Uma ideia um bocado parva...
E a canção dos Deolinda chegou ao Parlamento – como se a geração dos recibos verdes e a precariedade do emprego tivessem sido reveladas aos primeiros acordes de "Parva que sou".
A antiga ministra da Educação, Maria Lurdes Rodrigues, ainda tentou colocar alguma sensatez na discussão quando afirmou que a ideia de que "para ser escravo é preciso estudar" é um "desincentivo para os jovens". Óbvio. Mas, como em todos os modismos, o bom senso não é para aqui chamado. O sempre diligente e "bué de fixe" Bloco de Esquerda aproveitou a onda e acha que o país deve acabar com os estágios não remunerados. A ideia significa, no actual contexto, que um número significativo de jovens deixará de ter um primeiro contacto com a vida empresarial - já que, noutras circunstâncias, as empresas não aceitarão esses estágios. O mais grave, porém, desta ideia um bocado parva do Bloco de Esquerda é que a entrada no mercado de trabalho é um direito adquirido que não implica sacrifícios, esforço ou mérito. Ninguém defenderá a eternização dos estágios não remunerados mas a sua existência, circunscrita a um prazo determinado, é uma porta de entrada no mundo do trabalho que, de outra forma, simplesmente não existiria. Mas, como o país está um bocado parvo e desajustado da realidade, estas ideias, um bocado parvas, acontecem.
A antiga ministra da Educação, Maria Lurdes Rodrigues, ainda tentou colocar alguma sensatez na discussão quando afirmou que a ideia de que "para ser escravo é preciso estudar" é um "desincentivo para os jovens". Óbvio. Mas, como em todos os modismos, o bom senso não é para aqui chamado. O sempre diligente e "bué de fixe" Bloco de Esquerda aproveitou a onda e acha que o país deve acabar com os estágios não remunerados. A ideia significa, no actual contexto, que um número significativo de jovens deixará de ter um primeiro contacto com a vida empresarial - já que, noutras circunstâncias, as empresas não aceitarão esses estágios. O mais grave, porém, desta ideia um bocado parva do Bloco de Esquerda é que a entrada no mercado de trabalho é um direito adquirido que não implica sacrifícios, esforço ou mérito. Ninguém defenderá a eternização dos estágios não remunerados mas a sua existência, circunscrita a um prazo determinado, é uma porta de entrada no mundo do trabalho que, de outra forma, simplesmente não existiria. Mas, como o país está um bocado parvo e desajustado da realidade, estas ideias, um bocado parvas, acontecem.
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Ninguém defenderá a eternização dos estágios não remunerados Miguel Coutinho? Tem a certeza disso quando é gritante a crescente disparidade entre as ofertas de emprego por um lado e candidatos a emprego por outro? Tudo isto num universo em que o emprego está inexoravelmente destinado a desaparecer? Ouça (e aprenda) o que tem para lhe dizer o jornalista e escritor Fernando Dacosta que já segue o assunto há um bom par de anos:
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Resposta de Fernando Dacosta
Publicado na revista Visão nº 625 de 24.02.05 (seis anos antes do artigo supra)
Resposta de Fernando Dacosta
Publicado na revista Visão nº 625 de 24.02.05 (seis anos antes do artigo supra)
Prevê-se que em cada cinco crianças nascidas hoje, três jamais arranjarão emprego estável. Corrompida, a liberdade imergiu-as em novas (outras) desigualdades, indignidades, como as do crescente, insaciável «triângulo negro» da precarização, escravização, exclusão. Direitos penosamente conquistados (na saúde, na assistência, no trabalho, no ensino, no lazer, na cultura) estão a ser dissolvidos em cascatas de perfumado cinismo light. Os jovens que entram no mundo do emprego fazem-no a prazo, a contrato volátil, vendo-se, sem a mínima segurança, impedidos de construir uma vida própria, entre zappings de subtarefas e de pós-formações ludibriadoras.
O problema não tem no sistema vigente, o que poucos ousam admitir, solução visível. Enquanto isso há quem, para se confundir (confundir), culpabilize por ele a baixa taxa de natalidade e, lestamente, se proponha incentivá-la – incentivá-la para aumentar o número de crianças abandonadas?, para disparar a percentagem de jovens sem ocupação?, para renovar de carne fresca e farta os canhões, as camas, os catecismos, os esclavagismos? Prevê-se, com efeito, que em cada cinco crianças nascidas hoje em Portugal, três jamais arranjarão emprego estável.
A queda, por exemplo, de descontos para a Previdência (que tanta ondulação provoca) não advém da falta de trabalhadores com vontade de fazê-los – aos descontos; advém, sim, da falta de trabalho para serem feitos. Há já mais de 600 mil desempregados «seniores» e de 80 mil jovens à procura do primeiro emprego (40 mil licenciados), sem que ninguém, ao que se observa, se dinamize com isso. Nesta fase, as teses «coelheiras» só iriam agravar, não resolver, os problemas demográficos existentes.
Subir a idade da reforma para os 70 anos (aos 50 um trabalhador começa a ser tratado pelos superiores e colegas como um estorvo), aumentar os horários laborais (a produção tornou-se não insuficiente mas excessiva para o mercado), congelar os salários líquidos (enquanto a inflação os baixa) como defendem certos especialistas (que preservam, no entanto, para si retribuições e reformas milionárias) apenas desarticulará o mecanismo social que a humanidade vem, penosamente, construindo no sentido de tornar a existência mais digna e solidária.
