quinta-feira, fevereiro 09, 2017

Dissonância cognitiva: incapacidade de um indivíduo equacionar racionalmente novas informações (p. ex. "teorias da conspiração"), que contradigam crenças anteriores já enraizadas.

Em defesa do ego, o ser humano é capaz de contrariar mesmo o nível mais básico da lógica, podendo negar evidências, criar falsas memórias, distorcer percepções, ignorar afirmações científicas e até mesmo desencadear uma perda de contacto com a realidade.

Mentiras reconfortantes - Verdades desagradáveis

A teoria da Dissonância Cognitiva foi inicialmente desenvolvida por Leon Festinger, professor da New School for Social Research de Nova Iorque para explicar que existe uma necessidade nos indivíduos de procurar uma coerência entre as suas cognições (conhecimento, opiniões ou crenças).

Quando as cognições que um individuo possui e acredita serem verdadeiras entram em conflito com novas informações que as vêm contradizer, o indivíduo passa por um conflito ou uma dissonância cognitiva. Quando os elementos dissonantes são de igual relevância ou importância para o indivíduo, o número de cognições inconsistentes determinará o tamanho da dissonância.

As pessoas tendem a procurar uma coerência nas suas crenças e percepções. O que é que acontece quando uma nova crença entra em conflito com outra crença anterior? O termo dissonância cognitiva é usado para descrever as sensações de desconforto que resultam de duas crenças contraditórias. Quando há uma discrepância entre crenças, algo tem de mudar, a fim de eliminar ou reduzir a dissonância.

A teoria da dissonância cognitiva afirma que cognições contraditórias entre si podem servir como estímulos para que a mente obtenha ou produza novos pensamentos ou crenças, ou modifique crenças pré-existentes, de forma a reduzir a quantidade de dissonância (conflito) entre as cognições. A dissonância cognitiva pode também resultar na negação de evidências e outros mecanismos de defesa do ego.


Para tentar diminuir ou eliminar as dissonâncias cognitivas, os indivíduos optam normalmente por uma das três estratégias seguintes:

1 - Estratégia dissonante: O indivíduo procura substituir um ou mais conhecimentos, opiniões ou crenças que já possuía por outros novos que não sejam conflituantes e não provoquem dissonância:

Por exemplo, O Papa Francisco afirmou que a Teoria da Evolução e o Big Bang são reais (substituindo evolutivamente a tese Criacionista que defende que o Universo, a Terra e toda a vida terrestre foram criados há seis mil anos directamente por Deus). Segundo ele, a criação do mundo "não é obra do caos, mas deriva de um princípio supremo que cria por amor". "O Big Bang não contradiz a intervenção criadora, mas exige-a". O Papa acrescentou dizendo que a "evolução da natureza não é incompatível com a noção de criação, pois exige a criação de seres que evoluem".

Criacionismo versus Evolução
Podem ser ambos verdadeiros?


2 - Estratégia Consonante: O indivíduo procura adquirir novos conhecimentos, opiniões ou crenças que se sobreponham aos que já possuía e que estão a provocar a dissonância:

Por exemplo, pessoas a quem é dito que as emissões de gases dos automóveis provocam o aquecimento global podem experimentar sentimentos de dissonância se conduzirem um veículo com alto consumo de gasolina. A fim de reduzir essa dissonância, elas podem procurar novas informações que contestam a conexão entre gases de efeito estufa e aquecimento global. Esta nova informação pode servir para reduzir o desconforto e a dissonância que a pessoa experimenta.

O Aquecimento Global é real?
Claro! Basta perguntar à fada do Aquecimento Global.


3 - Estratégia da Irrelevância: o indivíduo tenta esquecer ou reduzir a importância de novos conhecimentos, opiniões ou crenças que contradigam os que já possuía e que criem situações de dissonância:

É o caso das pessoas que resistem a novas informações sobre as quais não querem pensar, evitando o aparecimento do conflito cognitivo e o rompimento com as crenças que já possuía. Neste caso a pessoa retém uma consciência parcial da nova informação, sem ceder à aceitação, de maneira a permanecer num estado de negação quanto à mesma. Esta inabilidade para incorporar informação racional é, talvez, a forma mais comum de dissonância cognitiva. Quanto mais enraizada estiver uma crença num indivíduo, mais forte será a reacção de negar crenças opostas.

Pessoas que resistem a novas informações sobre as quais não querem pensar

3 comentários:

João disse...

Para aqueles que já perderam o emprego, a casa ou a estrutura segura que já definiu a sua vida, o colapso já chegou. E aqueles que sangram lentamente vêem claramente o colapso ao virar da esquina.

Bilder disse...

"É o caso das pessoas que resistem a novas informações sobre as quais não querem pensar, evitando o aparecimento do conflito cognitivo e o rompimento com as crenças que já possuía."-------------------------------------em termos político-ideológicos (não falemos agora da religião que não nada a ver com racionalidade)isso acontece da esquerda à direita,mas pela minha experiência nas ditas redes sociais facilmente cheguei à conclusão que tentar argumentar racionalmente(por muito claros que sejam os factos)com marxistas/neomarxistas ou esquerdistas em geral é como "bater com a cabeça na parede".

Bilder disse...

check http://a24opinions.blogspot.pt/2017/02/a-agenda-sombria-por-tras-do-globalismo.html