domingo, julho 31, 2005

Afinal a coisa não tem nada que saber

O Departamento de Justiça norte-americano está a ser violentamente criticado por ter colocado um manual de treino da Al-Qaeda no seu website. O manual está dividido em 18 capítulos.




O site do Departamento de Justiça:




Comentário:

Foi, seguramente, com a melhor das intenções que Alberto Gonzales, o ministro da justiça dos EUA, colocou um manual, bastante detalhado, que ensina a executar atentados terroristas.

A instrução é um direito fundamental, assim como o é a livre iniciativa no domínio da segurança ou a guerra preemptiva.

Paradoxalmente tanto ficam a ganhar o terrorismo como a agenda anti-terrorista. Esta última bastante proveitosa por sinal.

sábado, julho 30, 2005

Soares tira o socialismo da gaveta



Pacheco Pereira no blog Abrupto e no Público de 28-7-2005:

...ainda mais o motiva (Mários Soares) poder pôr na ordem o PS e encaminha-lo para uma esquerda mais radical, “social” no sentido anti-capitalista, anti-globalizadora, anti-americana e gaullista-europeista extremada, que é o núcleo duro do seu pensamento actual. Ironicamente, para quem meteu o socialismo na “gaveta”, o seu pensamento económico, ou melhor, a sua ideologia económica, é hoje claramente anti-capitalista e o apoio que dá aos movimentos anti-globalização, simbolizados no fórum de Porto Alegre, e que representam hoje o “socialismo terceiro-mundista” que combateu no passado, tem poucas nuances. Soares é hostil às políticas de liberalização da OMC, combateria aquilo a que chama “capitalismo selvagem” e a “dominação” do globo pelo “pensamento único”, pelo “neo-liberalismo”, ou seja, a mundialização da economia de mercado que o fim do “socialismo real” permitiu.

Soares apoiaria um eixo Paris-Berlim-Moscovo e deseja uma Europa federada, uns Estados Unidos da Europa mesmo que sem este nome, uma Europa que se dotasse dos meios de defesa e intervenção que lhe dessem capacidade para se medir com a super potência americana. O seu ideal seria uma Europa armada que substituiria o lugar da URSS como a outra super potência, e com uma política externa essencialmente de contenção anti-americana. Faria tudo para combater o “império”, ou seja os EUA, e para o isolar e condenar sob todas as formas nas instituições internacionais, apoiaria a retirada imediata ou quase das tropas da coligação e da NATO do Afeganistão e no Iraque. Por aí adiante.

Ora, quem tem este programa em Portugal é o Bloco de Esquerda e não o PS e se isso não soa o alarme no governo, é porque perderam qualquer capacidade analítica e não têm ouvido e lido Mário Soares nos últimos anos.



Comentário:

Quem diria que Soares, com ar de quem não faz mal a uma mosca, era um anti-democrata desta envergadura?

Tony Blair felicita IRA pelo abandono da luta armada


No Público - 28.07.2005

O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, congratulou-se hoje com a decisão do IRA de abandonar a luta armada, que classificou como um "passo de uma amplitude jamais vista", um dia "em que a paz substitui a guerra".

"(...) felicito o reconhecimento de que o único caminho para a mudança política reside exclusivamente nos métodos pacíficos e democráticos", afirmou Blair.

"É um passo de uma amplitude jamais vista na história recente da Irlanda do Norte", declarou. "Este pode ser o dia em que, após falsas esperanças [...], a paz substitui a guerra e a política substitui o terrorismo na ilha da Irlanda", acrescentou ainda o chefe do Executivo britânico.



Comentário:

sexta-feira, julho 29, 2005

O Negócio Vai Mal

O dinheiro que era suposto ser investido no Iraque em programas de reconstrução está a ser desviado para sustentar a guerra.

O jornal norte americano Las Vegas Sun revela que a guerra, afinal de contas, não está a ser um bom negócio para as empresas americanas, pelo menos para aquelas que não se dedicam a fazer a guerra. O jornal cita um recente relatório do Government Accountability Office, onde se pode ler que a resistência islâmica está a causar mais problemas do que os inicialmente previstos: a produção petrolífera está, hoje, abaixo dos índices de antes da invasão americana, assim como a produção de energia.
Os combatentes islâmicos têm efectuado ataques bem sucedidos contra infra-estruturas ligadas à exploração petrolífera, produção eléctrica e distribuição de água potável. As acções militares da resistência estão a paralisar as empreitadas de construção civil, os trabalhadores fogem com medo das represálias e os transportes rodoviários de materiais estão comprometidos pela insegurança nas estradas.
O referido relatório confirma que a recuperação e manutenção da produção petrolífera iraquiana tem sido mais lenta do que o previsto, assim como a produção de electricidade também está abaixo do esperado. Boa parte dos 24 mil milhões de dólares disponibilizados pelo governo dos EUA para programas de reconstrução está, assim, a ser desviado para reforçar a segurança das empresas americanas, dos seus funcionários e dos locais onde trabalham. Não ganham uns, ganham outros. São as maravilhas do capitalismo.
A guerra foi feita para garantir o acesso dos EUA às reservas petrolíferas iraquianas. Se esse objectivo não for alcançado, a guerra estará duplamente perdida, militarmente e economicamente. Os nacionalistas iraquianos sabem isso e, creio, esse é o seu principal objectivo militar. Tudo o resto são cortinas de fumo e diversão táctica.
Curioso é reparar que os americanos contabilizam tudo: o que investem, o lucro, os custos, money, money, money. Mas não querem nem saber do custo em vidas e sofrimento dos que suportam, verdadeiramente, esta guerra: o povo iraquiano.

Palavras leva-as o vento




A família do homem brasileiro morto a tiro por atiradores que o confundiram com um bombista suicida revelou ontem à noite como a polícia alterou a versão do incidente.

Uma prima de Menezes, afirmou que altos graduados da Scotland Yard desdizeram-se quanto ao facto de que o electricista brasileiro estava a actuar de forma suspeita, e que, portanto, os agentes não tiveram outra opção senão atirar.

Vivien Figueiredo declarou que a polícia lhe tinha dito que ele estava a usar um casaco leve e não um casaco volumoso capaz de esconder explosivos por baixo. Os agentes também afirmaram, imediatamente após o tiroteio, que Menezes não tinha ligado aos avisos da polícia e tinha saltado por cima da grade da bilheteira na estação de metropolitano de Stockwell.

Agora a polícia já diz que ele usou o seu bilhete para entrar na estação. A Sra. Figueiredo afirmou: “Eles estão a dizer que ele não fez nada de errado quando foi morto, portanto porque é que não dizem isto publicamente?”

A polícia disparou sete vezes na cabeça e uma vez no ombro à queima-roupa.

A Sra. Figueiredo expressou também a sua revolta pela notícia de que um dos agentes envolvidos no tiroteio fatal foi de férias com a família.



Comentário:

Eliminar, com oito tiros à queima-roupa, suspeitos que não agem como tal e que não se parecem como tal, é, muito provavelmente, das situações mais stressantes que se podem deparar a um agente de Blair.

As férias são por isso inteiramente merecidas. Pobre homem, esperemos que consiga recuperar do trauma e retornar rapidamente ao activo. A guerra ao terrorismo continua a contar com ele.

quinta-feira, julho 28, 2005

Até que ponto é que Roosevelt sabia?


Pearl Harbor foi sempre retratado como um ataque surpresa de uma nação insuspeita. E isso era em grande medida verdade. A atenção do povo americano estava centrada na guerra na Europa, receoso de ser arrastado para ela. Nessa altura já Roosevelt apoiava a Grã-Bretanha contra Hitler fornecendo ao Reino Unido armas sob o acordo (Lend-Lease Act) de Março de 1941. Os carregamentos americanos por barco estavam em perigo devido aos ataques dos submarinos alemães. Poucos americanos estavam preocupados com a guerra Sino-Japonesa que já lavrava desde 1937.

