26 de junho de 2005
O novo presidente iraniano critica EUA e diz que quer Irão poderoso e moderno
No seu primeiro discurso após vencer as eleições para a Presidência do Irão, Mahmoud Ahmadinejad prometeu transformar o Irão num símbolo e exemplo para os países muçulmanos de como se deve exercer a democracia.
Segundo Ahmadinejad, os iranianos colocaram em "xeque-mate" seus inimigos, termo com o qual designa frequentemente os Estados Unidos.
"Na rude guerra psicológica que actualmente se trava, o Irão colocou em xeque-mate os seus inimigos pela sua ampla participação eleitoral", declarou o actual presidente da Câmara de Teerão na televisão pública. "Desta forma, o Irão desbaratou todas as efabulações imaginadas contra o país no mundo", acrescentou.
O Guia Supremo do Irão, o aiatola Ali Khamenei, reforçou as palavras de Ahmadinejad ao afirmar que os iranianos "humilharam profundamente" os Estados Unidos com a "transparência de sua democracia", manifestada durante a eleição presidencial.
"Apesar de seus discursos, o vosso inimigo foi profundamente humilhado pela vossa grandeza e a transparência de vossa democracia", declarou o número um iraniano numa mensagem lida na televisão estatal.
"Vocês mostraram todos vossos recursos de solidez e poderio contra as políticas expansionistas da arrogante potência", disse após a vitória de Ahmadinejad.
A porta-voz do Departamento de Estado, Joanne Moore, disse que o resultado não muda a visão dos EUA sobre o Irão. "Continuamos a achar que o Irão está fora de sintonia com os países da região na luta por liberdade", declarou Moore.
Analistas políticos esperam que Ahmadinejad faça mudanças amplas na gestão da indústria estatal de petróleo após repetidos comentários durante a campanha nos quais ele acusou as "máfias poderosas" de monopolizar a receita do petróleo.
"Cortarei as mãos das máfias que dominam o nosso petróleo. Apostarei a minha vida nisso... As pessoas precisam de ver nas suas vidas a sua parte na riqueza do petróleo", disse ele durante a campanha.
**********************
Eleiçoes nos Estados Unidos - Novembro de 2004
Timothy BANCROFT-HINCHEY – - Voto electrónico e máquinas viciadas
De acordo com as máquinas, no Condado de Hernando, não houve votos registados. Facto estranho num condado que vota a favor dos democratas e onde muitas pessoas foram votar.
No Ohio, 14,6% dos votos foram obtidos através de máquinas de voto electrónico, susceptíveis de manipulação fraudulenta. Os Republicanos tinham tentado, com sucesso, impedir que houvesse um registo de papel ligado a estas máquinas, resultando no facto de que nunca se pode verificar como foi registado qualquer voto.
Sem registo de papel, as muitas pessoas que disseram que votaram em Kerry mas que a máquina registou Bush, não têm fundamento nenhum para apresentarem uma reclamação.
Na Florida, que há quatro anos votou a favor dos Democratas, registou-se um aumento no voto a favor de Bush em 128% nestas máquinas, em alguns lugares foi de 400% e em Liberty County, 700%. E Kerry diminuiu 21%, em média, num estado democrata.
Ohio, por exemplo, comprou as suas máquinas electrónicas à Diebold Corporation, cujo Presidente executivo, Wally O’Dell, é Republicano, angariador de fundos para a campanha de Bush e prometeu “ajudar o Ohio a entregar os seus votos ao Presidente”.
Porque será que o facto de Bush ganhar mais uma vez por fraude eleitoral não surpreende ninguém? Será por ele e o seu regime terem passado quatro anos a mentir? Mas por que razão é que o John Kerry (o candidato democrata) desistiu tão facilmente, quando estes abusos estavam a ser cometidos? Não sabia? Não foi informado?
Será que há algo mais sinistro? Será por exemplo que há uma entidade neo-conservadora supra-partidária nos Estados Unidos da América, controlada e orquestrada pela clique de elites corporativas (Cheney), uma corporação cinzenta que dita a política externa e interna de Washington sem que ninguém realmente perceba quem ou o que é?
Comentário:
Retórica à parte, os percursos e objectivos políticos de Bush e Ahmadinejad são, de facto, curiosamente semelhantes:
- Ambos são fundamentalistas radicais.
- Ambos querem o poder político do Irão (directo, ou por interpostos fantoches).
- Ambos querem o domínio do petróleo iraniano.
- Ambos foram eleitos presidentes dos respectivos países. Ahmadinejad com o apoio dos aiatolas e Bush com o apoio de máquinas electrónicas viciadas. Não sei o que é que será mais repugnante!
O objectivo supremo da propaganda é conseguir que milhões de pessoas forjem entusiasticamente as grilhetas da sua própria servidão [Emil Maier-Dorn].
quinta-feira, junho 30, 2005
quarta-feira, junho 29, 2005
Alugar ou comprar?
No artigo anterior, um anónimo trouxe esta informação, que, seguramente, merece um espaço próprio neste Blog:
Diário de Notícias - Quarta, 29 de Junho de 2005
Ministro aluga carro por 75 mil euros
O ministro Silva Pereira
O ministro Campos e Cunha
Os ministros da Presidência do Conselho de Ministros, Pedro Silva Pereira e das Finanças, Luís Campos e Cunha assinaram em conjunto uma portaria que autoriza o aluguer de uma viatura durante quatro anos para utilização do Executivo, com custos que ascendem a mais de 75 mil euros (ou, seja, 15 mil contos em moeda antiga).
A portaria conjunta, com o número 557, foi publicada ontem na 1ª Série do Diário da República, e tem assinatura de 1 de Junho passado. Não especificando nem a necessidade premente que leva ao aluguer da viatura nem qual será o gabinete governamental que a vai utilizar, apenas diz que "os encargos serão inscritos no orçamento do gabinete que vier a utilizá-la".De acordo com o documento, os encargos anuais não poderão exceder os 18746 euros este ano, 19731 por cada um dos três anos seguintes 2006, 2007 e 2008), e 624 no último ano, 2009. A portaria lembra que a ideia inicial veio do ex-ministro Nuno Morais Sarmento, mas que o negócio não foi concluído por "o processo de recolha de assinaturas" não ter ficado fechado. Agora, Campos e Cunha e Pedro Silva Pereira deram luz verde para que "a secretaria-geral da Presidência do Conselho de Ministros" celebre um contrato "com a Europcar Fleet Services de aluguer operacional de viaturas com a duração de 48 meses".
Comentário:
Os nossos ministros, na precipitação compreensível de quem acabou de chegar ao poder, vão alugar, por quatro anos, um automóvel pelo qual nós vamos pagar 75.000 Euros (15.000 contos).
Ora, por 62.474 € os nossos ministros teriam comprado, a pronto, um bonito BMW Z4 3.0i com jantes de liga leve e faróis de nevoeiro, e nós teríamos poupado 12.500 Euros, que poderíamos, por exemplo, aplicar em medicamentos ou outros bens essenciais.
O belo BMW Z4 3.0i
Sinto que existem nesta história três grupos de pessoas com três funções distintas:
Grupo 1 – Morais Sarmento, Silva Pereira, Campos e Cunha e outros que tais.
Grupo 2 - Os accionistas e administradores da Europcar Fleet Services.
Grupo 3 – Os portugueses que pagam os impostos que lhes são devidos.
Função 1 – Idiotas
Função 2 – Oportunistas
Função 3 - Ladrões
O problema é saber qual grupo é que desempenha que função!
Diário de Notícias - Quarta, 29 de Junho de 2005
Ministro aluga carro por 75 mil euros
O ministro Silva Pereira
O ministro Campos e Cunha
Os ministros da Presidência do Conselho de Ministros, Pedro Silva Pereira e das Finanças, Luís Campos e Cunha assinaram em conjunto uma portaria que autoriza o aluguer de uma viatura durante quatro anos para utilização do Executivo, com custos que ascendem a mais de 75 mil euros (ou, seja, 15 mil contos em moeda antiga).
A portaria conjunta, com o número 557, foi publicada ontem na 1ª Série do Diário da República, e tem assinatura de 1 de Junho passado. Não especificando nem a necessidade premente que leva ao aluguer da viatura nem qual será o gabinete governamental que a vai utilizar, apenas diz que "os encargos serão inscritos no orçamento do gabinete que vier a utilizá-la".De acordo com o documento, os encargos anuais não poderão exceder os 18746 euros este ano, 19731 por cada um dos três anos seguintes 2006, 2007 e 2008), e 624 no último ano, 2009. A portaria lembra que a ideia inicial veio do ex-ministro Nuno Morais Sarmento, mas que o negócio não foi concluído por "o processo de recolha de assinaturas" não ter ficado fechado. Agora, Campos e Cunha e Pedro Silva Pereira deram luz verde para que "a secretaria-geral da Presidência do Conselho de Ministros" celebre um contrato "com a Europcar Fleet Services de aluguer operacional de viaturas com a duração de 48 meses".
Comentário:
Os nossos ministros, na precipitação compreensível de quem acabou de chegar ao poder, vão alugar, por quatro anos, um automóvel pelo qual nós vamos pagar 75.000 Euros (15.000 contos).
Ora, por 62.474 € os nossos ministros teriam comprado, a pronto, um bonito BMW Z4 3.0i com jantes de liga leve e faróis de nevoeiro, e nós teríamos poupado 12.500 Euros, que poderíamos, por exemplo, aplicar em medicamentos ou outros bens essenciais.
O belo BMW Z4 3.0i
Sinto que existem nesta história três grupos de pessoas com três funções distintas:
Grupo 1 – Morais Sarmento, Silva Pereira, Campos e Cunha e outros que tais.
Grupo 2 - Os accionistas e administradores da Europcar Fleet Services.
Grupo 3 – Os portugueses que pagam os impostos que lhes são devidos.
Função 1 – Idiotas
Função 2 – Oportunistas
Função 3 - Ladrões
O problema é saber qual grupo é que desempenha que função!
terça-feira, junho 28, 2005
Fondos comunitarios, ejecutivos y Ferraris
DESARROLLO (desenvolvimento) - PORTUGAL
Lejos (longe) de Europa - Mario de Queiroz
LISBOA, 21 sep (IPS - Inter. Press Service)
(…)
¿Dónde fueron a parar los fondos comunitarios?, es la pregunta insistente en debates televisados y en columnas de opinión de los principales periódicos del país. La respuesta más frecuente es que el dinero engordó la billetera de quienes ya tenían más.
Los números indican que Portugal es el país de la UE con mayor desigualdad social y con los salarios mínimos y medios más bajos del bloque, al menos hasta el 1 de mayo, cuando éste se amplió de 15 a 25 naciones.
También es el país del bloque en el que los administradores de empresas públicas tienen los sueldos más altos.
El argumento más frecuente de los ejecutivos indica que ”el mercado decide los salarios”. Consultado por IPS, el ex ministro de Obras Públicas (1995-2002) y actual diputado socialista João Cravinho desmintió esta teoría. ”Son los propios administradores quienes fijan sus salarios, cargando las culpas al mercado”, dijo.
En las empresas privadas con participación estatal o en las estatales con accionistas minoritarios privados, ”los ejecutivos fijan sus sueldos astronómicos (algunos llegan a los 90.000 dólares mensuales, incluyendo bonos y regalías) con la complicidad de los accionistas de referencia”, explicó Cravinho.
Estos mismos grandes accionistas, ”son a la vez altos ejecutivos, y todo este sistema, en el fondo, es en desmedro del pequeño accionista, que ve como una gruesa tajada de los lucros va a parar a cuentas bancarias de los directivos”, lamentó el ex ministro.
La crisis económica que estancó el crecimiento portugués en los últimos dos años ”está siendo pagada por las clases menos favorecidas”, dijo.
Esta situación de desigualdad aflora cada día con los ejemplos más variados. El último es el de la crisis del sector automotriz.
Los comerciantes se quejan de una caída de casi 20 por ciento en las ventas de automóviles de baja cilindrada, con precios de entre 15.000 y 20.000 dólares.
Pero los representantes de marcas de lujo como Ferrari, Porsche, Lamborghini, Maserati y Lotus (vehículos que valen más de 200.000 dólares), lamentan no dar abasto a todos los pedidos, ante un aumento de 36 por ciento en la demanda.
Estudios sobre la tradicional industria textil lusa, que fue una de las más modernas y de más calidad del mundo, demuestran su estancamiento, pues sus empresarios no realizaron los necesarios ajustes para actualizarla. Pero la zona norte donde se concentra el sector textil, tiene más autos Ferrari por metro cuadrado que Italia.
Un ejecutivo español de la informática, Javier Felipe, dijo a IPS que según su experiencia con empresarios portugueses, éstos ”están más interesados en la imagen que proyectan que en el resultado de su trabajo”.
Para muchos ”es más importante el automóvil que conducen, el tipo de tarjeta de crédito que pueden lucir al pagar una cuenta o el modelo del teléfono celular, que la eficiencia de su gestión”, dijo Felipe, aclarando que hay excepciones.
”Todo esto va modelando una mentalidad que, a fin de cuentas, afecta al desarrollo de un país”, opinó.
La evasión fiscal impune es otro aspecto que ha castrado inversiones del sector público con potenciales efectos positivos en la superación de la crisis económica y el desempleo, que este año llegó a 7,3 por ciento de la población económicamente activa.
Los únicos contribuyentes a cabalidad de las arcas del Estado son los trabajadores contratados, que descuentan en la fuente laboral. En los últimos dos años, el gobierno decidió cargar la mano fiscal sobre esas cabezas, manteniendo situaciones ”obscenas” y ”escandalosas”, según el economista y comentarista de televisión Antonio Pérez Metello.
”En lugar de anunciar progresos en la recuperación de los impuestos de aquellos que continúan riéndose en la cara del fisco, el gobierno (conservador) decide sacar una tajada aun mayor de esos que ya pagan lo que es debido, y deja incólume la nebulosa de los fugitivos fiscales, sin coherencia ideológica, sin visión de futuro”, criticó Metello.
La prueba está explicada en una columna de opinión de José Vitor Malheiros, aparecida este martes en el diario Público de Lisboa, que fustiga la falta de honestidad en la declaración de impuestos de los llamados profesionales liberales.
Según esos documentos entregados al fisco, médicos y dentistas declararon ingresos anuales promedio de 17.680 euros (21.750 dólares), los abogados de 10.864 (13.365 dólares), los arquitectos de 9.277 (11.410 dólares) y los ingenieros de 8.382 (10.310 dólares).
Estos números indican que por cada seis euros que pagan al fisco, ”le roban nueve a la comunidad”, pues estos profesionales no dependientes deberían contribuir con 15 por ciento del total del impuesto al ingreso por trabajo singular y sólo tributan seis por ciento, dijo Malheiros.
Con la devolución de impuestos al cerrar un ejercicio fiscal, éstos ”roban más de lo que pagan, como si un carnicero nos vendiese 400 gramos de bife y nos hiciese pagar un kilogramo, y existen 180.000 de estos profesionales liberales que, en promedio, nos roban 600 gramos por kilo”, comentó con sarcasmo.
Si un país ”permite que un profesional liberal con dos casas y dos automóviles de lujo declare ingresos de 600 euros (738 dólares) por mes, año tras año, sin ser cuestionado en lo más mínimo por el fisco, y encima recibe un subsidio del Estado para ayudar a pagar el colegio privado de sus hijos, significa que el sistema no tiene ninguna moralidad”, sentenció. (FIN/2004).
Comentário:
Mierda, para esto!
Lejos (longe) de Europa - Mario de Queiroz
LISBOA, 21 sep (IPS - Inter. Press Service)
(…)
¿Dónde fueron a parar los fondos comunitarios?, es la pregunta insistente en debates televisados y en columnas de opinión de los principales periódicos del país. La respuesta más frecuente es que el dinero engordó la billetera de quienes ya tenían más.
Los números indican que Portugal es el país de la UE con mayor desigualdad social y con los salarios mínimos y medios más bajos del bloque, al menos hasta el 1 de mayo, cuando éste se amplió de 15 a 25 naciones.
También es el país del bloque en el que los administradores de empresas públicas tienen los sueldos más altos.
El argumento más frecuente de los ejecutivos indica que ”el mercado decide los salarios”. Consultado por IPS, el ex ministro de Obras Públicas (1995-2002) y actual diputado socialista João Cravinho desmintió esta teoría. ”Son los propios administradores quienes fijan sus salarios, cargando las culpas al mercado”, dijo.
En las empresas privadas con participación estatal o en las estatales con accionistas minoritarios privados, ”los ejecutivos fijan sus sueldos astronómicos (algunos llegan a los 90.000 dólares mensuales, incluyendo bonos y regalías) con la complicidad de los accionistas de referencia”, explicó Cravinho.
Estos mismos grandes accionistas, ”son a la vez altos ejecutivos, y todo este sistema, en el fondo, es en desmedro del pequeño accionista, que ve como una gruesa tajada de los lucros va a parar a cuentas bancarias de los directivos”, lamentó el ex ministro.
La crisis económica que estancó el crecimiento portugués en los últimos dos años ”está siendo pagada por las clases menos favorecidas”, dijo.
Esta situación de desigualdad aflora cada día con los ejemplos más variados. El último es el de la crisis del sector automotriz.
Los comerciantes se quejan de una caída de casi 20 por ciento en las ventas de automóviles de baja cilindrada, con precios de entre 15.000 y 20.000 dólares.