As velhas gerações , a sair de cena, agarram-se às influências que julgam, julgavam, manter, merecer. Disfarçando desesperos, socalcam sem resultados patéticas vias sacras de cunhas, súplicas, empenhos, hipotecas, tráficos. As crispações que não sentiram quando, décadas atrás, iniciaram as suas carreiras (eram de outro tipo as, então, sofridas) experimentam-nas agora em relação à insegurança inquietante dos filhos e netos. Ingénuas, acreditaram que bastava, como no seu tempo, um curso superior para se ficar protegido, promovido. Fizeram os seus tirá-lo sem reparar que as universidades se transformaram de clubes VIP em fábricas massificadoras, cada vez mais vazias de elitismos internos e poderes externos.
Só os filhos-família de famílias dominantes (na direita, no centro e na esquerda, na economia, na política e nos lobbies) dispõem de privilégios garantidos, defendidos.
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O problema não tem no sistema vigente, o que poucos ousam admitir, solução visível. Enquanto isso há quem, para se confundir (confundir), culpabilize por ele a baixa taxa de natalidade e, lestamente, se proponha incentivá-la – incentivá-la para aumentar o número de crianças abandonadas?, para disparar a percentagem de jovens sem ocupação?, para renovar de carne fresca e farta os canhões, as camas, os catecismos, os esclavagismos? Prevê-se, com efeito, que em cada cinco crianças nascidas hoje em Portugal, três jamais arranjarão emprego estável.
A queda, por exemplo, de descontos para a Previdência (que tanta ondulação provoca) não advém da falta de trabalhadores com vontade de fazê-los – aos descontos; advém, sim, da falta de trabalho para serem feitos. Há já mais de 600 mil desempregados «seniores» e de 80 mil jovens à procura do primeiro emprego (40 mil licenciados), sem que ninguém, ao que se observa, se dinamize com isso. Nesta fase, as teses «coelheiras» só iriam agravar, não resolver, os problemas demográficos existentes.
Subir a idade da reforma para os 70 anos (aos 50 um trabalhador começa a ser tratado pelos superiores e colegas como um estorvo), aumentar os horários laborais (a produção tornou-se não insuficiente mas excessiva para o mercado), congelar os salários líquidos (enquanto a inflação os baixa) como defendem certos especialistas (que preservam, no entanto, para si retribuições e reformas milionárias) apenas desarticulará o mecanismo social que a humanidade vem, penosamente, construindo no sentido de tornar a existência mais digna e solidária.
As velhas gerações , a sair de cena, agarram-se às influências que julgam, julgavam, manter, merecer. Disfarçando desesperos, socalcam sem resultados patéticas vias sacras de cunhas, súplicas, empenhos, hipotecas, tráficos. As crispações que não sentiram quando, décadas atrás, iniciaram as suas carreiras (eram de outro tipo as, então, sofridas) experimentam-nas agora em relação à insegurança inquietante dos filhos e netos. Ingénuas, acreditaram que bastava, como no seu tempo, um curso superior para se ficar protegido, promovido. Fizeram os seus tirá-lo sem reparar que as universidades se transformaram de clubes VIP em fábricas massificadoras, cada vez mais vazias de elitismos internos e poderes externos.
Só os filhos-família de famílias dominantes (na direita, no centro e na esquerda, na economia, na política e nos lobbies) dispõem de privilégios garantidos, defendidos.
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42 comentários:
Ora aqui está um post sensato.
A concretização plena do "direito ao emprego" só seria possível com uma economia totalmente controlada pelo Estado. Que basicamente é o que o Bloco de Esquerda defende sem assumir. Depois em vez de milhares de empresas a distribuir empregos com base em critérios de rentabilidade, teríamos o "doutor Louçã" a distribuir empregos com base no servilismo político. Velhas fórmulas mascaradas por retórica "pós-moderna" para encantar jovens ressentidos...
Correcção: a parte inicial do post (aparentemente escrita por si) é sensata. O texto do Dacosta não é grande coisa.
Afinal parece que a única parte sensata é a escrita pelo "idiota"...que pena. Por momentos fiquei iludido. Afinal está tudo na mesma.
A idiotice está no facto de vivermos num mundo em que a clivagem entre o nº de empregos e o nº de desempregados está a crescer de dia para dia em todo o mundo. Ou seja, cada vez mais haverá mais candidatos a estagiários (cada vez melhor habilitados) e cada vez menos oferta de estágios. Ora, a lei da oferta e da procura…
Caro Diogo, faz tempo que não venho dar-te um abraço. Veja que informações interessantíssimas estão neste http://rodrigoenok.blogspot.com/2010/04/armas-silenciosas.html
Aquele abraço!
Paz e bem, sou grato.
Caro Diogo, parvos somos nós todos os que não se indignam com o Estado da Nação e parvos continuaremos a ser, se formos nas conversas destes arremedos de políticos.
Neste momento, aínda que pareça parvoice, garanto que não é, só resta aos despojados de tudo, pobres, miseráveis, que não têm nada a perder,o caminho da revolta em massa, pelo contrário caso sejam presos terão comida, cama, roupa e um teto de abrigo, e que com toda a certeza é para eles uma melhoria na qualidade de vida. Juntar-se-ão os trabalhadores assalariados, com salários minímos, (chorados pelo patronato) e os assalariados que auferem até 600 euros,( os minimos e até 600 euros, são 2/3 dos trabalhadores totais), a que acrescem os quadros médios das empresas e funcionários públicos.
Para derrubar o país, os políticos, toda essa corja de corruptos e ladrões de colarinho branco. ´
Só mesmo com uma revolução popular, como as que assistimos no mundo árame.
Pelo certo que se vier a guerra, muitos de nós aínda estaremos prontos para servir a pátria.
Continuação de boa semana.
Um abraço
Caro Aldo Luiz, temos de reactar as visitas mútuas. Abraço.
Saozita, também acredito que só a revolta pode produzir algumas mudanças. Mas uma revolta bem apontada: aos banqueiros e gestores pagos a peso de ouro, a políticos corruptos (que são quase todos), e a jornalistas e comentadores venais que despejam ininterruptamente propaganda a soldo dos grandes interesses económicos e financeiros. É preciso procurar estes indivíduos, caçá-los e fazê-los pagar pela miséria que têm provocado à esmagadora maioria da população.
