segunda-feira, dezembro 07, 2009

A cretinice de João Miranda, blogger do Blasfémias, sobre o tema Desemprego e Socialismo

João Miranda

Colaborador do Blogue neoliberal Blasfémias
Investigador em Biotecnologia
Ex-comentador do Jornal de Notícias



Desemprego e Socialismo II

Publicado no Blasfémias por Joao Miranda - 5 Dezembro de 2009


"Uma bomba da Galp típica tem 8 bombas de gasolina self service, uma caixa multibanco, mini-mercado, cafetaria, banca de jornais e serviço de lavagem de automóveis. Tudo isto é gerido por 3 trabalhadores, que passam a maior parte do tempo nas 3 caixas de pagamento disponíveis."

"Estas bombas da Galp são o resultado inevitável de políticas caras ao socialismo moderno: aumento do salário mínimo, rendimento mínimo, subsídio de desemprego, aumento dos custos do trabalho e subsídios à inovação."

"Uma bomba self-service é mais barata que um funcionário, uma máquina multibanco mais barata que empregado bancário, sistema de lavagem automático mais barato que o salário de 2 ou 3 lavadores e o sistema de caixa centralizada mais barato que venda personalizada."





Contraditório

Este artigo de João Miranda constitui um dos melhores exemplos da cegueira dos entusiatas do laissez-faire.

Na realidade, a bomba self-service, já hoje, não precisa de funcionário nenhum:

Os clientes podem abastecer-se de combustível, pagando por Via Verde ou cartão multibanco. Máquinas automáticas podem providenciar centenas de produtos, bebidas, jornais e revistas, bastando, para tanto, introduzir moedas, notas ou efectuar o pagamento por multibanco. Quanto à lavagem das viaturas, há máquinas automáticas e lavagem executada pelo cliente, com recurso a poucas moedas ou cartão multibanco.


João Miranda acusa o socialismo de empurrar os empresários, em resultado dos «salários astronómicos» exigidos pelos trabalhadores, a optar pela tecnologia, relativamente mais barata.

O que João Miranda não percebe, é que a tecnologia está a substituir o emprego (e boa parte do trabalho), e que este fenómeno avança em progressão exponencial. O hardware e o software há séculos que vêm crescentemente a substituir o trabalho humano. Não estamos muito longe do ponto em que o emprego vai desaparecer por completo, por incapacidade absoluta do homem em competir com tecnologia cada vez mais inteligente, mais rápida, mais capaz e mais precisa.


Mas este fenómeno, ao invés de representar o fim do socialismo, significa, pelo contrário, a sentença de morte do capitalismo. The rational is:

A tecnologia (em evolução exponencial) está a substituir os empregos

Sem empregos não há salários

Sem salários não há poder de compra

Sem compras não há vendas

Sem vendas não há lucros

Sem lucros não há capitalismo

Sem capitalismo não há propriedade privada dos meios de produção



Donde, o exemplo que João Miranda aponta, traduz precisamente o contrário daquilo que defende. É o capitalismo e não o socialismo que está na berlinda.

18 comentários:

José Rodrigues disse...

ah ah ah, boa!
Claro que as máquinas passam a desenhar-se sózinhas, a construir-se sózinhas, a programar-se sózinhas, a reparar-se sózinhas e até a vender-se umas às outras. Na verdade as empresas só terão máquinas e a gestão do "capitalismo" também será feita integralmente por máquinas.
Acho que já vi isto num filme, só não me lembro do nome.
Mas está boa a piada, lá isso está :D)

Anónimo disse...

E não será preciso biotecnologistas mormente,da estirpe do joão miranda,ser insubstituível no que diz respeito ao disparate e à tendencia asquerosa fascista desse bronco.A puta que o pariu!

Eurico Moura disse...

No mesmo registo :
http://portudo-e-pornada.blogspot.com/2009/12/utopias.html

Outside disse...

Excelente texto num coerente e lúcido contraditório (que sem desprimor pela sua argumentação se torna mais fácil face aos argumentos e pensamentos coloridamente afectados de JM)!

Cumprimentos

Manuel Gouveia disse...

Paremos o progresso tecnológico,acabemos com o socialismo, mas nunca, nunca paguem salários condignos...

Porque paga o Belmiro a uma caixa de supermercado metade do que paga em Espanha, se vende lá e cá os produtos ao mesmo preço? O caixa português tem assim maior produtividade?

Diogo disse...

jdrsantos – Não sei se já deu por isso, mas a tecnologia tem vindo a evoluir a um ritmo exponencial. Significa isso que as máquinas vão substituindo o homem em todas as áreas de actividade. Procure no Google por automação, robótica e artificial intelligence. Hoje, um contabilista armado de um computador e software faz o trabalho de uma firma com meia centena de contabilistas há 30 anos atrás. Pense nisso e informe-se.