Pero los representantes de marcas de lujo como Ferrari, Porsche, Lamborghini, Maserati y Lotus (vehículos que valen más de 200.000 dólares), lamentan no dar abasto a todos los pedidos, ante un aumento de 36 por ciento en la demanda.
Estudios sobre la tradicional industria textil lusa, que fue una de las más modernas y de más calidad del mundo, demuestran su estancamiento, pues sus empresarios no realizaron los necesarios ajustes para actualizarla. Pero la zona norte donde se concentra el sector textil, tiene más autos Ferrari por metro cuadrado que Italia.
Un ejecutivo español de la informática, Javier Felipe, dijo a IPS que según su experiencia con empresarios portugueses, éstos ”están más interesados en la imagen que proyectan que en el resultado de su trabajo”.
Para muchos ”es más importante el automóvil que conducen, el tipo de tarjeta de crédito que pueden lucir al pagar una cuenta o el modelo del teléfono celular, que la eficiencia de su gestión”, dijo Felipe, aclarando que hay excepciones.
”Todo esto va modelando una mentalidad que, a fin de cuentas, afecta al desarrollo de un país”, opinó.
La evasión fiscal impune es otro aspecto que ha castrado inversiones del sector público con potenciales efectos positivos en la superación de la crisis económica y el desempleo, que este año llegó a 7,3 por ciento de la población económicamente activa.
Los únicos contribuyentes a cabalidad de las arcas del Estado son los trabajadores contratados, que descuentan en la fuente laboral. En los últimos dos años, el gobierno decidió cargar la mano fiscal sobre esas cabezas, manteniendo situaciones ”obscenas” y ”escandalosas”, según el economista y comentarista de televisión Antonio Pérez Metello.
”En lugar de anunciar progresos en la recuperación de los impuestos de aquellos que continúan riéndose en la cara del fisco, el gobierno (conservador) decide sacar una tajada aun mayor de esos que ya pagan lo que es debido, y deja incólume la nebulosa de los fugitivos fiscales, sin coherencia ideológica, sin visión de futuro”, criticó Metello.
La prueba está explicada en una columna de opinión de José Vitor Malheiros, aparecida este martes en el diario Público de Lisboa, que fustiga la falta de honestidad en la declaración de impuestos de los llamados profesionales liberales.
Según esos documentos entregados al fisco, médicos y dentistas declararon ingresos anuales promedio de 17.680 euros (21.750 dólares), los abogados de 10.864 (13.365 dólares), los arquitectos de 9.277 (11.410 dólares) y los ingenieros de 8.382 (10.310 dólares).
Estos números indican que por cada seis euros que pagan al fisco, ”le roban nueve a la comunidad”, pues estos profesionales no dependientes deberían contribuir con 15 por ciento del total del impuesto al ingreso por trabajo singular y sólo tributan seis por ciento, dijo Malheiros.
Con la devolución de impuestos al cerrar un ejercicio fiscal, éstos ”roban más de lo que pagan, como si un carnicero nos vendiese 400 gramos de bife y nos hiciese pagar un kilogramo, y existen 180.000 de estos profesionales liberales que, en promedio, nos roban 600 gramos por kilo”, comentó con sarcasmo.
Si un país ”permite que un profesional liberal con dos casas y dos automóviles de lujo declare ingresos de 600 euros (738 dólares) por mes, año tras año, sin ser cuestionado en lo más mínimo por el fisco, y encima recibe un subsidio del Estado para ayudar a pagar el colegio privado de sus hijos, significa que el sistema no tiene ninguna moralidad”, sentenció. (FIN/2004).
Comentário:
Mierda, para esto!
segunda-feira, junho 27, 2005
Jekyll and Hide
Globo Online 27 de Junho de 2005
Rumsfeld diz que insurgência iraquiana pode durar mais de 10 anos
Bagdad - Os Estados Unidos não vão derrotar os rebeldes iraquianos, mas abrir caminho para que o governo do próprio país o faça e isso pode levar uma década ou mais, afirmou o secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, num aparente volte face das expectativas de Washington em relação à guerra.
As declarações foram feitas neste domingo, dia em que os iraquianos viveram um novo banho de sangue, com três ataques suicidas na cidade de Mossul, no Norte do país, em que mais de 30 pessoas morreram. Muitas das vítimas eram oficiais de polícia. As novas forças de segurança do Iraque, treinadas pelos EUA, são alvo preferencial da revolta atribuída a árabes sunitas apoiados por extremistas islâmicos estrangeiros, contra o governo liderado pelos xiitas e a presença das tropas da coligação.
- Essa insurgência pode prosseguir por vários anos - disse Rumsfeld em entrevista a uma emissora de TV dos EUA. – As insurgências tendem a durar cinco, seis, oito, 10, 12 anos. As forças estrangeiras não vão reprimir essa insurgência. Vamos criar um ambiente para que o povo iraquiano e as forças de segurança iraquianas derrotem essa insurgência.
Rumsfeld afirmou, ainda, que os ataques rebeldes estão a tornar-se mais letais.
No domingo, num intervalo de poucas horas, um carro-bomba explodiu num quartel de polícia matando 12 pessoas, um ataque a uma base do Exército iraquiano matou 16 e um homem-bomba matou cinco policiais iraquianos ao entrar no principal hospital de Mossul. A última explosão atingiu a enfermaria onde estavam sendo tratados feridos dos primeiros atentados. Em Bagdad, seis policiais morreram vítimas de mais um homem-bomba, que se aproximou quando eles se recolhiam à base.
A Organização da Al-Qaeda para a Guerra Santa no Iraque assumiu a autoria do atentado.
Na revista Visão de 30-12-2004 um artigo refere que: “Em comparação com a eficiência demonstrada para depor Saddam, o falhanço em cumprir as promessas de segurança e desenvolvimento económico é mal interpretado. A população iraquiana desenvolveu uma visão paranóica da presença americana. «Uma teoria particularmente prevalecente vê a própria oposição armada como uma criação dos EUA para justificar uma presença militar indefinida», diz o relatório ICG. O próprio Al-Zarqawi, líder local da Al-Qaeda, é tido por muitos iraquianos – incluindo pelos mais cultos e viajados – «como uma fabricação estrangeira». Al-Zarqawi é tido como um político made in Washington.”
E Nick Possum a 1 de Junho de 2005 escreveu acerca de Zarqawi:
Há muito tempo atrás existiu um verdadeiro al-Zarqawi. Ninguém sabe exactamente o que é que lhe aconteceu, mas em determinada altura antes da invasão do Iraque ele desapareceu do mundo real e entrou no admirável mundo das operações secretas (black operations) tornando-se um símbolo do mal e o rei do disfarce. Hoje em dia esconde-se no complexo da CIA em Langley na Virgínia, numa cave da zona verde em Bagdade, num escritório no Kuwait ... ou talvez simultaneamente em todas. Estarão os rapazes das “black operations” que determinam o papel de al-Zarqawi a divertir-se?
Comentário:
A confirmar-se a tese de que são os serviços secretos americanos que estão por detrás da Al-Qaeda, de Zarqawi e da insurgência iraquiana, fazem todo o sentido as prudentes palavras do secretário da defesa Rumsfeld ao asseverar que a luta contra os insurrectos poderá durar dez anos ou mais. Quem, melhor que ele, que dirige os “dois lados da barricada”, está mais abalizado para afiançar tal coisa?
Sofrendo do síndroma «Jekyll and Hide», Rumsfeld é, durante umas horas, o simpático secretário da defesa que afirma: “vamos criar um ambiente para que o povo iraquiano e as forças de segurança iraquianas derrotem essa insurgência”.
Transformado, porém, no sinistro Hide, Rumsfeld assegura que as insurgências tendem a durar cinco, seis, oito, 10, 12 anos. que os Estados Unidos não vão reprimir essa insurgência e que vão deixar essa tarefa para os iraquianos.
Para quando um tratamento para este tipo de demência?
Rumsfeld diz que insurgência iraquiana pode durar mais de 10 anos
Bagdad - Os Estados Unidos não vão derrotar os rebeldes iraquianos, mas abrir caminho para que o governo do próprio país o faça e isso pode levar uma década ou mais, afirmou o secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, num aparente volte face das expectativas de Washington em relação à guerra.
As declarações foram feitas neste domingo, dia em que os iraquianos viveram um novo banho de sangue, com três ataques suicidas na cidade de Mossul, no Norte do país, em que mais de 30 pessoas morreram. Muitas das vítimas eram oficiais de polícia. As novas forças de segurança do Iraque, treinadas pelos EUA, são alvo preferencial da revolta atribuída a árabes sunitas apoiados por extremistas islâmicos estrangeiros, contra o governo liderado pelos xiitas e a presença das tropas da coligação.
- Essa insurgência pode prosseguir por vários anos - disse Rumsfeld em entrevista a uma emissora de TV dos EUA. – As insurgências tendem a durar cinco, seis, oito, 10, 12 anos. As forças estrangeiras não vão reprimir essa insurgência. Vamos criar um ambiente para que o povo iraquiano e as forças de segurança iraquianas derrotem essa insurgência.
Rumsfeld afirmou, ainda, que os ataques rebeldes estão a tornar-se mais letais.
No domingo, num intervalo de poucas horas, um carro-bomba explodiu num quartel de polícia matando 12 pessoas, um ataque a uma base do Exército iraquiano matou 16 e um homem-bomba matou cinco policiais iraquianos ao entrar no principal hospital de Mossul. A última explosão atingiu a enfermaria onde estavam sendo tratados feridos dos primeiros atentados. Em Bagdad, seis policiais morreram vítimas de mais um homem-bomba, que se aproximou quando eles se recolhiam à base.
A Organização da Al-Qaeda para a Guerra Santa no Iraque assumiu a autoria do atentado.
Na revista Visão de 30-12-2004 um artigo refere que: “Em comparação com a eficiência demonstrada para depor Saddam, o falhanço em cumprir as promessas de segurança e desenvolvimento económico é mal interpretado. A população iraquiana desenvolveu uma visão paranóica da presença americana. «Uma teoria particularmente prevalecente vê a própria oposição armada como uma criação dos EUA para justificar uma presença militar indefinida», diz o relatório ICG. O próprio Al-Zarqawi, líder local da Al-Qaeda, é tido por muitos iraquianos – incluindo pelos mais cultos e viajados – «como uma fabricação estrangeira». Al-Zarqawi é tido como um político made in Washington.”
E Nick Possum a 1 de Junho de 2005 escreveu acerca de Zarqawi:
Há muito tempo atrás existiu um verdadeiro al-Zarqawi. Ninguém sabe exactamente o que é que lhe aconteceu, mas em determinada altura antes da invasão do Iraque ele desapareceu do mundo real e entrou no admirável mundo das operações secretas (black operations) tornando-se um símbolo do mal e o rei do disfarce. Hoje em dia esconde-se no complexo da CIA em Langley na Virgínia, numa cave da zona verde em Bagdade, num escritório no Kuwait ... ou talvez simultaneamente em todas. Estarão os rapazes das “black operations” que determinam o papel de al-Zarqawi a divertir-se?
Comentário:
A confirmar-se a tese de que são os serviços secretos americanos que estão por detrás da Al-Qaeda, de Zarqawi e da insurgência iraquiana, fazem todo o sentido as prudentes palavras do secretário da defesa Rumsfeld ao asseverar que a luta contra os insurrectos poderá durar dez anos ou mais. Quem, melhor que ele, que dirige os “dois lados da barricada”, está mais abalizado para afiançar tal coisa?
Sofrendo do síndroma «Jekyll and Hide», Rumsfeld é, durante umas horas, o simpático secretário da defesa que afirma: “vamos criar um ambiente para que o povo iraquiano e as forças de segurança iraquianas derrotem essa insurgência”.
Transformado, porém, no sinistro Hide, Rumsfeld assegura que as insurgências tendem a durar cinco, seis, oito, 10, 12 anos. que os Estados Unidos não vão reprimir essa insurgência e que vão deixar essa tarefa para os iraquianos.
Para quando um tratamento para este tipo de demência?
sexta-feira, junho 24, 2005
O eterno problema das reformas
James Petras (Antigo professor de sociologia na Binghamton University, Nova York.)
Os EUA recusaram-se a extraditar Luís Posada Carriles, terrorista confesso, para a Venezuela a fim de enfrentar o julgamento pelos explosivos postos num avião civil de carreira, os quais mataram os 73 ocupantes.
Muitos escritores e críticos têm escrito acerca da hipocrisia do regime Bush, que proclama uma guerra contra terroristas à escala mundial e aqueles que os protegem e simultaneamente abriga e protege um terrorista com longo cadastro como o Posada.
As implicações de os EUA proporcionaram um abrigo seguro para um terrorista como Posada vão muito além da questão da hipocrisia e do próprio Posada. O que está em causa é muito mais básico: um sistema de poder, redes de terror, políticas estratégicas e as estruturas profundas que informam e sustentam o império americano.
Posada era e é apenas um de uma longa série de terroristas que foram ou são agentes instrumentais das campanhas de desestabilização americanas. Miami está cheia de ex-Contras da Nicarágua, ex-paramilitares líderes de esquadrões da morte do Haiti, Colômbia, Vietname e El Salvador.
Hoje terroristas chechenos, que foram responsáveis pelo assassínio de 323 alunos e professores na Rússia, estão a viver com estipêndios americanos em Cambridge, Massachusetts. Estes terroristas são parte de um sistema de poder. Eles trabalham para os numerosos aparelho de polícia secreta americanos no exterior (CIA, DEA, DIA, NSC, SEAL, etc), os quais se empenham em assassínios e sabotagens para fomentar os interesses imperiais americanos.
(...)
Posada, o terrorista confesso, não é uma "má memória". Ele é um lembrete hoje de que a tortura em Abu-Ghraib, Guantanamo e nas dúzias de centros de tortura por todo o mundo são parte de uma rede de terror americana à escala mundial. A rede de terror opera com milhares de agentes no Iraque, Afeganistão, Kosovo, Colômbia, Chechénia e em muitos outros lugares.
Ao garantir asilo a Posada, o Departamento de Estado está a proporcionar-lhe impunidade. É uma mensagem destinada a todos os seus colaboradores, quer sejam bombistas em Bagdad, assassinos curdos, ou senhores da guerra afegãos. Os que assassinam para o império, podem seguramente emigrar para os EUA. Aqui estará sempre um santuário de impunidade e uma gorda pensão de aposentadoria.
Comentário:
Não posso discordar mais de James Petras, o autor deste artigo.
Luís Posada Carriles, um funcionário público norte-americano desde há largos anos (em 1957 já mantinha contactos com o FBI e em 1961 vinculou-se por ordens da CIA às organizações que se preparavam para a invasão a Playa Girón), tem, aos 77 anos de idade, todo o direito a um santuário de impunidade e uma gorda reforma.
Senão, o que dizer do nosso “rigoroso” Ministro da Finanças, Luís Campos e Cunha, defensor da reforma aos 65 anos, e que se aposentou aos 49 anos, com 1500 contos por mês, apenas por 6 anos de trabalho no Banco de Portugal!
E diz Sócrates que se trata de uma campanha de “assassínio de carácter” do Ministro das Finanças!
Se fosse Posada Carriles a tratar do caso, não era apenas o carácter do Ministro a pagar as favas. Todo o frazino invólucro de Campos e Cunha seria aniquilado!
Os EUA recusaram-se a extraditar Luís Posada Carriles, terrorista confesso, para a Venezuela a fim de enfrentar o julgamento pelos explosivos postos num avião civil de carreira, os quais mataram os 73 ocupantes.
Muitos escritores e críticos têm escrito acerca da hipocrisia do regime Bush, que proclama uma guerra contra terroristas à escala mundial e aqueles que os protegem e simultaneamente abriga e protege um terrorista com longo cadastro como o Posada.
As implicações de os EUA proporcionaram um abrigo seguro para um terrorista como Posada vão muito além da questão da hipocrisia e do próprio Posada. O que está em causa é muito mais básico: um sistema de poder, redes de terror, políticas estratégicas e as estruturas profundas que informam e sustentam o império americano.
Posada era e é apenas um de uma longa série de terroristas que foram ou são agentes instrumentais das campanhas de desestabilização americanas. Miami está cheia de ex-Contras da Nicarágua, ex-paramilitares líderes de esquadrões da morte do Haiti, Colômbia, Vietname e El Salvador.
Hoje terroristas chechenos, que foram responsáveis pelo assassínio de 323 alunos e professores na Rússia, estão a viver com estipêndios americanos em Cambridge, Massachusetts. Estes terroristas são parte de um sistema de poder. Eles trabalham para os numerosos aparelho de polícia secreta americanos no exterior (CIA, DEA, DIA, NSC, SEAL, etc), os quais se empenham em assassínios e sabotagens para fomentar os interesses imperiais americanos.
(...)
Posada, o terrorista confesso, não é uma "má memória". Ele é um lembrete hoje de que a tortura em Abu-Ghraib, Guantanamo e nas dúzias de centros de tortura por todo o mundo são parte de uma rede de terror americana à escala mundial. A rede de terror opera com milhares de agentes no Iraque, Afeganistão, Kosovo, Colômbia, Chechénia e em muitos outros lugares.
Ao garantir asilo a Posada, o Departamento de Estado está a proporcionar-lhe impunidade. É uma mensagem destinada a todos os seus colaboradores, quer sejam bombistas em Bagdad, assassinos curdos, ou senhores da guerra afegãos. Os que assassinam para o império, podem seguramente emigrar para os EUA. Aqui estará sempre um santuário de impunidade e uma gorda pensão de aposentadoria.
