domingo, janeiro 08, 2006

A privatização da classe política



Miguel Sousa Tavares – Expresso - 07.01.2006

É como a Ota e o TGV: ninguém ainda conseguiu explicar direito a lógica de interesse público, de rentabilidade económica ou de factor de desenvolvimento. Mas todos vimos nas faustosas cerimónias de apresentação dos projectos, não apenas os directamente interessados - os empresários de obras públicas, os banqueiros que irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos - mas também flutuantes figuras representativas dos principais escritórios da advocacia de negócios de Lisboa. Vai chegar para todos e vai custar caro, muito caro, aos restantes portugueses. Não há nada pior e mais perigoso do que a relação dos socialistas com o grande dinheiro: são saloios, deslumbrados e complexados. E o grande dinheiro agradece e aproveita.

Lá dentro, no «inner circle» do poder - político, económico, financeiro -, há grandes jogadas feitas na sombra, como nas salas reservadas dos casinos. Se olharmos com atenção, veremos que são mais ou menos os mesmos de sempre. Jogando com o que resta do património público, com o dinheiro que receberemos até 2013. Cá fora, na rua e frente a eles, estão os que acreditam que nada pode mudar, mude ou não mude o mundo. Sobreviveremos depois disso?


Comentário:

Não podia estar mais de acordo. Penso apenas que não são só os socialistas que são saloios, deslumbrados e complexados com o grande dinheiro. Muitos outros há igualmente fascinados pelo dito cujo.

3 comentários:

augustoM disse...

Privatizem os políticos.
Um abraço. Augusto

contradicoes disse...

Pois o problema reside quanto mim exactamente aí. Os políticos já há muito que estão privatizados por isso misturam os negócios dos seus patrões com os interesses do Estado.

Anónimo disse...

os governos governam sempre bem para os interesses deles.
Só que nos dizem mentiras e depois não faz sentido.
O MST é a ultima aparencia de democracia que resta. Mas é só fachada.
Que nojo estes advogados?
Profissionais da aldrabice.