Agora se a administração Americana ficou surpreendida pelo ataque a Pearl Harbor, isso já é um assunto completamente diferente. Existem fortes indícios de que o governo americano sabia dos planos japoneses, ou deveria saber. Existiam claras indicações nesse sentido.

Os serviços de espionagem norte americanos já tinham decifrado todos os códigos japoneses. A 24 de Setembro de 1941, uma mensagem do quartel general dos serviços secretos em Tóquio para o cônsul geral japonês em Honolulu foi decifrada. Solicitava a localização exacta de todos os navios americanos em Pearl Harbor. Uma informação tão detalhada só poderia ser pedida se os japoneses estivessem a planear um ataque aos navios no local onde estavam fundeados. Em Novembro, outra mensagem foi interceptada ordenando mais exercícios simulando ataques a importantes navios ancorados como preparação para “um ataque de surpresa e a completa destruição do inimigo americano”. A única esquadra americana que estava ao alcance era a de Pearl Harbor.

A 25 de Novembro, uma mensagem via rádio do almirante Yamamoto dando indicações a uma força japonesa para atacar a esquadra americana no Havai foi interceptada. No entanto, nesse mesmo dia, o secretário da defesa norte americano, Henry Stimson, escreveu no seu diário:

“Franklin D. Roosevelt afirmou que é muito provável que sejamos atacados já na próxima segunda-feira. Roosevelt interrogou-se: “a questão está na forma de os manobrar de forma a que sejam eles a dar o primeiro tiro sem que isso constitua um perigo demasiado para nós. Não obstante o risco envolvido, contudo, em deixar os japoneses dar o primeiro tiro, chegámos à conclusão que para termos o total apoio do povo americano é desejável que asseguremos que sejam os japoneses a fazê-lo de forma que não restem quaisquer dúvidas no espírito de ninguém de quem foram os agressores”.

A 29 de Novembro, o secretário de estado Americano Cordell Hull mostrou a um repórter do New York Times uma mensagem que dizia que Pearl Harbor ia ser atacada a 7 de Dezembro. À medida que o ataque se aproximava, o governo americano recebeu informação de numerosas fontes que o 7 de Dezembro seria o dia escolhido. A 1 de Dezembro, os serviços de espionagem da marinha em São Francisco souberam através de novos relatórios e outros sinais recolhidos por companhias marítimas que a esquadra japonesa que tinha desaparecido das águas japonesas estava então a oeste do Havai. Aqueles que acreditam que Roosevelt tinha conhecimento do ataque desde o princípio defendem que há muitos outros relatórios a afirmar que os japoneses iam atacar Pearl Harbor mas que ainda hoje não foram desclassificados.

Depois do ataque, é claro que a informação que indicava que os japoneses iam atacar Pearl Harbor estava lá. Mas é muito grave afirmar que o presidente Roosevelt tinha conhecimento de quando e onde é que o ataque ia ter lugar e não tenha tomado nenhuma medida. É, de facto, acusá-lo de traição. Contudo, o ataque japonês serviu perfeitamente os seus propósitos.

Desde a queda da França em Junho de 1940, Roosevelt acreditava que a América teria de entrar na guerra contra Hitler. Em Agosto de 1941, quando Roosevelt e Churchill tiveram um encontro num navio de guerra no Atlântico, Churchill reparou no “intensíssimo desejo de Roosevelt de entrar na guerra”. Mas o povo americano não queria envolver-se numa guerra europeia. Até Roosevelt admitiu que o povo americano nunca concordaria em entrar na guerra na Europa a não ser que fossem atacados dentro das suas próprias fronteiras”.

Roosevelt tinha razão. Após o ataque a Pearl Harbor, o povo Americano estava desejoso, senão mesmo impaciente, de ir para a guerra. Logo que os Estados Unidos declararam guerra ao Japão, segundo as disposições do pacto tripartido assinado pela Alemanha, Itália e Japão em Setembro de 1940, Hitler declarou guerra aos Estados Unidos. Na conferência Atlântica Roosevelt já tinha concordado com Churchill que a prioridade era vencer Hitler, antes de acabar com o Japão.

Portanto o ataque a Pearl Harbor permitiu a Roosevelt trazer a América para a guerra contra a Alemanha “por portas travessas”. É difícil imaginar como é que isto poderia ter sido conseguido de outra forma e existe quem defenda que o plano de Roosevelt de levar a América para a guerra contra a vontade do seu povo foi a “mãe de todas as conspirações”. Mantêm que Roosevelt movimentou a esquadra do Pacífico da costa ocidental para o Havai contra o parecer de todos os seus comandantes não para ameaçar os japoneses, mas para servir como isco.


Sessenta anos depois:

Em Setembro de 2000, poucos meses antes do acesso de George W. Bush à Casa Branca, o “Project for a New American Century” (PNAC) publicou o seu projecto para a dominação global sob o título: "Reconstruindo as defesas da América" ("Rebuilding American Defenses" pág 51).

Um ano antes do 11 de Setembro, o PNAC fazia apelo a "algum evento catastrófico e catalisador, como um novo Pearl Harbor", o qual serviria para galvanizar a opinião pública americana em apoio a uma agenda de guerra".



Comentário:

Afirmar que o plano de Roosevelt de levar a América para a guerra contra a vontade do seu povo foi a “mãe de todas as conspirações", é uma injustiça tremenda!

Roosevelt tinha japoneses para manipular. Bush teve de fazer tudo sozinho.

quarta-feira, julho 27, 2005

E se dois e dois não fizessem quatro mas vinte e dois...

Recebi um texto de um amigo internauta que merece ser publicado:

Porque eles abriram as portas do inferno, que não são quatro mas vinte e duas, como toda a gente sabe: Paris (fez agora mesmo dez anos), Nova Iorque há quase quatro anos, Cabul, Bagdad, Grozny, Nairobi, Djerba, Moscovo, Casablanca, Bali, Madrid, Londres, Charm El-Cheykh, etc., etc e tal, contem bem... Dá pelo menos vinte e dois. Sem contar Stalingrad e Leningrad, Hiroshima e Nagasaki, Dresde, le Havre e Caen, Sarajevo e Belgrado e o raio que os parta a todos, os terroristas que se fazem explodir e os terroristas que bombardeiam confortavelmente instalados na carlinga dos seus aviões e os terroristas que lhes dão as ordens para eles irem bombardear os insectos que somos, vistos lã de cima... E soma e segue.

Em breve serão quarenta e quatro ou oitenta e oito portas do inferno, abertas, escancaradas para o que der e vier. De mãos dadas, a CIA , tal Frankenstein, criando os talibans contra os ímpios soviéticos da altura, a Mossad sustentando o Hamas contra a OLP, e outros pequenos ou grandes serviços mais ou menos secretos, franceses, ingleses, italianos, espanhóis, marcianos, lunáticos, acendendo fósforos por aqui e por ali, para que a chama continue a alimentar a insegurança que vai permitir novas ofensivas, em nome da liberdade, contra, precisamente, a liberdade.

E a democracia. Ao beneficio duma economia cada vez menos politica, no sentido inicial e nobre do termo, isto é, ao serviço do cidadão da "polis" e condicionada, portanto, a satisfazer os apetites sem limites de, por exemplo, certas "pension funds" e outras estruturas de tipo canibal que sugam tudo o que lhes passa à mão de semear.

Evidentemente, tudo isto se paga. Por exemplo, com oito balas na cabeça, porque essa cabeça não corresponde exactamente à norma ("tipicamente british", branca e loira, ou ruiva - desapareceu o risco irlandês? - , de olhos azuis...), portanto altamente suspeita, porque se chama , que esquisito, jean-Charles (Ah!, la vieille mésentente cordiale entre l'Angleterre et la France) se bem que brasileiro, e ainda por cima de Menezes, que soa português, o que o torna ainda mais suspeito dado o enorme deficit de 6,70% que põe em perigo o equilíbrio da velha Europa (dixit um certo Rumsfeld e/ou Wolfovitz).