Comentário:
Não posso discordar mais de James Petras, o autor deste artigo.
Luís Posada Carriles, um funcionário público norte-americano desde há largos anos (em 1957 já mantinha contactos com o FBI e em 1961 vinculou-se por ordens da CIA às organizações que se preparavam para a invasão a Playa Girón), tem, aos 77 anos de idade, todo o direito a um santuário de impunidade e uma gorda reforma.
Senão, o que dizer do nosso “rigoroso” Ministro da Finanças, Luís Campos e Cunha, defensor da reforma aos 65 anos, e que se aposentou aos 49 anos, com 1500 contos por mês, apenas por 6 anos de trabalho no Banco de Portugal!
E diz Sócrates que se trata de uma campanha de “assassínio de carácter” do Ministro das Finanças!
Se fosse Posada Carriles a tratar do caso, não era apenas o carácter do Ministro a pagar as favas. Todo o frazino invólucro de Campos e Cunha seria aniquilado!
quinta-feira, junho 23, 2005
O Brasil é um Mundo e o Mundo um Brasil
A pobreza da riqueza - Cristovam Buarque
Em nenhum outro país os ricos demonstraram mais ostentação que no Brasil. Apesar disso, os brasileiros ricos são pobres. São pobres porque compram sofisticados automóveis importados, com todos os exagerados equipamentos da modernidade, mas ficam horas engarrafados ao lado dos ônibus de subúrbio. E, às vezes, são assaltados, sequestrados ou mortos nos sinais de trânsito. Presenteiam belos carros a seus filhos e não voltam a dormir tranquilos enquanto eles não chegam em casa. Pagam fortunas para construir modernas mansões, desenhadas por arquitectos de renome, e são obrigados a escondê-las atrás de muralhas, como se vivessem nos tempos dos castelos medievais, dependendo de guardas que se revezam em turnos.
Os ricos brasileiros usufruem privadamente tudo o que a riqueza lhes oferece, mas vivem encalacrados na pobreza social. Na sexta-feira, saem de noite para jantar em restaurantes tão caros que os ricos da Europa não conseguiriam frequentar, mas perdem o apetite diante da pobreza que ali por perto arregala os olhos pedindo um pouco de pão; ou são obrigados a restaurantes fechados, cercados e protegidos por policiais privados. Quando terminam de comer escondidos, são obrigados a tomar o carro à porta, trazido por um motorista, sem o prazer de caminhar pela rua, ir a um cinema ou teatro, depois continuar até um bar para conversar sobre o que viram. Mesmo assim, não é raro que o pobre rico seja assaltado antes de terminar o jantar, ou depois, na estrada a caminho de casa. Felizmente isso nem sempre acontece, mas certamente, a viagem é um susto durante todo o caminho. E, às vezes, o sobressalto continua, mesmo dentro de casa.
Os ricos brasileiros são pobres de tanto medo. Por mais riquezas que acumulem no presente, são pobres na falta de segurança para usufruir o património no futuro. E vivem no susto permanente diante das incertezas em que os filhos crescerão. Os ricos brasileiros continuam pobres de tanto gastar dinheiro apenas para corrigir os desacertos criados pela desigualdade que suas riquezas provocam: em insegurança e ineficiência.
No lugar de usufruir tudo aquilo com que gastam, uma parte considerável do dinheiro nada adquire, serve apenas para evitar perdas. Por causa da pobreza ao redor, os brasileiros ricos vivem um paradoxo: para ficarem mais ricos têm de perder dinheiro, gastando cada vez mais apenas para se proteger da realidade hostil e ineficiente.
Quando viajam ao exterior, os ricos sabem que no hotel onde se hospedarão serão vistos como assassinos de crianças na Candelária, destruidores da Floresta Amazónica, usurpadores da maior concentração de riqueza do planeta, portadores de malária, de dengue e de verminoses. São ricos empobrecidos pela vergonha que sentem ao serem vistos pelos olhos estrangeiros.
Na verdade, a maior pobreza dos ricos brasileiros está na incapacidade de verem a riqueza que há nos pobres. Foi esta pobreza de visão que impediu os ricos brasileiros de perceberem, cem anos atrás, a riqueza que havia nos braços dos escravos libertos se lhes fosse dado direito de trabalhar a imensa quantidade de terra ociosa de que o país dispunha. Se tivesse percebido essa riqueza e libertado a terra junto com os escravos, os ricos brasileiros teriam abolido a pobreza que os acompanha ao longo de mais de um século. Se os latifúndios tivessem sido colocados à disposição dos braços dos ex-escravos, a riqueza criada teria chegado aos ricos de hoje, que viveriam em cidades sem o peso da imigração descontrolada e com uma população sem miséria.
A pobreza de visão dos ricos impediu também de verem a riqueza que há na cabeça de um povo educado. Ao longo de toda a nossa história, os nossos ricos abandonaram a educação do povo, desviaram os recursos para criar a riqueza que seria só deles, e ficaram pobres: contratam trabalhadores com baixa produtividade, investem em modernos equipamentos e não encontram quem os saiba manejar, vivem rodeados de compatriotas que não sabem ler o mundo ao redor, não sabem mudar o mundo, não sabem construir um novo país que beneficie a todos. Muito mais ricos seriam os ricos se vivessem em uma sociedade onde todos fossem educados.
Para poderem usar os seus caros automóveis, os ricos construíram viadutos com dinheiro de colocar água e esgoto nas cidades, achando que, ao comprar água mineral, se protegiam das doenças dos pobres. Esqueceram-se de que precisam desses pobres e não podem contar com eles todos os dias e com toda saúde, porque eles (os pobres) vivem sem água e sem esgoto. Montam modernos hospitais, mas tem dificuldades em evitar infecções porque os pobres trazem de casa os germes que os contaminam. Com a pobreza de achar que poderiam ficar ricos sozinhos, construíram um país doente e vivem no meio da doença.
Há um grave quadro de pobreza entre os ricos brasileiros. E esta pobreza é tão grave que a maior parte deles não percebe. Por isso a pobreza de espírito tem sido o maior inspirador das decisões governamentais das pobres ricas elites brasileiras.
Se percebessem a riqueza potencial que há nos braços e nos cérebros dos pobres, os ricos brasileiros poderiam reorientar o modelo de desenvolvimento em direcção aos interesses de nossas massas populares. Liberariam a terra para os trabalhadores rurais, realizariam um programa de construção de casas e implantação de redes de água e esgoto, contratariam centenas de milhares de professores e colocariam o povo para produzir para o próprio povo. Esta seria uma decisão que enriqueceria o Brasil inteiro - os pobres que sairiam da pobreza e os ricos que sairiam da vergonha, da insegurança e da insensatez.
Mas isso é esperar demais. Os ricos são tão pobres que não percebem a triste pobreza em que usufruem suas malditas riquezas
Comentário:
Não é só no Brasil que a coisa está feia Cristovam Buarque.
Bessis (1995) fala do significativo aumento da pobreza na Europa, entre 1975 e 1992, e do desenvolvimento do conceito de exclusão social. A exclusão social, em países “desenvolvidos”, associa-se a problemas económicos e sociais que afectam populações urbanas, anteriormente providas de condições de vida adequadas.
Em 1996 (Le Monde – 7-8 Abril) o secretário de estado norte-americano para o Trabalho, Robert Reich, afirmava: “Os Estados Unidos continuam a tolerar uma grande disparidade nos rendimentos – a maior de todos os países industrializados – coisa sem dúvida intolerável na maior parte dos países da Europa Ocidental”.
Nos idos de 70, outro Buarque , de nome Chico, referindo-se ao seu Brasil, entoava:
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
Pelo contrário, Chico! Esta Terra (planeta ) é que vai tornar-se um imenso Brasil. Rápida e inexoravelmente.
quarta-feira, junho 22, 2005
John Bolton o diplomata «neocon»
John Bolton
PortugalDiario 20 de Junho de 2005
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, assegurou hoje em Washington que sentira a do presidente norte-americano, George W. Bush, "compreensão" sobre a crise na Europa e não "regozijo".
"Posso garantir-vos que não percebi qualquer sentimento de regozijo, muito pelo contrário, um sentimento de compreensão", declarou Barroso aos jornalistas, no final da cimeira anual entre os Estados Unidos e a UE que teve lugar em Washington.
"O presidente norte-americano queria conhecer, compreender na medida do possível, o que se passou na Europa", acrescentou.
Segundo ele, os Estados Unidos compreenderam "que também é do seu interesse ter uma Europa estável, forte. Porque, apesar de tudo, não há melhor parceiro para os americanos do que a Europa quando se trata de problemas globais".
O presidente da Comissão Europeia disse ter comparado junto do presidente norte-americano a crise na Europa com as dificuldades da administração Bush em obter a nomeação de John Bolton para o cargo de embaixador dos Estados Unidos na ONU, bloqueada pela oposição democrata, estando o cargo vago há meses.
"O processo de decisão nos nossos sistemas, que às vezes são complexos, não é fácil", reconheceu Barroso.
"Eu próprio disse ao presidente: “Veja, há quantos meses tenta nomear o seu embaixador nos Estados Unidos”?", contou Barroso.
Bush pediu hoje que o Senado vote sobre John Bolton como embaixador da ONU e evitou responder claramente à possibilidade de poder ultrapassar a Câmara e nomeá-lo de forma temporária.
"É altura de o Senado votar sobre ele", exortou o presidente, durante a conferência de imprensa conjunta depois da cimeira com líderes europeus, em que evitou falar sobre aquela possibilidade, avançada domingo pela sua secretária de Estado, Condoleezza Rice.
Mas quem é na realidade John Bolton?
Bolton, activo membro dos "neoconservadores", grupo republicano ultra-radical, defendeu sistematicamente posições de confronto com instituições multilaterais e tratados internacionais, entre eles o Tribunal Penal Internacional.
Em relação às Nações Unidas, Bolton, nos últimos anos, desqualificou a legitimidade da ONU como fórum com regras criadas pela comunidade internacional para garantir a paz e a segurança colectiva. Em discurso público em 1994, Bolton declarou que "as Nações Unidas não existem" e que "se o prédio do Secretariado da ONU em Nova Iorque perdesse dez andares não faria a menor diferença". Defendeu a suspensão da contribuição dos EUA à instituição e foi um dos que formularam a posição neoconservadora da supremacia militar dos EUA em relação à Carta das Nações Unidas, que os "neocons" consideram ultrapassada.
Referindo-se à menção do secretário-geral Kofi Annan às Nações Unidas como "a única fonte de legitimidade no uso da força", Bolton afirmou: "Se os EUA permitirem que essa afirmativa prevaleça, a liberdade para o uso da força para defender o interesse nacional norte-americano será provavelmente inibida no futuro."
Na defesa dessa visão, Bolton mostrou ser um defensor intransigente da Doutrina de Segurança Nacional dos EUA, redigida por Condoleezza Rice, como conselheira de Segurança Nacional, que defende a filosofia da "paz através da força nas relações internacionais", com ataques preventivos e mudança de regime em países que ameacem a segurança nacional norte-americana.
Comentário:
O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, disse ter comparado junto do presidente norte-americano a crise na Europa com as dificuldades da administração Bush em obter a nomeação de John Bolton para o cargo de embaixador dos Estados Unidos na ONU, bloqueada pela oposição democrata.
Os paralelismos parecem-me, igualmente, óbvios:
1 - Obter a nomeação de um neoconservador fundamentalista para embaixador dos EUA na ONU, equivale, no fundo, à aprovação de uma nova constituição para a Europa.
2 - A teimosia do «não» francês e holandês, equipara-se, naturalmente, à birra da oposição democrata americana.
3 - E, no que respeita à relação com Bush, o bajular crónico de Blair, corresponde, na prática, ao sabujar persistente de Durão.
terça-feira, junho 21, 2005
Porter Goss, a CIA e bin Laden
19 de Junho de 2005
Director da CIA acredita saber onde Bin Laden está — Time
WASHINGTON (Reuters) - O director da CIA Porter Goss disse que tem uma "excelente" ideia do sítio onde Osama bin Laden está escondido, mas que o líder da Al-Qaeda não será levado à Justiça até que pontos fracos dos esforços no combate ao terrorismo sejam reforçados, informou a revista Time neste domingo.
Na sua primeira entrevista desde que se tornou chefe da CIA, no ano passado, Goss também disse à revista que a insurgência no Iraque não estava acabada, mas que se aproximava disso.
O director não disse onde acreditava que Bin Laden estivesse, mas especialistas da área de inteligência já afirmaram que ele provavelmente se encontra na região fronteiriça do Paquistão e Afeganistão.
Ele citou dificuldades em "lidar com refúgios em países soberanos", mas disse que "temos que encontrar um modo de trabalhar num mundo convencional de formas não convencionais que sejam aceitas pela comunidade internacional".
Segundo ele, a Al-Qaeda poderia atacar novamente os Estados Unidos. "Certamente a vontade é muito grande. Estamos tentando estar à frente da capacidade deles", disse.
Michel Chossudovsky
O papel da CIA
A componente mais poderosa da Campanha de Medo e Desinformação (FDI) pertence à CIA, a qual secretamente subsidia autores, jornalistas e medias críticos por intermédio de uma teia de fundações privadas e organizações de frente patrocinadas pela CIA.
A desinformação é rotineiramente "plantada" pelos operacionais da CIA nas redacções do principais diários, revistas e canais de TV. Firmas de relações públicas externas são frequentemente utilizadas para criar "falsas histórias". Isso foi cuidadosamente documentado por Chaim Kupferbert em relação aos acontecimentos do 11 de Setembro: "Alguns, poucos, correspondentes bem conectados forneciam os 'furos de reportagem', que obtinham cobertura nos media principais, onde os parâmetros de debate são ajustados e a "realidade oficial" é consagrada pelos fornecedores de notícias".
Iniciativas de desinformação encoberta, sob os auspícios da CIA, também são canalizadas através de vários "procuradores" (proxies) de informações noutros países. Desde o 11 de Setembro elas resultaram numa disseminação diária de informação falsa referente a alegados "ataques terroristas". Em virtualmente todos os casos relatados (na Grã Bretanha, França, Indonésia, Índia, Filipinas, etc.) dizem que os "supostos grupos terroristas" têm "ligações à Al-Qaeda de Osama bin Laden", sem naturalmente admitir o facto (amplamente documentado por relatórios de inteligência e documentos oficiais) que a Al-Qaeda é uma criação da CIA.
Comentário:
Ao ler estes dois artigos fico sem saber o que pensar do director da CIA, Porter Goss:
- Ou se trata de um excelente profissional e, como qualquer chefe de uma organização de espionagem que se preze, faz afirmações dúbias, presta declarações ambíguas, insinua meias verdades e alvitra pareceres obscuros, no sentido proteger os seus subordinados, guardar as suas fontes e defender a imagem da agência.
- Ou então, é apenas um zé-ninguém, que nada percebe de espionagem, que não conhece os cantos à casa, que não tem o respeito dos seus subalternos, e que nem sequer sabe que a Al-Qaeda é uma secção da CIA e que Osama bin Laden é um respeitado funcionário a quem faltam poucos anos para a reforma.
Porter, besta, bestial ou uma besta bestial? Talvez nunca o venhamos a saber!
Director da CIA acredita saber onde Bin Laden está — Time
WASHINGTON (Reuters) - O director da CIA Porter Goss disse que tem uma "excelente" ideia do sítio onde Osama bin Laden está escondido, mas que o líder da Al-Qaeda não será levado à Justiça até que pontos fracos dos esforços no combate ao terrorismo sejam reforçados, informou a revista Time neste domingo.
Na sua primeira entrevista desde que se tornou chefe da CIA, no ano passado, Goss também disse à revista que a insurgência no Iraque não estava acabada, mas que se aproximava disso.
O director não disse onde acreditava que Bin Laden estivesse, mas especialistas da área de inteligência já afirmaram que ele provavelmente se encontra na região fronteiriça do Paquistão e Afeganistão.
Ele citou dificuldades em "lidar com refúgios em países soberanos", mas disse que "temos que encontrar um modo de trabalhar num mundo convencional de formas não convencionais que sejam aceitas pela comunidade internacional".
Segundo ele, a Al-Qaeda poderia atacar novamente os Estados Unidos. "Certamente a vontade é muito grande. Estamos tentando estar à frente da capacidade deles", disse.
Michel Chossudovsky
O papel da CIA
A componente mais poderosa da Campanha de Medo e Desinformação (FDI) pertence à CIA, a qual secretamente subsidia autores, jornalistas e medias críticos por intermédio de uma teia de fundações privadas e organizações de frente patrocinadas pela CIA.
A desinformação é rotineiramente "plantada" pelos operacionais da CIA nas redacções do principais diários, revistas e canais de TV. Firmas de relações públicas externas são frequentemente utilizadas para criar "falsas histórias". Isso foi cuidadosamente documentado por Chaim Kupferbert em relação aos acontecimentos do 11 de Setembro: "Alguns, poucos, correspondentes bem conectados forneciam os 'furos de reportagem', que obtinham cobertura nos media principais, onde os parâmetros de debate são ajustados e a "realidade oficial" é consagrada pelos fornecedores de notícias".
