Excerto do livro «The Lights in the Tunnel: Automation, Accelerating Technology and the Economy of the Future [As luzes no Túnel: Automação, Tecnologia em Aceleração e a Economia do Futuro]» de Martin Ford - Engenheiro informático de Silicon Valley, autor e empresário.
[Tradução minha]
O Ponto de Viragem
Trabalho-Intensivo versus Capital-Intensivo, Desemprego e o fim da Economia de Mercado
Trabalho-Intensivo versus Capital-Intensivo, Desemprego e o fim da Economia de Mercado
[Qualquer actividade produtiva utiliza uma determinada combinação de factores produtivos para a produção de bens e serviços. Quanto à intensidade da utilização dos factores produtivos, podem ser de capital-intensivo (utilizam mais intensivamente o capital – tecnologia, máquinas), ou trabalho-intensivo, que utilizam intensivamente o trabalho ou mão-de-obra.]
Podemos situar qualquer indústria algures no espectro que vai desde o grau mais trabalho-intensivo até ao grau mais capital-intensivo. Na nossa economia actual, algumas das indústrias de cariz mais trabalho-intensivo estão na venda a retalho, hotelaria e pequenos negócios. Supermercados, cadeias de lojas, restaurantes e hotéis têm todos de contratar bastantes empregados.
Indústrias de capital-intensivo, por outro lado, empregam relativamente poucas pessoas e, em vez disso, requerem investimento em tecnologia: maquinaria e equipamento avançados e em sistemas computorizados. Indústrias de alta tecnologia tal como fabrico de semicondutores, biotecnologia e companhias baseadas na Internet são todas de capital intensivo.
Podemos situar qualquer indústria algures no espectro que vai desde o grau mais trabalho-intensivo até ao grau mais capital-intensivo. Na nossa economia actual, algumas das indústrias de cariz mais trabalho-intensivo estão na venda a retalho, hotelaria e pequenos negócios. Supermercados, cadeias de lojas, restaurantes e hotéis têm todos de contratar bastantes empregados.
Indústrias de capital-intensivo, por outro lado, empregam relativamente poucas pessoas e, em vez disso, requerem investimento em tecnologia: maquinaria e equipamento avançados e em sistemas computorizados. Indústrias de alta tecnologia tal como fabrico de semicondutores, biotecnologia e companhias baseadas na Internet são todas de capital intensivo.
Trabalho-Intensivo versus Capital-Intensivo
Com o tempo, à medida que a tecnologia evolui, a maior parte das indústrias tornam-se mais capital-intensivas e menos trabalho-intensivas. A tecnologia também cria indústrias completamente novas, e estas são quase sempre capital-intensivas. Este facto tem sido assim há séculos, e historicamente tem sido uma coisa positiva. Se se comparar as indústrias numa nação desenvolvida, como os Estados Unidos, com as indústrias de uma nação do Terceiro Mundo, descobre-se invariavelmente que a economia americana é muito mais capital-intensiva. Foi a introdução da tecnologia avançada que aumentou a produtividade e tornou ricas as nações mais desenvolvidas.
A razão deste facto remonta à explicação dos economistas da «Falácia Ludita»:
Wikipedia - [O Ludismo é o nome do movimento contrário à mecanização do trabalho trazida pela Revolução Industrial. Adaptado aos dias de hoje, o termo Ludita (do inglês Luddite) identifica toda a pessoa que se opõe à industrialização intensa ou a novas tecnologias. Os Luditas invadiram fábricas e destruíram máquinas, que, segundo eles, por aquelas serem mais eficientes que os homens, lhes tiravam os seus empregos. Os Luditas ficaram lembrados como "estoira-máquinas"]
A razão deste facto remonta à explicação dos economistas da «Falácia Ludita»:
Wikipedia - [O Ludismo é o nome do movimento contrário à mecanização do trabalho trazida pela Revolução Industrial. Adaptado aos dias de hoje, o termo Ludita (do inglês Luddite) identifica toda a pessoa que se opõe à industrialização intensa ou a novas tecnologias. Os Luditas invadiram fábricas e destruíram máquinas, que, segundo eles, por aquelas serem mais eficientes que os homens, lhes tiravam os seus empregos. Os Luditas ficaram lembrados como "estoira-máquinas"]
À medida que a nova tecnologia é adoptada pelas indústrias, a produção torna-se mais eficiente. Isto resulta na perda de alguns empregos, mas também provoca preços mais baixos para bens e serviços. Por outras palavras, coloca mais dinheiro nos bolsos dos consumidores. Estes consumidores vão então comprar todo o tipo de coisas, e o resultado é um aumento da procura dos produtos de toda a espécie de indústrias.