Nada de andar à pancada com a polícia nas ruas.
Um abraço.
Estou farto de ouvir e ler os “opinion makers” a utilizarem sempre os mesmos argumentos! Este de que se não fossem os estágios não remunerados os jovens não tinham essa oportunidade de um primeiro contacto com o mundo do trabalho é insultuoso, um argumento neo-liberal de quem não tem propostas para fazer por que acha que está tudo bem. Como se a oportunidade não fosse antes para os empregadores terem mão-de-obra qualificada a trabalhar sem qualquer tipo de encargo para a organização, e como se a cada vez uma maior parte dos jovens estudantes não tivessem já tido um contacto com o mundo do trabalho…É obra de alguém que dirá com a maior das naturalidades que o capitalismo é o fim da história, e estas pessoas, normalmente economistas ou com conhecimentos na área, quando abrem a boca esquecem-se sempre que todas as teses e teorias da ciência económica consideram que o capital e o trabalho serão sempre dois campos opostos, e que não há nenhuma medida que beneficie os dois simultaneamente e igualmente.
A revolta popular é uma óptima solução para este país, mas que não poderia servir para entregar de bandeja o Governo à direita, ou pôr a gestão do Estado nas mãos dos militares, teria de ter uma base identitária por fundo, ou seja um rumo a seguir…
Caro Diogo
Apenas para alegrar um pouco.
SÓCRATES NA VIDENTE...
A vidente concentra-se, fecha os olhos e diz:
- Vejo o senhor a passar numa avenida, num carro aberto, e o povo a acenar.
Sócrates sorri e pergunta:
- Essa multidão está feliz?
- Sim, feliz como nunca!
- E o povo corre atrás do carro?
- Sim, à volta do carro, como loucos. Os polícias até têm dificuldade
em abrir caminho.
- As pessoas carregam bandeiras?
-Sim, bandeiras de Portugal e faixas com palavras de esperança e de um
futuro melhor.
- A sério? E as pessoas gritam, cantam?
- Gritam frases de esperança: 'Agora sim!!! Agora tudo melhorará!'
- E eu, como é que reajo a tudo isso?
- Não dá pra ver.
- Porque não?
- Porque o caixão está fechado
A única solução para o problema do desemprego é o crescimento económico não guiado pelo Estado. O Estado empregar pessoas para resolver problemas de desemprego é mais do mesmo relativamente ao que fizemos até agora e que nos conduziu a esta situação - uma economia que não cresce, um populismo ignorante feroz a criticar os empresários por ter como termo de comparação o emprego cor-de-rosa no Estado (até agora) e uma dívida externa quase impagável (resultado de onerar o Estado com todo o tipo de apoios sociais, propositados ou despropositados).
Por outro lado, a percentagem de políticos corruptos é ínfima e a democracia representativa é o único regime em que a corrupção é capa de jornal...daí todo o género de ignorante ter a percepção de que a corrupção é imensa (é um problema cognitivo).
A ÚNICA teoria económica que considera o capital e o trabalho como pólos opostos e irreconciliáveis é o marxismo. O que os regimes marxistas fizeram foi estatizar o capital e explorar o trabalho até à última gota. Ao centralizar os meios de produção destruíram os incentivos naturais (decorrentes da livre interacção) à inovação e ao desenvolvimento e definharam até transformarem as suas economias em pesos mortos incapazes de garantir níveis mínimos de bem-estar para a larguíssima maioria da população (excepto os dirigentes do Partido). O que os marxistas mais ou menos disfarçados de hoje querem fazer é convencer os ignorantes e ressentidos de que "o grande capital" está a fazer isso neste momento aos "trabalhadores". É uma simplificação absurda e mentirosa da realidade, mas para perceber o que está realmente a acontecer são necessários conhecimentos sólidos. A cantiga do ressentimento é sempre a mais fácil de ouvir.
Para nenhum empresário é bom ter trabalhadores sempre a rodar, porque só o processo de adaptação do novo trabalhador (ainda por cima jovem) reduz a produtividade da empresa. Portanto, uma empresa que recorra a esse tipo de expediente sistematicamente acabará por ser ultrapassada. Por outro lado, só há estágios não remunerados porque há quem os aceite. Cada um é livre de optar por aceitar ou não - e neste caso parece mais que óbvio que os pobres serão os que aceitarão menos (portanto, não há aqui nenhuma "exploração de classe").
A questão dos estágios não remunerados, é algo que a lei permite. É um contrato celebrado pelas duas partes livremente. Para uns porque lhes dá jeito, para os outros porque é quase a única opção. Mas, basicamente, é uma questão de legislação. O que leva necessariamente a discussões mais ideológicas e/ou filosóficas.
Não se discute a realidade do dia-a-dia, o verdadeiro do busílis e falha do sistema independentemente a matriz, que é importante, mas não é tudo.
No nosso país temos uma legislação laboral que contempla um leque muito vasto de situações.
Ele que contempla, de forma bem definida os horários de trabalho e as horas extras, falha no terreno a toda a linha na fiscalização da lei, bem como, a aplicação de coimas para os precavidores. Logo já não se prevarica, mas abusa-se.
Por exemplo, basta entrar nos grandes centros comerciais e constatar que grande parte dos empregados estão "forçosamente" em incumprimento relativamente às leis laborais em vigor. Alguém vê a Inspecção Geral de Trabalho (ex-IGT, agora julgo que tem outra sigla) a fiscalizar e aplicar coimas às grandes cadeias internacionais.