Iniciativas de desinformação encoberta, sob os auspícios da CIA, também são canalizadas através de vários "procuradores" (proxies) de informações noutros países. Desde o 11 de Setembro elas resultaram numa disseminação diária de informação falsa referente a alegados "ataques terroristas". Em virtualmente todos os casos relatados (na Grã Bretanha, França, Indonésia, Índia, Filipinas, etc.) dizem que os "supostos grupos terroristas" têm "ligações à Al-Qaeda de Osama bin Laden", sem naturalmente admitir o facto (amplamente documentado por relatórios de inteligência e documentos oficiais) que a Al-Qaeda é uma criação da CIA.
Comentário:
Ao ler estes dois artigos fico sem saber o que pensar do director da CIA, Porter Goss:
- Ou se trata de um excelente profissional e, como qualquer chefe de uma organização de espionagem que se preze, faz afirmações dúbias, presta declarações ambíguas, insinua meias verdades e alvitra pareceres obscuros, no sentido proteger os seus subordinados, guardar as suas fontes e defender a imagem da agência.
- Ou então, é apenas um zé-ninguém, que nada percebe de espionagem, que não conhece os cantos à casa, que não tem o respeito dos seus subalternos, e que nem sequer sabe que a Al-Qaeda é uma secção da CIA e que Osama bin Laden é um respeitado funcionário a quem faltam poucos anos para a reforma.
Porter, besta, bestial ou uma besta bestial? Talvez nunca o venhamos a saber!
segunda-feira, junho 20, 2005
Juízes apertam o cinto
TVI – 4 de Junho de 2005
Os juízes do Tribunal Constitucional têm agora novos carros e a factura, bem gorda, foi paga com dinheiros públicos. Foi o antigo presidente do Tribunal Constitucional quem decidiu substituir a frota do Peugeot 406 HDI. O negócio foi concretizado através da central de compras do Estado.
Para satisfazer o estatuto deste órgão de soberania, foram comprados 13 modernos BMW de alta cilindrada. Com esta aquisição substitui-se a frota antiga na estrada desde 1998. No total, gastaram-se 484 mil euros nos novos carros.
O juiz presidente, Artur Maurício, teve direito a um BMW 730. Ao vice-presidente do Tribunal Constitucional foi-lhe atribuído o 530 D e aos restantes onze juízes foi entregue a série 3 da mesma versão.
O Tribunal Constitucional tem autonomia administrativa e financeira. É financiado através do orçamento de Estado, mas também pelas receitas próprias, conseguidas através das taxas processuais.
Comentário:
Dada a alta cilindrada destes automóveis, bem como as elevadas velocidades que podem atingir, sugere-se que os juízes do Tribunal Constitucional apertem bem o cinto quando se fazem à estrada, no corajoso combate diário à iniquidade e à injustiça.
Quanto aos injustiçados deste país, devem prestar mais atenção nas passadeiras, não vá acontecer serem atropelados por uma magistratura mais célere.
Os juízes do Tribunal Constitucional têm agora novos carros e a factura, bem gorda, foi paga com dinheiros públicos. Foi o antigo presidente do Tribunal Constitucional quem decidiu substituir a frota do Peugeot 406 HDI. O negócio foi concretizado através da central de compras do Estado.
Para satisfazer o estatuto deste órgão de soberania, foram comprados 13 modernos BMW de alta cilindrada. Com esta aquisição substitui-se a frota antiga na estrada desde 1998. No total, gastaram-se 484 mil euros nos novos carros.
O juiz presidente, Artur Maurício, teve direito a um BMW 730. Ao vice-presidente do Tribunal Constitucional foi-lhe atribuído o 530 D e aos restantes onze juízes foi entregue a série 3 da mesma versão.
O Tribunal Constitucional tem autonomia administrativa e financeira. É financiado através do orçamento de Estado, mas também pelas receitas próprias, conseguidas através das taxas processuais.
Comentário:
Dada a alta cilindrada destes automóveis, bem como as elevadas velocidades que podem atingir, sugere-se que os juízes do Tribunal Constitucional apertem bem o cinto quando se fazem à estrada, no corajoso combate diário à iniquidade e à injustiça.
Quanto aos injustiçados deste país, devem prestar mais atenção nas passadeiras, não vá acontecer serem atropelados por uma magistratura mais célere.
Rice de ca(bi)dela pode dar amargos de boca
15 de Junho de 2005
Os Estados Unidos interditam o Paquistão de escolher os seus parceiros económicos
Os Estados Unidos ameaçaram o Paquistão de severas sanções económicas se o projecto de um pipeline Irão-Paquistão-Índia, pensado desde 1994, for tornado reakidade. Este projecto deveria permitir o fornecimento à Índia de gás iraniano e de selar a reaproximação entre Nova Deli e Islamabad, sessenta anos depois da partição do Império das Índias.
Entretanto, Washington não se interessa com os interesses autóctones e só se preocupa com os seus próprios objectivos estratégicos: explorar os hidrocarbonetos do Cáspio e isolar o Irão e a Rússia. Como resultado, a secretária de estado Condoleezza Rice (ex-administradora da Chevron-Texaco), chamou à ordem o seu homólogo paquistanês, Mahmood Kasuri. Ela lembrou-lhe que a Casa Branca considera prioritário o projecto UNOCAL, um pipeline que passa pelo Afeganistão.
Em 2001, os Estados Unidos e o Reino Unido usaram o pretexto do 11 do Setembro para invadir o Afeganistão e colocar lá um quadro da UNOCAL, Hamid Karzai, donde o primeiro acto oficial foi o de assinar um tratado para a construção do pipeline.
Comentário:
Condoleezza Rice avisou o seu homólogo paquistanês, Mahmood Kasuri, de que se o projecto do pipeline Irão-Paquistão-Índia for para a frente, ela dá-lhe o arroz. E o apelido da madama não deixa grande margem para dúvidas! O sorriso amarelo de Mahmood é prova disso.
Os Estados Unidos interditam o Paquistão de escolher os seus parceiros económicos
Os Estados Unidos ameaçaram o Paquistão de severas sanções económicas se o projecto de um pipeline Irão-Paquistão-Índia, pensado desde 1994, for tornado reakidade. Este projecto deveria permitir o fornecimento à Índia de gás iraniano e de selar a reaproximação entre Nova Deli e Islamabad, sessenta anos depois da partição do Império das Índias.
Entretanto, Washington não se interessa com os interesses autóctones e só se preocupa com os seus próprios objectivos estratégicos: explorar os hidrocarbonetos do Cáspio e isolar o Irão e a Rússia. Como resultado, a secretária de estado Condoleezza Rice (ex-administradora da Chevron-Texaco), chamou à ordem o seu homólogo paquistanês, Mahmood Kasuri. Ela lembrou-lhe que a Casa Branca considera prioritário o projecto UNOCAL, um pipeline que passa pelo Afeganistão.
Em 2001, os Estados Unidos e o Reino Unido usaram o pretexto do 11 do Setembro para invadir o Afeganistão e colocar lá um quadro da UNOCAL, Hamid Karzai, donde o primeiro acto oficial foi o de assinar um tratado para a construção do pipeline.
Comentário:
Condoleezza Rice avisou o seu homólogo paquistanês, Mahmood Kasuri, de que se o projecto do pipeline Irão-Paquistão-Índia for para a frente, ela dá-lhe o arroz. E o apelido da madama não deixa grande margem para dúvidas! O sorriso amarelo de Mahmood é prova disso.
sábado, junho 18, 2005
No Iraque, sob a canícula de Junho, os dias arrastam-se mortalmente iguais
Cronologia, só de Junho de 2005, do holocausto iraquiano.
17 de junho
11h48 » Aviões dos EUA lançam bombas de 200 quilos no Iraque
06h20 » Ataque com carro-bomba no Iraque faz um morto e dez feridos
06h17 » Soldados iniciam operação contra rebeldes em Al-Qaim
16 de junho
11h47 » Ataques fazem 11 mortos no Iraque
08h43 » Juiz iraquiano é assassinado por supostos insurgentes em Mossul
15 de Junho
07h12 » Pelo menos 43 morrem em atentados no Iraque
14 de Junho
10h00 » Explosões em Kirkuk e Baquba matam pelo menos 25 pessoas
13 de Junho
13h22 » Ataques no Iraque matam 16 pessoas
11h28 » Explosão de carro-bomba em Bagdad faz pelo menos oito feridos
07h00 » Ataque suicida mata dois polícias em Tikrit
12 de Junho
16h51 » Ataque no Iraque faz dois mortos e 13 feridos
12h45 » Corpos de 26 pessoas baleadas são encontradas em Bagdad
11 de Junho
17h52 » Pelo menos 40 rebeldes morrem num ataque das forças americanas
14h07 » Explosão em cemitério de Najaf faz dois mortos e três feridos
14h04 » Seis pessoas morrem em ataques a norte de Bagdad
10h22 » Suicida explode carro-bomba e fere 4 em Bagdad
09h33 » Atentados fazem pelo menos 10 mortos e 19 feridos no Iraque
07h36 » Ataque contra mini-autocarros mata onze civis iraquianos
05h24 » Atentado mata pelo menos cinco iraquianos no oeste do Iraque
04h04 » Três atentados matam pelo menos 21 pessoas em Bagdad
10 de Junho
11h32 » Ataque a mesquita xiita mata dois e fere três em Bagdad
07h10 » Iraque: 4 são mortos e 16 corpos são encontrados
09 de Junho
06h25 » Dez rebeldes morrem em confronto com tropas dos EUA e iraquianas
06h19 » Seis rebeldes morrem após explosão de carro-bomba no Iraque
06h06 » Insurgentes matam 2 camionistas e sequestram outros 4 no Iraque
08 de Junho
15h02 » Novos ataques no Iraque matam 14 pessoas
07 de Junho
07h03 » Pelo menos sete mortos em bombardeio aéreo EUA no oeste do Iraque
05h28 » Carros-bomba matam quatro soldados e dois civis no Iraque
04h18 » Atentados suicidas matam pelo menos 19 no Iraque
06 de Junho
06h30 » Explosões matam um soldado e fazem sete feridos em Tikrit
05 de Junho
09h32 » Egípcio com nacionalidade americana é assassinado em Bagdad
04 de Junho
06h50 » Encontrados sete cadáveres no norte do Iraque
04h46 » Carros-bomba matam três pessoas no Iraque
03 de Junho
12h06 » Carro-bomba em Tikrit fere pelo menos dez pessoas
05h43 » Atentado suicida faz 10 mortos no Iraque
02 de Junho
13h25 » Ataques suicidas matam 24 e ferem dezenas no Iraque
02h28 » Três atentados matam 18 pessoas no Iraque
01 de Junho
13h41 » Bomba mata três crianças em casa em Bagdad
10h33 » Ataque com carro-bomba faz 15 feridos em Bagdad
sexta-feira, junho 17, 2005
Djalmão e Zubaydah
Numa favela brasileira, dois homens entram num barraco arrastando um cara pelos braços. Lá dentro, o Djalmão, um negão enorme, limpa as unhas com um facão.
- Djalmão, o chefe mandou você comer o cu desse cara aí, que é para ele aprender a não se meter a valente com o nosso pessoal.
- Pode deixar ele aí no cantinho que eu cuido dele daqui a pouco.
Quando o pessoal sai, o rapaz diz:
- Ô Djalmão, faz isso comigo não, depois de enrabado minha vida vai acabar, o que vão falar de mim... etc. etc.
- Cala a boca e fica quieto aí!
Pouco depois, entram mais dois homens arrastando outro cara:
- Esse aqui o chefe mandou você cortar as duas mãos e furar os olhos... é para ele aprender a não tocar no dinheiro do gang.
- Deixa ele aí que eu já resolvo.
Daí a pouco chega outro pobre coitado:
- Djalmão, esse o chefe quer que você corte o bilau e a língua para ele não se meter com mais nenhuma mulher da favela!
- Já resolvo isso. Bota ele ali no cantinho junto com os outros.
Nisso, o primeiro cara que chegou arrastado diz em voz baixa:
- Seu Djalmão, com todo respeito, só pró senhor não se confundir: o do cu sou eu, tá?
Mas, o mundo é pequeno, e as anedotas, adaptadas às especificidades de cada país, repetem-se um pouco por todo o lado. De seguida, a versão portuguesa, ouvida, por acaso, no metropolitano de Lisboa:
Num bairro degradado de Lisboa, dois árabes entram numa vivenda arrastando Paulo Portas pelos braços. Lá dentro, Zubaydah, um árabe enorme, islamista radical com ligações à al-Qaeda, palita os dentes com a cavilha de uma granada.
- Zubaydah, o chefe Zarqawi ordenou que você sodomize este tipo, por ele ter sido homenageado por Rumsfeld, o Secretário da Defesa dos Estados Unidos.
- Amarrem-no aí a um canto que eu já trato dele.
Pouco depois, entram outros dois árabes arrastando Durão Barroso:
- Zubaydah , a este, o chefe Zarqawi ordena que lhe dê um par de estalos, por ter organizado a cimeira dos Açores entre Bush, Blair e Aznar.
- Amarrem-no aí junto do outro que eu já trato dele.
Passado mais um bocado, entram outros árabes arrastando Freitas do Amaral:
- Zubaydah , a este, o chefe Zarqawi ordena que lhe dê uma canelada, por ter aceite o convite da Secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, para se deslocar a Washington.
- Amarrem-no aí ao pé dos outros dois que eu já trato dele.
Então, Portas sussurrou mansamente:
- Sr. Zubaydah, com todo o respeito, não queria que ficasse baralhado: comigo, a violência não resulta, está bem?
- Djalmão, o chefe mandou você comer o cu desse cara aí, que é para ele aprender a não se meter a valente com o nosso pessoal.
- Pode deixar ele aí no cantinho que eu cuido dele daqui a pouco.
Quando o pessoal sai, o rapaz diz:
- Ô Djalmão, faz isso comigo não, depois de enrabado minha vida vai acabar, o que vão falar de mim... etc. etc.
- Cala a boca e fica quieto aí!
Pouco depois, entram mais dois homens arrastando outro cara:
- Esse aqui o chefe mandou você cortar as duas mãos e furar os olhos... é para ele aprender a não tocar no dinheiro do gang.
- Deixa ele aí que eu já resolvo.
Daí a pouco chega outro pobre coitado:
- Djalmão, esse o chefe quer que você corte o bilau e a língua para ele não se meter com mais nenhuma mulher da favela!
- Já resolvo isso. Bota ele ali no cantinho junto com os outros.
Nisso, o primeiro cara que chegou arrastado diz em voz baixa:
- Seu Djalmão, com todo respeito, só pró senhor não se confundir: o do cu sou eu, tá?
Mas, o mundo é pequeno, e as anedotas, adaptadas às especificidades de cada país, repetem-se um pouco por todo o lado. De seguida, a versão portuguesa, ouvida, por acaso, no metropolitano de Lisboa:
Num bairro degradado de Lisboa, dois árabes entram numa vivenda arrastando Paulo Portas pelos braços. Lá dentro, Zubaydah, um árabe enorme, islamista radical com ligações à al-Qaeda, palita os dentes com a cavilha de uma granada.
- Zubaydah, o chefe Zarqawi ordenou que você sodomize este tipo, por ele ter sido homenageado por Rumsfeld, o Secretário da Defesa dos Estados Unidos.
- Amarrem-no aí a um canto que eu já trato dele.
Pouco depois, entram outros dois árabes arrastando Durão Barroso:
- Zubaydah , a este, o chefe Zarqawi ordena que lhe dê um par de estalos, por ter organizado a cimeira dos Açores entre Bush, Blair e Aznar.
- Amarrem-no aí junto do outro que eu já trato dele.
Passado mais um bocado, entram outros árabes arrastando Freitas do Amaral:
- Zubaydah , a este, o chefe Zarqawi ordena que lhe dê uma canelada, por ter aceite o convite da Secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, para se deslocar a Washington.
- Amarrem-no aí ao pé dos outros dois que eu já trato dele.
Então, Portas sussurrou mansamente:
- Sr. Zubaydah, com todo o respeito, não queria que ficasse baralhado: comigo, a violência não resulta, está bem?
quarta-feira, junho 15, 2005
Nomeações na brasa
Correio da Manhã – 15 de Junho de 2005
Governo nomeou 1094 pessoas em 2 meses e meio
O Governo, liderado por José Sócrates, nomeou pelo menos 1094 pessoas num espaço de dois meses e meio, uma média de 14 por dia. E, segundo o Correio da Manhã apurou, alguns dos nomeados, por força de poderem optar pelas remunerações das empresas onde exercem funções no sector privado, terão salários superiores ao vencimento de ministro e mesmo do primeiro-ministro.
O Ministério das Finanças, liderado por Campos e Cunha, aparece em primeiro lugar na lista de nomeações com 112. Bagão Félix, seu antecessor ficou-se pelas 96. Segundo o ‘Jornal de Negócios’, o Ministério que se segue é o de Vieira da Silva com 83 nomeações. A tutela de Freitas do Amaral aparece em terceiro, seguida da Agricultura (64) e Obras Públicas (62).
No Governo de Santana Lopes, era a Agricultura o Ministério que ocupava o segundo lugar.
Quem tem maior número de adjuntos é José Sócrates que falha uma nomeação para igualar Santana Lopes, isto é 11 contra 12.
Correia de Campos, ministro da Saúde, ocupa o segundo lugar dos membros do Executivo com mais adjuntos. O Governo poupa mesmo é nos motoristas. Paulo Portas, recorde-se, chegou a ter sete. No limite, existem Ministérios com quatro.
