sexta-feira, dezembro 28, 2012

MAIS IGUALDADE MENOS "LIBERDADE"


"A desigualdade é corrosiva. Ela apodrece as sociedades a partir de dentro. A repercussão das diferenças materiais leva algum tempo a mostrar-se: mas a seu tempo aumenta a concorrência pelo estatuto social e bens; as pessoas experimentam uma sensação crescente de superioridade (ou de inferioridade) segundo as suas posses; cristaliza-se o preconceito para com as posições inferiores da escala social; o crime aumenta e as patologias do desfavorecimento social vão-se acentuando cada vez mais. O legado da criação de riqueza não regulada é realmente amargo".

Tony Judt em «Um tratado sobre os nossos atuais descontentamentos.»

Tony Judt (Londres, 1948 — Nova Iorque, 2010) foi um historiador, escritor e professor universitário britânico. Nos últimos anos, Judt lecionou na Universidade de Nova York, a cadeira de Estudos Europeus. Em 2006 foi finalista do Prémio Pulitzer com o livro "Pós-Guerra", uma análise na Europa de meados da década de 1940 até os primeiros anos do novo milénio.


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quinta-feira, dezembro 20, 2012

José Gomes Ferreira, subdiretor da informação da SIC (principal canal de propaganda da Alta Finança), está a ser elevado à categoria de novo herói nacional contra a corrupção política


O jovem e mediático José Gomes Ferreira, subdiretor da informação da SIC, é a nova coqueluche mediática fabricada pelo Grande Dinheiro para "combater" a corrupção, cujo principal beneficiário é precisamente o Grande Dinheiro. O povoléu, simultaneamente fascinado e atemorizado pela coragem do jovem paladino, grita em desespero:

"Apoiemos a investigação de José Gomes Ferreira! Depressa, antes que matem o nosso menino!"



O propagandista José Gomes Ferreira acompanhado do seu alter-ego a soldo


O povoléu, de curta memória, esquece uma lição que nalguns países já tem centenas de anos:

Em qualquer «Democracia» os dois partidos do «Arco da Governação», que se sucedem ininterruptamente no Poder, não passam de um único partido que obedece exclusivamente ao Grande Dinheiro.


A fraude dos dois partidos que não passam, afinal, de um só
The Establishment's Two-Party Scam


Chris Gupta: Esta fraude consiste na fundação e financiamento pela elite do poder de dois partidos políticos que surgem aos olhos do eleitorado como antagónicos, mas que, de facto, constituem um partido único. O objectivo é fornecer aos eleitores a ilusão de liberdade de escolha política e serenar possíveis sentimentos de revolta contra a elite dominante.


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Quem me chamou a atenção para esta corajosa entrevista de José Gomes Ferreira, lembrou, oportunamente, que: «é nestes momentos que se vê a diferença entre os fala-baratos de café, Blogues e FaceBook, e os que querem agir com bases e POSSIBILIDADES concretas».

Ora, é precisamente para isso que servem os fala-baratos dos Blogues e do FaceBook, para disponibilizarem informação que é omitida, truncada e enviesada nos jornais e telejornais...

Só que, infortunadamente,  José Ferreira Gomes age como o branqueador do atual governo PSD, atirando todas as culpas da atual situação para o governo anterior de Sócrates (um biltre que, juntamente com Passos Coelho, deviam ser enforcados). Não devemos levar a mal o José. É pago para isso mesmo. Será devidamente justiçado a seu tempo.


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José Gomes Ferreira, na SIC, antes e depois das eleições legislativas de 2011 (na passagem de Sócrates para Coelho):

• Em 31 de Março: 'O pior é que os investidores, que têm o dinheiro em Singapura, em Hong-Kong e nos outros países onde há dinheiro para investir, eles sabem disto. E, portanto, estes ratings dos bancos e da nossa dívida que estão todos os dias a cair, refletem o quê? O conhecimento dos investidores desta realidade. E nós, cidadãos portugueses, andamos aqui a enganarmo-nos. Acho que já chega.'

• Em 6 de julho: '(...) só os ingénuos acreditam que esta descida do ratings da Moody’s em quatro pontos tem a ver com critérios puramente técnicos. Só os ingénuos acreditam.'


E no programa «Querida Júlia», José Gomes Ferreira defende corajosamente as atuais medidas de austeridade impostas por Passos Coelho.

terça-feira, dezembro 18, 2012

D. João II resolveu o problema dos grandes grupos económicos que mandavam no país, matando o duque de Bragança, o duque de Viseu e o duque de Aveiro (o poder financeiro da altura)


Vídeos do debate na "Associação 25 de Abril", a 6 de Dezembro de 2012, com Paulo Morais e Pedro Bingre.


Paulo Morais, Professor Universitário:

"Nós, enquanto país, só sairemos disto quando tivermos governantes que afrontem os grandes interesses e, nomeadamente, os grandes interesses económicos. Na nossa própria História, D. João II, antes de assinar o Tratado de Tordesilhas, antes de mandar imprimir o primeiro livro em Portugal, antes de fazer um reinado notável, fez uma coisa muito simples: foi aos grandes grupos económicos da altura e fez algo tão simples como matar o duque de Bragança, o duque de Viseu, o duque de Aveiro e resolveu o problema dos grandes grupos económicos que mandavam no país... Hoje o feudalismo é o mesmo – a única diferença é que, na altura, o feudalismo era ter terras e o feudalismo de hoje é na finança".




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"D. João II foi aos grandes grupos económicos da altura e fez algo tão simples como matar o duque de Bragança, o duque de Viseu, o duque de Aveiro e resolveu o problema dos grandes grupos económicos que mandavam no país... Hoje o feudalismo é o mesmo – a única diferença é que, na altura, o feudalismo era ter terras e o feudalismo de hoje é na finança."

Tal como na época feudal eram as terras que possuíam valor e os senhores feudais detinham o poder, nos dias que correm, o que vale é o Dinheiro e quem tem o poder são os banqueiros. Também, ao contrário de outrora, onde um rei podia derrubar os grandes interesses com um exército fiel e disciplinado, agora, terá de ser uma população ligada em rede, informada, corajosa, e com pouco ou nada a perder, a justiçar os senhores do dinheiro (e a escumalha que na política, na justiça e nos Media, os ampara). Ao exército medieval - uma pirâmide com um rei no ápex e peões de brega na base, sucede-se uma malha reticulada de cidadãos desejosos de esmagar sanguessugas e de criar urgentemente uma sociedade mais justa.

D. João II

quarta-feira, dezembro 12, 2012

Artigo dedicado a um porradão de gente que eu conheço no trabalho e fora dele




Texto de Bertolt Brecht


"Não há pior que o analfabeto político"


1 - "Ele não ouve, não fala, não participa dos acontecimentos políticos"

2 - "O analfabeto político é tão burro que se orgulha de o ser, de peito feito, diz que detesta a política"

3 - "Não sabe, o imbecil, que da sua ignorância política é que nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, desonesto, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."




