segunda-feira, novembro 16, 2020

Reportagem “Os Negacionistas” da TVI: uma cilada hostil

 

Reportagem “Os Negacionistas” da TVI: uma cilada hostil

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Reportagem «Os negacionistas» na TVI

Ontem, a TVI dedicou a quase totalidade da sua programação nocturna a um ataque cerrado a todos os movimentos de cidadãos que possuem uma opinião divergente da narrativa oficial, sobretudo alguns dos grupos “pela Verdade“, nomeadamente os “Médicos pela Verdade” e “Jornalistas pela Verdade“.

Os 55 mil gostos da página “Médicos pela Verdade” devem estar a causar-lhes muito peso. São cada vez mais as pessoas que se unem num coro de revolta em relação à Ditadura Sanitária imposta.

Em primeiro lugar, gostaria de me dirigir aos membros desses grupos, pois parece-me, foram cometidos erros essenciais:

1- A Dra. Margarida ter sido “obrigada” a usar máscara na entrevista. Se está a defender a não utilização das mascaras, não poderia ceder a esta “regra” dos entrevistadores. Esse foi um ponto que só por si, poderia destruir toda a sua defesa. Um símbolo. Uma nódoa que funcionou de forma subliminar em toda a entrevista. O entrevistador chegou mesmo a confronta-la com isso.

2- O desejo de aparecer em veículos mais alargados de comunicação (Televisão) não pode permitir que tal aconteça a todo o custo. Já não basta jogar em terreno hostil como ainda por cima, com as suas regras? Não. Há limites. Na minha opinião, mais vale utilizar outros meios de comunicação do que se sujeitar a situações que só prejudicam.

média tradicional tem os dias contados. Deixemo-la cair de podre. A forma corrupta como se têm apresentado não é senão o estertor de morte de uma entidade moribunda. Explore-se e utilize-se novas formas de comunicação.

3- Não se pode permitir aparecer em entrevistas gravadas, porque já se sabe que as imagens serão manipuladas a bel-prazer. Retirar-se-ão informações do seu contexto, aproveitar-se-ão ângulos, trejeitos e expressões menos favoráveis, e terão tempo de sobra para contrastar as informações proferidas conforme se lhes apeteça, sem direito a resposta. Com este grau de desequilíbrio e distorção, até alguém que não possui quaisquer argumentos pode parecer vencedor.

Mas vencedor do quê? Não é suposto ao jornalismo apurar a verdade?

A posição marcadamente hostil da TVI relativamente às opiniões divergentes atesta a completa ausência de imparcialidade, condição essencial de quem aspira a apurar a verdade dos factos.

Mas a TVI não é um serviço de informação público. É uma máquina de propaganda que visa moldar e formatar opiniões.

4- É necessário que se esteja bem preparado. As evidências que atestam estarmos perante uma pandemia fraudulenta são esmagadoras. Mas é preciso que sejam minuciosamente preparadas e sempre facilmente acessíveis. Do lado da TVI, a única coisa que conseguem fazer é citar a DGS e OMS, dar voz a “especialistas” que não são mais do que testas-de-ferro do sistema e fazer alarde a alegadas “evidências científicas” das quais nunca apresentam referências. São muito fraquinhos e só armadilhando completamente o terreno conseguem aparentemente vingar o seu dogma.

O que se passou foi uma emboscada preparada pela TVI na qual caíram, de forma ingénua, os intervenientes, ansiosos que estavam por contribuir para uma melhoria da loucura na qual vivemos.

Não quero, no entanto, que se sintam mal por isso. Faz parte da batalha em curso. Há que perceber o grau de astúcia e malícia utilizado pelos promotores desta patranha. As cicatrizes tornam-nos mais fortes.

De seguida, apresento alguns “argumentos” utilizados pela TVI:

1 – Uso de Máscaras

Referências utilizadas pela TVI:

a) OMS: uma entidade repleta de conflitos de interesse, cujo principal financiador é a Fundação Bill & Melinda Gates e que já no passado forjou pandemias, como a da Gripe A, de 2009, que viria a revelar-se outro logro. [4]

b) Filipe Froes: o médico que tem mantido uma postura completamente incoerente e pautada pela desinformação ao longo de todos este processo. Nas fontes, leiam o artigo e vejam o vídeo onde ele referia que as máscaras não serviam para nada (Fonte: [1]).