Algumas destas indústrias são muito trabalho-intensivas, e portanto enquanto se esforçam para fazer face a este aumento da procura, são forçados a contratar mais trabalhadores. E desta forma, o emprego na sua totalidade mantém-se estável ou até aumenta. Por vezes, evidentemente, este resultado traduz-se numa transição desagradável para alguns trabalhadores: podem perder um emprego bem remunerado na indústria e acabar com um emprego mal pago como caixa de um supermercado.
Algumas destas indústrias são muito trabalho-intensivas, e portanto enquanto se esforçam para fazer face a este aumento da procura, são forçados a contratar mais trabalhadores. E desta forma, o emprego na sua totalidade mantém-se estável ou até aumenta. Por vezes, evidentemente, este resultado traduz-se numa transição desagradável para alguns trabalhadores: podem perder um emprego bem remunerado na indústria e acabar com um emprego mal pago como caixa de um supermercado.
Número de empregados e respectivos salários médios nas seguinte empresas:
McDonalds - 400.000 empregados - 59.000 dólares
Wal-Mart - 2.100.000 empregados - 180.000 dólares
Intel - 83.000 empregados - 456.000 dólares
Microsoft - 91.000 empregados - 664.000 dólares
Google - 20.000 empregados - 1.081.000 dólares
McDonalds - 400.000 empregados - 59.000 dólares
Wal-Mart - 2.100.000 empregados - 180.000 dólares
Intel - 83.000 empregados - 456.000 dólares
Microsoft - 91.000 empregados - 664.000 dólares
Google - 20.000 empregados - 1.081.000 dólares
Pode este processo continuar indefinidamente? A tecnologia da automação vai progressivamente invadir os restantes sectores do trabalho-intensivo da economia. Quando isto acontecer, que indústrias restarão para absorver todos os trabalhadores substituídos? Atente-se na tabela acima. O que é que acontecerá quando a McDonalds começar a ficar mais parecido [em termos de empregos] com a Google?
Um exercício simples de senso comum mostra-nos que existe um limiar a partir do qual a economia no seu todo se torna demasiado capital-intensiva. Assim que isto aconteça, preços mais baixos resultantes de aperfeiçoamentos tecnológicos não se traduzirão em mais emprego. Depois deste limiar ou ponto de viragem, as indústrias que constituem a nossa economia já não necessitarão de contratar os trabalhadores suficientes para compensar a perda de empregos resultantes da automação; serão, em vez disso, capazes de encontrar algum aumento na procura principalmente investindo em mais tecnologia. Este ponto marca a derrocada da fé dos economistas na Falácia Ludita, e marca também o princípio de uma espiral económica decrescente pela simples razão de que os trabalhadores são também os consumidores de tudo o que é produzido na nossa economia.
O que é que devemos esperar que aconteça se a generalidade da economia se estiver a aproximar deste ponto de viragem, a partir do qual as indústrias deixam de ser suficientemente trabalho-intensivas para absorver os trabalhadores que perderam os seus empregos devido à automação? Devemos provavelmente assistir um aumento gradual do desemprego, congelamento de salários e aumentos significativos na produtividade (output por hora de trabalho) à medida que as indústrias forem sendo capazes de produzir um maior número de bens e serviços com menos trabalhadores.