A prostituta, o Político-CEO-Corrupto e o menor abandonado

segunda-feira, dezembro 10, 2012

Paulo Morais - Os negócios dominam a vida política. A promiscuidade entre os actores políticos e os grupos económicos é obscena




Correio da Manhã - 4 Dezembro 2012

Texto de Paulo Morais, Professor Universitário


Tolerância zero

Este fenómeno começa por se fazer sentir no Parlamento, mas chega a todo o lado. Há dezenas de deputados que acumulam a função parlamentar com a de administrador, director ou consultor de empresas que desenvolvem grandes negócios com o Estado. Em todas as comissões relevantes há conflitos de interesses, reais ou potenciais. A mais importante, a que acompanha o Programa de Assistência Financeira, tem por funções fiscalizar as medidas previstas no memorando de entendimento com a Troika, nomeadamente as privatizações ou o apoio à Banca. Pois nesta comissão tem assento Miguel Frasquilho que trabalha na Essi, empresa do grupo financeiro BES que, ainda por cima, assessorou os chineses na compra da EDP; a que se junta Adolfo Mesquita Nunes, advogado da poderosa sociedade Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva, justamente o escritório de referência da eléctrica. Na comissão de agricultura, o deputado Manuel Isaac fiscaliza um ministério que influencia a atribuição de subsídios à empresa de que é administrador. O presidente da comissão de Segurança Social, José Manuel Canavarro, é consultor do Montepio Geral, banco cuja actividade se desenvolve na área da solidariedade. Os exemplos sucedem-se.

A promiscuidade contamina até o insuspeito Banco de Portugal, em cujo conselho consultivo têm assento Almerindo Marques, ligado ao BES, ou António de Sousa, até há pouco presidente da Associação de Bancos. O banco central tem a sua actividade vigiada por aqueles que deveria supervisionar.

Pelo lado dos privados, os grupos económicos que beneficiam desta promiscuidade estão sempre disponíveis para acolher os que os favorecem. Não por acaso, ex-ministros das obras públicas transitam para as empresas com maior participação nas parcerias público-privadas. Ferreira do Amaral preside à Lusoponte, Jorge Coelho e Valente de Oliveira administram a Mota-Engil.

Para erradicar esta teia de negócios que domina a política, o Parlamento deve criar um regime de incompatibilidades muito restritivo para os detentores de cargos públicos. Que deve, num período transitório de higienização, ser de exclusividade total.


Comentário


Ou, em alternativa, para erradicar esta teia de negócios que domina a política, justiçá-los um a um, como se esmagam aranhas.

quarta-feira, dezembro 05, 2012

Mário Soares avisa Passos Coelho de que "tem Portugal inteiro contra ele, que corre grandes riscos e que tenha cuidado com o que lhe possa acontecer”


Mário Soares, ex-primeiro-ministro e ex-Presidente da República, campeão dos subsídios, das instituições, dos observatórios e das fundações, que asseverou, em 2005, que Portugal só estaria no rumo certo se José Sócrates fosse eleito primeiro-ministro e que considerou, em 2010, que Pedro Passos Coelho era "um líder razoável e sensato", mostra-se agora apoquentado com a agressividade contra os políticos que grassa pelo país.





RTP - 04 Dez, 2012


O antigo Presidente da República Mário Soares escreve hoje no Diário de Notícias um artigo de opinião muito crítico de Passos Coelho, avisando-o de "que corre grandes riscos". "Tem Portugal inteiro contra ele: sacerdotes, militares, de alta e baixa patente, cientistas, académicos, universitários, rurais, sindicalistas, empresários, banqueiros, pescadores, portuários, médicos e enfermeiros e, sobretudo, a maioria dos seus próprios correligionários do PSD", acusa Soares. Para acrescentar: "O povo não existe para o primeiro-ministro e para o seu Governo. Tenha, pois, cuidado com o que lhe possa acontecer".

Num texto carregado de ataques às mais recentes decisões do Executivo, Mário Soares diz que "no Governo de Passos Coelho a regra é ninguém se entender. Desde o terceiro ministro, que devia ser segundo, Paulo Portas, até ao ministro da Segurança Social, que devia chamar-se da insegurança social, passando pelo 'Álvaro', que finalmente compreendeu que a austeridade com a recessão crescente e o desemprego a atingir 17 por cento - o terceiro mais alto da Europa -, tudo o que possamos fazer leva-nos, necessariamente, ao abismo".

Preconizando uma mudança de política, Soares ataca o Governo e não deixa de chamar a atenção para o facto de a situação estar a deteriorar-se de dia para dia: "Com o povo desesperado e, em grande parte, na miséria corre imensos riscos. É preciso e indispensável mudar de política. Com esta política - e a intervenção permanente do ministro das Finanças - tudo vai de mal a pior. São os militantes do PSD que o reconhecem. Será que seremos a Grécia? Ou pior do que ela?".

Vítor Gaspar também não é poupado no texto de Mário Soares. "O ministro das Finanças teve o gosto de voltar a fazer cortes e mais cortes, deixando a maioria dos portugueses no desemprego e a pão e água", escreve o ex-Presidente.

"Entretanto, Passos Coelho lembrou-se de que a Constituição é mais generosa em matéria de ensino do que em saúde e, vai daí, teve a ideia peregrina de anunciar que vai cortar no ensino, até agora gratuito, esquecendo-se ou ignorando o art. 74.º da Constituição, no que foi desautorizado pelo ministro da Educação. Mas isso parece não ter importância para o atual Governo, tanto que o primeiro-ministro já deu o dito pelo não dito, como está a ser seu costume", reforça.


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segunda-feira, dezembro 03, 2012

E quando os violentos começarem a ser dezenas, milhares? E se andar por aí um rastilho subterrâneo a arder, rumo ao coração de multidões, atiçado por cada novo sopro de insensibilidade, de "ai aguentas", de desvergonha autoritária?


Passos Coelho, já fez um aviso àqueles que pensam que podem agitar as coisas de modo a transformar o período que estamos a viver numa guerra com o Governo: "Pode haver quem se entusiasme com as redes sociais e com aquilo que vê lá fora, esperando trazer o tumulto para as ruas de Portugal. Em Portugal, há direito de manifestação, há direito à greve. Nós não confundiremos o exercício dessas liberdades com aqueles que pensam que podem incendiar as ruas e ajudar a queimar Portugal".



Três incendiários sofrem as consequências da política de terra queimada que elegeram para o país

Ao contrário do que pensa o ainda primeiro-ministro, ninguém pretende uma guerra com o Governo. O que um número cada vez maior de portugueses ambiciona é que os elementos que estão a "incendiar e a queimar Portugal" sejam liminarmente justiçados.


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Por Luis Rainha no blogue «Vias de Facto»


O tabu da violência


Salazar ficcionou a cómoda brandura dos nossos costumes. Franco, camarada ibérico de barbárie, resumiu-nos como uma nação de cobardes. Governo após governo apostaram no comodismo que nos levaria a preferir o resmungo clandestino às dores e ao sangue do confronto; ideia arriscada, face a um povo que tem por tradição enfrentar touros de mãos nuas.