– Na verdade, existe uma extensa bibliografia científica, inclusive RCTs (Random Control Trials) de elevada qualidade que concluíram que as máscaras não são eficazes na prevenção de doenças infecciosas respiratórias, e que são nocivas para a saúde. [3]

2 – Maioria da Comunidade Científica errada sobre o Coronavírus

Ouve-se muito, por parte dos defensores da narrativa oficial, fazer apelo à “comunidade científica internacional”, como se esta defendesse a existência de uma pandemia mortal. Mas no que se baseiam para fazer esta afirmação?

Na verdade, a comunidade científica internacional tem seguido gradualmente no sentido contrário: no que atesta estarmos a viver uma pandemia fraudulenta. Temos assistido à formação de vários movimentos, como os “Médicos pela Verdade” dos vários países, onde nalguns dos quais se tem atingido centenas de membros; ACU2020 (Comité de Investigação Corona Extra-Parlamentar[5], a Grande Declaração de Barrington [6], etc.

Relativamente à última, o repórter fez alusão ao facto da declaração ser bastante breve, não possuir referências científicas e ter sido assinada apenas por três pessoas, quando na verdade e apesar de algumas assinaturas não autenticadas (o que é passível de acontecer em qualquer sítio da internet), acumulou quase 12 mil cientistas e 35 mil médicos. Será que a TVI consegue equiparar estes números quando fala em “comunidade científica internacional”?

Nomes como John Ioannidis (epidemiólogo mais citado da actualidade), Michael Levitt (prémio nobel da Química), Knut WittkowskiBeda StadlerKarl FristonMartin KulldorffEitan FriedmanPaul McKeigueSunetra GuptaSucharit Bahkdi, todos epidemiólogos com carreiras notáveis nada dizem aos senhores da TVI?

Wolfgang WodargJoel KettnerYoram LassPietro VernazzaFrank Ulrich MontgomeryYanis RousselDavid KatzMichael T. OsterholmPeter GoetzscheHendrik StreeckCarl HeneghanAnders TegnellFrancois BallouxBeda StadlerKarin MöllingSiegwart BiglDoron LancetMatthias ThönsMichael TsokosDetlef Krüger, etc. [7]

E muitos muitos mais…

“Comunidade científica internacional”, diz a TVI… Certo!

3- Assintomáticos propagam

O que é um assintomático? Será alguém que realmente possui carga viral activa suficiente para infecção? Se assim fosse, porque é que o corpo não reagiria à infecção? Se não houver carga viral suficiente, quais as probabilidades de contágio? Será que há algumas? Um estudo sugere que apesar de poderem ser detectados ácidos nucleicos do vírus em amostras no tracto respiratório de assintomáticos, há menos oportunidade de transmissão do que em alguém sintomático, devido à ausência de forma de expelir o patógeno pela tosse ou espirro. [16]

Vários estudos têm descoberto imunidade prévia ao SARS-Cov-2 em boas franjas da população. [9][10][11][12] Um desses estudos, publicado na reputada revista BMJ, levanta algumas luzes sobre a imunidade cruzada. Segundo o estudo, quando uma população conta com pessoas com imunidade pré-existente, como parecem estar a indicar os estudos com células T, o limite de imunidade de grupo com base num R0 de 2,5 pode ser reduzido de 60% para 10% da população infectada. [13] Ora, 10% já foi publicado pela própria TVI (na altura, de forma desonesta e insidiosa [17]), como tendo sido o número de pessoas já “infectadas” pelo SARS-CoV-2.

Além disso, a prevalência da COVID-19 é muito, muito baixa (segundo dados oficiais tem andado entre os 0,03% e os 1%, mas mesmo estes números estão muito inflacionados porque dependem da testagem em massa pelo PCR). Segundo um estudo recente, o Limite de Prevalência para que fizesse minimamente sentido testar em massa para a COVID-19 é 9,3% [14], valor muito acima do real. Com estes níveis de prevalência, segundo o Teorema de Bayes, temos uma taxa de falsos positivos muitas vezes superior à de verdadeiros positivos. E temos toda uma pandemia de assintomáticos a ser alimentada por esta ignorância estatística.

