quinta-feira, dezembro 17, 2009

Os Bancos pagaram mais 13% aos seus administradores em 2008

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Esquerda.NET - 16-12-2009

Em 2008, a crise veio abalar o sistema financeiro, mas não os salários dos administradores executivos. Em média, cada um ganhou cerca de 700 mil euros no ano passado.

No ano em que o Estado português teve de dar o seu aval, com o dinheiro dos contribuintes, para os bancos superarem as dificuldades em se financiarem no exterior, a realidade no conforto dos gabinetes era bem diferente. Segundo dados divulgados pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, as remunerações dos membros das Comissões Executivas e dos Conselhos de Administração exclusivamente executivos dispararam quando a actividade no sector afundava.

Em 2008, cada um destes administradores levou para casa, em média, cerca de 698 mil euros. Mais de metade deste valor foi pago a coberto de bónus como prémios de desempenho e outras forma de remuneração variável. Comparando com o ano anterior, antes da chegada dos efeitos da crise financeira, estes salários aumentaram 13%, aumentando assim a diferença para os cargos equivalentes nas empresas do sector não financeiro que mesmo assim subiu 7% para cerca de 572 mil euros por administrador.

Os números são feitos pela média de cada Conselho de Administração e a CMVM diz que em média o administrador mais bem pago ganha 2,8 vezes mais que o seu colega no fundo da tabela salarial.

Estes valores não incluem as chamadas "responsabilidades de médio e longo prazo", ou seja, os benefícios de reforma a que terão direito os administradores na hora da saída. Mais uma vez, o sector financeiro destaca-se por pagar 4,3 vezes mais que a média das sociedades cotadas do sector não-financeiro. Usando o exemplo dos administradores já referidos, a banca compromete-se, em média, com 20 milhões de euros para o seu conforto futuro.



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Em face da sumptuosidade dos bem-aventurados administradores da Banca, e num país com cerca de 700 mil desempregados, em que mais de 40% dos trabalhadores são precários e onde existem mais de dois milhões de pobres, qual deverá ser a opção destes desafortunados? A miniatura secular ou o aço pontiagudo?


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Silvio Berlusconi, o chefe de Governo italiano foi atingido na cara por uma réplica em miniatura da catedral de Milão, que lhe partiu dois dentes e fracturou o nariz.

Sílvio Berlusconi ao cheirar involuntariamente a miniatura da catedral de Milão
viu diminuída a sua capacidade de mastigar spaghetti.



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Na imagem seguinte, réplicas em tamanho real de dispositivos capazes de agastar administradores bancários cujo desporto passa por espoliar a esmagadora maioria da população. Ao contrário das miniaturas históricas, sujeitas a arremessos erráticos, a estas réplicas basta um dedo decidido e uma mira certeira:


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17 comentários:

Filipe disse...

Diogo, lamento ver aqui mais um post excessivo e parcial. Parece-me claro que os nossos administradores da banca, e de outras empresas de sucesso, merecem tudo o que ganham.

Não é fácil criar redes de influência, subornar ministros, autarcas e comissões exigentes, aderir a ordens que forçam o uso de avental, fumar charutos caros sem nos apetecer, prescindir de vergonha na cara, suportar a inveja dos que são como nós, e a justa indignação de todos os outros.

É uma escolha de vida ingrata, que só vale pelas compensações materiais. E todos sabemos, como estas são vãs e insuficientes. No fundo, são vítimas da sua própria ambição.

Num registo mais sério, e falando de SOLUÇÕES, discordo da imagem que escolheu. Para quê chegar junto a estes canalhas, se eles nos atingem de longe? Sugiro antes uma boa "sniper rifle", no sítio e momentos certos.

O Sr. Simo Häyhä, por exemplo, poderia fazer maravilhas pela integridade da nossa classe de políticos, banqueiros, e gestores.

contradicoes disse...

Como sempre frontal e directo na sua avaliação de procedimentos e discordando o ponto de vista ao anterior comentador ao referir que os administradores da banca merecem o que ganham porque sabem gerir empresas de sucesso. Essa dá vontade de rir. Os banqueiros neste país cada vez mais praticam a usura desmesurada que alguma vez se viu daí embora se confrontrem com credito mal parado que atinge valores elevados mesmo assim conseguem obter lucros fabulosos e obtêm-nos exactamente por praticarem uma usura imprópria duma actividade destas ou seja aqueles que cumprem com os seus contratos de crédito suportam juros tão altos que esta escandalosa margem permite aos banqueiros não só cobrirem os prejuízos resultantes do crédito mal parado como ainda terem lucros elevados podendo através deles obterem elevadas remunerações. Chamar a isto saber gerir vou ali já venho. Chamar a isto é simplesmente ter um negócio através do qual lhes é permitido roubar licitamente porque lhes é consentido. Nem sequer chegam a pagar 3% de juros aos clientes que façam aplicações a prazo e dois permitem-se com o seu dinheiro emprestar aos clientes em dificuldades com Spreads que chegam a atingir os 30%. Se isto não é usura o que será.