No dia 14, a aposta começou a esgarçar-se sob uma chuva de fogo, pedras e fúria. A resposta policial foi vista pelo bom senso do costume como inevitável, exemplar até. Sempre ordeiras, as almas consensuais tranquilizaram-nos-nos: trata-se apenas de “uma dúzia” de desordeiros; malta sombria, estranha, talvez estrangeira, anarquistas, quiçá criminosos comuns, de cadastro e tudo. Haja obediência, respeitinho. O monopólio estatal da violência é coisa a venerar, pilar da ponte que vai de quem manda a quem obedece.

E quando os violentos começarem a ser dezenas, milhares? E se andar por aí um rastilho subterrâneo a arder, rumo ao coração de multidões, atiçado por cada novo sopro de insensibilidade, de "ai aguentas", de desvergonha autoritária?

Até Gandhi cartografou as fronteiras entre a cobardia e a autodefesa: "arriscaria mil vezes a violência antes de arriscar a castração de uma raça.” E a Constituição garante-nos o direito "de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública." Se esta se couraça e arma até aos dentes com a fúria cega de feras fardadas e bem treinadas, resta o quê?


Fim do texto de Luis Rainha


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A inutilidade do pacifismo contra genocidas encartados


Um ex-pacifista que se viu sem emprego, sem tecto e sem pão para dar aos filhos


Ouve-se muitas vezes dizer que "a violência gera violência", que "a violência nunca consegue nada" ou que "se se usar a violência para nos defendermos daqueles que nos agridem, ficamos ao nível deles". Todas estas afirmações baseiam-se na noção errada de que toda a violência é igual. Nada mais falso!

A violência tanto pode funcionar para subjugar como para libertar

Uma mulher que crave uma lima de unhas no coração de um energúmeno que a arrastou à força para um bosque com o intuito de a violar, está a utilizar a violência de uma forma justa;

Um homem que abate a tiro um assassino que lhe entrou em casa e lhe degolou a mulher, está a utilizar a violência de uma forma justa;

Um polícia que dispara contra um homicida prestes a abater um pacato cidadão, está a utilizar a violência de uma forma justa;

Os habitantes de um bairro nova-iorquino que se juntam para aniquilar um bando mafioso (que nunca é apanhado porque tem no bolso os políticos, os juízes e os polícias locais), estão a utilizar a violência de uma forma justa;

Um povo que se revolta de forma sangrenta contra a Máfia do Dinheiro, coadjuvada por políticos corruptos, legisladores venais, comentadores a soldo, e cujos roubos financeiros descomunais destroem famílias, empresas e o país inteiro, esse povo está a utilizar a violência de uma forma justa.

As sanguessugas são apenas algumas centenas e nós somos milhões. Estamos à espera de quê para as esmagar?


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Paulo Morais, professor universitário - Correio da Manhã – 6/11/2012

Os aumentos de impostos que nos martirizam e destroem a economia têm como maiores beneficiários os agiotas que contrataram empréstimos com o estado português. Todos os anos, quase dez por cento do orçamento, mais de sete mil milhões de euros, destina-se a pagar juros de dívida pública.

Ainda no tempo de Sócrates, e para alimentar as suas megalomanias, o estado financiava-se a taxas usurárias de seis e sete por cento. A banca nacional e internacional beneficiava desse mecanismo perverso que consistia em os bancos se financiarem junto do Banco Central Europeu (BCE) a um ou dois por cento para depois emprestarem ao estado português a seis.

Foi este sistema que levou as finanças à bancarrota e obrigou à intervenção externa, com assinatura do acordo com a troika, composta pelo BCE, FMI e União Europeia. [...] Mas o que o estado então assinou foi um verdadeiro contrato de vassalagem que apenas garantia austeridade. Assim, assegurou-se a continuidade dos negócios agiotas com a dívida, à custa de cortes na saúde, na educação e nos apoios sociais.

[...] A chegada de Passos Coelho ao poder não rompeu com esse paradigma. Nem por sombras. O governo optou por nem sequer renegociar os empréstimos agiotas anteriormente contratados; e continua a negociar nova dívida a juros incomportáveis.

Os políticos fizeram juras de amor aos bancos, mas os juros pagámo-los nós bem caro, pela via dum orçamento de estado que está, primordialmente, ao serviço dos verdadeiros senhores feudais da actualidade, os banqueiros."

quinta-feira, novembro 29, 2012

Um balde de m€rda, um corrupto a soldo do Grande Dinheiro, um ladrão da pandilha PS-PSD-CDS, ou isso tudo somado?





O título do post é meu

O artigo abaixo, publicado no Expresso Online, é de Daniel Oliveira


Um zero à esquerda

Muitos constitucionalistas têm levantado imensas dúvidas sobre a constitucionalidade do Orçamento de Estado. Essa constitucionalidade apenas pode ser verificada pelo Tribunal Constitucional. E esse só se pronunciará a pedido do Presidente da República ou de um determinado número de deputados. São estas as regras em Portugal.

Deputados do PCP e do Bloco de Esquerda irão, ao que tudo indica, cumprir a sua obrigação: se têm dúvidas sobre a constitucionalidade de uma lei devem pedir ao tribunal competente que faça a respectiva fiscalização. É possível que um grupo de deputados do PS os venha a acompanhar, garantindo assim o número necessário de deputados para pedir a fiscalização sucessiva da lei do Orçamento. Mas António José Seguro já disse que não o fará. Que toda a gente sabe que se opõe a este orçamento e que o seu combate continuará a ser feito no "terreno político".

O papel da oposição não é apenas deixar registado nos jornais e na televisão que se opõe a uma determinada medida. Não é apenas ocupar uns lugares no Parlamento e justificar a sua inutilidade com uma postura de "responsabilidade" vazia de conteúdo. É ser consequente com a sua posição e cumprir as suas obrigações. No princípio do mês, Seguro disse que queria um Orçamento "sem dúvidas de constitucionalidade". Ou é um dos poucos portugueses sem essas dúvidas ou a palavra "querer" não é suficiente para que faça qualquer coisa por isso.

Se existe a convicção que uma determinada lei, e ainda mais a lei do Orçamento, viola a lei fundamental, é obrigação dos deputados pedir a verificação dessa constitucionalidade. Assim garantem que não vivemos numa república das bananas onde a lei constitucional é um mero adereço e a oposição uma mera sala de espera para o governo seguinte. Quem não cumpre as suas funções na oposição dificilmente as cumprirá no governo. Quem não zela pelo respeito pela Constituição da República como deputado dificilmente o fará enquanto primeiro-ministro. Quem fica quieto a ver um País a afundar não merece governá-lo.