Um estudo chinês que surgiu logo no início desta histeria colectiva dava conta de uma taxa de falsos positivos no PCR de 80%. O estudo foi de imediato abafado. A Ciência foi morta! Este tipo de estudos poderia ter cortado o “mal pela raiz”. [15]

Perante esta realidade, que relevância tem sequer a ideia rebuscada de que os assintomáticos possam propagar o vírus?

No entanto, há estudos que indicam precisamente que os assintomáticos não propagam o vírus SARS-CoV-2, como por exemplo um onde 455 pessoas que contactaram com assintomáticos, registaram 0 (Zero!) infecções. [16]

TVI, onde estão as referências dos estudos que provam que os assintomáticos propagam a doença? Gostaria de ver…

E ficaram-se por aqui os argumentos da TVI, que terminou a peça com um incentivo à purga dos hereges.

Conclusão

TVI vendeu uma imagem que incentiva ao ódio, classificando as pessoas dos movimentos “pela Verdade” como sendo de “má fé” e “má índole”. À reportagem, seguiram-se pelas redes sociais, de forma previsível, inúmeras manifestações de ódio contra esses movimentos.

Um acto declarado de Guerra, daquela que não passa de uma máquina de propaganda maciça.


Emanuel Monteiro e André Carvalho Ramos

O próprio repórter da TVI presente nesta reportagem, André Carvalho Ramos, foi acusado criminalmente de ter agredido física e verbalmente Emanuel Monteiro, também ele repórter da TVI, com quem mantinha uma relação amorosa. Algo que não se coaduna com a postura altiva que manteve na reportagem. [2]

TVI, assim como outros órgãos de comunicação social, estão a ficar cada vez mais expostos naquela que é a sua verdadeira actividade: MANIPULAR !

Cada vez mais olhos enxergam aquilo que são.

A verdade prevalecerá!

Fontes:

[1] «As crónicas sinuosas de Filipe Froes.» Paradigmas. 1 de Novembro de 2020.

[2] «Caso de violência doméstica entre jornalistas da TVI: “És uma pu** como a tua mãe.”» TV 7 Dias. 7 de Novembro de 2020.

[3] «As máscaras não são eficazes nem saudáveis – uma revisão da literatura.» Paradigmas. 9 de Setembro de 2020.

[4] «How is the World Health Organization funded?» World Economic Forum. 15 de Abril de 2020. (Pouco depois, os EUA deixaram de financiar a OMS)

[5] ACU2020

[6] Great Barrington Declaration

[7] «Weltweiter Widerstand.» Rubikon. 21 de Maio de 2020.

[9] Takuya Sekine et al. (2020). Robust T cell immunity in convalescent individuals with asymptomatic or mild COVID-19. bioRxiv. doi: 10.1016/j.cell.2020.08.017

[10] Alessandro Sette & Shane Crotty (2020). Pre-existing immunity to SARS-CoV-2: the knowns and unknowns. Nature Reviews Immunology volume 20, p. 457–458.

[11] «As máscaras não são eficazes nem saudáveis – uma revisão da literatura.» Paradigmas. 9 de Setembro de 2020.

[12] University of Arizona Health Sciences. SARS-CoV-2 antibodies provide lasting immunity. MedicalXpress. 13 de Outubro de 2020.

[13] Peter Doshi (2020). Covid-19: Do many people have pre-existing immunity? BMJ, 370. doi: https://doi.org/10.1136/bmj.m3563

[14] Jacques Balayla et al. (2020). Prevalence Threshold and Temporal Interpretation of Screening Tests: The Example of the SARS-CoV-2 (COVID-19) Pandemic. medRxiv. doi: https://doi.org/10.1101/2020.05.17.20104927

[15] Way Back Machine: Zhuang GH1, Shen MW, Zeng LX, Mi BB, Chen FY, Liu WJ, Pei LL, Qi X, Li C.(2020) [Potential false-positive rate among the ‘asymptomatic infected individuals’ in close contacts of COVID-19 patients] 5, 41 (4):485-488. doi: 10.3760/cma.j.cn112338-20200221-00144.