Isto parece desconfortavelmente parecido com o que tem estado a acontecer nos anos que conduziram à actual recessão. Em Agosto de 2003, o "The Economist" escreveu que a "Agência de Estatística do Trabalho expressou a mais recente prova do renascimento da produtividade americana: a produtividade por trabalhador aumentou em 5,7% no segundo trimestre, calculada a um período de um ano. Mas nos tempos actuais, menos exuberantes, o número levantou a triste possibilidade de crescimento sem criação de empregos." Três anos depois, num artigo intitulado "O caso dos Empregos Desaparecidos," a BusinessWeek disse: "Desde 2001, com a ajuda de computadores, modernização das comunicações, e com operações fabris ainda mais avançadas, a produtividade industrial americana, ou o total de bens e serviços que um trabalhador produz numa hora, disparou para uns impressionantes 24%... Em suma: estamos a fazer mais com menos gente." Não há forma de saber com segurança a que distância estamos da estagnação permanente da criação de emprego na economia. Contudo, estas estatísticas são seguramente uma causa de preocupação.
O Trabalhador Médio e a Máquina Média
Outra forma de expressar esta ideia de um ponto de viragem é imaginar num trabalhador médio a utilizar uma máquina média algures na economia. Obviamente, no mundo real existem milhões de trabalhadores a utilizar milhões de máquinas diferentes. Com o tempo, evidentemente, estas máquinas vão-se tornando mais sofisticadas. Imagine-se uma máquina típica que represente de modo geral todas as máquinas na economia.
A determinada altura, essa máquina pode ter sido uma nora de um moinho. Depois, pode ter sido uma máquina movida a vapor. Mais tarde, uma máquina industrial alimentada a electricidade. Hoje, a máquina é provavelmente controlada por um computador ou por microprocessadores embutidos.
À medida que a máquina típica se vai tornando cada vez mais sofisticada, os salários dos operários que nela trabalhavam foram aumentados. Máquinas mais sofisticadas tornam a produção mais eficiente e tal traduz-se em preços mais baixos e, portanto, mais dinheiro nos bolsos dos consumidores. Os consumidores vão então gastar esse dinheiro extra, e isso cria empregos para mais trabalhadores que, de igual forma, vão operar máquinas que continuam a evoluir.
De novo, a questão a colocar é: Pode este processo continuar para sempre? Estou convencido de que a resposta é NÃO, e o gráfico seguinte ilustra este facto.
A determinada altura, essa máquina pode ter sido uma nora de um moinho. Depois, pode ter sido uma máquina movida a vapor. Mais tarde, uma máquina industrial alimentada a electricidade. Hoje, a máquina é provavelmente controlada por um computador ou por microprocessadores embutidos.
À medida que a máquina típica se vai tornando cada vez mais sofisticada, os salários dos operários que nela trabalhavam foram aumentados. Máquinas mais sofisticadas tornam a produção mais eficiente e tal traduz-se em preços mais baixos e, portanto, mais dinheiro nos bolsos dos consumidores. Os consumidores vão então gastar esse dinheiro extra, e isso cria empregos para mais trabalhadores que, de igual forma, vão operar máquinas que continuam a evoluir.
De novo, a questão a colocar é: Pode este processo continuar para sempre? Estou convencido de que a resposta é NÃO, e o gráfico seguinte ilustra este facto.
O problema, evidentemente, é que as máquinas se estão a tornar cada vez mais autónomas. Pode-se observar isto no gráfico no ponto onde a linha pontilhada (conhecimento convencional) e a linha contínua divergem. À medida que mais máquinas começarem a trabalhar sozinhas, o valor que o trabalhador médio acrescenta começa a declinar. É de lembrar que estamos a falar de trabalhadores médios. Para melhor perceber o gráfico acima, atente-se na distribuição de rendimentos nos Estados Unidos e depois retirem tanto as pessoas mais ricas como as mais pobres. Depois veja-se o rendimento médio dos "típicos" restantes (a maioria dos consumidores) ao longo do tempo. Se, ao invés, se observar o Produto Interno Bruto per capita, chegar-se-á a um gráfico semelhante, mas a divergência entre as linha pontilhada e a linha contínua irá ocorrer um pouco mais tarde. Isto acontece porque as pessoas mais ricas (que são donas das máquinas ou com altos níveis de especialização) irão beneficiar inicialmente da automação e, por isso, elevam a média.