Pedir a fiscalização da constitucionalidade de uma lei é um privilégio dos deputados, do Presidente e de mais uns poucos detentores de cargos públicos. É um ato essencialmente político. E exigir o respeito pela lei fundamental também o é. Se o líder do maior partido da oposição acha que a política se esgota no uso da palavra então escolheu a atividade errada. É apenas um saco de vento.

Percebo bem qual é a estratégia de Seguro. Não fazer ondas, não correr riscos, fingir-se de morto para não poder ser responsabilizado por nada e esperar que a situação apodreça de tal forma que o poder lhe caia no colo. Para fazer o quê com ele? Nem o próprio sabe. Tenho-me queixado da aparente indisponibilidade do PCP e do Bloco de Esquerda para participar numa solução alternativa a este desastre. Mas com Seguro a coisa é mais grave: ele está indisponível para fazer oposição. O problema do atual líder do PS não é a sua evidente falta de carisma. É o seu desempenho corresponder ao seu conteúdo. Poucas vezes a política nacional produziu tão pomposa inutilidade.


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Comentário

Em qualquer «Democracia» os dois partidos do «Arco da Governação», que se sucedem ininterruptamente no Poder, não passam de um único partido que obedece exclusivamente ao Grande Dinheiro.



A fraude dos dois partidos que não passam, afinal, de um só
The Establishment's Two-Party Scam


Chris Gupta: Esta fraude consiste na fundação e financiamento pela elite do poder de dois partidos políticos que surgem aos olhos do eleitorado como antagónicos, mas que, de facto, constituem um partido único. O objectivo é fornecer aos eleitores a ilusão de liberdade de escolha política e serenar possíveis sentimentos de revolta contra a elite dominante.


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Dr. Stan Monteith: "De há muito, o principal problema da vida política americana tem sido tornar os dois partidos congressionais (o partido Republicano e o partido Democrata) mais nacionais. O argumento de que os dois partidos deviam representar políticas e ideias opostas, uma, talvez, de Direita e a outra de Esquerda, é uma ideia ridícula aceite apenas por teóricos e pensadores académicos. Pelo contrário, os dois partidos devem ser quase idênticos, de forma a convencer o povo americano de que nas eleições pode "correr com os canalhas", sem na realidade conduzir a qualquer mudança profunda ou abrangente na política."


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É sobejamente reconhecido que as corporações internacionais contribuem com largas somas de dinheiro para ambos os partidos políticos, mas será possível que ambos os partidos sejam controlados essencialmente pelas mesmas pessoas? Teria George Wallace (por duas vezes candidato a Presidente dos Estados Unidos) razão quando afirmou:

"... não existe diferença nenhuma entre Republicanos e Democratas."

"... A verdade é que a população raramente é envolvida na selecção dos candidatos presidenciais; normalmente os candidatos são escolhidos por aqueles que secretamente mandam na nossa nação. Assim, de quatro em quatro anos o povo vai às urnas e vota num dos candidatos presidenciais seleccionados pelos nossos 'governantes não eleitos.' Este conceito é estranho àqueles que acreditam no sistema americano de dois-partidos, mas é exactamente assim que o nosso sistema político realmente funciona."


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O Professor Arthur Selwyn Miller foi um académico da Fundação Rockefeller. No seu livro «The Secret Constitution and the Need for Constitutional Change» [A Constituição Secreta e a Necessidade de uma Mudança Constitucional], escreveu:


"... aqueles que de facto governam, recebem as suas indicações e ordens, não do eleitorado como um organismo, mas de um pequeno grupo de homens. Este grupo é chamado «Establishment». Este grupo existe, embora a sua existência seja firmemente negada; este é um dos segredos da ordem social americana. Um segundo segredo é o facto da existência do Establishment – a elite dominante – não dever ser motivo de debate. Um terceiro segredo está implícito no que já foi dito – que só existe um único partido político nos Estados Unidos, a que foi chamado o "Partido da Propriedade." Os Republicanos e os Democratas são de facto dois ramos do mesmo partido (secreto)."

O Professor Miller usou nesta frase a palavra "(secreto)" porque sabia que ao povo Americano nunca será permitido tomar conhecimento que na realidade só existe um partido político nos Estados Unidos.


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Carroll Quigley

Nenhum debate do Governo Invisível Americano ficaria completo sem mencionar o Professor Carroll Quigley, o mentor de Bill Clinton quando este era um estudante na Universidade de Georgetown. O Presidente Clinton referiu-se bastantes vezes ao Professor Quigley nos seus discursos. O Professor Quigley deu aulas tanto na Universidade de Harvard como na de Princeton antes de se fixar na Universidade de Georgetown.

No seu livro «Tragedy and Hope: A History Of The World In Our Time» - [Tragédia e Esperança: uma história do Mundo dos nossos dias], Quigley revela que os Governantes não Eleitos da América têm por objectivo controlar-nos, utilizando "especialistas" para subverter o nosso processo eleitoral:

"... É cada vez mais claro que, no século XX, o especialista substituirá o magnata industrial no controlo do sistema económico tal como irá substituir o votante democrático no controlo do sistema político. Isto porque o planeamento vai inevitavelmente substituir o laissez faire… De forma optimista, podem sobreviver para o indivíduo comum os elementos da escolha e liberdade no sentido em que ele será livre de escolher entre dois grupos políticos antagónicos (mesmo que estes grupos tenham pouca latitude de escolha política dentro dos parâmetros da política estabelecida pelos especialistas), e o indivíduo tenha a oportunidade de escolher mudar o seu apoio de um grupo para outro. Mas, em geral, a sua liberdade e poder de escolha serão controlados entre alternativas muito apertadas"...

terça-feira, novembro 27, 2012

No Opinião Pública da SIC Notícias (22/11/2012) - há uma vontade deliberada de enganar e os portugueses e estamos dentro de um grande retrocesso civilizacional


Entrevista imperdível com o economista Alexandre Abreu


Alexandre Abreu: Temos um orçamento de Estado que é pouco sério do ponto de vista técnico. Isso, aliás, já foi assinalado por muitos comentadores. Sendo pouco sério, das duas, uma: ou incompetência ou uma deliberada vontade de enganar o eleitorado e os portugueses. Julgo que as pessoas que estão no Governo e no Ministério das Finanças são competentes, portanto só nos sobra a segunda hipótese: há uma vontade deliberada de enganar os portugueses.

Entrevistadora: Mas enganar para quê?

Alexandre Abreu: Para legitimar o que se vai passar no próximo ano que é esta tentativa de refundação do estado social que o aproxima dos países do terceiro mundo onde as desigualdades se aprofundam e onde uma oligarquia vai tomando conta do país. Estamos, aqui em Portugal, num processo de subdesenvolvimento e cada vez mais capturado por uma oligarquia.

Entrevistadora: Portanto pensa que estamos dentro de um grande retrocesso civilizacional?

Alexandre Abreu: Alexandre Abreu: Sobre isso não há grandes dúvidas...

Etc., etc., etc...