Comentário:
Está ao rubro a competição pelas nomeações entre PS e PSD. De recordar, no entanto, que é o PS que está no poder, facto que lhe proporciona uma vantagem que pode ser decisiva neste desafio.
Por outro lado, Sócrates prometeu criar 150.000 novos empregos nesta legislatura, mas se continuar com uma média de apenas 14 nomeações por dia, o Primeiro Ministro, ao fim de quatro anos, conseguirá preencher apenas cerca de 21.000 lugares, muito longe portanto dos 150.000 que havia, demagogicamente, prometido.
Governo nomeou 1094 pessoas em 2 meses e meio
O Governo, liderado por José Sócrates, nomeou pelo menos 1094 pessoas num espaço de dois meses e meio, uma média de 14 por dia. E, segundo o Correio da Manhã apurou, alguns dos nomeados, por força de poderem optar pelas remunerações das empresas onde exercem funções no sector privado, terão salários superiores ao vencimento de ministro e mesmo do primeiro-ministro.
O Ministério das Finanças, liderado por Campos e Cunha, aparece em primeiro lugar na lista de nomeações com 112. Bagão Félix, seu antecessor ficou-se pelas 96. Segundo o ‘Jornal de Negócios’, o Ministério que se segue é o de Vieira da Silva com 83 nomeações. A tutela de Freitas do Amaral aparece em terceiro, seguida da Agricultura (64) e Obras Públicas (62).
No Governo de Santana Lopes, era a Agricultura o Ministério que ocupava o segundo lugar.
Quem tem maior número de adjuntos é José Sócrates que falha uma nomeação para igualar Santana Lopes, isto é 11 contra 12.
Correia de Campos, ministro da Saúde, ocupa o segundo lugar dos membros do Executivo com mais adjuntos. O Governo poupa mesmo é nos motoristas. Paulo Portas, recorde-se, chegou a ter sete. No limite, existem Ministérios com quatro.
Comentário:
Está ao rubro a competição pelas nomeações entre PS e PSD. De recordar, no entanto, que é o PS que está no poder, facto que lhe proporciona uma vantagem que pode ser decisiva neste desafio.
Por outro lado, Sócrates prometeu criar 150.000 novos empregos nesta legislatura, mas se continuar com uma média de apenas 14 nomeações por dia, o Primeiro Ministro, ao fim de quatro anos, conseguirá preencher apenas cerca de 21.000 lugares, muito longe portanto dos 150.000 que havia, demagogicamente, prometido.
terça-feira, junho 14, 2005
A justiça ou é cega ou não quer ver
Michael Jackson absolvido
O júri do tribunal de Santa Maria, Califórnia, considerou o cantor inocente dos dez crimes de que era acusado e que incluíam abuso sexual de um menor. A absolvição põe fim a quatro meses de um dos julgamentos mais mediáticos de que há memória
Comentário:
Ao saber da decisão do júri da Califórnia, várias personalidades portuguesas sentiram-se profundamente indignadas e consideraram que, neste caso, não foi feita justiça. Seguidamente alguns dos que, justificadamente, se pronunciaram:
Carlos Cruz - Apresentador de televisão, que responde por seis crimes de abuso sexual.
Hugo Marçal - Advogado de formação vai a julgamento por 22 crimes de lenocínio e 14 de abuso sexual.
Jorge Ritto - Diplomata de carreira, é acusado de sete crimes de abuso sexual e dois de lenocínio, e chegou a estar preso preventivamente. Admitiu o relacionamento homossexual com jovens mas negou que fossem menores.
Manuel Abrantes - Antigo provedor da Casa Pia, 50 anos, esteve preso preventivamente durante pouco mais de um ano e responde por 51 crimes, desde abuso sexual de crianças a lenocínio.
João Ferreira Diniz - O "médico do Ferrari", como foi apelidado por crianças da Casa Pia, é acusado de 18 crimes de abuso sexual.
A globalização tal como eu gostaria que fosse
Cristovam Buarque foi governador do Distrito Federal (PT) e reitor da Universidade de Brasília (UnB), nos anos 90. Dá palestras e é humanista respeitado mundialmente.
- Internacionalização da Amazónia –
O texto está em Português - Brasileiro
Durante um debate ocorrido no mês de Novembro/2000, numa Universidade, nos Estados Unidos, o ex-governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque (PT), foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia. O jovem introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro. Segundo Cristovam, foi a primeira vez que um crítico determinou a óptica humanista como o ponto de partida para a sua resposta:
"De facto, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso. Como humanista, sentindo e risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade. Se a Amazónia, sob uma óptica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado
Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar esse património cultural, como o património natural amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.
Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova Iorque, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a Humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveriam pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida.
Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar; que morram quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa."
Comentário:
Infelizmente Cristovam Buarque, a Amazónia pertence crescentemente a madeireiros, proprietários de áreas de cultivo e donos de empreendimentos turísticos, tanto brasileiros como de outras nacionalidades. A Amazónia já não só “nossa”. É cada vez mais, só “deles”.
- Internacionalização da Amazónia –
O texto está em Português - Brasileiro
Durante um debate ocorrido no mês de Novembro/2000, numa Universidade, nos Estados Unidos, o ex-governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque (PT), foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia. O jovem introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro. Segundo Cristovam, foi a primeira vez que um crítico determinou a óptica humanista como o ponto de partida para a sua resposta:
"De facto, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso. Como humanista, sentindo e risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade. Se a Amazónia, sob uma óptica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado
Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar esse património cultural, como o património natural amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.
Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova Iorque, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a Humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveriam pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida.
Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar; que morram quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa."
Comentário:
Infelizmente Cristovam Buarque, a Amazónia pertence crescentemente a madeireiros, proprietários de áreas de cultivo e donos de empreendimentos turísticos, tanto brasileiros como de outras nacionalidades. A Amazónia já não só “nossa”. É cada vez mais, só “deles”.
Estrala a bomba
Globo Online - 13 de Junho de 2005
Irão nega nova explosão de bomba mas confirma ameaças
TEERÃO - O governo iraniano afirmou ter recebido várias ameaças de bomba nesta segunda-feira, um dia depois de uma série de explosões ter morto nove pessoas e ferido mais de 70 na república islâmica.
- Houve algumas ameaças por telefone, nas nenhuma acção foi levada a cabo - disse Ali Aghamohammadi, porta-voz do Conselho Nacional Supremo de Segurança.
Nesta segunda-feira, houve rumores de um novo atentado na cidade industrial de Karaj, a Oeste de Teerão.
Comentário:
Estrala a bomba e o foguete vai no ar
Arrebente, fica todo queimado
Nã há ninguém que vá mais bem
Que Zarqawi, esse grande safado
Irão nega nova explosão de bomba mas confirma ameaças
TEERÃO - O governo iraniano afirmou ter recebido várias ameaças de bomba nesta segunda-feira, um dia depois de uma série de explosões ter morto nove pessoas e ferido mais de 70 na república islâmica.
- Houve algumas ameaças por telefone, nas nenhuma acção foi levada a cabo - disse Ali Aghamohammadi, porta-voz do Conselho Nacional Supremo de Segurança.
Nesta segunda-feira, houve rumores de um novo atentado na cidade industrial de Karaj, a Oeste de Teerão.
Comentário:
Estrala a bomba e o foguete vai no ar
Arrebente, fica todo queimado
Nã há ninguém que vá mais bem
Que Zarqawi, esse grande safado
segunda-feira, junho 13, 2005
Porquê esta perseguição a Portas?
Diário de Notícias – 14 de Maio de 2005
Negócios de Portas vistos à lupa
O Ministério Público e a Polícia Judiciária estão a investigar vários actos da gestão de Paulo Portas no Ministério da Defesa. Em causa estão, desde já, os contratos e, sobretudo, as contrapartidas negociadas para a aquisição de submarinos e de helicópteros pesados, no valor global de 1,3 mil milhões de euros, e onde a Escom, trading do grupo Espírito Santo, surge associada aos consórcios vencedores a HWD (alemã) e a Agusta-Westland (belgas e britânicos), respectivamente.
O DN apurou, no entanto, que na mira dos investigadores estarão também outros dossiers, alguns dos quais se encontram por concluir, não existindo, até agora, nenhuma adjudicação de helicópteros ligeiros para o exército, substituição dos Aviocar, viaturas de transporte blindadas e armas ligeiras.
O que indicia que, nesta fase, os investigadores parecem especialmente apostados em averiguar o tipo de contrapartidas que terão sido prometidas ou até mesmo negociadas à margem dos diversos concursos que decorreram, ou estão ainda a decorrer, para a aquisição dos diferentes equipamentos das Forças Armadas.
(...)
De acordo com diversas fontes consultadas pelo DN, as suspeitas dos investigadores sobre a gestão de Paulo Portas no Ministério da Defesa poderão vir a alargar-se ainda mais nos próximos dias, admitindo-se que o Ministério Público e a PJ possam vir a interessar-se igualmente por dossiers tão distintos como a "privatização" das OGMA ou a venda de terrenos na Grande Lisboa e no Grande Porto e que foram, entretanto, desafectados aos três ramos das Forças Armadas.
São negócios de muitos milhões de euros, que começaram há vários anos e onde se cruzam vários interesses, que parecem ter despertado o interesse dos investigadores. E não só. Pelo menos a avaliar pela intenção já anunciada por Luís Amado, o socialista que sucedeu a Paulo Portas, de pedir a revisão do contrato de contrapartidas
Já em relação aos submarinos, o processo arrastou-se durante sete anos, tendo a decisão final pertencido a Paulo Portas.
E entre os processos que se encontram no DCIAP, além das questões relacionadas com a aquisição dos helicópteros e submarinos, estarão outras no âmbito de alegadas irregularidades na aquisição de viaturas blindadas ligeiras e de desvio de verbas nas Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento.
Comentário:
Sugerir, sequer, que Paulo Portas, tenha tido contrapartidas que teriam sido prometidas ou negociadas à margem dos diversos concursos de aquisição de material militar, é de uma perversidade que só tem paralelo no pindérico caso da Universidade Moderna, da qual a imagem do ex-ministro da Defesa emergiu transparente e cristalina.
A prová-lo está a condecoração de Paulo Portas, a 4 de Maio de 2005, pelo digníssimo secretário da Defesa dos Estados Unidos, Donald H. Rumsfeld (célebre pela preparação das provas que vieram permitir a justa invasão do Iraque).
Que mais querem vocês, desalmados intriguistas?
Negócios de Portas vistos à lupa
O Ministério Público e a Polícia Judiciária estão a investigar vários actos da gestão de Paulo Portas no Ministério da Defesa. Em causa estão, desde já, os contratos e, sobretudo, as contrapartidas negociadas para a aquisição de submarinos e de helicópteros pesados, no valor global de 1,3 mil milhões de euros, e onde a Escom, trading do grupo Espírito Santo, surge associada aos consórcios vencedores a HWD (alemã) e a Agusta-Westland (belgas e britânicos), respectivamente.
O DN apurou, no entanto, que na mira dos investigadores estarão também outros dossiers, alguns dos quais se encontram por concluir, não existindo, até agora, nenhuma adjudicação de helicópteros ligeiros para o exército, substituição dos Aviocar, viaturas de transporte blindadas e armas ligeiras.
O que indicia que, nesta fase, os investigadores parecem especialmente apostados em averiguar o tipo de contrapartidas que terão sido prometidas ou até mesmo negociadas à margem dos diversos concursos que decorreram, ou estão ainda a decorrer, para a aquisição dos diferentes equipamentos das Forças Armadas.
(...)
De acordo com diversas fontes consultadas pelo DN, as suspeitas dos investigadores sobre a gestão de Paulo Portas no Ministério da Defesa poderão vir a alargar-se ainda mais nos próximos dias, admitindo-se que o Ministério Público e a PJ possam vir a interessar-se igualmente por dossiers tão distintos como a "privatização" das OGMA ou a venda de terrenos na Grande Lisboa e no Grande Porto e que foram, entretanto, desafectados aos três ramos das Forças Armadas.
São negócios de muitos milhões de euros, que começaram há vários anos e onde se cruzam vários interesses, que parecem ter despertado o interesse dos investigadores. E não só. Pelo menos a avaliar pela intenção já anunciada por Luís Amado, o socialista que sucedeu a Paulo Portas, de pedir a revisão do contrato de contrapartidas
Já em relação aos submarinos, o processo arrastou-se durante sete anos, tendo a decisão final pertencido a Paulo Portas.
E entre os processos que se encontram no DCIAP, além das questões relacionadas com a aquisição dos helicópteros e submarinos, estarão outras no âmbito de alegadas irregularidades na aquisição de viaturas blindadas ligeiras e de desvio de verbas nas Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento.
Comentário:
Sugerir, sequer, que Paulo Portas, tenha tido contrapartidas que teriam sido prometidas ou negociadas à margem dos diversos concursos de aquisição de material militar, é de uma perversidade que só tem paralelo no pindérico caso da Universidade Moderna, da qual a imagem do ex-ministro da Defesa emergiu transparente e cristalina.
A prová-lo está a condecoração de Paulo Portas, a 4 de Maio de 2005, pelo digníssimo secretário da Defesa dos Estados Unidos, Donald H. Rumsfeld (célebre pela preparação das provas que vieram permitir a justa invasão do Iraque).
Que mais querem vocês, desalmados intriguistas?
quinta-feira, junho 09, 2005
Imoralidades adquiridas
Ministro das Finanças (Luís Campos e Cunha ) declara no Parlamento - 9 Junho 2005
«Truques» com dias contados
O ministro de Estado e das Finanças, Luís Campos e Cunha, afirmou hoje no Parlamento que «terminou o tempo das hesitações e dos truques contabilísticos» no combate ao défice orçamental.
No debate parlamentar sobre o programa de estabilidade e crescimento (PEC), o ministro disse que a estratégia assenta em cinco pontos: o reforço da Administração Pública e da gestão dos recursos humanos, a promoção da sustentabilidade da segurança social, a melhoria da qualidade da despesa pública, a simplificação e moralização do sistema fiscal e a realização de privatizações.
Campos e Cunha justificou ainda a necessidade de reduzir a despesa corrente primária - a que o Estado faz sem contar com os encargos que tem com a dívida pública - o aumento dos impostos e a redução do défice.
Sobre a primeira, disse que é pela redução das despesas que se procede a uma real consolidação orçamental. Pormenorizou que os encargos com pessoal e com transferências para as famílias representam 33 por cento do produto interno bruto, ou 80 por cento da despesa corrente primária ou ainda 90 por cento de todos os impostos e contribuições.
«O aumento dos impostos deriva de não ser realista pensar em baixar a dívida sem aumentar a receita fiscal», disse.
Sobre a redução do défice, argumentou que a «sustentabilidade da despesa pública não é questão ideológica», uma vez que o Estado tem de pagar o que gasta. Ideológica será a discussão sobre o papel do Estado e as suas funções, argumentou.
Fernando Madrinha – Expresso – 4 de Junho de 2005:
O lixo debaixo do tapete
Sucessivas levas de políticos legislaram para si privilégios que são um luxo num país pelintra.
(...)
Uma das questões mais sérias na política é a autoridade moral de quem decide sobre a vida de todos. Pois bem, também aqui tivemos esta semana exemplos clamorosos de privilégios absurdos e da resistência larvar que grassa em alguns sectores políticos, começando pelo partido do Governo, perante a ameaça de os perderem. Primeiro, soube-se que Alberto João Jardim se tinha reformado com a simpática pensão de mais de quatro mil euros, que vai acumular com uma parte do vencimento de presidente do Governo Regional. Depois, que o próprio ministro das Finanças goza de uma pensão bastante mais generosa - o dobro da de Alberto João - a que ganhou direito com uma passagem pelo Banco de Portugal e que acumula com o vencimento de ministro. Como eles dizem e repetem, tudo é transparente e legal. Têm absoluta razão. Só que o problema é mesmo esse: ser tudo legal. Ao longo dos últimos 30 anos, sucessivas levas de políticos cuidaram de legislar para si privilégios de luxo num país pelintra. E acautelaram essas almofadas para o seu futuro, não só nas funções políticas - da câmara mais pequena e remota até ao topo do Estado - mas, em especial, nos cargos que abicham em empresas e bancos públicos por onde circulam à vez e onde garantem mordomias que deixam a pensão de Jardim a anos-luz.
Essas almofadas tanto podem chamar-se pensões como subsídios de reintegração, como subvenções vitalícias ou outra coisa qualquer. Permitem, por exemplo, a um deputado que nunca pediu a palavra no hemiciclo e que só passou por lá meia dúzia de anos o conforto de uma reformazita, pouco depois dos 30. Por isso espanta e indigna ouvir-se um ministro e um líder parlamentar - logo o ministro das Finanças e logo o chefe da bancada socialista - referirem-se a esses privilégios como «direitos adquiridos». Algum deles é capaz de ir agora explicar aos 500 mil desempregados porque perderam o elementar direito ao trabalho que até está consagrado na Constituição e que também julgavam adquirido?
Comentário:
Neste caso, em concreto, sinto-me dividido. Um homem com as competências de Campos e Cunha merecia, seguramente, um lugar de maior prestígio que o de Ministro das Finanças de Portugal. Eu colocava-o, ou como embaixador português em Bagdade, ou como adido cultural no Irão. Em qualquer caso, a curto prazo, a despesa nacional diminuiria uns bons milhares de euros.