[16] Ming Gao, Lihui Yang, Xuefu Chen, Yiyu Deng, Shifang Yang, Hanyi Xu, Zixing Chen & Xinglin Gaoe (2020). A study on infectivity of asymptomatic SARS-CoV-2 carriers. Respir Med. 2020 Aug; 169: 106026. doi: 10.1016/j.rmed.2020.106026

[17] 10% da população mundial ter sido exposta ao SARS-CoV-2, não implica que 90% esteja vulnerável devido à forte imunidade específica e imunidade cruzada encontrada na população, conforme alguns estudos que citei neste artigo (poderá obter mais informação em: «População apresenta forte imunidade em relação ao SARS-CoV-2»). Trata-se de mais uma desonestidade e contra-informação, vulgo Fake News, por parte da TVI.

Link: «OMS estima que 90% da população mundial é vulnerável à COVID-19.» TVI. 5 de Outubro de 2020.


https://paradigmas.online/saude/covid-19/filipe-froes-sinuoso/


https://paradigmas.online/saude/covid-19/covid-19-estados-unidos/


https://paradigmas.online/saude/covid-19/covid-19-o-caso-do-brasil/




sábado, novembro 07, 2020

Médicos apontam falta de coerência nas mensagens das autoridades

 https://www.noticiasaominuto.com/pais/1622074/medicos-apontam-falta-de-coerencia-nas-mensagens-das-autoridades?fbclid=IwAR0gTucwaDM_4pQ4p659BMDq3pMrm3BGzeV_Qjq1k6IMUiD_k2kiwFmrv9U



Médicos ouvidos pela Lusa apontam falta de coerência e transparência à comunicação das autoridades de saúde e dos políticos com os cidadãos a propósito da pandemia da covid-19.



Para o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia, parte do problema é que se tem "confundido aquilo que é comunicação em saúde, comunicação de risco, com assessoria de imprensa".

"É fundamental percebermos que há um contexto de particular incerteza, sem certezas sobre muitas coisas, apesar de sabermos mais do que em março. Isso também tem que se comunicar e não é simples, implica ter pessoas mais treinadas para ser bem sucedido", defende.

Ricardo Mexia, um dos rostos da comunidade médica mais vistos na comunicação social desde o início da pandemia, considera que "tem havido alguma dificuldade em manter a coerência na comunicação".

"Nós não estamos a conseguir chegar às pessoas com informação simples e clara e que elas aprendam como sua", afirma, salientando o "papel chave" que os comportamentos individuais têm na maneira de enfrentar a pandemia.

Quanto às conferências de imprensa diárias, com participação da ministra da Saúde, dos seus secretários de Estado, da diretora-geral da Saúde ou de outras autoridades de saúde, "são isso mesmo, conferências de imprensa, não são comunicação com as pessoas".

"Há uma comunicação que é muito repetitiva dos números dos óbitos, dos meios, mas que depois, do ponto de vista prático, sobre aquilo que posso, enquanto cidadão fazer para reduzir o risco para mim e para os meus, não tem sido assim tão clara", aponta Ricardo Mexia.

Com o ênfase nos números diários e acumulados de mortes e casos, o cirurgião especialista em medicina de catástrofe Nelson Olim defende que há outros números que deviam ser destacados e interpretados: "morrer de covid é diferente de morrer com covid e pôr tudo no mesmo saco é algo que, de alguma forma, tira valor aos números".

"Quando se publica o número de mortos, não se diz quantas pessoas morreram devido à infeção por covid e quantas morreram por outras causas que também tinham covid. Nós sabemos que esse número está lá incluído e faz toda a diferença", afirma.

Além disso, "um teste positivo não significa um indivíduo doente", destaca Nelson Olim, questionando: "dos testes positivos quantas pessoas têm sintomas, na verdade?"

"Esses números existem e podiam ser transmitidos às pessoas e retirar um pouco do pânico e do medo que está instalado", defende o cirurgião especializado em medicina de catástrofe.

Em vez disso, argumenta, "adotou-se o discurso do medo, que é amplificado pelos meios de comunicação social".

"Todos os anos temos epidemias de gripe. Por exemplo, a época de gripe de 98/99 teve uma incidência de 800 casos por cada 100 mil habitantes. Na época de 88/89 houve cerca de 8.500 mortos no total. Vamos a 2014/2015 e estamos a falar de uma época com 5.500 mortos, 70 por cento dos quais acima dos 74 anos", elencou.

"Será que o cidadão comum percebe que morrem em Portugal mais de 300 pessoas todos os dias e que dessas, há uma determinada percentagem que todos os dias morre de causas respiratórias, independentemente de haver ou não covid-19?", questiona.