Comentário


Se há da parte dos governantes e dos oligarcas uma vontade deliberada de enganar os portugueses e despachá-los à força para o terceiro mundo, então, é da mais elementar justiça que, antes disso, os portugueses agarrem os oligarcas e os seus esbirros no governo e os despachem sem demora a tiro e à catanada para o outro mundo.

terça-feira, novembro 20, 2012

As Revoluções de hoje só serão possíveis caçando, um a um, os criminosos que estão a conduzir o país ao actual holocausto social e económico, utilizando para isso pequenos grupos ad hoc, a funcionar em rede, indignados e bem informados


Grupos ad hoc de cidadãos profundamente indignados, corajosos, bem informados e com elevada consciência social, terão de caçar paulatinamente os criminosos que estão a conduzir o país ao actual holocausto social e económico, apanhando-os um a um, desprevenidos e indefesos, seja no café, no emprego, no jogging, no barbeiro, no automóvel ou onde quer que se encontrem, e justiçá-los à medida das suas responsabilidades.

Caçar paulatinamente os ladrões do povo, apanhando-os um a um e justiçá-los...

Os criminosos são a máfia financeira, os donos e administradores de empresas que parasitam o Estado, os políticos corruptos, os legisladores a soldo, os propagandistas venais, etc. A limpeza metódica desta cáfila (que o receio tornará difícil revezar), fará inevitavelmente desabar a pirâmide que detém o poder.

A sociedade está hoje instantaneamente ligada entre si pelas actuais tecnologias de informação e telecomunicações - Internet e telemóveis. É actualmente possível a troca rápida de informação entre muitos milhares de cidadãos sob as mais variadas formas - redes sociais, blogues, e-mails, texto, voz, fotos e vídeos.

As populações, recorrendo a estas novas tecnologias e podendo comunicar mais rápida e directamente uns com os outros, têm a capacidade de registar a teia de ligações, de influências e as agendas dos ladrões que os estão a conduzir à ruína, bem como montar um sistema de vigilância que lhes monitorize os passos e os localize em tempo real.


Confrontos, como os que têm acontecido até agora, entre multidões de manifestantes por um lado e grupos de polícias e militares (também eles vítimas) por outro, são contraproducentes e nada resolvem, deixando os criminosos a sorrir com as rédeas do poder firmemente nas mãos.

Ouve-se muitas vezes dizer que "a violência gera violência", que "a violência nunca consegue nada", ou que "se se usar a violência para nos defendermos daqueles que nos agridem, ficamos ao nível deles". Todas estas afirmações baseiam-se na noção errada de que toda a violência é igual.

A violência pode funcionar tanto para subjugar como para libertar. Contra a violência económica e financeira que nos tem a todos atirado para o desespero, repliquemos com a violência que for necessária para desparasitar de vez o país desta cáfila de assassinos de colarinho dourado.

Quando sonegado de todas as entidades que o deveriam defender, um povo tem todo o direito de utilizar a violência contra a Máfia do Dinheiro, acolitada por políticos corruptos, legisladores venais e comentadores a soldo, e cujos roubos financeiros descomunais destroem famílias, empresas e a economia de um país inteiro.

Num país em que os políticos, legisladores e comentadores mediáticos estão na sua esmagadora maioria a soldo do Grande Dinheiro, só existe uma solução para resolver a «Crise»... Somos 10 milhões contra algumas centenas de sanguessugas... e não há buracos suficientes para elas se esconderem...


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Existe uma pirâmide criminosa que governa hoje o planeta.
Do topo para a base:



1Meia dúzia de indivíduos que detêm e controlam
uma força financeira centralizada a nível mundial.

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2 – Os "Banqueiros" - testas de ferro colocados à frente dos bancos, instituições estas que aparentam ser independentes mas que não passam de agências do monopólio financeiro mundial.


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3 – Os "Capitalistas e Administradores" - supostamente donos e gestores de grandes empresas (que são propriedade da Banca) e que subsistem, na sua maioria, penduradas nos contratos com os Estados ou dos favores destes.


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4 – Os "Governantes" - indivíduos que são colocados no governo pela Banca para servir os interesses desta, que subsidia e apoia dois partidos (que são o mesmo) e que se revezam eternamente no poder (PS e PSD, no caso português). Estes "governantes", após a sua passagem pelo poder, têm um lugar garantido na administração de um banco ou de uma empresa (naturalmente controlada por um banco).


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(E tantos outros...)

5 – Os "Comentadores Mediáticos" – sujeitos, normalmente com elevadas posições académicas, pagos (pela Banca) para tornar consensual, através dos jornais e das televisões, toda a propaganda que a Banca pretende fazer passar por realidade.


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O Monopólio Financeiro Mundial

Existe no mundo de hoje, ao que tudo indica, uma força financeira centralizada operada por meia dúzia de homens que está a levar a cabo um jogo gigantesco e secretamente organizado, tendo o mundo como tabuleiro e o controlo universal como aposta.

Hoje ninguém acredita que a finança seja nacional nem ninguém acredita que a finança internacional esteja em competição. Existe tanta concordância nas políticas das principais instituições bancárias de cada país como existe nas várias secções de uma empresa – e pela mesma razão, são operadas pelas mesmos poderes e com os mesmos objectivos.



Provas da existência de um Monopólio Financeiro Mundial:

a) O facto do Banco Central Europeu ("forçado pelos próprios estatutos") estar impedido de emprestar directamente aos Estados Nacionais, sendo-lhe apenas permitido emprestar aos bancos a um juro próximo do 0%, que, depois, emprestam aos Estados, Empresas e Famílias a juros muitíssimo superiores.

b) Os célebres "bailouts" - dinheiro dos contribuintes oferecido gratuitamente pelos governantes aos bancos (supostamente na falência devido à "Crise Financeira") e considerados demasiado grandes para falir (e cuja queda se estima fosse um desastre para o sistema financeiro).

c) A capacidade mágica que os bancos possuem de criar dinheiro a partir do nada ao conceder crédito (necessitando apenas de uma reserva mínima), e digitando simplesmente essa quantia no teclado de um computador e creditá-la na conta de depósitos à ordem da família, empresa ou Estado que pediu emprestado. Dinheiro que não existia antes em lado nenhum!


Estas fraudes colossais implicam um conluio entre as instituições financeiras que não seria possível sem um comando único.

Certamente, as razões económicas já não conseguem explicar as condições em que o mundo se encontra hoje em dia. Existe um super-capitalismo financeiro que é totalmente sustentado pela ficção de que o dinheiro é riqueza. Existe um super-governo financeiro que não é aliado de governo nenhum, que é independente de todos eles, e que, no entanto, mexe os cordelinhos de todos eles.

Todo este poder de controlo foi adquirido e mantido por uns poucos homens a quem o resto do mundo tem permitido obter um grau de poder desmesurado, indevido e perigoso. Às populações é imperativo engendrar uma forma de arrancar à força o controlo mundial desse grupo de financeiros internacionais que forjam a seu bel-prazer a economia e a política e controlam o mundo através disso.