«Truques» com dias contados
O ministro de Estado e das Finanças, Luís Campos e Cunha, afirmou hoje no Parlamento que «terminou o tempo das hesitações e dos truques contabilísticos» no combate ao défice orçamental.
No debate parlamentar sobre o programa de estabilidade e crescimento (PEC), o ministro disse que a estratégia assenta em cinco pontos: o reforço da Administração Pública e da gestão dos recursos humanos, a promoção da sustentabilidade da segurança social, a melhoria da qualidade da despesa pública, a simplificação e moralização do sistema fiscal e a realização de privatizações.
Campos e Cunha justificou ainda a necessidade de reduzir a despesa corrente primária - a que o Estado faz sem contar com os encargos que tem com a dívida pública - o aumento dos impostos e a redução do défice.
Sobre a primeira, disse que é pela redução das despesas que se procede a uma real consolidação orçamental. Pormenorizou que os encargos com pessoal e com transferências para as famílias representam 33 por cento do produto interno bruto, ou 80 por cento da despesa corrente primária ou ainda 90 por cento de todos os impostos e contribuições.
«O aumento dos impostos deriva de não ser realista pensar em baixar a dívida sem aumentar a receita fiscal», disse.
Sobre a redução do défice, argumentou que a «sustentabilidade da despesa pública não é questão ideológica», uma vez que o Estado tem de pagar o que gasta. Ideológica será a discussão sobre o papel do Estado e as suas funções, argumentou.
Fernando Madrinha – Expresso – 4 de Junho de 2005:
O lixo debaixo do tapete
Sucessivas levas de políticos legislaram para si privilégios que são um luxo num país pelintra.
(...)
Uma das questões mais sérias na política é a autoridade moral de quem decide sobre a vida de todos. Pois bem, também aqui tivemos esta semana exemplos clamorosos de privilégios absurdos e da resistência larvar que grassa em alguns sectores políticos, começando pelo partido do Governo, perante a ameaça de os perderem. Primeiro, soube-se que Alberto João Jardim se tinha reformado com a simpática pensão de mais de quatro mil euros, que vai acumular com uma parte do vencimento de presidente do Governo Regional. Depois, que o próprio ministro das Finanças goza de uma pensão bastante mais generosa - o dobro da de Alberto João - a que ganhou direito com uma passagem pelo Banco de Portugal e que acumula com o vencimento de ministro. Como eles dizem e repetem, tudo é transparente e legal. Têm absoluta razão. Só que o problema é mesmo esse: ser tudo legal. Ao longo dos últimos 30 anos, sucessivas levas de políticos cuidaram de legislar para si privilégios de luxo num país pelintra. E acautelaram essas almofadas para o seu futuro, não só nas funções políticas - da câmara mais pequena e remota até ao topo do Estado - mas, em especial, nos cargos que abicham em empresas e bancos públicos por onde circulam à vez e onde garantem mordomias que deixam a pensão de Jardim a anos-luz.
Essas almofadas tanto podem chamar-se pensões como subsídios de reintegração, como subvenções vitalícias ou outra coisa qualquer. Permitem, por exemplo, a um deputado que nunca pediu a palavra no hemiciclo e que só passou por lá meia dúzia de anos o conforto de uma reformazita, pouco depois dos 30. Por isso espanta e indigna ouvir-se um ministro e um líder parlamentar - logo o ministro das Finanças e logo o chefe da bancada socialista - referirem-se a esses privilégios como «direitos adquiridos». Algum deles é capaz de ir agora explicar aos 500 mil desempregados porque perderam o elementar direito ao trabalho que até está consagrado na Constituição e que também julgavam adquirido?
Comentário:
Neste caso, em concreto, sinto-me dividido. Um homem com as competências de Campos e Cunha merecia, seguramente, um lugar de maior prestígio que o de Ministro das Finanças de Portugal. Eu colocava-o, ou como embaixador português em Bagdade, ou como adido cultural no Irão. Em qualquer caso, a curto prazo, a despesa nacional diminuiria uns bons milhares de euros.
Insurgentes à lá carte
Estará a CIA por trás dos “insurgentes” iraquianos e do terrorismo global?
Frank Morales – 12 de Maio de 2005
A condição para uma escalada constante do nível de violência social que vá ao encontro das necessidades políticas e económicas do insaciável “complexo anti-terrorista” constitui a essência do novo militarismo norte-americano.
Aquilo que é agora abertamente considerado como “guerra permanente” tem por objectivo servir os fins geopolíticos de domínio e controlo social pelas corporações norte-americanas, como aconteceu com a cruzada anti-comunista da ex-Guerra Fria.
Em 2002, no seguimento do trauma do 11 de Setembro, o secretário da defesa Donald H. Rumsfeld previu que iriam acontecer mais ataques terroristas contra o povo americano e contra a civilização no seu todo. Como é que ele podia ter tanta certeza disso? Talvez porque esses ataques seriam instigados por ordem do ilustre Rumsfeld.
Segundo um artigo do analista militar do Los Angeles Times, William Arkin, escrito em 27 de Outubro de 2002, Rumsfeld começou a preparar um exército secreto, uma super-agência de espionagem (a super-Intelligence Support Activity) a funcionar em rede que reuniria a CIA, as operações secretas militares, informação de guerra, encobrimento e logro, de forma a pôr em movimento uma espiral de violência global.
De acordo com um documento confidencial preparado para Rumsfeld pela sua Comissão de Ciência da Defesa, a nova organização – o “Grupo de Operações pro-activo e preventivo "Proactive, Preemptive Operations Group (P2OG)" – levaria a cabo, na prática, missões secretas concebidas por forma a incitar grupos terroristas a protagonizar actos violentos. O P2OG, com cerca de 100 membros, denominado organização “antiterrorista” com um orçamento de 100 milhões de dólares, teria como alvo “líderes terroristas”, mas segundo documentos do P2OG obtidos por Arkin, esse grupo levaria a cabo missões destinadas a estimular reacções entre os grupos terroristas, os quais, pela lógica do secretário da defesa, seriam expostos ao contra-ataque dos “bons”. Por outras palavras, o plano é executar operações militares secretas (assassínios, sabotagens, burlas), as quais resultariam intencionalmente em ataques terroristas contra pessoas inocentes, incluindo americanos – essencialmente, combatendo o terrorismo causando-o.
Ao que parece esta forma de actuação está correntemente a ser aplicada na “insurgência” iraquiana. Segundo um relatório de 1 de Maio de 2005 de Peter Maass no New York Times, dois dos principais conselheiros norte-americanos aos comandos paramilitares iraquianos a combater os insurgentes são veteranos das operações da contra-insurgência norte-americana na América Latina. Dando crédito às recentes especulações dos media acerca da “Salvadorização” do Iraque, o relatório salienta que um consultor actualmente no Iraque é James Steele, que comandou um grupo de 55 homens das forças especiais do exército norte-americano nos anos 80. Maass escreve que este grupo treinou batalhões de choque que foram acusados de significantes abusos dos direitos humanos.
Dirigida pelos serviços de informações da dupla NATO – Estados Unidos a rede clandestina Gladio, criada no tempo da Guerra Fria, tem vindo a ter um papel mais activo. A operação Gladio possibilita a morte ou mutilação de centenas de pessoas inocentes em ataques “terroristas” em que são responsabilizados “esquerdistas subversivos” ou outros oponentes políticos. O mais notório destes ataques foi o atentado à bomba na estação se comboios de Bolonha em 1980 que provocou 85 mortos. Inicialmente responsabilizados radicais de extrema esquerda, após investigações foi revelado que a explosão fora da responsabilidade de uma rede de extrema direita ligada ao grupo italiano da Gladio; quatro neo-fascistas italianos foram, por fim, condenados pelo crime.
O objectivo era novamente duplo: demonizar determinados inimigos e assustar a população por forma a obter o seu apoio a um aumento crescente dos poderes da segurança nacional. Ao que parece o Pentágono tem vindo a implementar operações tipo Gladio há já algum tempo – possivelmente incluindo o 11 de Setembro. Um exagero? Talvez não.
Relembre-se a reunião de chefes militares norte-americanos da “operação Northwoods” em 1962, um plano para rebentar bens americanos – incluindo cidadãos – para justificar a invasão de Cuba. Mais tarde o manual 30-31B do exército datado de 18 de Março de 1970 e assinado pelo general William C Westmoreland, promovia ataques terroristas e a colocação de provas falsas em locais públicos destinados a culpar comunistas e socialistas. O manual sugeria ataques terroristas na Europa Ocidental, levados a cabo por uma rede secreta norte-americana – NATO, de forma a convencer os governos europeus da “ameaça comunista”.
Segundo o manual 30-31B:
“Há alturas em que os governos de países amigos mostram passividade ou indecisão face à subversão comunista e não reagem com a eficiência necessária. Muitas vezes essas situações acontecem quando os revolucionários renunciam temporariamente ao uso da força e ganham por isso vantagem, porque os líderes desses governos consideram a situação segura. Os serviços de informações do exército americano deve possuir os meios para lançar operações especiais que convençam os governos desses países e a opinião pública da realidade do perigo colocado pelos insurgentes.”
O exército norte-americano afirma agora que o documento era uma falsificação russa. O jornalista Allan Francovich no seu documentário na BBC sobre o Gladio e as operações especiais terroristas NATO/americanas, perguntou a Ray Cline, director da CIA de 1962 1 1966, se ele acreditava que o manual 30-31B era real, e ele respondeu: “Bom, suspeito que se trata de um documento autêntico. Não tenho dúvidas. Eu nunca o vi, mas é o género de operações militares das forças especiais”.
Pode acontecer que no Iraque – e noutros sítios no Mundo – a ocasião apropriada tenha chegado. A guerra de Bush ao terrorismo pode ser a manifestação mais actual de um estado provocador; levando a cabo operações especiais clandestinas dirigidas contra populações, incluindo a própria população norte-americana, que está absolutamente iludida acerca do verdadeiro “inimigo” face a um inimigo internamente fabricado, traumatizada pela estratégia de terror concebida para gerar medo e aquiescência para mais “medidas de segurança” – enriquecendo com isso os militares, as agências de segurança e as empresas de armamento.
Comentário:
Não acredito que o complexo militar-industrial americano, as petrolíferas, as Halliburtons, as Carlyles, os Bush, os Cheneys, os Rumsfelds e tantos outros tenham algo a ganhar com o holocausto do povo iraquiano, com o controlo do petróleo de Médio Oriente e do Cáspio e com o jugo sobre a Federação Russa e sobre a China.
Por outro lado acredito num Deus omninconsciente, omnimpotente e omniausente. Parece-me mais lógico.
Frank Morales – 12 de Maio de 2005
A condição para uma escalada constante do nível de violência social que vá ao encontro das necessidades políticas e económicas do insaciável “complexo anti-terrorista” constitui a essência do novo militarismo norte-americano.
Aquilo que é agora abertamente considerado como “guerra permanente” tem por objectivo servir os fins geopolíticos de domínio e controlo social pelas corporações norte-americanas, como aconteceu com a cruzada anti-comunista da ex-Guerra Fria.
Em 2002, no seguimento do trauma do 11 de Setembro, o secretário da defesa Donald H. Rumsfeld previu que iriam acontecer mais ataques terroristas contra o povo americano e contra a civilização no seu todo. Como é que ele podia ter tanta certeza disso? Talvez porque esses ataques seriam instigados por ordem do ilustre Rumsfeld.
Segundo um artigo do analista militar do Los Angeles Times, William Arkin, escrito em 27 de Outubro de 2002, Rumsfeld começou a preparar um exército secreto, uma super-agência de espionagem (a super-Intelligence Support Activity) a funcionar em rede que reuniria a CIA, as operações secretas militares, informação de guerra, encobrimento e logro, de forma a pôr em movimento uma espiral de violência global.
De acordo com um documento confidencial preparado para Rumsfeld pela sua Comissão de Ciência da Defesa, a nova organização – o “Grupo de Operações pro-activo e preventivo "Proactive, Preemptive Operations Group (P2OG)" – levaria a cabo, na prática, missões secretas concebidas por forma a incitar grupos terroristas a protagonizar actos violentos. O P2OG, com cerca de 100 membros, denominado organização “antiterrorista” com um orçamento de 100 milhões de dólares, teria como alvo “líderes terroristas”, mas segundo documentos do P2OG obtidos por Arkin, esse grupo levaria a cabo missões destinadas a estimular reacções entre os grupos terroristas, os quais, pela lógica do secretário da defesa, seriam expostos ao contra-ataque dos “bons”. Por outras palavras, o plano é executar operações militares secretas (assassínios, sabotagens, burlas), as quais resultariam intencionalmente em ataques terroristas contra pessoas inocentes, incluindo americanos – essencialmente, combatendo o terrorismo causando-o.
Ao que parece esta forma de actuação está correntemente a ser aplicada na “insurgência” iraquiana. Segundo um relatório de 1 de Maio de 2005 de Peter Maass no New York Times, dois dos principais conselheiros norte-americanos aos comandos paramilitares iraquianos a combater os insurgentes são veteranos das operações da contra-insurgência norte-americana na América Latina. Dando crédito às recentes especulações dos media acerca da “Salvadorização” do Iraque, o relatório salienta que um consultor actualmente no Iraque é James Steele, que comandou um grupo de 55 homens das forças especiais do exército norte-americano nos anos 80. Maass escreve que este grupo treinou batalhões de choque que foram acusados de significantes abusos dos direitos humanos.
Dirigida pelos serviços de informações da dupla NATO – Estados Unidos a rede clandestina Gladio, criada no tempo da Guerra Fria, tem vindo a ter um papel mais activo. A operação Gladio possibilita a morte ou mutilação de centenas de pessoas inocentes em ataques “terroristas” em que são responsabilizados “esquerdistas subversivos” ou outros oponentes políticos. O mais notório destes ataques foi o atentado à bomba na estação se comboios de Bolonha em 1980 que provocou 85 mortos. Inicialmente responsabilizados radicais de extrema esquerda, após investigações foi revelado que a explosão fora da responsabilidade de uma rede de extrema direita ligada ao grupo italiano da Gladio; quatro neo-fascistas italianos foram, por fim, condenados pelo crime.
O objectivo era novamente duplo: demonizar determinados inimigos e assustar a população por forma a obter o seu apoio a um aumento crescente dos poderes da segurança nacional. Ao que parece o Pentágono tem vindo a implementar operações tipo Gladio há já algum tempo – possivelmente incluindo o 11 de Setembro. Um exagero? Talvez não.
Relembre-se a reunião de chefes militares norte-americanos da “operação Northwoods” em 1962, um plano para rebentar bens americanos – incluindo cidadãos – para justificar a invasão de Cuba. Mais tarde o manual 30-31B do exército datado de 18 de Março de 1970 e assinado pelo general William C Westmoreland, promovia ataques terroristas e a colocação de provas falsas em locais públicos destinados a culpar comunistas e socialistas. O manual sugeria ataques terroristas na Europa Ocidental, levados a cabo por uma rede secreta norte-americana – NATO, de forma a convencer os governos europeus da “ameaça comunista”.
Segundo o manual 30-31B:
“Há alturas em que os governos de países amigos mostram passividade ou indecisão face à subversão comunista e não reagem com a eficiência necessária. Muitas vezes essas situações acontecem quando os revolucionários renunciam temporariamente ao uso da força e ganham por isso vantagem, porque os líderes desses governos consideram a situação segura. Os serviços de informações do exército americano deve possuir os meios para lançar operações especiais que convençam os governos desses países e a opinião pública da realidade do perigo colocado pelos insurgentes.”
O exército norte-americano afirma agora que o documento era uma falsificação russa. O jornalista Allan Francovich no seu documentário na BBC sobre o Gladio e as operações especiais terroristas NATO/americanas, perguntou a Ray Cline, director da CIA de 1962 1 1966, se ele acreditava que o manual 30-31B era real, e ele respondeu: “Bom, suspeito que se trata de um documento autêntico. Não tenho dúvidas. Eu nunca o vi, mas é o género de operações militares das forças especiais”.
Pode acontecer que no Iraque – e noutros sítios no Mundo – a ocasião apropriada tenha chegado. A guerra de Bush ao terrorismo pode ser a manifestação mais actual de um estado provocador; levando a cabo operações especiais clandestinas dirigidas contra populações, incluindo a própria população norte-americana, que está absolutamente iludida acerca do verdadeiro “inimigo” face a um inimigo internamente fabricado, traumatizada pela estratégia de terror concebida para gerar medo e aquiescência para mais “medidas de segurança” – enriquecendo com isso os militares, as agências de segurança e as empresas de armamento.
Comentário:
Não acredito que o complexo militar-industrial americano, as petrolíferas, as Halliburtons, as Carlyles, os Bush, os Cheneys, os Rumsfelds e tantos outros tenham algo a ganhar com o holocausto do povo iraquiano, com o controlo do petróleo de Médio Oriente e do Cáspio e com o jugo sobre a Federação Russa e sobre a China.
Por outro lado acredito num Deus omninconsciente, omnimpotente e omniausente. Parece-me mais lógico.
quarta-feira, junho 08, 2005
Victor Déficit II
Agencia Financeira – Paula Gonçalves Martins – 16 de Maio de 2005
A situação das contas públicas nacionais é pior do que esperava Vítor Constâncio, governador do Banco de Portugal e responsável pela comissão que apurou o défice implícito no Orçamento para este ano.