Eles chamam-se Bush, Blair, Aznar, Bin Laden, Berlusconi, Sharon, Putin ou mesmo Chirac e até um certo Durão Barroso, que é pequenino mas pretende fazer figura de grande, todos estes e muitos outros, abriram ou ajudaram a abrir as portas do inferno e para lá estamos a ir todos como um só homem. Sem esquecer as mulheres. E as crianças, femininas e masculinas. E os gatos e os cães e as tartarugas e os coelhos e os ratos e os peixinhos vermelhos e as plantas tropicais e Jacques Prévert et son raton laveur and Alice and the Beatles and the Rolling Stones and my taylor who was rich but is not anymore, and so on, and so on.

Bom, desculpem lá, enervei-me com isto tudo e, palavra puxa imprecaução, deixei-me invadir pela ira que nos esta a devorar os fígados a todos.

Prometo que da próxima vez, faço um desenho. Talvez, assim a mensagem seja mais imediatamente compreensível, como diria o McLuhan.

Cordialmente,

Brito



Comentário:

A verdade é que este estado de coisas, mais cedo ou mais tarde, tem de acabar.

terça-feira, julho 26, 2005

Mossad, a "nova" aquisição da «Al-Qaeda»


Artigo em "A Capital" – 26 de Julho de 2005, assinado por Gonçalo Motta.

"Secreta israelita sob suspeita"

A hipótese de os serviços secretos israelitas estarem envolvidos nos atentados de 6ª feira está a ganhar peso junto dos especialistas em segurança egípcios

As autoridades egípcias lançaram-se numa investigação frenética depois dos ataques na passada 6ª feira terem vitimado 88 pessoas e ferido 200 no dia em que se celebrava o 53º aniversário da independência do Egipto.

Segundo peritos em segurança e alguns analistas políticos locais, existe a hipótese de os serviços secretos de Israel, a Mossad, estar envolvida nos atentados. Responsáveis egípcios afirmam que pelo menos uma das viaturas utilizadas no atentado de 6ª feira tinha matrícula israelita, proveniente de Taba, na fronteira com Israel, na península do Sinai.

Estas alegações são consubstanciadas pela suspeita de este atentado em Sharm el-Sheik estar relacionado com o atentado em Taba, em Outubro de 2004. Segundo um general egípcio na reserva, Fuad Allam, o ataque em Taba, que vitimou 34 pessoas, foi levado a cabo por um palestiniano "aparentemente ligado às forças de segurança israelitas".

Esta opinião é partilhada pelo analista político, Dia Rashwan, que afirma: "Estamos a dar demasiada importância à al-Qaeda. O que se passou aqui nega a possibilidade de os ataques terem sido efectuados por elementos vulgares. Esta é a obra de um elemento extraordinário que beneficia com tais ataques. Todos os detalhes disponíveis até ao momento indicam que apenas os israelitas poderiam ter feito isto".


Estas alegações abrem novas perspectivas para os investigadores egípcios, que, desde sábado passado, buscam provas por entre os destroços das explosões de 6ª feira, na baía de Naaram. (...)



Comentário:

Ninguém me tira da cabeça que foi a Al-Qaeda a responsável pelo atentado de Sharm el-Sheik, no Egipto, que vitimou 88 pessoas.

Agora, se a Mossad é parte integrante da Al-Qaeda, isso é outra história.

O importante é que o «Choque de Civilizações», de Samuel Huntington, suba a um novo patamar de violência.

segunda-feira, julho 25, 2005

Duas pérolas do arquitecto Saraiva


António Saraiva, director do Expresso – 20 de Março de 2004

A PERGUNTA parece idiota.

Pois não foi a Al-Qaeda a autora dos grandes atentados da história recente, desde o 11 de Setembro em Nova Iorque ao 11 de Março em Madrid?

E, no entanto, essa Al-Qaeda de que toda a gente fala com a maior familiaridade ninguém sabe ao certo o que é.

Para começar, o suposto chefe - Bin Laden - não pode comandar coisa nenhuma.

Saltitando de gruta em gruta, algures entre o Afeganistão e o Paquistão, não tem condições para pastorear um rebanho de cabras quanto mais para liderar uma organização terrorista actuando à escala mundial.

O terrorismo exige comunicações fáceis e informação actualizada - e Bin Laden nem sequer pode usar um telemóvel pois seria rapidamente localizado, como aconteceu com Saddam.

Bin Laden é hoje um fantasma - não é um chefe terrorista.

Além disso, nada se sabe sobre a estrutura da organização.

As organizações clandestinas são como os polvos: têm uma cabeça - que centraliza as informações, planeia o trabalho e dá as ordens - e vários braços que não se relacionam entre si para que a localização de um deles pela polícia não conduza à descoberta dos outros.

A ETA, em Espanha, o IRA, na Irlanda, o Baader-Meinhof, na Alemanha, as Brigadas Vermelhas, em Itália, estão (ou estavam) estruturadas deste modo.

Ora ninguém sabe como a Al-Qaeda está organizada.

Não se sabe se tem ou não um comando central.

Não se sabe onde esse comando, a existir, está sedeado.

Não se sabe se os núcleos operacionais espalhados por vários países actuam às ordens desse comando central ou agem com grande autonomia.

Não se sabe se esses núcleos funcionam isolados ou em colaboração com organizações terroristas locais.

Com a Al-Qaeda, tudo passou a ser uma incógnita.

O desconhecimento do chefe, da organização e dos objectivos.

Tudo isso faz da Al-Qaeda uma entidade mítica, omnipresente porque actua em toda a parte, quase imaterial porque não se vê, mas ao mesmo tempo bem real, porque mata.



Uma semana depois, o mesmíssimo Saraiva:

Expresso – 27 de Março de 2004

O FACTO de George W. Bush ter assumido a liderança da luta contra o terrorismo deixou a esquerda numa situação difícil.

É claro que a seguir ao 11 de Setembro o mundo inteiro gritou «Somos todos americanos» - e, nessa altura, todos estariam a ser sinceros.

Mas as emoções passam.

Um mês depois, quando Bush decide invadir o Afeganistão sob o pretexto de que é um campo de treino de terroristas, já nem todos aprovam.

Parte da esquerda começa a sentir-se no fio da navalha: não quer aparecer associada ao fundamentalismo islâmico mas também não gosta de estar ao lado das tropas americanas.

Embora poucos condenem frontalmente a invasão, ouvem-se críticas em surdina.

Considera-se que a América não pode ser a «Polícia do mundo» e que os atentados contra as torres gémeas, pese embora a sua brutalidade, não justificam tudo.

Quando se coloca a hipótese de invadir o Iraque, a opinião pública já está abertamente dividida.

Há os que continuam a apoiar Bush - convencidos de que o combate ao terrorismo exige a destruição de regimes como o de Saddam Hussein e a alteração dos equilíbrios na região - e os que rejeitam veementemente a intervenção militar, decidida de forma unilateral e sem a cobertura da ONU.

E aqui é que bate o ponto.

A partir desta altura, os Estados Unidos passam a constituir a referência em relação à qual todos se situam.

De um lado fica a América de Bush e os seus acompanhantes - do outro aqueles que se opõem à política americana.

O mundo divide-se em dois.

E, por muito que custe escrever isto, os terroristas estão do lado dos que combatem Bush, sendo objectivamente seus aliados.

Não foi por acaso que certa esquerda chorou lágrimas de crocodilo pela morte de Sérgio Vieira de Melo: essa esquerda percebeu que a morte do diplomata era um libelo contra a política de Washington.

Não foi por acaso que certa esquerda acreditou desde o princípio que os atentados em Espanha não eram obra da ETA mas da Al-Qaeda: essa esquerda percebeu que os 200 mortos de Madrid poderiam ser outros tantos pesos na consciência dos americanos e dos seus aliados.