Anónimo – Também chegará a vez aos biotecnólogos


Eurico Moura – Bom Blog!


Outside – O texto de JM é confrangedor. Obrigado pelo elogio ao contraditório.


Manuel Gouveia – Defendo uma sociedade sem empregos, assente numa base do faça-você-mesmo numa nova base tecnológica. O capitalismo vai desaparecer.

contradicoes disse...

Caro Diogo, por maior avanço tecnológico que possa haver a robótica não substituirá nem agora nem nunca todas as tarefas que são desempenhadas pelo homem. Poderia enumerar milhentos postos de trabalho em várias áreas que jamais a robótica substituirá o homem. Mas também julgo ser necessário atentar no facto que o desenvolvimento tecnológico e o desemprego que o mesmo está a gerar, faz com que a sociedade vá perdendo poder de compra e como muito bem refere no post não havendo emprego, não há salários,
e em consequência disso decrescem as vendas baixam os lucros dos negociantes, fecham as fábricas porque diminui drásticamente a produção porque o consumo decresce. Os modelos capitalistas adoptados pelos países estão caducos e os governos insistem em prolongar a sua morte anunciada. Os mesmos senhores que se apoderaram das economias dos países tendo a seu soldo a classe política têm duma vez por todas entender que as nações não podem continuar a ser geridas desta forma sob pena de num médio prazo haver uma sublevação por parte das populações em que os próprios exércitos sejam incapazes de conter a sua fúria. E após a revolta global terminará a globalização da economia porque cada nação terá de escolher o seu próprio modelo face à riqueza que possuir.

Diogo disse...

Raúl: «por maior avanço tecnológico que possa haver a robótica não substituirá nem agora nem nunca todas as tarefas que são desempenhadas pelo homem. Poderia enumerar milhentos postos de trabalho em várias áreas que jamais a robótica substituirá o homem.»


Raúl, venha de lá essa lista de postos de trabalho em que jamais a robótica substituirá o homem.

Zorze disse...

Diogo,

É mais ou menos para aí que se caminha.
Só que temos de contar com outros factores pelo meio, um deles; brutais tumultos sociais a por a vida do dia-a-dia num estado quase impraticável.

Abraço,
Zorze

Anónimo disse...

ECONOMIA
Numa pequena vila na costa sul da França, chove, e nada de especial acontece.
A crise sente-se.
Toda a gente deve a toda a gente. Carregados de dívidas.
Subitamente, um rico turista russo, chega à recepção do pequeno hotel local.
Pede um quarto e coloca uma nota de 100€ sobre o balcão, pede uma chave de quarto e sobe ao 3º andar para inspeccionar o quarto que lhe indicaram, na condição de desistir se lhe não agradar.
O dono do hotel pega na nota de 100€ e corre ao fornecedor de carne aquem deve 100€, o talhante pega no dinheiro e corre ao fornecedor de leitões a pagar 100€ que devia há algum tempo, este por sua vez corre ao criador de gado que
lhe vendera a carne e este por sua vez corre a entregar os 100€ a uma prostituta que lhe cedera serviços a crédito.
Esta recebe os 100€ e corre ao hotel aquem devia 100€ pela utilização casual de quartos à hora para atender clientes.
Neste momento o russo rico desce à recepção e informa o dono do hotel que o quarto proposto não lhe agrada, pretende desistir e pede a devolução dos 100€.   Recebe o dinheiro e sai.
Não houve neste movimento de dinheiro qualquer lucro ou valor acrescentado.
Contudo, todos liquidaram as suas dividas e este elementos da pequena vila costeira encaram agora optimisticamente o futuro.

Anónimo disse...

Temos aqui um madoff...como é que a ignorância é tão orgulhosa?Só assim se compreende que este 'investidor experto' vá votar ora no PS,ora no PSD e,para ser mais radical,no CDS!Não há pachorra

alf disse...

Diogo

Você não conhece o mundo do desenvolvimento tecnológico, apenas o lado do utilizador. É que para fazer esses robot são precisas milhares de pessoas a queimar miolos. Pessoas que passaram muitos anos a estudar e cujos conhecimentos ficam obsoletos em pouco tempo.

Portanto, o desenvolvimento tecnológico tira trabalho braçal mas gera um outro tipo de emprego.

Mas tem razão por outro lado - as pessoas passarão a maior parte da vida ou a estudar ou reformados, portanto não como empregados; e a distribuição de riqueza não pode ser baseada em «salários». Aliás, é isso que já acontece hoje.

