá saberá com que linhas se cose, mas nunca se esqueça do ditado: diz-me com quem andas...