Diogo disse...

Excelente ironia meu caro Filipe.

Duas dúzias de Häyhäs, em poucos meses e com uma carga laboral de 8 horas por dia, fariam milagres pela democracia.

Abraço.



Raúl, que atitude, então, tomar em relação a esses excelsos banqueiros, já que a justiça não se mexe?
Abraço

Zorze disse...

Diogo,

No final do ano passado e início deste ano, os banqueiros em todo o mundo aperceberam-se pela primeira vez, que de facto, dependem dos seus clientes, se eles não conseguirem pagar os seus créditos, os bancos vão à falência.
Apanharam um susto!
Numa segunda vaga da crise, já não existirá liquidez suficiente para "novas ajudas" à banca.
Estar a dizer que estamos à beira do colapso, poderá se julgar negativismo e bota-abaixismo. Só que é a realidade actual e não se vê a reparação dos erros que o sistema necessitava.

E 21/12/2012, aproxima-se...

Abraço,
Zorze

Anónimo disse...

Caro Diogo
Que atitude tomar em relação à banca?
Evitar utilizar os bancos seja para o que for, e procurar trabalho noutro sector (sem funcionários não se factura tanto).
Não comprar nada a crédito.
Não pagar nada por transferência bancária.
Porque os ordenados normalmente e por imposição da entidade empregadora, são pagos por transferência, manter nos bancos o mínimo necessário para não ter de pagar a taxa (roubo) de manutenção da conta.
Fazer o sacrifício, que tem enormes vantagens futuras, de pagar qualquer dívida que se tenha na banca ou outro lado qualquer, o mais rapidamente possível.
No fundo é evitar dar dinheiro a ganhar àqueles que por exemplo, criam crises para nos escravizar e espoliar. Desta forma matamos dois coelhos em simultâneo. Poupamos dinheiro não tendo de pagar juros, ficamos com esse dinheiro para decidirmos NÓS o que fazer com ele, e diminuímos a capacidade da banca em comprar, subornar os políticos, para que estes façam aquilo que eles querem, que é sempre a favor deles, banca*. Somos desta forma um pouco mais livres.
Pagar o mais possível em dinheiro, ficamos com mais consciência do que gastamos, que nos custou a ganhar.
Onde guardar as poupanças? Com um pouco de imaginação e um pouco de trabalho arranja-se sempre sitio.


*Eu sei que pode ser apenas uma alfinetada, mas também pode exercer muita pressão. Depende do numero de pessoas.
Carlos

Diogo disse...

Zorze e Carlos,

Escrevi há tempos um post que julgo responder às questões que ambos colocam:

Para estoirar de vez com os bancos comerciais

Anónimo disse...

Caro Diogo
O que propõe, do meu ponto de vista, no estado em que as coisas estão, não é inexequível. Envolve muita gente que perderá o seu ganha pão, requer um impulso muito grande, um momento especial. O que eu sugeri é tornar cada um de nós um pouco mais independente, é muito mais simples, é cada um começar a assumir a sua liberdade, mudar a forma de pensar actual (embora o seu também o requeira, mas em muito maior escala).
Não estou a dizer que está errado. Pessoalmente não gosto dos monopólios, sejam privados ou públicos. Se impedimos a iniciativa privada neste ou naquele sector, estamos a cercear a liberdade das pessoas. Eu sei que se impedirmos monopólios estamos a limitar a liberdade, mas não na sua extensão total, o que é um pouco diferente.
Carlos

Diogo disse...

Carlos, dois pontos:

1 - (Quase) todos precisamos de crédito para viver. O crédito é um adiantamento de uma quantia que é exigida a pronto por um vendedor mas que as pessoas não dispõem na totalidade, embora a possam pagar a prestações.

Sem crédito, poucos teriam casa, carro ou possibilidade de montar uma empresa. O que proponho é um banco estatal onde não há juros.


2 – Os bancos comerciais retiram deliberadamente dinheiro de circulação. O dinheiro em circulação é o sangue vital da economia. Sem dinheiro há depressão, empresas a fechar, desemprego e miséria, e os bancos compram essas empresas, casas, propriedades, etc. por tuta e meia. É assim que a banca comercial engorda e espolia a população.

Donde, só há uma forma de resolver o assunto: acabar com a banca privada.

Abraço

xatoo disse...

que simplório: "um banco estatal onde não há juros"
e depois? o banco estatal para emprestar dinheiro a essa gente toda que não produz valor suficiente para comprar casa, carro e viagens aos trópicos,,, não precisaria de se refinanciar junto da banca internacional?
O banco do Estado estaria certo, porém, a grande questão está em que simplesmente as pessoas não poderão manter este tipo de vida e aquisições...

sugestão para um post, vê lá se traduzes isto. Parece-me interessante:
http://www.brasschecktv.com/page/752.html
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Anónimo disse...