Portanto, na verdade, você tem razão, embora a causa não seja a de deixar de haver necessidade de trabalho mas a de o trabalho de muita gente passar a ser como o do futebolista - uma pessoa só é activa durante um número reduzido de anos, porque precisa de muitos para estudar e rapidamente os seus conhecimentos se desactualizam.

Diogo disse...

Alf – Por acaso conheço uma parte do mundo do desenvolvimento tecnológico. Sou programador há muitos anos.

Também sei que com a evolução do software são precisas cada vez menos cabeças para produzir mais conhecimento.

E também não faz sentido que um indivíduo passe a maior parte da vida a «estudar» para trabalhar meia dúzia de anos. Já hoje acontece o absurdo de um indivíduo ter uma aprendizagem de 17 anos para trabalhar 34.

A evolução exponencial da tecnologia (incluindo o software inteligente) vai mandar tudo para o desemprego, incluindo cientistas, administradores e patrões.

simon disse...

Ai, tá boa, muito boa, é o capitalismo que está na berlinda, como se demonstra, e o João Miranda, as usual so fine, tropeçou na poça e nem deu conta disso.

simon disse...

Eh, aí o madoff de momento esqueceu-se de dizer que o tabelião do hotel, para dar ao russo os 100€ (eros) teve de pegar de outros cem que guardava lá na gaveta.

Anónimo disse...

À algum tempo que já não lia aqui um post com o qual estivesse de acordo.

Ora nem mais! Eu sei que isto não cai muito bem mas o desemprego deveria de ser uma das medidas positivas da qualidade de vida! Esta frase é falaciosa na medida em que há necessidade de produção mas tendencialmente esta produção tem vindo a ser cada vez mais feita pelas máquinas. E ainda bem!

Na realidade para haver disrupção do capitalismo a este nível julgo necessário 2 condições:
* produção automática (sustentável) da alimentação;
* Uma crise valente.

Quando a produção da alimentação for automática e a fome chegar verdadeiramente ao povo... caput.

Tudo o resto virá por arrasto. É preciso uma casa? Certo, quem precisar desta terá ferramentas que o ajudem no projecto e construção da mesma.

Conheço um montão de gente com alto entusiasmo pelas impressoras 3D. Sabem porquê? home made factory! Hacking live to the bones; DIY spirit, etc... e isto é só uma novidade. Esperem até haver uma massificação.

Na realidade todo o ambiente disruptivo da web é possível no mundo real - é uma questão de tempo até a tecnologia surgir. E a tecnologia é assim mesmo: disruptiva. Trouxe o capitalismo e vai levá-lo. A complexidade da criação dum sistema operativo, enciclopédias, música,... é tão grande como a construção de máquinas e nada impede que seja a comunidade que o faça. De igual forma não será preciso mais que as comunidades para suprir as necessidades tecnológicas vindouras. Mas há funções insubstituiveis: um psicólogo não terá substituto. Mas este já terá a sua casa garantida, a sua alimentação, ... e como há gente que até curte ser psicólogo (para infelicidade do capitalista), certamente
curtirá ao molho faze-lo de graça sabendo que no final do mês há comida no prato na mesma.

Neste raciocionio há um conj. de falacias, comuns às do capitalismo de hoje em dia: energia, recursos e poluicao. Sem estes vectores nada se vai suster por muito tempo e como a evolução é exponencial... tenho receio de se chegar a um ponto de não retorno (em que o capitalismo - ou qualquer sistema social complexo - não se manterá na mesma).


Ainda sobre o radicalismo liberal, não podia estar mais de acordo! A verdade é que estes senhores liberais (imagino que com a barriga - pelo menos - não vazia) gostam muito de dizer indirectamente que ser escravo é menos mau que pedinte. Mas afinal, o individuo é ou não é livre? Se é livre não é escravo (nem tem a liberdade de o ser porque senão não seria livre). Só se esse conceito de liberdade, for para ter liberdade de escolher quem nos escraviza. Assim compreendo melhor o ponto de vista - apesar de não concordar.

Anónimo disse...

Epá esqueci-me de uma coisita para os senhores liberais: houve já na história do mundo, um período capitalista em que não havia leis laborais: salários mínimos, horários de trabalho, etc ... bom, a verdade é que não foi lá muito bonito, não senhor. Enfim, fica consideração: a "vossa solução" já foi testada e correu tão "bem"* que se evoluímos para o que é hoje (bem melhor mas certamente irá mudar). E não é tão mau para mim - ocidental. Porque vivo à conta dos escravos orientais, sul americanos e africanos - cujas condições de trabalho não tão diferentes das nossas à 150 anos atrás. Tenho dito.


* mais de 12 horas de trabalho diário, subnutrição, poluição até ao tutano, analfabetismo, morte prematura. Todas estas lindas coisas de forma generalizada na população.

Anónimo disse...

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