A imprensa tem avançado com um valor de défice em torno dos 7% do Produto interno Bruto (PIB), mas Vítor Constâncio, que esteve esta tarde reunido com o Presidente da República durante hora e meia, não quis adiantar qual o défice apurado, uma vez que «o Governo é dono do relatório e da sua divulgação». O relatório deverá ser entregue ao executivo na sexta-feira.
«O relatório da comissão não está concluído», afirmou, adiantando, no entanto, que «o valor (do défice) é um pouco pior do que prevíamos em Janeiro».
Quaisquer que sejam as conclusões da comissão, o governador garante que isso «não implicará uma nova recessão para a economia. Há que qualificar e circunscrever o problema que defrontamos e que temos que necessariamente resolver e que estou convencido que vamos resolver», afirmou à saída da reunião em Belém. Por isso mesmo, os próximos anos serão, certamente, de contenção.
Sem querer precisar que medidas defende, Constâncio respondeu apenas aos jornalistas que mantém as suas posições. Entre elas estavam a contenção salarial na função pública e o princípio do utilizador-pagador, por exemplo, nas SCUTs.
O governador deixou ainda o alerta de que o processo de consolidação orçamental terá, «necessariamente alguns anos, tem de ser uma abordagem gradualista de redução do défice».
Comentário:
Sábias palavras, as de Constâncio. Questiono-me apenas se, para os dirigentes do Banco de Portugal, a abordagem não será demasiado gradualista:
Os administradores do banco de Portugal tiveram direito a 60 viaturas novas.
Vítor Constâncio, ficou-se com um BMW 530D, no valor de 67.400 euros (13.400contos).
Para dois administradores um Saab Sport Sedam 2.2, no valor de 37 mil euros (7.400 contos) e um Volvo V40 1.9D, de 36.730 euros (7.363 contos).
E, Deus é grande, para que o motorista do Dr. Vitor Constâncio não se sentisse diminuído, teve também direito a um Peugeot 206 color line.
O Banco de Portugal, os números provam-no, constitui um exemplo de contenção para os restantes organismos públicos. Ponham ali os olhos, administrativos insaciáveis!
terça-feira, junho 07, 2005
Suicida à força
Imad Khadduri, 11 de Maio de 2005:
"Combater o terrorismo" causando-o.
"Há poucos dias atrás, num check point, militares americanos confiscaram a carta de condução a um motorista e disseram-lhe para se apresentar num campo militar americano próximo do aeroporto de Bagdad para interrogatório e a fim de recuperar a sua licença. No dia seguinte o condutor visitou aquele campo e foi-lhe permitido entrar com o seu carro. Foi levado para uma sala para um interrogatório que durou hora e meia. No fim da sessão, o inquiridor americano disse-lhe:
- "OK, não há nada contra si, mas você sabe que o Iraque agora é um país soberano e trata dos seus próprios assuntos. Portanto, enviámos os seus papeis e a carta para a esquadra de polícia de al-Kadhimia para processamento. Naquela esquadra pergunte pelo Tenente Hussain Mohammed que está à sua espera. Vá para lá agora, rapidamente, antes de ele acabar o seu turno de trabalho".
O condutor saiu apressado, mas a seguir ficou alarmado com a sensação de que o seu carro se comportava como se estivesse a transportar uma carga pesada, e ficou também com suspeitas em relação a um helicóptero em voo baixo que se mantinha a pairar sobre ele, como se o perseguisse. Ele parou o carro e inspeccionou-o cuidadosamente. Encontrou cerca de 100 quilos de explosivos escondidos no assento de trás e nas duas portas traseiras.
A única explicação possível para este incidente é que na verdade o carro fora armadilhado pelos americanos e destinava-se ao distrito xiita de al-Khadimiya, em Bagdad. O helicóptero estava a monitorizar o seu movimento e a testemunhar o previsto "odioso ataque por elementos estrangeiros".
O mesmo cenário repetiu-se em Mossul, no norte do Iraque. Foi confiscado um carro, juntamente com a carta do condutor. Ele apresentou queixa acerca do assunto e finalmente reclamou o seu carro, mas foi-lhe dito para ir a uma esquadra de polícia a fim de obter a sua carta. Felizmente para ele, o carro avariou-se no caminho para a esquadra. O mecânico que inspeccionou o carro descobriu que o pneu sobressalente estava completamente cheio de explosivos.
Comentário:
Há avarias que vêm por bem. De qualquer forma, parece provado que no Iraque, quando se pega num automóvel, além de verificar o nível do óleo, da água e a pressão dos pneus, convém examinar minuciosamente toda a carroçaria. Não vá acontecer nenhuma insurgência.
"Combater o terrorismo" causando-o.
"Há poucos dias atrás, num check point, militares americanos confiscaram a carta de condução a um motorista e disseram-lhe para se apresentar num campo militar americano próximo do aeroporto de Bagdad para interrogatório e a fim de recuperar a sua licença. No dia seguinte o condutor visitou aquele campo e foi-lhe permitido entrar com o seu carro. Foi levado para uma sala para um interrogatório que durou hora e meia. No fim da sessão, o inquiridor americano disse-lhe:
- "OK, não há nada contra si, mas você sabe que o Iraque agora é um país soberano e trata dos seus próprios assuntos. Portanto, enviámos os seus papeis e a carta para a esquadra de polícia de al-Kadhimia para processamento. Naquela esquadra pergunte pelo Tenente Hussain Mohammed que está à sua espera. Vá para lá agora, rapidamente, antes de ele acabar o seu turno de trabalho".
O condutor saiu apressado, mas a seguir ficou alarmado com a sensação de que o seu carro se comportava como se estivesse a transportar uma carga pesada, e ficou também com suspeitas em relação a um helicóptero em voo baixo que se mantinha a pairar sobre ele, como se o perseguisse. Ele parou o carro e inspeccionou-o cuidadosamente. Encontrou cerca de 100 quilos de explosivos escondidos no assento de trás e nas duas portas traseiras.
A única explicação possível para este incidente é que na verdade o carro fora armadilhado pelos americanos e destinava-se ao distrito xiita de al-Khadimiya, em Bagdad. O helicóptero estava a monitorizar o seu movimento e a testemunhar o previsto "odioso ataque por elementos estrangeiros".
O mesmo cenário repetiu-se em Mossul, no norte do Iraque. Foi confiscado um carro, juntamente com a carta do condutor. Ele apresentou queixa acerca do assunto e finalmente reclamou o seu carro, mas foi-lhe dito para ir a uma esquadra de polícia a fim de obter a sua carta. Felizmente para ele, o carro avariou-se no caminho para a esquadra. O mecânico que inspeccionou o carro descobriu que o pneu sobressalente estava completamente cheio de explosivos.
Comentário:
Há avarias que vêm por bem. De qualquer forma, parece provado que no Iraque, quando se pega num automóvel, além de verificar o nível do óleo, da água e a pressão dos pneus, convém examinar minuciosamente toda a carroçaria. Não vá acontecer nenhuma insurgência.
segunda-feira, junho 06, 2005
Al-Zarqawi - uma figura mítica com poderes prodigiosos
Nick Possum - 1 de Junho de 2005
A última semana de Maio de 2005 foi um período de nervosismo para os fãs da maior novela que emergiu na Guerra ao Terrorismo – o show de Abu Musab al-Zarqawi.
No fim de semana, o terrorista mais procurado do mundo – flagelo das forças de ocupação e dos Muçulmanos Xiitas, representante de Osama bin “já quase esquecido” Laden – gravemente ferido em batalha, conseguiu deslocar-se para a segurança do Irão Xiita. Al-Zarqawi atravessa todo um país devastado pela guerra, desde a parte ocidental do Iraque, através de dezenas de postos de controle, e procura segurança entre os apóstatas que ele tinha jurado eliminar da face da terra. Mas quem é na realidade al-Zarqawi?
Há muito tempo atrás existiu um verdadeiro al-Zarqawi. Ninguém sabe exactamente o que é que realmente lhe aconteceu, mas em determinada altura antes da invasão do Iraque ele desapareceu do mundo real e entrou no mundo pantanoso das operações secretas (black operations) tornando-se um símbolo do mal e o rei do disfarce. Hoje em dia esconde-se no complexo da CIA em Langley na Virgínia, numa cave da zona verde em Bagdade, num escritório no Kuwait ... ou talvez simultaneamente em todas.
Estarão os rapazes das “black operations” que determinam o papel de al-Zarqawi a divertir-se? Podemos apenas imaginar as suas risadas, à medida que inventam as novas aventuras do seu homem, os sorrisos nas suas faces quando distribuem a última mensagem de Zarqawi na Internet e as gargalhadas que dão quando seguem as cuidadosas análises das malvadas façanhas de Zarqawi nos meios de comunicação mundiais. Com jornalistas tão complacentes deve ser um gozo.
Para aqueles que não têm seguido a carreira de al-Zarqawi aqui vai um breve resumo:
Ouviu-se pela primeira vez falar no travesso wahabista quando Colin Powell tentou forçar as Nações Unidas a apoiar a invasão do Iraque. O nosso homem era a peça chave na prova da conivência entre Saddam Hussein e a al-Qaeda. Al-Zarqawi, perdera uma perna em combate, mas nos hospitais de Sadam havia-lhe sido colocado uma prótese, afirmou Powell. Por incrível que pareça, foi dito que estava escondido entre os seus piores inimigos no território controlado pelos curdos, na altura protegido na zona de exclusão aérea sob domínio dos Estados Unidos.
Depois da invasão do Iraque as Autoridades Provisórias da Coligação “descobriram” um CD com um texto de Zarqawi para Osama bin Laden na qual o vil insurgente ameaçava a maioria Xiita do Iraque e delineava o seu plano para fomentar uma guerra civil no país. Naturalmente, o porta-voz da Coligação referia-se a esta prova do diabólico insurgente sempre que possível. Não só, Zarqawi estava por trás de todas as explosões de carros armadilhados no Iraque como veio a ser o cérebro por detrás do atentado do 11 de Março em Madrid.
Então, mesmo a tempo de agir contra o choque do escândalo da prisão de Abu Graib, Zarqawi decapitou o empreiteiro americano desaparecido, Nick Berg. O problema foi que o terrorista perneta foi visto no famoso vídeo da decapitação de Berg caminhando agilmente, empunhando a faca. O porta-voz americano admitiu então que a perna de Zarqawi possa não ter, afinal, sido amputada de todo e que talvez se tivessem enganado acerca disso (da relação al-Zarqawi – Saddam Hussein. É pena que entretanto tenham morrido 100 000 Iraquianos mas não há ninguém que não cometa erros.)
Depois da decapitação de Berg, Zarqawi desapareceu por uns tempos, até aparecer em Fallujah, onde serviu como desculpa para os americanos arrasarem a cidade, com a perda de mais algumas dezenas de milhares de vidas. Ouve reportagens pouco claras acerca das tropas americanas terem encontrado salas de tortura pertencentes a Zarqawi, mas estranhamente, sem quaisquer fotografias em primeira-mão. Quanto a Zarqawi desapareceu novamente ... para vir a ser utilizado mais tarde.
Ele reapareceu na parte ocidental do Iraque, perto da fronteira com a Síria, onde foi objecto da recente operação “Matador”. Mais algumas cidades foram arrasadas, mas nada de Zarqawi.
O que nos trás até à última semana de Maio de 2005, quando começaram a correr histórias na imprensa mundial de que Zarqawi tinha sido ferido numa emboscada. A princípio estas notícias foram atribuídas a declarações de alguns sites misteriosos islâmicos (“cuja autenticidade não podia ser confirmada”) e que apenas alguns jornalistas tinham tido conhecimento, sites esses que desapareceram em poucas horas.
O porta-voz do exército norte-americano teceu alguns comentários: “Nós não sabemos se é um facto ou é ficção. Ele continua a ser o nosso alvo número um”.
O mesmo disse o “conselheiro de segurança” do primeiro-ministro fantoche do Iraque que acrescentou: “Em qualquer caso é uma probabilidade muito forte. Talvez ele não esteja ferido e tenha colocado esta afirmação na internet a dizer que está ferido e a seguir tenha posto outra a dizer que tinha sido tratado e que já estava bem e que é como um super-homem”.
Realmente! Como o super-homem: uma figura mítica com poderes prodigiosos.
Mas então o plano complicou-se. Na quinta-feira, 26 de Maio de 2005, os principais media reportavam apressadamente que uma luta pela sucessão tinha rebentado no interior da al-Qaeda do Iraque. Metade da organização esteve horas ao telefone com jornalistas ocidentais, que ofereciam citações em directo de vários terroristas palradores.
Nesse dia Donald Rumsfeld, sem mais, afirmou a milhares de pára-quedistas norte-americanos que Zarqawi estava encurralado, como Hitler no seu bunker. Mesmo observadores insensíveis como eu pensaram que os argumentistas tinham decidido eliminar a sua criação. Talvez ele tivesse escapado tantas vezes aos seus perseguidores que estes corriam o risco de parecer incompetentes. Talvez se estivessem a arriscar fazer dele um Robin dos Bosques.
Mas não era assim. Como poderiam eles substituir um activo tão útil como Zarqawi? Na mesma altura que Rumsfeld ia falando, os argumentistas das “black operations” colocavam o seu precioso activo a salvo.
No Irão. Sim, é isso mesmo. Vamos colocá-lo no Irão. É mais uma prova da perfídia iraniana. E outra boa razão para os bombardear.
Timesonline, Roland Watson – 2 de Junho de 2005
Rumsfeld avisa vizinhos para não darem guarida a al-Zarqawi
Donald Rumsfeld avisou os países vizinhos do Iraque contra o acto de darem asilo ao chefe terrorista ferido Abu Musab al-Zarqawi.
O Pentágono confirmou as suas suspeitas de que al-Zarqawi foi ferido em combate junto da fronteira Síria. Rumsfeld afirmou que a principal hipótese era que al-Zarqawi estivesse no Iraque. Mas disse em conferência de imprensa, “No caso de algum país vizinho lhe ter proporcionado assistência médica ou refúgio, então esse país ter-se-á associado à rede da al-Qaeda, e a uma pessoa que tem as mãos sujas de muito sangue.
O comentário de Rumsfeld foi claramente dirigido à Síria, cuja fronteira com o Iraque é extremamente porosa, e ao Irão.
Oficiais dos serviços secretos americanos tiham confirmado anteriormente que a cassete endereçada a Osama bin Laden dizendo que estava ligeiramente ferido era, de facto, de al-Zarqawi.
Comentário:
Como é que o Irão, já acusado de construir armas de destruição maciça, de possuir um elevado défice democrático e sendo sócio honorário do eixo do mal, foi cair na asneira de tratar os dói-dóis do iníquo Zarqawi, arriscando-se desta forma a ser conectado à al-Qaeda e a ser maciçamente bombardeado? O que terá passado pela cabeça daqueles mullahs? Que Alá lhes valha! Ou, na sua falta, os russos e os chineses!
sábado, junho 04, 2005
Portugal !
Que jogo e que vitória, este Portugal - Eslováquia!
Estamos quase qualificados para o campeonato do mundo!
A "equipa de todos nós" esteve soberba. Deco controlou todo o meio-campo revelando, uma vez mais, o acertado que foi a sua naturalização. Agora só falta um guarda-redes de grande nível. Porque não, tentar encontrar um no mercado de leste onde há tantos e tão altos?
Finalmente a grande alegria da chegada do pequeno Martunis. Depois de ter visto um Tsunami e Gilberto Madaíl, sente-se que a criança está preparada para tudo.
A televisão mostrou os rostos tranquilos e felizes dos expectadores, excepto o de Valentim Loureiro...talvez ralado com a subida do IVA para os 21%.
Madaíl continua em grande. Depois do que tem feito para ajudar as prostitutas do "Black Tie", trouxe Martunis, que recebeu oito mil contos e uma consola de jogos. É o que dá vestir a camisola da selecção no sítio certo e à hora certa...
Depois destas emoções e desta alegria toda, que interessa o aumento dos impostos?
Viva o Dr. Gilberto Madaíl!
Viva o "Filipão"!
Viva o Sr. Major Valentim Loureiro!
Vivam os Tsunamis!
VIVA PORTUGAL !
Estamos quase qualificados para o campeonato do mundo!
A "equipa de todos nós" esteve soberba. Deco controlou todo o meio-campo revelando, uma vez mais, o acertado que foi a sua naturalização. Agora só falta um guarda-redes de grande nível. Porque não, tentar encontrar um no mercado de leste onde há tantos e tão altos?
Finalmente a grande alegria da chegada do pequeno Martunis. Depois de ter visto um Tsunami e Gilberto Madaíl, sente-se que a criança está preparada para tudo.
A televisão mostrou os rostos tranquilos e felizes dos expectadores, excepto o de Valentim Loureiro...talvez ralado com a subida do IVA para os 21%.
Madaíl continua em grande. Depois do que tem feito para ajudar as prostitutas do "Black Tie", trouxe Martunis, que recebeu oito mil contos e uma consola de jogos. É o que dá vestir a camisola da selecção no sítio certo e à hora certa...
Depois destas emoções e desta alegria toda, que interessa o aumento dos impostos?
Viva o Dr. Gilberto Madaíl!
Viva o "Filipão"!
Viva o Sr. Major Valentim Loureiro!
Vivam os Tsunamis!