Na banca, há uns tempos, a coima por ser apanhado um trabalhador "fora de horas" era €5.000 para o trabalhador e €25.000 para a entidade patronal. A exploração além de ser recorrente é diária. Se a fiscalização fosse todos os dias a uma agência bancária ao calhas todos os dias, certamente, a entidade patronal infractora, pensaria duas vezes em esmifrar até ao tutano os seus "colaboradores". Mas estas visitas ocorrem de dez em dez anos, em média. Logo compensa prevaricar.
Ou seja, as leis até existem, só que depois os governos orientam as filosofias de fiscalização conforme os sectores económicos que lhes interessam e financiam.
É mais fácil, por exemplo, mandar a ASAE, liquidar o pequeno comerciante por pintelhos.
A exploração acaba por ser consentida institucionalmente e ao arrepio da lei.
Abraço.
Hugo - o Capital e o Trabalho estão em campos opostos tal como o comerciante e o consumidor. A grande questão é quando se perde completamente o equilíbrio. E é o que se passa hoje.
Carlos - O esquife devia ir aberto ao público. Não se devia proibir ao povo que lançasse ovos podres ao defunto.
Anónimo - Sou da opinião que o emprego está a desaparecer engolido pela evolução tecnológica. O que se tem de fazer o mais rapidamente possível é arranjar uma nova forma de distribuição da riqueza.
Zorze - Evidentemente que, perante tal desequilíbrio, surge a escravatura. Abraço.
Zorzo: para haver mais fiscalização, tem que haver mais fiscalizadores. Para haver fiscalizadores, é preciso haver mais funcionários públicos. Para haver mais funcionários públicos, tem que haver mais impostos. Mais impostos significam menos criação de riqueza. Menos base tributária significa mais endividamento externo para pagar salários aos fiscalizadores, etc.
A ideia era fazer subir os padrões de qualidade de emprego no sector privado e diminuir os padrões de qualidade do emprego no sector público. Embora algumas pessoas com reponsabilidades mintam por razões ideológicas para mascarar isto, nós temos um trabalho HIPER-PROTEGIDO em vastíssimos sectores da função pública e essa é uma das causas principais do degradamento das condições do trabalho no sector privado. O Governo precisa de produtividade no sector privado (que é obtida à custa da flexibilidade extrema do emprego) para colectar impostos suficientes para pagar os salários de funcionários públicos (obviamente isto é uma simplificação quase absurda de um problema muito mais complexo, mas a lógica é esta). O problema é que uma parte enorme da população portuguesa depende do Estado (trabalhando lá ou dependendo directamente de alguém que lá trabalha) e portanto já estamos numa fase muito avançada deste ciclo vicioso.
Diogo: isso é uma barbaridade que se revelou sempre historicamente falsa. Os marxistas diziam isso no início do século XX...veja lá onde essa "nova distribuição" os conduziu (basta olhar para a Coreia do Norte). Novas tecnologias geram novos empregos. O problema é o período de adaptação doloroso para as pessoas com mais idade que não dominam as novas áreas de emprego e as ferramentas necessárias (informática, inglês...) para obter um novo emprego numa área tecnologicamente mais avançada. São essas que têm que ser amparadas. Não são os jovens. Os jovens têm obrigação de se adaptarem.
Anónimo - Você não me compreendeu. O emprego vai desaparecer por completo em todos os tipos de actividade substituídos pela tecnologia. A partir daqui, a produção desta tem de ser distibuída.
Diogo: de facto desviei-me um bocado, mas a lógica é a mesma. O emprego não vai desaparecer, como nunca desapareceu antes, por qualquer "salto tecnológico". Cada evolução tecnológica gerou MAIS emprego e não menos emprego que a situação tecnológica anterior. Basta olhar para a criação de empregos na Índia: o salto tecnológico da televisão por cabo e da internet de alta velocidade conduziu a um crescimento exponencial de empregos relacionados com a resolução de problemas técnicos, a gestão de clientes e a promoção comercial das novas tecnologias - quem estava melhor preparado (os indianos que falam inglês perfeitamente e dominam a informática como poucos) captou investimentos para a criação de empregos em massa nessa área. Resultado: uma enorme percentagem de indianos que estavam desempregados em massa ou trabalhavam na agricultura mas tinham estudos foram trabalhar para call centers. Esses desempregos desapareceram na América, mas os americanos ficaram com a parte fundamental da criação dessas novas tecnologias - o emprego de engenheiros, físicos, etc., investigadores e criadores especialistas em circuitos electrónicos, etc.
Isto foi o que aconteceu SEMPRE e continuará a acontecer SEMPRE na História. Quando os agricultores deixaram a enxada e as debulhadoras e afins passaram a fazer os trabalhos de sapa, emigraram para as cidades para empregos nas fábricas; quando a maioria das fábricas se deslocalizaram, passaram para empregos nos serviços. Etc, etc, etc.
Nota: passaram para os indianos porque eles têm essas competências a baixos custos. Quando possivelmente passarem para outros (queira Deus que sejam finalmente os africanos) esses mesmos indianos já não vão ficar satisfeitos com esse tipo de emprego e vão usar o novo capital para entrar num ciclo superior do produto - possivelmente inventando eles próprios novas tecnologias.
Isto funciona dentro dos países e entre os países.
O trajecto é sempre no sentido da especialização e do emprego mais qualificado.
Nós simplesmente estamos a viver num período de recessão, em que não há investimento e criação de emprego. Daqui a uns 10 anos ninguém vai falar de desemprego como agora. Chama-se ciclo económico e não é controlável por ninguém porque depende de interacções massivas cada vez mais complexas. A ideia é aprender com os erros do passado e evitar que haja pessoas abaixo de um determinado nível mínimo de vida sustentável por cada sociedade.