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Chris Gupta: Esta fraude consiste na fundação e financiamento pela elite do poder de dois partidos políticos que surgem aos olhos do eleitorado como antagónicos, mas que, de facto, constituem um partido único. O objectivo é fornecer aos eleitores a ilusão de liberdade de escolha política e serenar possíveis sentimentos de revolta contra a elite dominante.

Os testemunhos seguintes demonstram como a Banca domina o poder político através da fraude dos dois partidos (a seu soldo) e que se revezam eternamente no poder:



Miguel Sousa Tavares - Expresso 07/01/2006

«Todos vimos nas faustosas cerimónias de apresentação dos projectos [Ota e o TGV], não apenas os directamente interessados - os empresários de obras públicas, os banqueiros que irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos - mas também flutuantes figuras representativas dos principais escritórios da advocacia de negócios de Lisboa. Vai chegar para todos e vai custar caro, muito caro, aos restantes portugueses. E o grande dinheiro agradece e aproveita



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Paulo Morais, professor universitário - Correio da Manhã – 6/11/2012

Os aumentos de impostos que nos martirizam e destroem a economia têm como maiores beneficiários os agiotas que contrataram empréstimos com o estado português. Todos os anos, quase dez por cento do orçamento, mais de sete mil milhões de euros, destina-se a pagar juros de dívida pública.

Ainda no tempo de Sócrates, e para alimentar as suas megalomanias, o estado financiava-se a taxas usurárias de seis e sete por cento. A banca nacional e internacional beneficiava desse mecanismo perverso que consistia em os bancos se financiarem junto do Banco Central Europeu (BCE) a um ou dois por cento para depois emprestarem ao estado português a seis.

Foi este sistema que levou as finanças à bancarrota e obrigou à intervenção externa, com assinatura do acordo com a troika, composta pelo BCE, FMI e União Europeia. [...] Mas o que o estado então assinou foi um verdadeiro contrato de vassalagem que apenas garantia austeridade. Assim, assegurou-se a continuidade dos negócios agiotas com a dívida, à custa de cortes na saúde, na educação e nos apoios sociais.

[...] A chegada de Passos Coelho ao poder não rompeu com esse paradigma. Nem por sombras. O governo optou por nem sequer renegociar os empréstimos agiotas anteriormente contratados; e continua a negociar nova dívida a juros incomportáveis.

Os políticos fizeram juras de amor aos bancos, mas os juros pagámo-los nós bem caro, pela via dum orçamento de estado que está, primordialmente, ao serviço dos verdadeiros senhores feudais da actualidade, os banqueiros."



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Paulo Morais, professor universitário - Correio da Manhã – 19/6/2012

[...] "Estas situações de favorecimento ao sector financeiro só são possíveis porque os banqueiros dominam a vida política em Portugal. É da banca privada que saem muitos dos destacados políticos, ministros e deputados. E é também nos bancos que se asilam muitos ex-políticos." [...]

[...] "Com estas artimanhas, os banqueiros dominam a vida política, garantem cumplicidade de governos, neutralizam a regulação. Têm o caminho livre para sugar os parcos recursos que restam. Já não são banqueiros, parecem gangsters, ou seja, banksters."



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Fernando Madrinha - Jornal Expresso de 1/9/2007:

[...] "Não obstante, os bancos continuarão a engordar escandalosamente porque, afinal, todo o país, pessoas e empresas, trabalham para eles. [...] os poderes do Estado cedem cada vez mais espaço a poderes ocultos ou, em qualquer caso, não sujeitos ao escrutínio eleitoral. E dizem-nos que o poder do dinheiro concentrado nas mãos de uns poucos é cada vez mais absoluto e opressor. A ponto de os próprios partidos políticos e os governos que deles emergem se tornarem suspeitos de agir, não em obediência ao interesse comum, mas a soldo de quem lhes paga as campanhas eleitorais." [...]

terça-feira, novembro 13, 2012

Aristides de Sousa Mendes - um Oskar Schindler à portuguesa ou a fabricação de um mito...


Aristides de Sousa Mendes


Aristides condicionava a emissão de vistos
e passaportes ao pagamento de verbas



Em carta a Maria Barroso, presidente da «Fundação Aristides de Sousa Mendes»,
Embaixador desmistifica a «lenda» de Aristides de Sousa Mendes


* Desapareceram misteriosamente dos arquivos do MNE (Ministério dos Negócio Estrangeiros) várias peças dos processos que incriminavam Sousa Mendes.

* Aristides de Sousa Mendes acumulou numerosos processos disciplinares desde o longínquo ano de 1917, na República, até 1940.

* Aristides de Sousa Mendes, como foi denunciado pelos serviços da Embaixada Britânica, cobrava dinheiro pela emissão de vistos e passaportes.


Terceiro classificado por votação dos telespectadores no concurso promovido pela RTP «Os Grandes Portugueses», e surgindo agora em filme, a figura de Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus no período da II Grande Guerra, continua envolta em muitos mistérios e alguma polémica.


Para uns, Sousa Mendes é recordado como «um homem bom e justo» que, em Junho de 1940, contrariando as ordens do Governo de Lisboa, emitiu vistos e passaportes e, nalguns casos, chegou mesmo a atribuir falsamente a identidade portuguesa a milhares de foragidos, sobretudo judeus, que pretendiam, a todo o custo, alcançar lugares tidos por seguros. Como Portugal, que Salazar conseguiu manter neutral no conflito. Para outros, o cônsul está longe de justificar o papel de «herói» que muitos lhe atribuem e, aqui e ali, tentam repor a verdade àquilo a que chamam a «falsificação da História» e, através de factos, muitos deles documentados, desmistificam a «lenda» Sousa Mendes. Bastará uma pesquisa atenta no arquivo do MNE ao processo do antigo cônsul - apesar de muitas peças do seu "dossier" terem misteriosamente desaparecido, sem que até hoje ninguém tenha procurado investigar quem foi o autor (ou autores) do "desvio" para que algumas «verdades» deixem de o ser.



O irmão gémeo de Aristides - César Sousa Mendes

Ao contrário do seu irmão gémeo César, que também fez carreira na diplomacia tendo alcançado o posto de Ministro Plenipotenciário de 2.ª classe, Aristides arrastou-se entre postos consulares de pequeno relevo, foi acumulando processos e mais processos disciplinares desde o longínquo ano de 1917, na I República, até 1940, tendo acabado por passar à disponibilidade a aguardar aposentação, mas continuando a auferir a totalidade do vencimento correspondente à sua categoria (1.595$30). O que desde logo «mata» a tese dos que teimam em acusar Salazar de ter «perseguido» o cônsul e de o ter «obrigado» a «morrer na miséria». Pelo contrário, o então Presidente do Conselho mostrou-se benevolente com Aristides em muitas alturas, nomeadamente quando, contrariando o parecer do Conselho Disciplinar do MNE que, na sequência de mais um processo disciplinar, propôs a pena de descida de categoria do cônsul, apenas determinou a sua inactividade por um ano, com vencimento de categoria reduzido a metade, mas recebendo a totalidade do salário correspondente ao exercício.