VIVA PORTUGAL !
quinta-feira, junho 02, 2005
Medidas duras contra o défice mas moles contra os empreiteiros
O governo de Sócrates vai apresentar um conjunto draconiano de medidas, para acompanhar o anúncio de que o défice implícito do Orçamento do Estado 2005 ronda os 7%.
Entre essas medidas encontram-se o encerramento de serviços da administração pública, o aumento do imposto sobre os combustíveis, a introdução do pagamento de portagens em algumas SCUT que não sejam consideradas como relevantes para o desenvolvimento do interior do país, a igualização ao regime geral do regime de IRS dos reformados, que beneficiam de uma dedução maior à colecta, o aumento da idade da reforma e a eventual criação de um seguro de saúde obrigatório, para financiar o défice do sector. Também o regime de aposentação dos funcionários públicos deverá ser aproximado do regime geral da Segurança Social. Outra medida é a redução do período de subsídio ao desemprego e, finalmente, a progressão automática das carreiras na Função Pública deverá ser alterada.
A somar a estas medidas de austeridade, Sócrates prepara-se para aprovar o projecto do TGV avaliado em mais de 12 mil milhões de euros. Existem no entanto alguns "idealistas" que não parecem concordar com esta última.
Os ambientalistas Portugueses e Espanhóis contra os projectos de alta velocidade Portugal-Espanha emitiram um comunicado a 14 de Novembro de 2003:
A Confederação Portuguesa de Associações de Defesa do Ambiente (CPADA) e os Ecologistas en Acción lamentam os acordos entre Espanha e Portugal para o desenvolvimento de linhas exclusivas de alta velocidade ferroviária, considerando que terão graves consequências ambientais e uma escassa utilidade social, denunciando a situação de deterioração e abandono em que se encontram as linhas férreas em ambos os países.
A CPADA e os Ecologistas en Acción reiteram a sua oposição à construção de linhas exclusivas para alta velocidade ferroviária entre os dois países, como já referido na 2ª Cimeira Ecologista Ibérica, celebrada em Lisboa em Janeiro de 2001. As organizações ecologistas consideram que a construção deste tipo de vias, ao ter raios de curvatura muito amplos e exigir poucas pendentes, exige a realização de grandes desmontes e de enormes movimentos de terra, a construção de imensos taludes e numerosos túneis, provocando também um importante efeito barreira, que empobrece a vida natural e a comunicação entre os territórios que cruza, sendo um importante factor de perda de biodiversidade e de despovoamento.
Por outro lado, este tipo de comboios de alta velocidade tem um consumo energético desproporcionado por passageiro, idêntico – ou superior para distâncias maiores a 600 km – ao avião, pelo que o converte num grande emissor de CO2 e portanto, num transporte muito poluente e pouco eficiente. Neste sentido, CPADA e Ecologistas en Acción denunciam a falta dos mais elementares critérios ambientais na hora de decidir as políticas de transporte de ambos os países e da União Europeia, que financia estes projectos.
Não menos importante é a sua incidência no ordenamento do território. A Alta Velocidade tem como objectivo unir grandes cidades em pouco tempo, competindo com o avião, sem realizar paragens intermédias. Desta forma, contribui para aumentar os desequilíbrios territoriais, fomenta a concentração em grandes urbes e deixa sem comunicação o resto do território, pelo que contribuirá para marginar ainda mais as regiões próximas da linha, de ambos os países, que “o vêem passar”. Isto foi o que ocorreu com a implementação das duas linhas que existem em Espanha, que deixaram à margem e sem comunicação ferroviária as muitas povoações que antes a tinham. A isto unimos o seu alto preço, que empurrou outro sector importante de viajantes para o uso do transporte individual como única opção, chegando à conclusão da sua escassa utilidade social. Assim, o TGV é um transporte elitista, utilizado em grande medida por viajantes que desejam ir e voltar no mesmo dia (executivos de empresas e funcionários) ou por pessoas de alto poder administrativo.
Outra das consequências mais graves da construção destas linhas exclusivas para alta velocidade é devida aos elevados custos de construção que a um desinvestimento na via férrea convencional, que se vai abandonando, com vias em mau estado, encerramento de linhas e supressão de serviços, inutilizando-se como meio de comunicação regional e estatal, apesar das suas indubitáveis vantagens ambientais e sociais e fomentando portanto o uso do automóvel que acaba por ser a única opção. Este abandono é especialmente notável nas linhas que cruzam a fronteira entre os dois países.
As organizações consideram que a opção por um transporte sustentável num futuro imediato, será precisamente o desenvolvimento das linhas férreas convencionais, que podem chegar a velocidades de 220-240 km/h, com o chamado comboio de velocidade alta, com consumos energéticos muito menores e reduzidos impactes ambientais. Um comboio que, combinando e articulando as ligações de curta distância, regionais e de longa distância e o transporte de mercadorias, se pode converter na coluna vertebral do sistema de transportes e uma alternativa ao transporte por estrada, hoje convertido num dos maiores predadores ambientais, tanto pela ocupação do território, como pelas suas emissões poluentes.
Por tudo isto, CPADA e Ecologistas en Acción consideram a construção de linhas de alta velocidade um grave atentado ao ambiente, uma vez que é um gasto insuportável de fundos, que não serve os interesses da maioria da população e que as deixa vulneráveis. Defendemos uma melhoria e expansão da rede ferroviária convencional, de modo a que permita velocidades competitivas com o automóvel, um aumento dos serviços e sua adequação às necessidades dos cidadãos. Um comboio que ligue o território, que sirva as povoações por onde passa e que beneficie a economia e a qualidade de vida das povoações do interior do país, evitando o êxodo para as grandes urbes.
Em consequência, exigimos:
• A retirada dos projectos de alta velocidade existentes entre os dois países e em território nacional.
• A utilização dos fundos previstos para a construção das linhas de alta velocidade na melhoria e adequação da actual rede ferroviária.
• Uma discussão aberta, clara e participada sobre os objectivos e benefícios e desvantagens do TGV.
• A realização de um Estudo de Avaliação Ambiental Estratégico ao sector dos transportes, que deve incluir:
- comparações de impacte ambiental entre diferentes modos de transporte;
- análise custo-benefício às várias alternativas incorporando as externalidades ambientais.
Comentário:
Aparentemente estes ambientalistas apresentam alguns motivos válidos contra o TGV. Mas os 12 mil milhões de euros que custa é uma quantia tão apetitosa...
Entre essas medidas encontram-se o encerramento de serviços da administração pública, o aumento do imposto sobre os combustíveis, a introdução do pagamento de portagens em algumas SCUT que não sejam consideradas como relevantes para o desenvolvimento do interior do país, a igualização ao regime geral do regime de IRS dos reformados, que beneficiam de uma dedução maior à colecta, o aumento da idade da reforma e a eventual criação de um seguro de saúde obrigatório, para financiar o défice do sector. Também o regime de aposentação dos funcionários públicos deverá ser aproximado do regime geral da Segurança Social. Outra medida é a redução do período de subsídio ao desemprego e, finalmente, a progressão automática das carreiras na Função Pública deverá ser alterada.
A somar a estas medidas de austeridade, Sócrates prepara-se para aprovar o projecto do TGV avaliado em mais de 12 mil milhões de euros. Existem no entanto alguns "idealistas" que não parecem concordar com esta última.
Os ambientalistas Portugueses e Espanhóis contra os projectos de alta velocidade Portugal-Espanha emitiram um comunicado a 14 de Novembro de 2003:
A Confederação Portuguesa de Associações de Defesa do Ambiente (CPADA) e os Ecologistas en Acción lamentam os acordos entre Espanha e Portugal para o desenvolvimento de linhas exclusivas de alta velocidade ferroviária, considerando que terão graves consequências ambientais e uma escassa utilidade social, denunciando a situação de deterioração e abandono em que se encontram as linhas férreas em ambos os países.
A CPADA e os Ecologistas en Acción reiteram a sua oposição à construção de linhas exclusivas para alta velocidade ferroviária entre os dois países, como já referido na 2ª Cimeira Ecologista Ibérica, celebrada em Lisboa em Janeiro de 2001. As organizações ecologistas consideram que a construção deste tipo de vias, ao ter raios de curvatura muito amplos e exigir poucas pendentes, exige a realização de grandes desmontes e de enormes movimentos de terra, a construção de imensos taludes e numerosos túneis, provocando também um importante efeito barreira, que empobrece a vida natural e a comunicação entre os territórios que cruza, sendo um importante factor de perda de biodiversidade e de despovoamento.
Por outro lado, este tipo de comboios de alta velocidade tem um consumo energético desproporcionado por passageiro, idêntico – ou superior para distâncias maiores a 600 km – ao avião, pelo que o converte num grande emissor de CO2 e portanto, num transporte muito poluente e pouco eficiente. Neste sentido, CPADA e Ecologistas en Acción denunciam a falta dos mais elementares critérios ambientais na hora de decidir as políticas de transporte de ambos os países e da União Europeia, que financia estes projectos.
Não menos importante é a sua incidência no ordenamento do território. A Alta Velocidade tem como objectivo unir grandes cidades em pouco tempo, competindo com o avião, sem realizar paragens intermédias. Desta forma, contribui para aumentar os desequilíbrios territoriais, fomenta a concentração em grandes urbes e deixa sem comunicação o resto do território, pelo que contribuirá para marginar ainda mais as regiões próximas da linha, de ambos os países, que “o vêem passar”. Isto foi o que ocorreu com a implementação das duas linhas que existem em Espanha, que deixaram à margem e sem comunicação ferroviária as muitas povoações que antes a tinham. A isto unimos o seu alto preço, que empurrou outro sector importante de viajantes para o uso do transporte individual como única opção, chegando à conclusão da sua escassa utilidade social. Assim, o TGV é um transporte elitista, utilizado em grande medida por viajantes que desejam ir e voltar no mesmo dia (executivos de empresas e funcionários) ou por pessoas de alto poder administrativo.
Outra das consequências mais graves da construção destas linhas exclusivas para alta velocidade é devida aos elevados custos de construção que a um desinvestimento na via férrea convencional, que se vai abandonando, com vias em mau estado, encerramento de linhas e supressão de serviços, inutilizando-se como meio de comunicação regional e estatal, apesar das suas indubitáveis vantagens ambientais e sociais e fomentando portanto o uso do automóvel que acaba por ser a única opção. Este abandono é especialmente notável nas linhas que cruzam a fronteira entre os dois países.
As organizações consideram que a opção por um transporte sustentável num futuro imediato, será precisamente o desenvolvimento das linhas férreas convencionais, que podem chegar a velocidades de 220-240 km/h, com o chamado comboio de velocidade alta, com consumos energéticos muito menores e reduzidos impactes ambientais. Um comboio que, combinando e articulando as ligações de curta distância, regionais e de longa distância e o transporte de mercadorias, se pode converter na coluna vertebral do sistema de transportes e uma alternativa ao transporte por estrada, hoje convertido num dos maiores predadores ambientais, tanto pela ocupação do território, como pelas suas emissões poluentes.
Por tudo isto, CPADA e Ecologistas en Acción consideram a construção de linhas de alta velocidade um grave atentado ao ambiente, uma vez que é um gasto insuportável de fundos, que não serve os interesses da maioria da população e que as deixa vulneráveis. Defendemos uma melhoria e expansão da rede ferroviária convencional, de modo a que permita velocidades competitivas com o automóvel, um aumento dos serviços e sua adequação às necessidades dos cidadãos. Um comboio que ligue o território, que sirva as povoações por onde passa e que beneficie a economia e a qualidade de vida das povoações do interior do país, evitando o êxodo para as grandes urbes.
Em consequência, exigimos:
• A retirada dos projectos de alta velocidade existentes entre os dois países e em território nacional.
• A utilização dos fundos previstos para a construção das linhas de alta velocidade na melhoria e adequação da actual rede ferroviária.
• Uma discussão aberta, clara e participada sobre os objectivos e benefícios e desvantagens do TGV.
• A realização de um Estudo de Avaliação Ambiental Estratégico ao sector dos transportes, que deve incluir:
- comparações de impacte ambiental entre diferentes modos de transporte;
- análise custo-benefício às várias alternativas incorporando as externalidades ambientais.
Comentário:
Aparentemente estes ambientalistas apresentam alguns motivos válidos contra o TGV. Mas os 12 mil milhões de euros que custa é uma quantia tão apetitosa...
quarta-feira, junho 01, 2005
O foguetório que se prepara para o Santo António
By Mark Jensen - United for Peace of Pierce County (WA) - 21 de Fevereiro de 2005
Ataque ao Irão marcado para Junho
O chefe dos inspectores da Nações Unidas Scott Ritter, que confirmou a inexistência de armas de destruição maciça no Iraque, deu uma entrevista a 21 de Fevereiro de 2005 em Washington ao jornalista Dahr Jamail onde afirmou que o ataque ao Irão está marcado para Junho (de 2005) e que o plano para o ataque foi apresentado a George W. Bush que o aprovou. Afirmou ainda que fontes bem informadas “cozinharam” os resultados das eleições de 30 de Janeiro no Iraque.
Michel Chossudovsky – 1 de Maio de 2005
Num extenso artigo Michel Chossudovsky explica a preparação do ataque americano ao Irão e conclui:
O mundo encontra-se numa importante encruzilhada. A Administração Bush embarcou num aventura militar que ameaça o futuro da humanidade.
O Irão será o próximo alvo militar. A planeada operação militar, que não está de forma nenhuma limitada a ataques punitivos contra instalações nucleares no Irão, faz parte de um projecto de domínio mundial começado no fim da Guerra Fria.
Uma acção militar contra o Irão envolve directamente a participação de Israel, o que, por seu lado, pode despoletar uma guerra mais ampla no Médio Oriente, já para não falar na implosão dos territórios palestinianos ocupados. A Turquia está associada com os ataques aéreos propostos.
Israel é uma potência nuclear com um arsenal nuclear sofisticado. O uso de armas nucleares por Israel ou pelos Estados Unidos não pode ser excluída, sobretudo pelo facto das armas nucleares tácticas foram agora reclassificadas como uma variante das bombas convencionais estoira-abrigos (bunker buster) e são autorizadas pelo Senado norte-americano para uso em teatros de guerra convencional. (“São inofensivas para os civis porque a explosão é subterrânea”). A este respeito tanto os Estados Unidos como Israel constituem uma ameaça nuclear muito maior do que o Irão.
O ataque planeado contra o Irão deve ser compreendido no quadro dos actuais teatros de guerra existentes no Médio Oriente, nomeadamente o Afeganistão, o Iraque e a palestina.
O conflito pode espalhar-se facilmente do Médio Oriente para a bacia do mar Cáspio. Pode ainda envolver a participação do Azerbeijão e da Geórgia, onde tropas americanas estão estacionadas.
Um ataque ao Irão teria um impacto directo no movimento de resistência dentro do Iraque. Faria também pressão nas já esticadas capacidades e recursos militares tantos nos palcos de guerra iraquianos como afegãos. (Os 150 000 soldados americanos no Iraque não podem ser utilizados numa guerra contra o Irão.)
Por outras palavras, a geopolítica instável da região Ásia Central – Médio Oriente, os três teatros de guerra nos quais os Estados Unidos estão neste momento envolvidos, a participação directa de Israel e da Turquia, a estrutura de alianças militares patrocinadas pelos Estados Unidos, levanta o espectro de um conflito mais alargado.
Mais ainda, uma acção militar dos Estados Unidos no Irão ameaça os interesses russos e chineses, que possuem interesse políticos na bacia do mar Cáspio e que têm acordos bilaterais com o Irão. Por outro lado, vai contra os interesses petrolíferos europeus no Irão e pode criar maiores divisões entre os aliados Ocidentais, entre os Estados Unidos e os seus parceiros bem como entre os países da União Europeia.
Através da sua participação na NATO, a Europa, não obstante a sua relutância, será envolvida na operação iraniana. A participação da NATO está bastante dependente de um acordo de cooperação militar conseguido entre a NATO e Israel contra a Síria e o Irão. Este acordo obrigará a NATO a defender Israel contra a Síria e o Irão. A NATO apoiará, portanto, um ataque preventivo contra as instalações nucleares iraquianas, e poderá ter um papel mais activo se o Irão retaliar contra os ataques aéreos americanos e israelitas.
Desnecessário é dizer que a guerra contra o Irão é parte de um longo programa militar americano que procura militarizar toda a zona da bacia do Cáspio e levando provavelmente à desestabilização e conquista da Federação Russa.
Teerão confirmou que retaliará se for atacado, sob a forma de ataques com mísseis balísticos contra Israel (CNN, 8 de Fevereiro de 2005). Estes ataques podem também alvejar instalações militares americanas no Golfo Pérsico, que imediatamente nos conduziria a um cenário de escalada militar e a uma guerra total.
Chossudovsky afirma ser necessário revelar o verdadeiro objectivo do Império Americano e a sua criminosa política externa, que utiliza a “guerra ao terrorismo” e a “ameaça da Al-Qaeda” para galvanizar a opinião pública no suporte ao seu programa de guerra global.
Comentário:
Eis um mapa que explica, de forma abrangente, a «guerra ao terrorismo», a «procura de armas de destruição maciça», o «disseminar da democracia», os «países párias dos eixos do mal» e todos os motivos nobres que George W. Bush vai engendrando de forma a aniquilar-nos a todos.
Bacia do mar Cáspio - os quadrados azuis são bases americanas. As vermelhas são russas, chinesas, iranianas e sírias:
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