De resto, o pleno emprego é uma ficção (o ideal é um desemprego de 2/3%) e só se atinge (ainda assim nunca totalmente a não ser em economias totalmente estatizadas...aquelas que não saem da cepa torta) sacrificando o desenvolvimento económico futuro. Para compreender porquê basta comprar um qualquer livro básico de teoria económica (por exemplo, o do Samuelson e Nordhaus, que é o cânone nas universidades por todo o mundo).
Não há erro mais primário (e recorrente em cada era) que achar que a nossa época histórica tem características tão especiais que vai mudar as leis básicas das ciências humanas...pode esquecer essas teorias da treta. O emprego não vai desaparecer nunca, porque a base da civilização humana é o engenho e a capacidade de inovação do homem. E como é o homem que cria a tecnologia...
O valor das coisas não está nas coisas, está na utilidade que as pessoas atribuem às coisas. O valor do ouro não está no ouro, está na quantidade mais ou menos constante do ouro existente no mundo que fez dele durante muito tempo o melhor padrão monetário...
A partir desta premissa BÁSICA, é fácil perceber que haverá sempre emprego para quem trabalhe para suprir novas necessidades. A "tecnologia" quanto muito pode ajudar a suprir necessidades antigas (e mesmo assim alguém tem que trabalhar para criar essa tecnologia, mantê-la quando se estraga, controlar os erros, desenhar software para ela operar, etc etc etc etc etc).
Isto é tão básico que se não compreende nem vale a pena perder tempo...
Caro Anónimo,
O Emprego, como forma de trabalho a nível global, é um fenómeno muito recente na história da civilização mundial. As pessoas têm trabalhado sempre para si próprios. Se pensar numa aldeia medieval, só o padre, o ferreiro e o moleiro é que trocavam o seu trabalho pelo trabalho de outros. Todos os outros trabalhavam quase exclusivamente para si próprios.
Ora, é precisamente esta nova forma de produção que está a chegar a uma velocidade estonteante, apoiada num avanço tecnológico exponencial.
Pode atirar o calhamaço do Samuelson para o caixote do lixo.
Numa "aldeia medieval"??? Sabe o que era um senhorio banal? Um feudo? A esmagadora maioria de dependentes da jurisdição de um senhor feudal trabalhavam para si próprios??? Onde viu essa "aldeia medieval"? Nos desenhos animados? Se está a pensar no Asterix, a aldeia não era "medieval"...e tenha em atenção que é um desenho animado! Mais uma "medievalidade" inacreditável (para não repetir "barbaridade")!
O que é relativamente recente é a liberalização mundial do comércio, que só veio acentuar BRUTALMENTE a interdependência humana mútua mesmo para satisfazer as necessidades mais primárias!
De resto, as únicas pessoas que "trabalhavam para si próprias" eram os recolectores da pré-história (porque a única necessidade que tinham era alimentar-se do que apanhavam nas árvores e caçavam para sobreviver). Desde o início da História que os homens trocam bens uns com os outros para satisfazerem antigas e novas necessidades.
Desde então as necessidades cresceram tão exponencialmente que o seu comentário só pode ser compreendido no quadro de uma mentalidade pré-histórica. É curioso, porque há autores que entendem que o homem-massa contemporâneo regrediu nos processos mentais ao nível do homem-besta (o homem pré-histórico, puramente animal). Vive da civilização, mas pensa que a consegue suster sozinho.
É alarmante o grau de ignorância.
Anónimo, você percebeu mal. Até ao aparecimento da industrialização (que variou de lugar para lugar), mais de 90% de tudo o que as pessoas consumiam era produzida por si próprias.
Era um faça-você-mesmo. Eles construíam as suas casas, faziam as suas roupas, os seus sapatos, os seus utensílios, tratavam dos seus rebanhos e das suas galinhas e caçavam e pescavam. Como eu disse atrás, existiam dois especialistas: o ferreiro e o moleiro.
O que eu defendo é que com o avanço de uma tecnologia cada vez mais capaz e cada vez mais inteligente, o emprego vai desaparecer.
Livre comercio é uma expressão muito bonita mas que esconde algo mais sinistro.
Em teoria é o ideal, na prática não existe. Estou-me a lembrar do “livre comercio” entre a China e a Europa, em que a China por várias vezes excedeu as suas cotas de exportação para a Europa e estas foram aumentadas, e das listas do que pode ser transaccionado entre a China e a Europa (os carros chineses não podem ser vendidos na Europa, mesmo respeitando os níveis de segurança exigidos. Lá ia para o galheiro a industria automóvel alemã).
Sem haver condições similares por exemplo; de ordenados, seguros de trabalho, segurança social, impostos, etc, o que resulta não é o livre comercio mas sim a destruição da economia do país com “menos vantagens”. É o que está a acontecer com Portugal e não só. Benefícios para a China.
No caso da China é mais acentuado pela quantidade de “empresários” chineses que abrem as lojas e depois só vendem artigos chineses. Desta forma contornam a possível recusa de compra de produtos chineses por parte de outros empresários. Evitam ter de concorrer. Garantem à China um fluxo constante de exportação. Com a ajuda dos nossos governantes até têm benefícios que os empresários nacionais não têm. Se isto não é da parte dos nossos governantes, também, ajudar a destruir, eliminar, não sei ao que é.
Quando um país subsidia um sector está a destruir a livre concorrência (Se um país não produz esse produto até é bom. Tem esse produto mais barato à pála, às custas, do contribuinte do país que subsidia. Mas quem concorre sob a bandeira de livre comercio, pode ver esse sector destruído se não tomar medidas).
O comercio, por ser entre seres humanos, devido aos seus defeitos (tb têm virtudes), tem de ser regulamentado, sob pena de cair na selvajaria.
LOL
Isso é a Idade Média dos contos de fadas para crianças de 5 anos...