Outra verdade que tem sido ocultada pelos defensores de Aristides Sousa Mendes: o cônsul condicionava a emissão de vistos e passaportes ao pagamento de verbas e à obrigatoriedade de contribuição para um estranho «fundo de caridade» por si próprio instituído e gerido, situação que viria a ser denunciada junto do MNE quer pelos serviços da embaixada britânica quer por muitos dos que beneficiaram das «facilidades» de Mendes.



A casa de Sousa Mendes em Cabanas do Viriato

Também esclarecedora para a verdade sobre Sousa Mendes é a carta que o Embaixador Carlos Fernandes (*) dirigiu, em Maio de 2004, a Maria Barroso Soares, presidente da entretanto criada «Fundação Aristides de Sousa Mendes», quando esta pretendeu promover uma homenagem nacional, custeada com dinheiros públicos, ao antigo cônsul.

Embaixador Carlos Augusto Fernandes, licenciado em Direito, com distinção, pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Entrou no MNE em Abril de 1948 como adido de Legação. Foi cônsul de Portugal em Nova Iorque e Encarregado de Negócios no Paquistão, Montevideu (Uruguai) e Venezuela. Foi Conselheiro da Legação Portuguesa na NATO (Paris), Director Económico do MNE, Director dos Serviços Jurídicos e Tratados do MNE e Embaixador de Portugal no México, Holanda e Turquia.


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O Semanário DIABO (3 de Abril de 2007) teve acesso à referida missiva, bem como a algumas «notas soltas» que o embaixador lhe juntou, que aqui publicamos na íntegra.

Lisboa, 5/5/04
Senhora Dra. Maria Barroso Soares,

Um antigo embaixador de Israel em Portugal, que foi «instrumental»» na mitificação de Aristides Sousa Mendes, publicou há dois dias no Diário de Notícias, a propósito do aniversário daquele antigo cônsul, um artigo de elogio a Sousa Mendes, reincidindo em duas mentiras que foram fundamentais para aquela mitificação:

a) que foi expulso da carreira diplomática;

b) que morreu na miséria (depreendendo-se que por ter sido expulso da carreira diplomática e sem vencimento).

Ora, tanto quanto eu pude averiguar, primeiro, Sousa Mendes nunca foi da carreira diplomática, pertencendo sempre à carreira consular, que era diferente, e, em princípio, mais rendosa; depois, nunca dela foi expulso: como conclusão de um 5.º processo disciplinar, foi colocado na inactividade por um ano, com metade do vencimento de categorias e, depois desse tempo, aguardando aposentação com o vencimento da sua categoria (1.595$30 por mês) até morrer, sem nunca ter sido aposentado, situação mais favorável do que a aposentação.

Portanto, se morreu na miséria, ou pelo menos com grandes dificuldades financeiras, isso deve-se a outros factores que não à não recepção do seu vencimento normal em Lisboa. Demais, A. Sousa Mendes viveu sempre com grandes dificuldades financeiras. É óbvio que, quem tenha 14 filhos da mulher, uma amante e uma filha da amante não sairá nunca de grandes dificuldades financeiras, salvo se tiver outros rendimentos significativos, além do vencimento de cônsul.


Aristides de Sousa Mendes e parte da sua prole

Vi pelo artigo acima referido que a Sr.ª Dr.ª. M. Barroso é presidente da Fundação A. S. Mendes, e só por isso lhe escrevo esta carta e lhe remeto os elementos de informação anexos.

Eu escrevi sobre Sousa Mendes, de forma simpática, num livro publicado há dois anos (Recordando o caso Delgado e outros casos, Universitária Editora, Lisboa, 2002) de págs. 27 a 30, porque o conheci e tive ocasião de ajudar dois dos seus filhos, um em Lisboa e outro depois em Nova Iorque quando lá era cônsul.

Nada me move contra A. Sousa Mendes, antes o contrário, mas não posso pactuar com a mentira descarada e generalizada. Salazar é atacável por várias razões, mas não por ter «perseguido» A. Sousa Mendes, que, aliás, teve problemas disciplinares em todos os regimes de 1917 a 1940.

Quando fui director dos Serviços Jurídicos e de Tratados do MNE tive de estudar o último processo disciplinar de A. Sousa Mendes, de cuja pasta retiraram já muitas peças.

Por outro lado, o meu amigo Prof. Doutor Joaquim Pinto, sem eu saber, fez um estudo bastante completo sobre A. Sousa Mendes, e com notável imparcialidade.

Eu não pretendo vir a público atacar ou defender A. Sousa Mendes, e, por isso, nem penso rectificar o artigo do embaixador de Israel, mas em abono da verdade, e para seu conhecimento, entendo ser meu dever remeter-lhe cópia do estudo e notas em anexo, de que poderá fazer o uso que entender.

Com respeitosos cumprimentos,


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Algumas Notas sobre Aristides Sousa Mendes

Num «memorandum» da Embaixada Britânica, datado de 20/6/40, diz-se: «O cônsul de Portugal em Bordéus protela para fora das horas de expediente todos os pedidos de vistos, e cobra por eles taxas extraordinárias. Pelo menos num caso foi ainda o interessado convidado a contribuir para um fundo português de caridade antes de ser-lhe concedido visto».


Processo

Despacho de Salazar preparado pelo Secretário Geral:

«Atendendo a que às infracções cometidas, não tendo em consideração a reincidência, cabe a pena do n.º 8 do artigo 6.º do Regulamento Disciplinar;

Atendendo a que do relatório consta “e o Conselho reconhece a incapacidade profissional do arguido para dirigir consulados, especialmente os da sua categoria”;

Condena o cônsul de 1.ª classe, Aristides Sousa Mendes, na pena de um ano de inactividade com direito a metade do vencimento de categoria, devendo em seguida ser aposentado.

Lisboa, 30 de Outubro de 1940
Salazar».


Imputadas Faltas (Desde Novembro de 1939 a fins de Junho de 1940):

a) desobediência

b) falsificação de escrita

c) abandono do lugar

d) concessão (imputação do Embaixador Britânico, de 20/6/40)

e) vistos a austríacos, espanhóis, luxemburgueses e polacos Atribuiu falsamente a nacionalidade portuguesa ao casal Miny, em 30/5/40.

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Em 18 e 19/6/40, vai a Bayone impondo ao cônsul ali a concessão de vistos, quer de trânsito quer de residência, independentemente de consulta.

Como o cônsul Faria Machado objectasse, afirmou-lhe, falsamente, que recebera instruções nesse sentido e que fora a Bayone expressamente para lhas comunicar.

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Já assim procedera em Novembro de 1939, quando ainda não havia êxodo de França, o qual só começou em Maio/Junho de 1940.

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Não propôs à Secretaria de Estado mudanças das instruções com que depois disse não concordar, nem mudança de posto.