E, além disso, constituiriam um aviso sério para os que teimavam em apoiar George W. Bush: «Vejam lá o resultado que dá apoiar os americanos».

Quando Mário Soares diz que é preciso entender os terroristas e negociar com eles não o faz por acaso - fá-lo porque é esse o corolário natural das posições anti-americanas.

Se Soares não quer estar ao lado de Bush, se rejeita a política de Bush de dar caça aos terroristas - então a única alternativa é procurar percebê-los e tentar negociar com eles.

Soares, aqui - apesar das críticas que ouviu -, não está isolado.

Há muito tempo que o Bloco de Esquerda, por exemplo, percebeu que não lhe convém condenar liminarmente o terrorismo.

Sendo o terrorismo uma ameaça aos poderes instalados no Ocidente capitalista, não convém a certa esquerda combatê-lo - mas antes dizer que é preciso compreendê-lo, perceber as suas raízes, estudar as condições concretas em que surge.

No fundo, também foi isso o que Mário Soares quis dizer: não procuremos combater os terroristas cega e estupidamente, como faz Bush, procuremos combatê-los com as armas da inteligência e da democracia, compreendendo-os e mesmo negociando com eles.

É esta a situação.

Ao contrário do que muitos pensam, a divisão não é hoje entre o mundo civilizado e o terrorismo.

A partir do momento em que George W. Bush empunhou o facho da luta antiterrorista, a luta é entre Bush e os terroristas.

Ora aqueles que não querem seguir Bush o que hão-de fazer?

Recusando participar na cruzada «yankee» resta-lhes dizer que não é possível combater o terrorismo sem perceber aquilo que o motiva.

E sem dialogar com os terroristas.

Foi aquilo que Soares disse.




Comentário:

O pateta do Soares!

Desejar dialogar com Bin Laden, que nas palavras de Saraiva, não pode comandar coisa nenhuma. Que não tem condições para pastorear um rebanho de cabras, quanto mais para liderar uma organização terrorista actuando à escala mundial. Que nem sequer pode usar um telemóvel pois seria rapidamente localizado. Que é hoje um fantasma e não um chefe terrorista.

E querer perceber a Al-Qaeda, de cuja estrutura, como afirma Saraiva, nada se sabe. Que não se conhece como está organizada. Que não se sabe se tem ou não um comando central. Que não se sabe onde esse comando, a existir, está sedeado. Da qual não se conhece o chefe, a organização e os objectivos. Que é uma entidade mítica, omnipresente porque actua em toda a parte, e quase imaterial porque não se vê.

Como quer Soares dialogar com um ente do qual nada se sabe?

Com uma entidade mítica, não se dialoga, ataca-se! Invade-se o Afeganistão sob o pretexto de que é um campo de treino de terroristas. Invade-se o Iraque, de forma unilateral e sem a cobertura da ONU, e bombardeia-se, arrasa-se!

Contra o imaterial não há conversa! Há o assalto, há o ataque, há a arremetida!

Foi aquilo que Saraiva disse.

Não É Um Filme De Hollywood

A Guerra Contra o Terrorismo levada a cabo pelo governo de George W.Bush está a fazer do mundo inteiro vítima dessa sanha agressora, militarista e expansionista. Para os soldados americanos, o Iraque já se transformou num outro Vietname. O cenário é idêntico: uma resistência popular organizada em guerrilha, um exército convencional poderoso mas incapaz de matar moscas com mísseis Tomohawk. Quando os americanos finalmente se retiraram do Vietname deixaram um país destruído e com o Iraque vai acontecer o mesmo, apesar da falácia do programa de reconstrução adjudicado a inúmeras empresas americanas...

Já ninguém duvida das mentiras que levaram a esta agressão contra o Iraque. Já nem o próprio mentiroso se atreve a repeti-las mais vezes. Se houvesse algum tipo de justiça, Bush e Blair não se safavam de um qualquer tribunal penal internacional. Esses dois vão ficar para a História como responsáveis por centenas de milhar de mortes, talvez mesmo milhões se levarmos em linha de conta os “danos colaterais”: as doenças que poderiam ter sido combatidas se os hospitais não tivessem sido destruídos, os que morreram de desespero, os que morreram de fome…
Desde Março de 2003, o Oxford Research Group concluiu que, pelo menos, 25 mil iraquianos já morreram vítimas da violência gerada pela invasão norte-americana e que, pelo menos, 45 mil iraquianos foram feridos pelos mesmos motivos. Segundo o mesmo estudo, as tropas americanas foram responsáveis por quatro vezes mais mortes que os ataques da resistência islâmica. Mas estes números mal contam a história toda… porque, um outro estudo patrocinado por um jornal médico inglês, The Lancet, há cerca de seis meses, apontava para um número de mortos próximo dos 100 mil.
Cem mil mortos… não é uma loucura? Esses filhos da puta, sentados lá na sala oval, já alguma vez terão visto um tipo rebentado por uma bala?
Já alguma vez terão sentido o cheiro dos cadáveres putrefactos? Já alguma vez terão ouvido os gemidos dos que sofrem? Já alguma vez terão sentido um arrepio de desespero? Já alguma vez terão parado para pensar que a vida não é um filme de Hollywood? Terão eles consciência da merda que andam a fazer? Dormirão de noite?... Conseguirão eles ter tesão para amar as benditas esposas?
Desde que essa guerra começou que tudo mudou, para pior. A segurança no Médio Oriente não melhorou, embora os Palestinianos pareçam estar à beira de conseguir um Estado reconhecido pelo governo norte-americano. O Irão está, na prática, em alerta máximo contra a possibilidade de um ataque ordenado por Washington. O mesmo se passa na Síria. Não é por acaso que Israel enveredou por um política de maior diplomacia e menos músculo. Se houver uma guerra generalizada na região, o país dificilmente escapará da destruição. E na Europa, estamos nós melhor, agora? Estamos… os espanhóis que o digam, os ingleses também sabem responder. Os atentados terroristas, cegos e indiscriminados, são intoleráveis? São, sim senhor, sem dúvida. Mas são a resposta possível contra as super-potências deste Mundo, isso também é inegável. E não serão igualmente intoleráveis os bombardeamentos cirúrgicos dos B-2 a 10 mil metros de altitude?
Esta guerra já trouxe à luz do dia alguma evidência de que os terroristas que se imolaram contra as Torres Gémeas estavam às ordens de Saddam Hussein? Não… eles eram, de resto, na grande maioria, cidadãos sauditas…
O preço do petróleo baixou, desde que os americanos atacaram? Em Março de 2003 pagavamos a gasolina a… metade do preço de hoje…
O pior é que não se vê o fim desta história. Uma recente decisão tomada em Capitol Hill estipula que os 160 mil soldados norte-americanos só poderão retirar do Iraque quando os desígnios da nação americana forem alcançados… e as baixas sofridas até agora pelas tropa americana foram consideradas insignificantes perante o que está em jogo.
Os políticos querem lá saber se os índices de suicídios entre os seus soldados no Iraque aumentaram alarmantemente, querem lá saber se a moral deles está enterrada algures no deserto iraquiano, querem lá saber se boa parte do Mundo olha com desprezo para a América, que já foi símbolo da liberdade, de sonhos felizes, mas já não é mais.
Na frente interna, Bush também soma problemas. É cada vez maior o número de cidadãos americanos que considera que o país está hoje menos seguro que antes da guerra. E há cada vez menos gente que continua a acreditar que a América é alvo de terroristas invejosos e despeitados por causa da riqueza e bem estar dos yankees.
Não há nada que possa justificar a destruição de um país. Não há nada que possa justificar a destruição do Iraque. Nem mesmo a urgência em depor um ditador.

domingo, julho 24, 2005

A Al-Qaeda em força no Reino Unido



VISAOONLINE - 24 Julho 2005

Sir Ian Blair


O chefe da Scotland Yard, sir Ian Blair, pediu este domingo desculpas pela morte de um brasileiro em Londres, confundido com um terrorista, e aceitou a total responsabilidade da polícia pelo sucedido.