Em primeiro lugar, a Idade Média (pelo menos a Alta Idade Média) é extremamente atípica relativamente ao mundo clássico e correspondeu a um decréscimo do nível de vida brutal relativamente ao período do Império Romano. Sempre houve especialização na Grécia Clássica e no mundo romano, que eram economias de especialização e troca. A revolução industrial não tem nada a ver com o assunto. Na Idade Média o comércio deixou de se poder fazer facilmente (pelo colapso da paz romana) e a economia desmonetarizou-se (as trocas passaram a ser de género). A insegurança bloqueou durante muito tempo as trocas comerciais e os camponeses não viviam em "aldeias" do Asterix - viviam em feudos onde dependiam em tudo do senhor feudal (que definia todos os deveres dos camponeses e estabelecia a lei positiva).
Durante a maior parte da Idade Média europeia (até ao despontar das cidades) a economia foi extremamente desmonetarizada, mas sempre existiram trocas comerciais (não há melhor exemplo de "mercados" que os mercados da França medieval) e os camponeses não passavam o tempo nesse edílio bucólico - passavam-no a trabalhar num regime de semi-escravidão para senhores feudais, que eram os proprietários dos meios de produção. Exactamente por dependerem em quase tudo dos senhores feudais (servidão), nem sequer se pode falar "das suas próprias coisas".
Isto quer dizer que "produziam quase tudo o que consumiam" é igual a: não consumiam nada, viviam na mais absoluta pobreza segundo os nossos padrões. Quase tudo o que produziam era para os que não trabalhavam (nobreza e clero).
O que você defende é uma barbaridade tal que se torna mais ou menos fácil adivinhar a sua idade (se tiver mais que 15 anos e defender isso...então o caso é de bradar aos céus): a Idade Média não tem absolutamente nada a ver com o mundo clássico e no aspecto económico foi um retrocesso brutal. No mundo romano o comércio floresceu. Roma era uma metrópole com enorme grau de especialização, mesmo para uma economia pré-industrial. Ninguém "produzia aquilo que consumia".
Achava eu que qualquer criança compreendia que a "tecnologia" é técnica aplicada, que a sua tradução em produtos resulta de investigação científica, fábricas para produção, comercialização, etc etc etc, e que este ciclo cria sempre mais empregos.
Ou acha que a tecnologia lhe vai cair do céu? E mesmo no caso absurdo de cair do céu, que competências teria você para operar com essa tecnologia? E quanto tempo teria você para produzir o que quer que seja?
Os factores de produção são capital, terra (recursos naturais), trabalho e capacidade organizativa. É fácil de ver que sem capital, sem recursos naturais e sem capacidade organizativa (que só uma organização empresarial pode proporcionar), não produziria absolutamente nada para além do mais rudimentar.
Alguma coisa se passa de muito grave no sistema de ensino português...
Carlos: não posso andar sempre a escrever a mesma coisa. E, de resto, o seu comentário é um conjunto de afirmações (algumas correctas) que não parece ter o objectivo de transmitir nada.
Veja lá se compreende uma coisa: as economias não são estáticas - transformam-se. É preciso inovar. Enquanto os chineses comerciam produtos de baixo valor acrescentado, os portugueses podem deixar essas bugigangas e especializar-se em áreas de produção e comércio muito mais rentáveis. Vá perguntar às empresas portuguesas mais modernas que exportam para a China o seu volume de negócios e depois compare com o volume de negócios dessas lojas.
O nosso problema é estarmos todos aflitos com os empresários de bugigangas que foram à falência por causa disso. É chato, é. Mas têm que se adaptar. Se forem verdadeiros empresários saberão procurar novas áreas de negócio. Se não forem, então trabalhem por conta de outrém.
A base de qualquer transacção económica é a confiança. Qualquer transacção económica é um CONTRATO. O poder coercivo do Estado assegura os contratos. Sem uma ordem jurídica estadual não há propriedade privada, tudo depende das relações de poder entre os privados.
Quanto ao resto: é óbvio que o livre-comércio é um "tipo ideal" de organização económica se olharmos para o mapa do mundo. Mas o que as pessoas não percebem é que a integração económica dos próprios mercados internos de todos os países foi feita segundo essa receita. O mercado interno dos Estados Unidos, da Alemanha, de Portugal, etc, foi criado com a abolição dos entraves ao livre comércio entre Estados, principados, cidades, províncias, etc. Foi da abolição das barreiras ao livre comércio que nasceram todos os mercados nacionais. A ideia é expandir com a rapidez possível (sem fanatismos) o benefício do comércio livre a todo o mundo.
O objectivo é demonstrar que sob lindas ideias, preconizando lindos futuros, muitas vezes se esconde algo, um objectivo sinistro. É o eufemismo.
Tenho sérias dúvidas que as intenções sejam o de melhorar o nível de vida dos chineses (que bem merecem), talvez, e só por arrasto alguma coisa possa melhorar. Ainda no outro dia deram notícias de 1ª página de que já existiam 317(+/-) mil milionários chineses, como se isso demonstrasse algo de bom. Fiquei sem saber se havia de rir ou chorar (nada de errado com o haver ricos, o problema pode ser, é em muitos casos, o destino, o uso, que dão a essas fortunas, o objectivo dessas fortunas).
O que me parece que vai ser nivelado é o ocidente pelo nível da China, etc, e é aí que reside o problema.
Dei a China e o comerciante chinês como meros exemplos.
“Vá perguntar às empresas portuguesas mais modernas que exportam para a China...”
Esta-me a falar de nichos de mercados? Muitos subsidiados pelo estado? Não me parece que isso consiga ajudar lá grande coisa.
A nossa balança comercial com a China é equilibrada? Aliás globalmente é um desastre.
O “nosso” meu problema é ver como muito trabalho está a ser destruído. Não de uma forma natural em que um vai acabando e outro vai começando, mas como está a acontecer, em que em massa muito está a ser destruído e nada está a ser criado.