Caro Diogo

“2 - Os bancos comerciais retiram deliberadamente dinheiro de circulação.”

A - Os bancos existem para vender dinheiro. É essa a sua função (Eu sei que fazem mais do que isso).
B - O sistema implementado é que permite aos bancos a “segunda função”, a de retirar dinheiro de circulação. Portanto, do meu ponto de vista, o sistema que permite essa “segunda função”, é que está errado.

Se se pode pagar a prestações, porque não economizar essas prestações, até ter o valor total e comprar a pronto? Não estou a referir-me a uma casa por exemplo, mas centenas de outras coisas que se compram e que até muitas vezes não fazem falta. Um exemplo. O Diogo sabe que praticamente todos temos telemóveis. Sabe também que em caso de urgência, se for a um telefone qualquer e digitar o 122 pode falar a pagar no destino? Quantos têm mesmo necessidade de um telemóvel?

O estado fica com o monopólio do crédito. Quem gere, controla, etc? Os governantes?
O nosso credor é nosso proprietário.
O que penso é que devemos mudar é a nossa mentalidade. Não devemos viver a crédito.
Carlos

simon disse...

Merecem tudo. Um fartar, que não é muito, coitados. Depois de bem gasto e comido, bem empregue em fazendas, acções, carros de marca, além do devido à família, algum dia, os pobres de ricos morrem como toda a gente. Uma injustiça, se nem o Menino Jesus lhes vale.

Diogo disse...

Xatoo – Não. Como já devias ter a obrigação de saber, os bancos criam dinheiro, seja por impressão em papel, seja com alguns toques num teclado de computador. Não há necessidade de refinanciamento de porra nenhuma. Depois as pessoas iriam pagando as prestações ao banco do Estado com os seus ordenados e sem pagar os juros assassinos que são obrigados a pagar agora.

Sobre o vídeo, nem sequer há necessidade de esquemas nenhuns. A percentagem de CO2 na atmosfera é de cerca de 0,03%. Desta, só uma ínfima parte é resultado do homem. Este podia produzir um milhão de vezes mais de CO2 que não aquecia nem arrefecia.


Carlos – O crédito é uma forma fantástica de criar riqueza desde que não haja juro. É um adiantamento de riqueza que será produzida no futuro e que se reproduzirá sobre muitas outras formas criando ainda mais riqueza.

Um banco estatal seria apenas como uns serviços municipalizados ou um hospital público - não seriam nossos proprietários. A sua função seria adiantar-nos dinheiro (criado por ele) que pagaríamos com salários futuros.


Simon – Os banqueiros e os que orbitam à sua volta são os maiores criminosos à face da terra.

xatoo disse...

"Não há necessidade de refinanciamento"?
isso seria se toda a gente produzisse o mesmo em todos os lados e não vigorasse um sistema de trocas desiguais. Um haitiano carpinteiro numa favela vai trocar o quê com um operário especializado alemão?
é desta diferença que nasce a necessidade de refinanciamento, medido segundo os diversos produtos brutos nacionais produzidos. Se naõ se aceitar isto é pq se advoga o nacionalismo proteccionista. E neste caso com aquilo que produzem os portugueses já teriam morrido à fome (importamos 80% daquilo que comemos, para já não falar de automóveis, telemóveis, camarões, etc)

ps. por uma vez estou de acordo com o Carlos. Quem não tem dinheiro não pode ter direito a consumir mais que aquilo que produz (a menos que seja incapacitado e não possa trabalhar e nesse caso o Estado tem obrigações sociais com ele)

Daniel Simões disse...

Façam como eu:

não tenho conta em banco,
nunca pedi créditos
e trabalho por conta própria.

Diogo disse...

Xatoo, sabes o que é refinanciamento?

O que estás a falar é de moeda que permite com facilidade trocar alhos por bugalhos.

Antes da moeda existia a troca directa, lembras-te?


Daniel, e se quiser comprar uma casa?

Carlos disse...

Caro xatoo
O meu problema com a sua frase prende-se com; não pode ter direito a.
Caro xatoo, para mim, já me chegam as imposições feitas pela mãe natureza, ou Deus, como queira.
Ou comes ou morres, ou bebes (água) ou morres, ou urinas ou morres, ou defecas ou morres, ou te moves ou morres, ou respiras ou morres. Mesmo depois de tudo isto cumprido... morres! Bha...

xatoo disse...

Carlos
não tenho nenhum problema com a frase
"não pode ter direito a..."
vem na boa tradição socialista "de que quem não trabalha não come"
(salvo nos casos assistencialistas que mencionei, onde é preciso a mediação do Estado social

Quanto ao que diz o Diogo, depois daquela laracha sobre o regresso (financeiro) às trocas do capitalismo mercantil (apagando da história a sequência entrópica da máquina a vapor, do industrialismo moderno e da automatização imperialista), não me merece mais comentários
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