«É uma tragédia. A polícia Metropolitana aceita a total responsabilidade pelo sucedido. À família apenas posso expressar o meu profundo pesar», afirmou Blair ao canal de televisão Sky News.

Apesar do sucedido, Ian Blair declarou que os polícias britânicos têm ordens para matar com uma bala na cabeça os presumíveis terroristas suicidas.

A Scotland Yard reconheceu sábado que o homem abatido sexta-feira na estação de metro de Stockwell «não estava ligado aos atentados» falhados da passada quinta-feira na capital britânica.

De acordo com testemunhos presenciais, Menezes tropeçou ao entrar precipitadamente no Metro quando era perseguido pela polícia, e encontrava-se caído no chão quando um dos agentes o atingiu com cinco tiros na cabeça, disparados à queima-roupa.

O autarca de Londres, Ken Livingstone, justificou as novas instruções das autoridades com a necessidade de actuar drasticamente contra os suspeitos e de protecção aos cidadãos e culpou «os terroristas» pela morte do brasileiro, que classificou como «tragédia humana».



Comentário:

Lamento, como é óbvio, o sucedido com o cidadão brasileiro. O agente policial extravasou largamente as suas funções porquanto tinha ordens para meter apenas uma bala na cabeça do suspeito e acabou por meter cinco.

Não estranho, também, que se execute imediatamente um suspeito, sem lhe fazer primeiro um interrogatório. Se eliminarem prontamente todos os suspeitos, há uma probabilidade razoável de abaterem alguém que tenha um primo afastado, que “supostamente” terá conhecido alguma pessoa, com “alegadas” ligações a um grupo, “presumidamente” próximo da Al-Qaeda.

Que a Al-Qaeda está hoje fortemente implantada no Reino Unido, os recentes acontecimentos comprovam-no. Mais, estou convicto que a grande maioria dos seus membros nasceu em solo britânico. Mais, alguns até podem ser funcionários públicos. Mais...

sábado, julho 23, 2005

Explosões que, afinal, não deflagraram?

VISAOONLINE - 21 Julho 2005 - Mais explosões em Londres. Os efeitos serão menores do que os atentados de 7 de Julho mas, segundo o chefe da polícia londrina, as quatro explosões registadas na capital britânica são igualmente muito graves. Este «incidente» ocorre exactamente duas semanas depois dos atentados que provocaram 56 mortes e 700 feridos

E no dia seguinte:

VISAOONLINE - 22 Julho 2005 - A Polícia britânica recuperou quatro bombas utilizadas quinta-feira na segunda vaga de atentados com explosivos em Londres, assim como as mochilas que as continham.

E um dia depois:




As quatro bombas, tanto as do metropolitano como a do autocarro, não explodiram.



E a história do terrorista que afinal não o era :

« "Eu vi um tipo asiático. Ele correu para o comboio, era perseguido por três polícias à paisana, um deles empunhava uma pistola preta. Ele tropeçou... eles atiraram-no para o chão e basicamente deram-lhe cinco tiros".»

E depois:

«Um homem morto pela polícia que procurava os bombistas dos ataques de Quinta-Feira em Londres, não estava relacionado com os incidentes, confirmou a polícia.»





Comentário:

Compreendo perfeitamente a desorientação da polícia inglesa ao ter de lidar com explosões que afinal não explodiram. Só assim se compreende que atirem um suspeito para o chão e lhe dêem cinco tiros à queima-roupa, sem sequer o interrogar.

O presidente dos Estados Unidos, George Bush, ofereceu o seu apoio ao Reino Unido, acrescentando ”estou confiante, tal como o nosso país, que os cidadãos desse país não serão intimidados por criminosos e assassinos.”

Faço minhas as palavras deste criminoso!

Quando a verdade é terrorista


Acerca do clima que se vive hoje em Inglaterra:

Paul Joseph Watson & Alex Jones - Coloquem a questão, quem beneficia com tudo isto?

Hoje é o último dia do parlamento britânico antes de um interregno de 80 dias. Por isso o governo quer fazer passar a nova legislação anti-terrorista que foi proposta depois dos atentados de 7 de Julho, enquanto esta situação de alerta máximo é o clima perfeito para a aprovar sem grande oposição.

A Sky News reportou que membros do parlamento podem ser chamados esta noite para uma sessão especial com o propósito claro de aprovar esta legislação.

E o que é que esta legislação inclui? Inculpar quem quer que escreva artigos ou coloque na Internet opiniões que advoguem ou dêem ajuda e incentivo aos terroristas.

Portanto temos uma situação segundo a qual podem dizer que alguém a escrever artigos a acusar o governo de envolvimento nos atentados, pode ter um impacto negativo na confiança que a população possa ter no combate do governo ao terrorismo, e portanto que está a ajudar os terroristas.

A definição é tão imprecisa que eles podem considerar o que é dito neste site como ajuda ao terrorismo.

Quando o que realmente estamos a fazer é a colocar em evidência os verdadeiros terroristas e salvar tanto a vida das pessoas como as suas liberdades.

O governo está a construir uma base de dados de indesejáveis que vão ser vigiados sob esta legislação. Clarke aperta o cerco ao terrorismo via Web, escrita ou discurso.



Comentário:

O terrorismo dá-se mal com a liberdade de expressão. Mas combina lindamente com a manipulação, com a desinformação, com a omissão e com a mentira. «Terrorismo dixit».

sexta-feira, julho 22, 2005

A trama dos macacos



George Galloway encheu os cabeçalhos dos jornais de todo o mundo a 17 de Maio frente ao comité de investigações do Senado, depois dos seus membros o terem acusado de ter lucrado com o regime de Saddam Hussein, não obstante o facto de já se ter provado que essas alegações se basearam em documentos forjados.

Galloway virou a mesa e colocou toda a elite norte-americana em questão por terem armado Saddam, por terem imposto sanções genocidas que mataram milhões de iraquianos, e ainda, por terem levado a cabo duas guerras ilegais que mataram e mutilaram centenas de milhares.

Galloway apareceu como convidado no «The Alex Jones Show» para falar da sua presença no Senado e da confusão que se gerou.

No final do programa Alex Jones, perguntou a Galloway se pensava que uma invasão ao Irão estaria no horizonte. Galloway estava confiante que a opinião pública opor-se-ia massivamente e impediria que um ataque tivesse lugar, a não ser que fosse levado a cabo um ataque terrorista encenado pelo complexo militar-industrial e as culpas fossem imputadas ao Irão.


JONES: “O que é que fazemos se o complexo militar-industrial levar a cabo um atentado terrorista e culpar o Irão?”

GALLOWAY: “ Esse é um perigo muito real. Temos de estar em guarda. Temos de ser cidadãos vigilantes.”

JONES: “Inacreditável.”

GALLOWAY: "Precisamos de uma cidadania vigilante que esteja alerta a todos os truques que estes macacos possam andar a tramar”.

A transcrição sonora da entrevista está aqui.




Comentário:

Onde é que Galloway vai buscar isto tudo? E porque é que os nossos media não se lhe referiram nunca? Por comedimento? Por prudência? Por outra coisa qualquer?

quinta-feira, julho 21, 2005

Propaganda e fascismo

Londres 7-7-2005


Uma forma de chegar à verdade é perguntar: Qui bono? Quem beneficia? Para qualquer observador imparcial é evidente que os muçulmanos, no Ocidente ou no Oriente, nada ganharam com os recentes acontecimentos em Londres. Por outro lado, governos ocidentais e empresas, em particular no campo do armamento, da segurança, e do petróleo, foram as primeiras a beneficiar desta tragédia.

Para além das acções unilaterais, o 11 de Setembro trouxe-nos os vários estádios do Patriot Act, a base de Guantanamo e muitas outras anulações dos direitos democráticos. Mas não asfixiou o debate nem as pessoas se sujeitaram, ainda, a perder a liberdade de expressão.