Logo que as linhas começam a divergir, as coisas vão ficar muito feias. Isto acontece porque o mecanismo básico que coloca o poder de compra nas mãos dos consumidores está a falhar. Com o tempo, desemprego, baixos salários – e talvez o mais importante – a psicologia do consumidor irá causar uma muito grave retracção económica.
Como o gráfico mostra, dentro do contexto das nossas actuais regras económicas, a ideia das máquinas serem "completamente autónomas" é apenas uma meta teórica que nunca poderá ser alcançada.
Algumas pessoas podem pensar que estou a ser demasiado simplista em relacionar "o progresso tecnológico" com "máquinas mais autónomas". No fim de contas, a tecnologia não são apenas máquinas físicas; são também técnicas, processos e conhecimento distribuído. A realidade, contudo, é que a distinção histórica entre máquinas e capital intelectual está a tornar-se pouco distinta. É agora muito difícil separar processos inovadores da tecnologia de informação avançada que quase sempre torna possível e está na base deles. Sistemas avançados de gestão de inventários e marketing informatizado são exemplos de inovações técnicas, mas que assentam grandemente em computadores. De facto, é possível pensar em quase qualquer processo ou técnica como "software" – e, portanto, parte de uma máquina.
Se ainda tiver problemas em aceitar este cenário, pode colocar a si próprio algumas questões: (1) É possível continuar a aperfeiçoar uma máquina para sempre sem que por fim se torne autónoma? (2) Mesmo se for possível, então não chegará um dia em que a máquina se tornará tão sofisticada que a sua operação estaria para além da grande maioria das pessoas com um grau de formação normal? E não conduziria isto directamente à autonomia da máquina?
Logo que as linhas começam a divergir, as coisas vão ficar muito feias. Isto acontece porque o mecanismo básico que coloca o poder de compra nas mãos dos consumidores está a falhar. Com o tempo, desemprego, baixos salários – e talvez o mais importante – a psicologia do consumidor irá causar uma muito grave retracção económica.
Como o gráfico mostra, dentro do contexto das nossas actuais regras económicas, a ideia das máquinas serem "completamente autónomas" é apenas uma meta teórica que nunca poderá ser alcançada.
Algumas pessoas podem pensar que estou a ser demasiado simplista em relacionar "o progresso tecnológico" com "máquinas mais autónomas". No fim de contas, a tecnologia não são apenas máquinas físicas; são também técnicas, processos e conhecimento distribuído. A realidade, contudo, é que a distinção histórica entre máquinas e capital intelectual está a tornar-se pouco distinta. É agora muito difícil separar processos inovadores da tecnologia de informação avançada que quase sempre torna possível e está na base deles. Sistemas avançados de gestão de inventários e marketing informatizado são exemplos de inovações técnicas, mas que assentam grandemente em computadores. De facto, é possível pensar em quase qualquer processo ou técnica como "software" – e, portanto, parte de uma máquina.
Se ainda tiver problemas em aceitar este cenário, pode colocar a si próprio algumas questões: (1) É possível continuar a aperfeiçoar uma máquina para sempre sem que por fim se torne autónoma? (2) Mesmo se for possível, então não chegará um dia em que a máquina se tornará tão sofisticada que a sua operação estaria para além da grande maioria das pessoas com um grau de formação normal? E não conduziria isto directamente à autonomia da máquina?
Em suma
À medida que a máquina for substituindo totalmente o homem no trabalho, deixará de haver trabalhadores e, portanto, salários. Sem salários não haverá poder de compra. Sem compras não há vendas. Sem vendas não há lucros. Não havendo lucros, deixa de fazer sentido a propriedade privada dos meios de produção.
O futuro da Economia passará pela socialização dos meios de produção e das matérias-primas, pela produção completamente automatizada, e pela entrega de uma mensalidade a todas as pessoas para que possam adquirir os bens de que necessitam.
