quarta-feira, setembro 14, 2005

Era preferível uma guerra civil


Globo Online - 14/09/2005

Um atentado suicida junto de uma multidão de trabalhadores xiitas matou 114 pessoas no Iraque e feriu mais de 156, no mais sangrento de uma série de atentados que sacudiu o país nesta terça-feira. A Al-Qaeda no Iraque assumiu a onda de actos violentos, anunciando uma campanha de retaliação à ofensiva americana na cidade de Tal Afar, um reduto de insurgentes no Norte do país, próximo da fronteira com a Síria. Pelo menos três outros carros-bomba explodiram em Bagdad. Durante a madrugada, 17 pessoas foram arrastadas de suas casas na cidade de Taji, subúrbio da capital, e mortas a tiros. Patrulhas das forças de segurança também foram atacadas. Ao todo, mais de 150 pessoas morreram nos atentados.

O maior atentado do dia - e também um dos mais letais desde o início da guerra - teve um traço profundo de crueldade. O suicida atraiu operários da construção civil para junto da sua carrinha, com promessas de trabalho. Quando estava uma multidão em torno do carro, detonou os explosivos: 220 quilos deles. O número de mortos é pouco inferior ao ataque mais mortal da guerra, o atentado suicida com carro-bomba que matou 125 pessoas em Hilla, ao sul de Bagdad, em Fevereiro deste ano.

A grande explosão desta quarta-feira foi no distrito de Kadhimiya, de maioria xiita, traumatizado pela morte de mil pessoas, no mês passado, num tumulto deflagrado numa cerimónia religiosa por um boato de um atentado suicida iminente.

- Reunimo-nos e, de repente, o carro explodiu e transformou o lugar em fogo, poeira e escuridão - disse Hadi, um dos trabalhadores que sobreviveram ao ataque, ocorrido logo após o amanhecer.

- Não há partidos políticos aqui, não há polícias. Isto alvejou civis. Porquê mulheres e crianças? - esbracejava o iraquiano Mohammed Jabbar, na cena da carnificina, enquanto pessoas em torno dele gritavam: "Porquê, porquê?"

Outro carro-bomba dirigido por um suicida explodiu no Norte de Bagdad, matando 11 pessoas que estavam numa fila para abastecer botijas de gás. Em Taji, subúrbio da capital, homens armados cercaram as suas vítimas a meio da noite. Todas as 17 pessoas levaram tiros na cabeça. Eram parentes, membros de uma mesma tribo xiita.

A polícia disse que uma das outras explosões ocorreu perto de escritórios de clérigos xiitas, matando cinco pessoas. Um ataque a um comboio da polícia matou três policiais e três civis.

A Al-Qaeda no Iraque disse que estava empreendendo uma campanha de atentados suicidas para vingar a ofensiva militar contra a cidade rebelde de Tal Afar. Um comunicado divulgado num site islâmico frequentemente usado pelo grupo liderado pelo jordano Abu Musab al-Zarqawi, cabeça a rede terrorista no país, não menciona um ataque específico e deu a entender que a série de atentados era apenas o início. "Gostaríamos de dar os parabéns à nação muçulmana e informar que a batalha para vingar os sunitas de Tal Afar começou", avisa a mensagem.

Al Zarqawi é acusado pelo Exército americano e pelas autoridades iraquianas de tentar provocar uma guerra civil no Iraque.



Neste site Nick Possum dá-nos um retrato de Al Zarqawi:

Há muito tempo atrás existiu um verdadeiro al-Zarqawi. Ninguém sabe exactamente o que é que realmente lhe aconteceu, mas em determinada altura antes da invasão do Iraque ele desapareceu do mundo real e entrou no mundo pantanoso das operações secretas (black operations) tornando-se um símbolo do mal e o rei do disfarce. Hoje em dia esconde-se no complexo da CIA em Langley na Virgínia, numa cave da zona verde em Bagdade, num escritório no Kuwait... ou talvez simultaneamente em todas elas.



Comentário:

Sunitas e Xiitas deviam reunir-se e agendar uma guerra civil a sério. Envolvendo curdos e tudo. Tenho a certeza que o número de vítimas iraquianas reduzir-se-ia drasticamente de um dia para o outro.

Se deixam as coisas nas mãos de Al “Langley” Zarqawi, a carnificina só tenderá a piorar. É certo e sabido!