Houve intermináveis tentativas para controlar a Internet e para reduzir todos os Ocidentais a uma dieta de info-entertenimento da CNN, assim como existiram tentativas para banir a difusão de informação por satélite que não devia ser servida ao público americano, mas ainda não ultrapassaram os movimentos de liberdades civis. A esperança de que os atentados de Londres alterem este estado de coisas são grandes. A intercepção de e-mails é uma das grandes prioridades nas medidas contra-terroristas, e faz parte da agenda da Organização para a Segurança e Cooperação Europeia (OSCE).

Até agora o governo Britânico pensou que uma população assustada por um ataque terrorista “inevitável” era suficiente, mas foi ridicularizado e acusado de vendilhão de terror. Uma série de televisão, «The Power of Nightmares», questiona se estes avisos terroristas não serão de origem política.



Londres precisava de um autêntico atentado terrorista de forma a paralisar suficientemente a população de forma a aprovar legislação que não tinha sido capaz de aprovar antes do seu fiasco eleitoral. Imediatamente após o ataque houve incursões e evacuações do centro da cidade, e a França e a Itália foram rápidos a prender alegados suspeitos. A farsa da democracia podia ser suspensa e o governo e a oposição podiam restaurar-se.

Políticos americanos anseiam que estes acontecimentos travem a tendência europeia de permitir oposições às políticas governamentais e os una (os governos) na “aventura americana”. Sacrificar alguma da sua população não constitui um preço elevado a pagar: A ex-secretária de estado, Madeleine Albright, achou que a morte de meio milhão de crianças iraquianas (devida às sanções aplicadas ao Iraque) foram um preço que valeu a pena pagar.

Infelizmente para os politiqueiros americanos e britânicos, as críticas não foram silenciadas tão facilmente como aconteceu no 11 de Setembro. Alguns até deitaram as culpas para a exploração ilegal dos imigrantes por parte do governo. A maioria dos britânicos não sente inclinação para a maquinações.



Comentário:

Vamos ver se a rapaziada deste "jardim à beira-mar plantado", à imagem de uma boa parte dos habitantes da "Velha Albion", não se deixa maquinar. E maquinistas por cá, sob a fuligem do embuste, não faltam. Basta ir a algumas colunas do Expresso, do Público, do Abruto (sem p), da Sic Notícias (24 sobre 24 horas), etc.

quarta-feira, julho 20, 2005

Há males que vêm por bem?



Em Setembro de 2000, poucos meses antes do acesso de George W. Bush à Casa Branca, o “Project for a New American Century” (PNAC) publicou o seu projecto para a dominação global sob o título: "Reconstruindo as defesas da América" ("Rebuilding American Defenses") pág 51.

O vice-secretário da Defesa Paul Wolfowitz, o secretário da Defesa Donald Rumsfeld e o vice-presidente Dick Cheney adoptaram o projecto PNAC antes das eleições presidenciais.

O PNAC esboça um roteiro da conquista. Apela à "imposição directa de bases avançadas americanas em toda a Ásia Central e no Médio Oriente" tendo em vista assegurar a dominação económica do mundo, e ao mesmo tempo estrangular qualquer potencial "rival" ou qualquer alternativa viável à visão americana de uma economia de mercado”.

O projecto do PNAC também esboça uma estrutura consistente de propaganda de guerra. Um ano antes do 11 de Setembro, o PNAC fazia apelo a "algum evento catastrófico e catalisador, como um novo Pearl Harbor", o qual serviria para galvanizar a opinião pública americana em apoio a uma agenda de guerra":



Os arquitectos do PNAC parecem ter antecipado com cínica precisão a utilização dos ataque do 11 de Setembro como "um pretexto para a guerra".

A referência do PNAC a um "evento catastrófico e catalisador" reflecte uma declaração semelhante de David Rockfeller em 1994 ao United Nations Business Council:

"Estamos à beira da transformação global. Tudo o que precisamos é da grande crise certa e as nações aceitarão a Nova Ordem Mundial".


De modo análogo, nas palavras de Zbigniew Brzezinski, no seu livro The Grand Chessboard:

"... pode considerar-se mais difícil moldar um consenso [na América] sobre questões de política externa, excepto nas circunstâncias de uma ameaça externa directa verdadeiramente maciça e amplamente percebida".

Zbigniew Brzezinski, que foi Conselheiro de Segurança Nacional do presidente Jimmy Carter, foi um dos arquitectos chave da rede Al-Qaeda, criada pela CIA para o assalto aos soviéticos na guerra afegã (1979-1989).


Bruce Hoffman, vice-presidente da Rand Corporation (o mais importante centro privado de pesquisas em matéria de estratégia e de organização militar em todo o mundo, e a expressão prestigiada do lobby militar-industrial americano), numa conferência publicada pela US Air Force Academy em Março de 2001 (ou seja, seis meses antes dos atentados de 11 de Setembro de 2001), dirigindo-se a uma audiência de oficiais superiores da força aérea norte-americana, afirmou:

“Estamos a tentar preparar as nossas armas contra a Al-Qaeda, a organização - ou talvez o movimento - associada a Bin Laden (...) Pensem por um momento no que foi o atentado à bomba contra o World Trade Center, em 1993. Agora, considerem que é possível fazer cair a Torre Norte sobre a Torre Sul e matar 60.000 pessoas [it was possible to actually topple the North Tower onto the South Tower and kill 60,000 people] (...) .


Na sequência do 11 de Setembro as despesas militares dispararam, e por consequência os chorudos contratos do complexo militar-industrial:



Cujos grandes beneficiários foram:





Comentário:

O 11 de Setembro, o mais mortífero ataque jamais feito aos Estados Unidos da América, beneficiou, ironicamente, todos os Rockfellers do lado de lá do Atlântico. Beneficiou, igualmente, os testas de ferro desses magnatas que ocupam, neste momento, todas as cadeiras do poder nos EUA.

Estranho atentado, este 11 de Setembro, simultaneamente tão funesto, tão lucrativo e tão a propósito.

terça-feira, julho 19, 2005

Gastos milionários na GALP




Expresso, 16 de Julho 2005

UM QUADRO superior contratado pela Galp quando António Mexia assumiu a administração, em 2002, recebeu uma indemnização de 290 mil euros para sair da empresa, apenas dois anos depois de ter entrado. Este quadro acompanhava Mexia desde que este era responsável pela Gás de Portugal - e negociou o contrato com vários anos de antiguidade, que acabaram por lhe dar direito ao elevado montante. Poucos dias depois de Mexia sair da Galp para o Governo, o mesmo quadro foi admitido (com a indemnização no bolso) na Refer, uma empresa tutelada pelo seu ex-patrão.

Este é um dos muitos exemplos de contratações em condições invulgares por parte da Galp, nos últimos anos, principalmente no mandato de António Mexia, algumas das quais envolvendo figuras directa ou indirectamente ligadas à política. Freitas do Amaral é quadro da Galp Energia desde Julho de 2004, admitido ainda no mandato de Ferreira do Amaral, contrato neste momento «suspenso», segundo a empresa. O escritório de Henrique Chaves, ex-ministro de Santana Lopes, tem um contrato de avença, feito quando estava no Governo, com uma das subsidiárias da Galp, do sector imobiliário, que se mantém até hoje. Manuel Queiró, ex-deputado do CDS, foi até há semanas administrador de uma das empresas do grupo Galp. Um cunhado de Morais Sarmento, quando este era ministro, entrou no quadro da empresa negociando uma antiguidade (inédita) de 17 anos.

Nos últimos anos, assistiu-se também a contratações de jovens quadros de apelidos conhecidos com vencimentos acima do normal. Foi o caso do filho de Miguel Horta e Costa, que entrou na empresa com 28 anos e um ordenado de 6600 euros; ou do filho de Silveira Godinho, que trabalhava na área do futebol; ou do filho de Alípio Dias.