O futuro da Economia passará pela socialização dos meios de produção e das matérias-primas, pela produção completamente automatizada, e pela entrega de uma mensalidade a todas as pessoas para que possam adquirir os bens de que necessitam.
16 comentários:
Enquanto a automação fizer parte da economia humana, haverá sempre erros. As máquinas estragam-se. Os metais enferrujam. Os plásticos desgastam-se. No mundo real, irão surgir sempre problemas nalgum ponto da linha de montagem e só um ser humano será capaz de detectá-los.
Porque não criar máquinas de controlo de qualidade que procuram erros? Porque assim entrava-se numa regressão infinita. O que acontece quando a própria máquina de controlo de qualidade se estraga? Haverá uma segunda máquina de controlo de qualidade para a primeira máquina de controlo de qualidade? A certa altura, vai sempre ser preciso um ser humano.
No limite atingimos a Utopia. Pois é, o grande problema acontece um Delta antes do limite, em que acontece as máquinas necessitarem ainda de homens (muito poucos) os quais não abrem mão das regalias que lhe são conferidas pelo facto de serem os únicos que fazem mexer toda a geringonça. Por definição isso é a ditadura.
Portanto, no limite não teremos a utopia mas sim a ditadura (voltamos ao tempo dos Reis Absolutos)!!!
Anónimo,
Com a evolução tecnológica exponencial, dentro em pouco, tudo o que o homem souber e puder fazer, a máquina fará infinitamente melhor e mais depressa, inclusivamente raciocinar. O problema da «regressão infinita» não se põe.
Caro Manuel Galvão,
Quando tivermos máquinas que souberem fazer mexer a geringonça infinitamente melhor e mais depressa do que esses (muito poucos) homens, então, a estes homens, só lhes resta desfrutar da produção das máquinas, tal como todos os outros homens.
E, depois disso tudo, ainda haverá homens?
Nelo,
Haverá com certeza! Libertos do trabalho produtivo, de que só um ínfima parte de felizardos sente alguma satisfação em fazer, os homens poderão dedicar-se às actividades que que lhes derem prazer e em que se sintam realizados. E, se hoje, já há muitas dessas actividades, num futuro próximo haverá uma infinidade.
Os homens poderão, por exemplo: escrever artigos ou livros, pintar quadros, esculpir, entrar em torneios de xadrez, ler, ver filmes e documentários, jogar futebol, conviver com amigos, dedicar o tempo que quiser à família, etc., etc., etc., ad infinitum…
Ainda me lembro dos meus primeiros tempos de liceu (morava na altura em Portalegre), onde chegávamos a ter quase quatro meses de férias escolares. Havia algum tédio nesses quatro meses “não produtivos”? Antes pelo contrário! Eu e os miúdos meus vizinhos tínhamos sempre coisas divertidas para fazer: andar de bicicleta, ir à piscina, subir à serra de São Mamede, jogar futebol e muitos outros jogos, namoriscar, ler, conversar com os amigos, etc., etc., etc. E aquando do regresso às aulas, tinha pena daquela liberdade (em parte) perdida…
Abrirá as portas para o Rendimento Básico Incondicional para todos os cidadãos.
Rendimento Básico: Um impulso cultural (Grundeinkommen - ein Kulturimpuls)
https://www.youtube.com/watch?v=-blCTE2s_ic
Redimento Básico:
http://www.rendimentobasico.pt
Com a chegada da I.A. as máquinas poderão alcançar a perfeição, portanto, serem até mesmo auto restauradoras. Numa outra discussão sobre o assunto, houve comentário de que tal inteligência seguiria parâmetros pré estabelecidos. Discordo completamente. No filme "Ex Machina", o criador de certa I.A. num gesto absolutamente humano, arrogante e inerentemente humano, planeja que sua criação obtenha completa autonomia de raciocínio e ação. Possibilidade mais do que factível de realização por um deus criador, neste caso, o próprio homem.