"Eu não nego que os números devam ser apresentados, têm é que ser postos em perspetiva. E isto não é minimizar de forma alguma aquilo que se passa. É dizer 'atenção, já tivemos épocas de gripe onde morreu o dobro das pessoas que morreram até agora com covid", acrescenta.

Outra vertente do que considera o "discurso do medo" tem a ver com os avisos sobre os serviços de saúde à beira da rutura.

"É a primeira vez? Claro que não. Elas estão sempre em rutura, principalmente nas épocas de outono-inverno. Quem trabalha no hospital de São José vê mais de 100 macas no corredor da urgência. Quem trabalha em São Francisco Xavier lembra-se de não haver sequer cadeiras para os doentes que vão ser internados, que tinham que estar sentados no chão", afirma.

"E esta decisão de parar a atividade programada nos hospitais é condenar muitos milhares de doentes a desfechos muito piores do que aquilo que as medidas deviam estar a combater. O que conta são as mortes por covid e são essas que temos que evitar. Não me parece que isto seja uma estratégia adequada e isto tem que ser explicado, porque é que umas mortes valem mais do que outras", advoga Nelson Olim, que acaba por reconhecer que a comunicação tem eficácia.

"As pessoas tendem a seguir as instruções que recebem sem as questionar. Agora se se está a criar o ambiente e a ideia corretas, é outra questão", afirma, salientando que "a componente policial e da fiscalização" são determinantes.

Ricardo Mexia considera que tem havido "uma adoção significativa das medidas", apesar de mensagens contraditórias que deviam ter sido mais bem explicadas.

"Há fatores complicados de comunicar. Porque é que podem ir 30 mil pessoas ver uma corrida de carros mas não podem ir mais do que 50 a um casamento. Se eu não explicar o fundamento técnico, é difícil as pessoas tomarem essas medidas para si", considera.

No que toca às feiras, primeiro proibidas quando o Governo anunciou as mais recentes medidas restritivas e depois alvo de recuo da decisão, "algo que no sábado era verdade, na terça-feira já não era", refere ainda.

Ricardo Mexia defende que há nuances que se podem introduzir que são úteis para reduzir o risco: por exemplo, membros da mesma família que moram em casas diferentes podem encontrar-se, conviver, mas podem evitar partilhar uma refeição, momento em que tiram as máscaras e ficam mais expostos a eventuais contágios.

"Deviam-se separar as decisões técnicas das decisões políticas. Ambas são legítimas, tem é que haver clareza sobre o que cada uma é e cada um assume as suas responsabilidades", defende Ricardo Mexia.

Nelson Olim considera que "há um contexto político" que acaba por valer mais do que critérios técnicos para fundamentar decisões.

"É isto que os governos fazem, é salvaguardar a sua posição, dizer 'nós fizemos alguma coisa, avisámos, demos todas as indicações possíveis e, se algo correr mal, não é culpa nossa'", afirma, acrescentando que "há coisas que têm que ser explicadas e deviam ser mais transparentes".

"Acho que não deviam tomar os cidadãos por alguém que não tem competência para questionar e compreender", afirma.

Para o médico, que foi consultor da Organização Mundial de Saúde e responsável pela coordenação da aplicação móvel WHO Academy, destinada aos profissionais de saúde, as medidas de restrição de movimentos e os confinamentos totais ou parciais são apenas "um jogo de escondidas com o vírus".

"A verdade é que não há nenhuma estratégia para exterminar o vírus. Podemos retardar a transmissão mas no final, o número de casos provavelmente vai ser igual, independentemente do que se faça. Esta é a dura realidade, que é difícil de transmitir às pessoas, porque, eventualmente, não há sequer coragem para o fazer", afirma.

Nelson Olim acrescenta que "do ponto de vista político, seria difícil neste momento alterar a narrativa e começar a dizer que nos enganámos, ninguém vai dizer isso, especialmente depois do impacto económico que se verificou".

"Vai ser muito difícil reconhecer que, de facto, se calhar há outras estratégias que poderiam ter sido mais bem sucedidas", refere o cirurgião, acrescentando que "qualquer pessoa que tente ir contra o discurso corrente é imediatamente apelidada de negacionista, ou que está a desvalorizar a situação ou que é uma pessoa sem escrúpulos e na verdade não se importa com a saúde pública".