Fonte da Galp garantiu ao EXPRESSO não existirem quaisquer «situações anormais» que justifiquem uma mudança de atitude da nova administração, dirigida por Fernando Gomes e Murteira Nabo. Entretanto, a Comissão de Vencimentos da Galp fez uma proposta no sentido de aumentar em breve os ordenados de todos os administradores.



Comentário:

Mexia, mexia e remexia nas finanças da Galp sem dar cavaco ao mexilhão, que, como é sabido, é o único que se lixa e paga impostos .

Não fora a atitude da nova administração, dirigida por Fernando Gomes e Murteira Nabo, ao fazer uma proposta no sentido de aumentar em breve os ordenados de todos os administradores e não saberíamos onde a Galp iria parar.

Quando é que mandamos estes "governantes que tão bem se governam" para o lugar que lhes é devido?

A imagem de Sócrates


José António Lima – Expresso 16-07-2005

(...)

Manteve, pois, no essencial a firmeza e as linhas de orientação que caracterizaram estes 100 primeiros dias de actividade do seu Governo.

Não deu resposta, é certo, às dúvidas que subsistem quanto ao contínuo despesismo do Estado e a uma consolidação orçamental que parece depender exclusivamente de uma incerta reanimação da economia internacional que se repercuta na economia portuguesa e traga um aumento das receitas do Estado. E esse é o problema que o irá acompanhar, inevitavelmente, ao longo de todo o seu mandato.

Por outro lado, deu sinais de precipitação e alguma leviandade ao garantir que os impostos não serão de novo aumentados até 2009, uma declaração depois corrigida e que o ministro das Finanças se esquivou, no Parlamento, a corroborar. Mudou de discurso quanto às receitas extraordinárias, que agora subdivide em más e boas conforme tenham ou não encargos nos orçamentos futuros, recurso que repudiava por completo na campanha eleitoral. Foi duvidosamente criativo ao lançar o argumento de que o espaço aéreo de Lisboa terá os seus corredores aéreos esgotados dentro de poucos anos. E fugiu à verdade ao garantir que o Conselho de Ministros aprovou a limitação das reformas acumuladas por Campos e Cunha e Mário Lino antes da polémica que estas suscitaram. Só o fez depois, como se sabe.

Mas, no conjunto, foi uma entrevista com um balanço político positivo, que passou a imagem de um primeiro-ministro confiante, que acredita no que está a fazer e tem a firmeza necessária para aplicar as suas políticas



Comentário:

Concordo, em absoluto, com José António Lima: não há dúvida que Sócrates é um..., que não deu respostas a...., e cuja leviandade são uma boa prova de..., mas que, no conjunto, se revela um grande balde de mer..., da qual sairá mais firme e resoluto.

segunda-feira, julho 18, 2005

Nas ondas do laissez faire


Expresso – 16 de Julho de 2005

Presidente do BPI defende: Ordenados em Portugal devem baixar 10%

OS PORTUGUESES deviam ter uma redução de 10% nos salários, como forma de ajudar a resolver a má situação das contas públicas. E quem ganha mais devia ter uma redução entre 12 e 15%. A sugestão é do presidente do BPI, Fernando Ulrich, que adianta: «A situação é grave e estrutural, mas os portugueses não estão mobilizados nem preocupados com a competitividade, querem é passar mais tempo na praia».



Jornal de Negócios - Segunda, 18 Julho 2005

Banco apresenta hoje resultados

Lucros do BPI deverão subir entre 17,3% e 24,5%

Os lucros do BPI deverão ter subido para um valor médio de 56,9 milhões de euros no primeiro trimestre de 2005, de acordo com as antigas regras de contabilidade (em vigor até ao final de 2004), revelam as estimativas dos analistas de sete casas de investimento.

Esta subida representa um crescimento de 17,3% face ao período homólogo de 2004, quando os lucros atingiram os 48,5 milhões de euros.

Os dois bancos de investimento que incluíram nas suas análises as novas normas, estimam que os lucros do banco liderado por Fernando Ulrich tenham aumentado para cerca de 60 milhões de euros.

As acções do Banco BPI seguiam a subir 0,32% para os 3,18 euros.



Comentário:

Fernando Ulrich é um homem mobilizado e preocupado com a competitividade, e por nada deste mundo trocaria o árduo e problemático lucro, pelo dolce far niente da praia.

Se quem mais ganha, em salários, deve ter uma redução entre 12 e 15%, qual a redução que devia ser aplicada a quem mais lucra? E como é possível lucrar tanto num país em profunda recessão? Tudo questões para meditar à beira-mar.

domingo, julho 17, 2005

Pacheco Pereira versus Michel Chossudovsky - Um combate desigual



Pacheco Pereira refere no seu blog a 15/7/2005 - alguns excertos do texto (todo ele muito poético):

(Como houve alguma discussão sobre este artigo nos blogues e ele está indisponível no Público de ontem, reproduzo-o aqui por uns dias e depois vai para a "verdade filha do tempo".)


Algures, perto de si, acabará por explodir uma bomba, flutuar uma doença, fluir um veneno.

É por isso que não basta bater no peito e dizer que “somos todos londrinos” e na volta da esquina já estar a discutir as tenebrosas propostas do Sr. Blair para limitar direitos de privacidade das mensagens porque isso facilita a vida aos terroristas. Na volta da memória, escarnecer o Patriot Act, essa “fascização da América” como já lhe ouvi falar, atacada por tudo que é burocracia bruxelense e suas extensões nacionais, como se, sobre a dupla pressão dos autocarros que explodem, e da insegurança popular, não se tenha também que ir por aí, com a prudência e as cautelas que as democracias têm que ter por tal caminho.

É também por isso que poucas vezes como nos dias de hoje se vê o grau de demissão do pensamento ocidental como nestes momentos. Mário Soares é entre nós o principal “justificador”, introduzindo com displicência, dele, e complacência de muitos, todos os temas dessa culpa auto-punitiva e demissionista.

As únicas explicações que me interessavam, as únicas “causas” que eu queria perceber, eram aquelas que me permitiam derrotá-lo funcionalmente, as que eram instrumentais para acabar com ele e com os seus.

É importante perceber que, mesmo nas questões onde o meu pensamento lhe admitia “razão”, essa razão só pode ser defrontada depois da eliminação dele - válido para Hitler, ou Estaline, ou Bin Laden

Voltemos à questão da guerra. Eu bem sei que há quem ache que não está em guerra, e que a expressão “guerra” para caracterizar o que se está passar é enganadora. Talvez valha a pena discutir a terminologia, porque ela tem claras desadequações, como aliás, o quadro legal no direito internacional da guerra, para defrontar este tipo de combate. Mas a mim não me choca chamar guerra a um conflito que tem as características de ser global, da Indonésia, à Índia, á China, às antigas republicas soviéticas da Ásia Central, da Europa toda, aos EUA, que tem objectivos “não negociáveis” por incompatibilidade total de visões do mundo culturais e civilizacionais.

Acima de tudo, não compreendo porque razão um terrorismo apocalíptico, que tenta por todos os meios ter as armas mais pesadas, nucleares, químicas e bacteriológicas, para garantir o seu Armagedão sacrificial, que tem como objectivo a guerra total, ou seja a aniquilação de milhões dos seus adversários, haja os meios para isso, não tem que ser combatido com tudo o que tenho à mão: tropas, polícias, agentes de informações, à dentada diria um velho inglês da Home Guard, daqueles que esperava a invasão da sua ilha e achava que sempre podia levar um “boche” consigo. E aí o “não se limpam armas”, é de um simplicidade brutal. Ou nós ou eles.






Segundo Chossudovsky, a denominada “guerra ao terrorismo” é uma fabricação completa baseada na ilusão de que um homem, Osama bin Laden, conseguiu ludibriar o aparelho de informações norte-americano que possui um orçamento de 30 mil milhões de dólares.

A “guerra ao terrorismo”é uma guerra de conquista. A globalização é a marcha final para a “Nova Ordem Mundial”, dominada por Wall Street e pelo complexo militar-industrial americano.