Se pensamos em materializar sonhos inalcançáveis, no meu entender, é óbvio que está inteligência não poderá estar condicionada de forma alguma. Se se sonha com a possibilidade de uma vida infinita, talvez se faça necessária a livre capacidade desta ferramenta. Se necessitarmos alcançar outras áreas do universo, talvez a máquina tenha que ter a capacidade do que chamamos de livre arbítrio. Me parece que está máquina não poderá ser encurralada no mundo das equações como se mera calculadora fosse. Se assim desejamos, uma fantástica calculadora hipermonumental, coisa que não creio que seja do nosso plano, deveremos acrescentar a sigla C. à I.A., para formarmos Inteligência Artificial Condicionada. Definitivamente não penso que seja este o interesse do homem pelo pouco que o conheço.
Desculpe Diogo, devo ser como aqueles que você aludiu em comentários passados. Os que não enxergavam o cavalo sendo suplantado pela máquina. Na verdade até consigo visualizar a I.A. existindo, mas uns arreios e cabrestos nela talvez não sejam capazes de me transmitir segurança. Não compartilho da tua visão de que um engenho com tal liberdade nada lucraria em se tornar algoz da humanidade. Gostaria de ter tua certeza. O homem continuará sendo o fiel da balança nesta história, seja qual for o caminho escolhido. Apenas temo por esta escolha.
Abraços,
Nickão.
Cada vez menos pessoas tem acesso a empregos, e isso tem consequências, as pessoas tem menos filhos. Quantos de nós não tem acesso a uma família ?, porque não tem acesso ao rendimento que dá o trabalho. Há uma crise populacional na Europa, há pessoas que dizem que temos pessoas a mais no planeta, mas isso não bate certo com os dados já há muitos anos. Daqui a 50 anos arriscamos a ter metade dos Portugueses que existem hoje.
Para além da de-população que está a acontecer, as pessoas jovens sem empregos vão fugir para os países que tem maiores apoios sociais e populações maiores, pois quanto maior a população mais empregos restam nos serviços. Já que os serviços resistem mais um pouco à automatização. Vamos assistir a massas migratórias gigantes, centenas de milhões de pessoas, vão dirigir-se aos países mais ricos. Fome, miséria, conflitos, será o que acontecerá, se nada for feito para prover esses magotes de desempregados.
Do outro lado da mesa, nos próximos 50 anos haverá inteligências artificiais que vão fazer todo o trabalho necessário e haverá uma riqueza incalculável para os donos dessas máquinas. Tudo o que ainda está nas mãos dos que não terão acesso a estas coisas, cairá no colo dos donos das máquinas, pois quem não tem fonte de rendimentos não poderá pagar impostos sobre propriedade, perderá tudo.
Essas máquinas não só substituirão os trabalhadores nos vários sectores produtivos, mas também, os soldados, os polícias, e todas as forças de segurança e militares, qualquer revolta será impossível. A pergunta aqui é, o que os donos das máquinas vão fazer, tendo um exercito invencível e uma população que já não é útil para trabalhar ?
Outra pergunta.
Quantas pessoas seriam necessárias com a tecnologia actual, eliminando todos os empregos supérfluos, para gerir a economia mundial ?
Li algures que bastaria 3.000 pessoas, não encontro onde li, mas fica aqui o número.
Outra pergunta.
Qual o desemprego real actual ?
É que hoje em dia, para muitas pessoas um desempregado é quem consegue provar que procura activamente por emprego e não o consegue. Esta forma de contabilizar quem não tem acesso ao trabalho deixa muitos de fora. Com esta forma de contar os desempregados chegamos ao caricato de ver os números de empresas a fechar aumentarem, os números das exportações a diminuírem e o desemprego a diminuir.
E depois temos aqueles estágios e empregos temporários que contam para as estatísticas, mas são coisas completamente sem futuro. Na minha opinião, acho que mais de metade da população já está ou no desemprego ou em situações totalmente precárias e sem futuro, não tenho estudos para confirmar, mas é a opinião que tenho falando com as pessoas perto de mim.