“Se forem verdadeiros empresários saberão procurar novas áreas de negócio. Se não forem, então trabalhem por conta de outrém.”
É um conceito muito interessante, mas que na prática esconde muita crueldade. Já lhe dei o exemplo dos empresários Chineses terem benesses e os portugueses não. Temos um sistema de justiça que é uma injustiça, uma máquina fiscal que é predadora ( para muito poucos é uma benesse), incentivos a uns e não a outros, mercados livres sabendo que há sectores não vão poder concorrer, um governo que é um chulo, etc, etc. Assim cai por terra muito do conteúdo da sua afirmação. Temos muitos empresários de sucesso agarrados à mama do estado, e muitos que apregoam o empreendedorismo, tá na moda e é chique, que nada fazem ou estão tb agarrados à têta.
“A ideia é expandir com a rapidez possível (sem fanatismos) o benefício do comércio livre a todo o mundo.”
Seria o ideal.
Na prática, estamos a falar de pessoas e essas não se ensinam nem se adaptam do dia para a noite.
Há um percurso, um tempo que se deve percorrer e respeitar. Nada disso está a ser levado em conta.
Enquanto houver desigualdades (ordenados, etc), não pode haver livre comercio, há destruição dum lado para benefício doutro.
É a forma como se fazem as coisas e quais os objectivos.
Carlos: não vale a pena estar a chover no molhado. É tempo perdido. Andar sempre a comentar sobre comentários para dizer a mesma coisa é muito chato. Não há nenhum "objectivo sinistro" porque ninguém está a desenhar o mundo conforme interesses inconfessáveis (a teoria da conspiração é uma atribuição reles e ignorante de atributos divinos a seres humanos).
Você diz algumas coisas certas e outras erradas. E isto de um ponto de vista puramente objectivo (o espaço para a opinião só faz sentido a partir do domínio de uma base de conhecimento objectivo, mas enfim). Pronto. Já não é mau. Mas olhe, pelo menos ainda não invocou teorias da conspiração nem ideias lunáticas típicas de adolescentes incrivelmente ignorantes, o que encaro com grande satisfação. Haja alguém aqui que se atenha a um mínimo de sensatez.
Anónimo, leia este meu POST:
A evolução tecnológica está a roubar os nossos empregos?
Diogo,
Leia o seu simpático comentador Aníbal Meireles. Tem mais paciência que eu.
Não há pessoas mais incapazes para teorizar o que quer que seja das ciências sociais do que "engenheiros da Sillicon Valley". Geralmente é só lixo mirabolante, uma mistela entre a ficção científica e uma análise sem método do presente.
A linha editorial deste blog é típica da massificação da civilização. De facto, ainda bem que o autor dessa "tese" é um "engenheiro da Sillicon Valley", porque o autor que referi sobre o retrocesso dos processos mentais ao nível do "homem-besta" tem como epítome do fenómeno precisamente um lunático desse género (Nicholas Negroponte) - pessoas que entendem que uma profissão especializada, o sucesso numa determinada área científica, credibiliza automaticamente "teses" mirabolantes sobre a evolução dos homens, mesmo que não saibam absolutamente nada de História, Filosofia, etc.
Tudo o que é do domínio do mirabolante, tudo o que não exige método (apenas criatividade) para ser estudado, tudo o que pode resumir o mundo em duas ou três ideias chave que transformem a nossa era num momento épico sem paralelo no passado é imediatamente acolhido. Tudo o que é do domínio do sensato, tudo o que exige método (muito esforço, muito trabalho, muitas horas perdidas) para ser estudado, tudo o apresenta explicações complexas e que digam que a nossa era é tão "especial" como as outras no que aos problemas fundamentais da vida humana diz respeito, são tratadas como "sabedoria convencional", a destronar pela magia das explicações de pacotilha.
Anónimo,
Você sabe dar-me uma definição de inteligência?
Muito sucintamente, é a faculdade de resolver problemas de relação entre o Eu e o mundo a partir de pressupostos racionais (tratamento sistemático da informação dos sentidos).
A procura da Verdade exige inteligência, conhecimento e método. Como o conhecimento e o método resultam da interacção (constituem um banco de dados em que necessariamente cada "inteligência individual" tem que beber - isto é, NÃO SÃO FACULDADES DO INDIVÍDUO MAS DA CIVILIZAÇÃO), a inteligência por sí só nem sequer é condição necessária para uma melhor relação com o mundo (quer na procura da Verdade, quer no domínio da pura pragmática).
Basicamente hoje desvalorizam-se os dois últimos em nome de um individualismo infrene e do "direito à opinião". O resultado é o "homem-besta" - um selvagem que não sabe aproveitar o que só a civilização lhe pode dar.
Anónimo,
Deduzo, portanto, que você aceita que inteligência seja a capacidade de resolver problemas, abstrair ideias e aprender.
Você sabia que já existe há muito software capaz de fazer isto mesmo?
Diogo,
Leia o comentário do simpático Meireles, que teve paciência para elaborar minimamente. Não vale a pena estar a perder tempo consigo, porque não compreende mesmo o básico. Até mesmo a sua "dedução" a partir do que eu disse não respeita as regras básicas da lógica - o Eu implica Humanidade, consciência de si; portanto, todo o resto do seu comentário é falacioso (presumo que na Filosofia do 11º ano se ensinem pelo menos os silogismos - como as conclusões têm que respeitar as premissas, etc.).
De resto, nem faz qualquer sentido esse seu comentário neste contexto: se as máquinas ganhassem vida (esse cenário de ficção científica barata...de resto, se ganhassem essa consciência...tornar-se-iam "homens"...e defrontar-se-iam com os mesmos problemas) você ia "trabalhar para si" a fazer o quê?
Por amor de Deus. É triste, mas escrever aqui é um trabalho de Sísifo.