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Justificou a falsificação da identidade dos Miny com o humanitarismo.

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Era já o 4.º processo disciplinar de Aristides (1935, por declarações públicas; de novo em 1935, por irregularidades na contabilidade consular; em 1938, ausentou-se do seu posto na Bélgica e veio a Portugal sem autorização quer da Legação em Bruxelas quer de Lisboa; e ainda outro que foi instruído pelo Dr. Francisco António Correia).

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De 1937 a 1939, consta uma extensa lista de repreensões e censuras. Já em 1917 fora repreendido por se ausentar de Zanzibar.

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O Conselho Disciplinar do MNE propôs a pena de regresso à categoria anterior (cônsul de 2.ª classe), prevista no nº 9.º do artigo 6.º do Regulamento Disciplinar dos F. Civis.

O S. Geral (Teixeira de Sampaio) entendeu diferente. Salazar, dentro dos seus poderes, despachou a proposta do S. Geral (muito mais benigna).

Isto fez que Sousa Mendes morresse aguardando aposentação, recebendo, depois do ano de inactividade, o seu vencimento por inteiro, como se verifica da declaração que apresentou à Ordem dos Advogados em 25 de Abril de 1946 (1.595$30 por mês) num requerimento que então lhe dirigiu.


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Portugal, os Cônsules, e os Refugiados Judeus (1938-1941)

Texto de Avraham Milgram

(Tradução minha)





(...) Uma curta análise das listas e vistos passados por Aristides de Sousa Mendes aos Judeus e não-Judeus em Maio e Junho de 1040, mostra – sem diminuir a grandeza da sua atitude – que o número de vistos concedidos pelo cônsul era menor do que os que são mencionados pela literatura, levantando uma série de questões relativas a Portugal e à entrada de refugiados Judeus.

Foi provavelmente Harry Ezratty o primeiro a mencionar, num artigo publicado em 1964, que Aristides de Sousa Mendes tinha salvo 30,000 refugiados, dos quais 10,000 judeus, um número que desde então tem sido repetido automaticamente por jornalistas e académicos. Ou seja, Ezratty, imprudentemente, pegou no número total de judeus que passaram por Portugal e atribuiu-o ao trabalho de Aristides de Sousa Mendes. De acordo com a lista dos vistos emitidos no consulado de Bordéus, Aristides de Sousa Mendes passou 2,862 vistos entre 1 de Janeiro e 22 de Junho de 1940. A maioria, ou seja, 1,575 vistos, foram passados entre 11 e 22 de Junho, nos últimos dias da sua carreira consular em Bordéus. Nunca saberemos exactamente quantos vistos terá passado nos sub-postos de Bayonnne e na cidade de Hendaye, lugares por onde ele passou ao ser chamado a Lisboa por insubordinação; nestes lugares Aristides passou vistos sem o selo consular e apenas escritos à mão, e portanto não foram registados em lado nenhum.

Por forma a ter uma ideia do exagero no número de judeus que na realidade entraram em Portugal por um lado, e do número de judeus que se acredita terem entrado graças a Sousa Mendes por outro, basta citar que, no relatório do HICEM (organização judaica que ajudava os judeus a emigrar), 1,548 Judeus que vieram para Portugal como refugiados sem vistos para outros países, saíram de navio de Lisboa na segunda metade do ano 1940, e 4,908 Judeus, com a ajuda do HICEM, partiram durante 1941. A este número, devemos acrescentar aproximadamente 2,000 Judeus que vieram directamente de Itália, Alemanha, e de outros países anexados por alemães e possuidores de vistos americanos.



Os «30 mil refugiados» salvos por Aristides de Sousa Mendes

No total, em dezoito meses, de Julho de 1940 Dezembro de 1941, o HICEM tomou conta do transporte por navio de 8,346 Judeus que deixaram Lisboa para países de além-mar. Tudo indica que temos de acrescentar a estes números os Judeus que transitaram e deixaram Portugal pelos seus próprios meios. Mesmo assim, a discrepância entre a realidade e o número de vistos passados por Aristides de Sousa Mendes é grande. (...)


As contribuições para instituições de caridade (de Aristides)

(...) Outro episódio que irritou o MNE (Ministério dos Negócios Estrangeiros), e que finalmente levou Sousa Mendes a ser chamado de volta ao consulado geral, tem a sua origem num memorando enviado pela embaixada britânica em Lisboa ao MNE, queixando-se do comportamento do Cônsul português em Bordéus que pedia taxas extras aos cidadãos britânicos que pediam vistos: O Cônsul Português de Bordéus tem estado a adiar para depois das horas de serviço todos os pedidos de vistos e tem cobrado uma taxa especial; em pelos menos um caso, ao requerente foi também pedido que contribuísse para um fundo de caridade português antes do visto ser concedido. Memorando da Embaixada Britânica em Lisboa de 20 de Junho de 1940, AMNE RC M 779.

Em 1923, enquanto colocado em São Francisco (EUA), Aristides de Sousa Mendes teve um conflito com a comunidade portuguesa local sobre uma contribuição por ele pedida para uma instituição de caridade que os luso-americanos recusaram. O caso, que não chegou a ser reportado ao MNE, chegou à imprensa sob a forma de insultos e o MNE considerou-o um sério erro. (Afonso Rui, Injustiça, pp. 22-26).

Em Bordéus, não foi, portanto, a primeira vez que Aristides de Sousa Mendes se empenhou numa causa caritativa. (...)



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José Hermano Saraiva in Álbum de Memórias

[Leite Pinto] fala, a propósito, na operação de salvamento dos refugiados republicanos espanhóis e dos judeus que, no início da Segunda Guerra Mundial, se acumulavam na fronteira de Irún, na ânsia de salvar as vidas. Vieram embarcados nos vagões da Companhia dos Caminhos de Ferro da Beira Alta, que iam até Irún carregados de volfrâmio, e voltavam a Vilar Formoso carregados de fugitivos. A operação foi mantida rigorosamente secreta porque as autoridades espanholas não consentiriam. Segundo um protocolo firmado pelas autoridades ferroviárias dos dois países, os vagões deviam circular selados, quer à ida quer à vinda. Um dos que assim salvaram a vida foi o Barão de Rothschild. O embaixador Teixeira de Sampaio confirmou-me, mais tarde, esses factos.

O salvamento de 30.000 refugiados deu-se ao mesmo tempo que o cônsul de Portugal em Bordéus, em cumplicidade com dois funcionários da PIDE, falsificava algumas centenas de vistos, que vendia por bom preço a emigrantes com dinheiro. Um dos que utilizaram esta via supôs que todos os outros vieram do mesmo modo – e assim nasceu a versão, hoje oficialmente consagrada, de que a operação de salvamento se deve ao cônsul de Bordéus, Aristides de Sousa Mendes. Este, homem muito afecto ao Estado Novo, nem sequer foi demitido, mas sim colocado na situação de aguardar aposentação. Os seus cúmplices da PIDE foram julgados, condenados e demitidos.