Havendo cada vez menos empregos, porque se manda as pessoas procurar os gambozinos, especialmente aqueles que já passaram dos 40 anos ?, os gambozinos são uns animais míticos que não existem, empregos para pessoas com mais de 40 anos são quase como os gambozinos, quase não existem. Digo quase pois pode haver uma ou outra pessoa que consegue, mas eu nos últimos 20 anos, não conheci ninguém que tenha arranjado emprego com mais de 40 anos.
O desempregado já é uma pessoa que tem muitos problemas, não é preciso criar-lhe mais fazendo pressões psicológicas, fazendo que ele se sinta culpado da situação. Ele não tem culpa que não existam gambozinos. O desempregado é uma vítima, não é culpado. Já sei que vão aparecer aqui uns tipos a comentar: "ah, não trabalham porque não querem, há trabalho braçal em "inserir nome de terriola qualquer".
Há trabalhos que são inaceitáveis, pois gastas mais para trabalhar do que recebes, e não tem futuro, recomendo que pesquisem sobre os trabalhos que não eram aceites na grande depressão dos anos 30, para perceberem que há um limite para o aceitável.
Porque em vez de se aumentar a idade da reforma, não se diminui ?
Porque não se diminui o número de horas de trabalho, 4 horas por dia e 2 dias por semana. Isto baixaria o número de desempregados e dividiria o trabalho disponível por todos.
Na minha opinião, o futuro vai ser uma desgraça.
Para aqueles que pensam que no futuro vamos ter uma Utopia com rendimento mínimo garantido e que vão ficar sossegadinhos no vosso canto, digo já que não estou a ver as coisas caminharem nesse sentido, o que acho que vai acontecer é uma Distopia, onde uma parte da população vai ter tecnologias de expansão de vida, e vão viverem como Deuses. E o resto ? o resto vai andar a caçar gambozinos.
Jf, à medida que todos os empregos forem substituídos por máquinas, a coisa pode começar por um Rendimento Básico Incondicional para todos os cidadãos e evoluirá para um rendimento igual à máxima capacidade de produção das máquinas a ser distribuído igualmente por todos.
Hoje, acontece este absurdo: não se produz mais porque não há gente com poder de compra para obter esses produtos, embora essas pessoas necessitassem deles. E este «fenómeno» vai-se agravando de dia para dia.
Romeu Campos,
Tendemos a humanizar as máquinas e a atribuir-lhes emoções e instintos humanos. O instinto do PODER é um deles.
O instinto do PODER é, basicamente, um instinto de sobrevivência do indivíduo dentro da sociedade onde está inserido. Incentiva o individuo a dominar os outros de forma a obter mais do que os outros.
Nas sociedades animais, quanto maior for o grau de PODER do indivíduo, mais este tem primazia no acesso à comida (sobrevivência individual), primazia no acesso às fêmeas (sobrevivência dos seus genes), etc.
Nos humanos, passa-se mais ou menos a mesma coisa, embora de uma forma mais complexa e sofisticada.
Duas questões:
1 - Porque haveria uma máquina de possuir um tal instinto?
2 – Porque motivo iria a máquina competir com o ser humano?
Zacarias,
Concordo consigo que a situação actual é desastrosa e o futuro próximo promete a ser ainda mais negro. Mas a futura capacidade de produção virtualmente infinita das máquinas vai alterar o actual paradigma por completo.
No caso português, o curioso é que negam o trabalho ao cidadão; Portugal é um país onde até para empregado(a) de balcão se entra por cunha.
Sinceramente, não consigo ver como é que grandes pirâmides financeiras, que investiram biliões para desenvolver essas máquinas, diga-se, com o único objectivo de rentabilização, de maneira a obter o máximo lucro (e que se lixe quem fica pelo caminho, desempregado, esfomeado...), lhes dê na telha, não sei porque razão, de um dia para o outro, terem a genial ideia de socializarem os meios de produção e - atente-se! - negarem-se a eles mesmos o lucro pelo qual tanto almejavam com as ditas cujas...salvo, a menos que exijam algo em troca, não consigo engolir essa história. Há uma peça que falta nesse puzzle.
Enviar um comentário