Caro Anónimo, deixe-se de complexos de superioridade (que significam sentimentos de inferioridade) e discuta o que está em cima da mesa sem palavreado inútil.
O Eu implica humanidade (consciência de si)?
Um cão ou um gorila são humanos? Têm consciência de si?
E porque é que permitiríamos que as máquinas ganhassem determinadas partes de consciência de si próprias?
Se quiser saber o que é o Eu leia Kant, Fichte ou Hegel.
De resto, quanto aos complexos/sentimentos de inferioridade/superioridade...se soubesse o que eu faço - e o reconhecimento que tenho - sentir-se-ia bastante ridículo.
Pela última vez remeto-o para o simpático Meireles.
O "palavreado inútil" é tudo aquilo o que não é bem-vindo nestes blogs lunáticos - método e conhecimento.
Vá ver o jogo que isso pelo menos pode comentar com conhecimento de causa (presume-se).
Para evitar a perpetuação de uma discussão fútil quando alguém já escreveu tão bem - e já que você prefere continuar na sofística em vez de ir ler o Meireles, deixo-lhe aqui o relevante do comentário do dito:
"Há inúmeros exemplos que podia citar para demonstrar que a tese de que o automatismo vai retirar os empregos a ponto de implicar uma reformulação do paradigma económico, está errada, mas cito apenas dois.
Primeiro, a tecnologia, como reflexo do progresso da sabedoria humana que é, permite-nos unicamente continuar a seguir em frente. Tenho a ideia que até foi o ministro da agricultura que mencionou isto noutro dia, e, embora patusco, o exemplo é verdadeiro: das carroças puxadas por bois ou burros passámos para os veículos a motor e deixou de exisitr a necessidade de ter uma indústria de carroças e criações tão grandes de burros e bois, e alimentação para os ditos, e toda a logística que isso implica, mas passou a haver a necessidade de mecânicos e oficinas e toda uma indústria à volta - óleo para o motor, filtros, pastilhas de travões, petróleo(!), escolas de condução, instrutores, fábricas que produzem semáforos e sinalética de trânsito, entre muitas outras, e, além disso, não foi por isso que deixou de haver uma pessoa a comandar os destinos da carroça, ou do automóvel.
Ou seja, além das indústrias ligadas ao desenvolvimento da tecnologia, haverá sempre emprego para o motorista. E digo isto tanto no sentido literal como metafórico. Se pudesse resumir diria: quem é que repara a máquina que repara a máquina se não houver máquina para reparar a máquina ? Há sempre o criador da máquina.
Pergunte-se porque é que ainda hoje, com todos os computadores, as linhas de metro e comboio são vigiadas por humanos e as carruagens são "conduzidas" por humanos. Em bom rigor podia ir sem tripulação - aquilo vai sobre carris, o que é que aquilo tem de difícil para um computador ? Nada. Mas se as coisas correm mal ao computador, tem de lá estar alguém para tomar uma decisão, reagir, activar o meio mecânico, à moda antiga, para nos salvar a nós todos. Ou pura e simplesmente para tomar uma decisão que "sai do sistema", e que se inclui na esfera da política.
Os clubes de vídeo, tema recente da actualidade, por exemplo, estão condenados a deixar de existir. Mas agora há empregos na indústria da fibra óptica, dos computadores, na indústria dos conteúdos digitais, online, etc. Outro caso: há 50 anos não havia jogos de computador. Hoje já quase não se fabricam piões de madeira, mas há uma indústria fulgurante de jogos, programadores, criadores de arte digital, fabricantes de placas gráficas, etc."
"Segundo, a própria indústria da tecnologia cria empregos: quem é que desenvolve continuamente as máquinas que nos facilitam a vida (e ao mesmo tempo revelam novas possibilidades de progredir, ou seja, novas complicações, fazendo o ciclo de inovações continuar e com isso novas necessidades de mão-de-obra especializada), seja na agricultura, nas pescas, na aviação, na confeccção têxtil, na alimentação, nas comunicações, no entertenimento, etc? Quem é que as comercializa, distribui, repara, dá assistência técnica e comercial ?
As máquinas ? As máquinas não têm o imaginário humano. Poderia conjecturar aqui um cenário em que sim, mas eu sou péssimo a fazer futurologia; contudo uma certeza tenho: no dia em que isso acontecer, nós cá estaremos para ter uma ideia melhor (ou seja, não acredito nada que as máquinas venham a ter o nosso imaginário). Afinal somos nós que criamos as máquinas e as aperfeiçoamos.
Mas acima de tudo, acreditar que a tecnologia nos vai roubar os empregos é acreditar que quando esse dia chegar, o ser humano e tudo o que nos rodeia chegou ao limite da transformação, da evolução, da criatividade. E isso é negar toda a história que temos para trás e toda a lógica que subjaz à existência "tout court". É a criação ultrapassar o criador, em todos os sentidos. E isso é uma subversão da lógica impossível, no meu entender."
Como lhe respondi inicialmente: tudo o que pode ser dito de relevante num blog (que é pouco), está aqui, muito bem resumido pelo sr. Meireles.
Se quer saber porque é que a inteligência humana e a inteligência artificial ou animal ou o que quer que seja que arranje para aí é completamente diferente, vai ter que ler filosofia (o sr. Meireles deixa algumas indicações).
Não vale a pena perpetuar discussões sofísticas tipo duelo quando alguém já escreveu tão bem o argumento verdadeiro (ao qual aparentemente você não deu qualquer resposta). A não ser que mascare apetites com palavras e a discussão intelectual não seja o seu objectivo, mas o desejo de se afirmar no lugar de procurar a verdade (possivelmente por se ver reprimido nessa expansão na sua vida extra-computador). Seja como for, este exercício de proselitismo intelectual revelou-se uma pura perda de tempo.
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