O 11 de Setembro de 2001 foi o momento que a administração Bush aguardava, a denominada “crise útil” que forneceu um pretexto para empreender uma guerra sem fronteiras.

A estratégia americana consiste em estender as fronteiras do Império Americano de modo a facultar o controlo completo por parte das grandes corporações americanas, enquanto instala na América as instituições de um estado securitário.

Chossudovsky revela um enorme embuste – Uma complexa teia de logros com o objectivo de defraudar o povo americano e o resto do mundo no sentido de aceitarem uma solução militar que ameaça o futuro da humanidade.

Milhões de pessoas têm sido enganadas em relação às causas e consequências do 11 de Setembro. Quando pessoas nos Estados Unidos e no Mundo descobrirem que a Al-Qaeda não é um inimigo externo mas uma criação da política externa norte-americana e da CIA, a legitimidade da guerra desmoronar-se-á como um castelo de cartas.

Através do país, a imagem de um “inimigo externo”, é instilado na consciência dos americanos. A Al-Qaeda está a ameaçar a América e o mundo. A anulação da democracia sob a legislação «Patriot» é apresentada como um meio de proporcionar “segurança doméstica” e sustentar as liberdades civis.



Comentário:

O meu coração balança, indeciso, entre a ingenuidade tocante de Pacheco Pereira e a fria objectividade de Chossudovsky.

À revolta casta de Pacheco contra os que escarnecem o Patriot Act, essa “fascização da América como ele já ouviu falar", responde o realista Chossudovsky com a anulação da democracia sob a legislação «Patriot» e a instalação na América de um estado securitário.

À pergunta, que Pacheco coloca candidamente a si próprio, porque não há-de combater, com tudo o que tem à mão, um terrorismo apocalíptico que tem como objectivo a guerra total, surge a réplica quase brutal, do pragmático Chossudovsky, de que a Al-Qaeda não é um inimigo externo mas uma criação da política externa norte-americana e da CIA

E se o despretensioso Pacheco coloca desta forma o problema dos terroristas: é de uma simplicidade brutal: ou nós ou eles, já o sofisticado Chossudovsky fala num enorme embuste, uma complexa teia de logros com o objectivo de defraudar o povo americano e o resto do mundo no sentido de aceitarem uma solução militar que ameaça o futuro da humanidade.

De que lado estará, afinal, a razão?

Será Chossudovsky um louco inofensivo ou Pacheco um mentiroso compulsivo?

As premonições da Scotland Yard

A Scotland Yard avisou, com meia hora de antecedência, o ministro das finanças Benjamin Netanyahu para não ir para o local dos atentados, de acordo com um telegrama da Associated Press (um deslize que foi subsequentemente negado, mas que ainda aparece no site da Al Jazeera.



Al Jazeera - 7/7/2005 10:00:00 PM GMT

Netanyahu altera planos devido a pré-avisos de atentados

Foi relatado que o ministro israelita das finanças, Benjamin Netanyahu, decidiu não estar presente numa conferência económica em Londres depois da embaixada israelita ter recebido pré-avisos de atentados.

Um alto funcionário do ministério dos negócios estrangeiros israelita afirmou que a polícia britânica informou a embaixada israelita da possibilidade de ataques bombistas minutos antes dos ataque de Quinta-Feira.

Netanyahu era suposto estar presente numa conferência económica num hotel sobre uma das estações do metro de Londres onde hoje uma das explosões teve lugar, e o aviso levou-o a alterar os seus planos e a ficar no quarto do seu hotel, disseram funcionários do governo.

O funcionário do ministério dos negócios estrangeiros israelita, que pediu anonimato, disse que a Scotland Yard telefonou ao responsável da segurança da embaixada israelita e contou-lhe que tinham recebido ameaças de possíveis ataques, minutos antes da primeira explosão.



Comentário:

O sortudo ministro israelita das finanças, Benjamin Netanyahu, um declarado amante da paz, salvou a vida graças à «presciência» da competente rapaziada da Scotland Yard. Louvado seja Deus!

sábado, julho 16, 2005

O metropolitano de Londres às moscas



Londrinos desconfiados com o encerramento de estações de metropolitano antes das explosões


Muitas pessoas no fórum do London Evening Standard website, falam das suas experiências no dia dos atentados.

Um dos membros escreve:

Alguém que tenha viajado no metro no dia dos ataques, e antes de estes terem acontecido, notou alguma coisa de especial?

Eu apanho o metro em Piccadilly às 7.45 todas as manhãs e chego ao meu emprego em Kensington por volta das 8.00. Normalmente, todos os lugares já estão ocupados em Finsbury Park e as carruagens já estão cheias em Kings Cross.

Contudo, ontem, a minha viajem foi misteriosamente calma. Pela primeira vez havia lugares vagos na minha carruagem em toda a extensão da zona 1. Isto foi às 7.45 – mais de uma hora antes de os ataque começarem. Ouvi também pessoas a dizer que a linha do Norte estava a ser fechada na mesma altura. Há alguma coisa que não nos tenha sido dita?


Outro membro do fórum responde:

Eu ia de carro e tinha ter de apanhar um colega de trabalho em Balham às 7.15 , mas quando lá cheguei, estavam lá carrinhas de emergência do metropolitano, polícia e muita gente a ser mandada afastar de uma estação fechada.

Tudo muito estranho. Eles devem ter sabido que alguma coisa ia acontecer, tinham seguramente informações acerca disso. À medida que ia avançando pela estrada, que acompanha a linha do metropolitano, as estações estavam todas fechadas e centenas de pessoas estavam nas bichas para os autocarros.

Quando cheguei a Oval, que estava aberta, estavam dois polícias junto à estação, o que numa área tão calma como aquela é extremamente raro. A linha do Norte estava fechada de Morden até Stockwell. Sabiam que ia acontecer alguma coisa, mas enganaram-se e estão à espera que ninguém diga nada.


Quando combinado (este diálogo) com as ameaças de bomba a diferentes grandes cidades inglesas antes dos atentados, com os avisos israelitas e para lá dos simulacros coincidentes com os atentados no dia, na hora e no lugar, estas declarações tornam mais clara a natureza do ataque.



Comentário:

Foste tu Blutus?

quinta-feira, julho 14, 2005

Londres 7/7/2005 - Um “atentado” à inteligência

13 de Julho de 2005

Vários factos estranhos estão associados ao recente atentado em Londres. O diálogo seguinte teve lugar na tarde do dia dos atentados (7 de Julho de 2005) na rádio da BBC. O repórter da BBC entrevistou Peter Power, Director Chefe da empresa Visor Consultants, que se define a si própria como uma empresa de consultoria para a “gestão de crises”. Power é um ex-funcionário da Scotland Yard.


Uma coincidência?

POWER: Às nove e meia da manhã estávamos efectivamente a realizar um exercício, utilizando mais de mil pessoas, em Londres, exercício esse baseado na hipótese de acontecerem explosões simultâneas de bombas, precisamente nas estações de metro onde elas aconteceram esta manhã, por isso ainda estou estupefacto.

BBC: Sejamos claros, você estava e efectuar um exercício para testar se estavam à altura de um acontecimento destes, e ele aconteceu enquanto faziam o exercício?

POWER: Exactamente, e foi cerca das nove e meia da manhã. Nós planeámos isto para uma empresa, que por razões óbvias não vou revelar o nome, mas eles estão a ouvir e vão sabê-lo. Estava numa sala cheia de gestores de crises e, em menos de cinco minutos, chegámos à conclusão que aquilo era real, e portanto passámos dos procedimentos de exercícios de crise para uma situação real.


Peter Power


Porque é que estes comentários impressionantes não foram publicados nos media do Reino Unidos e dos Estados Unidos? Esta situação é impressionantemente semelhante ao acontecido no 11 de Setembro, que foi reportado no Boston Globe.


O Sr. Power repetiu estas declarações na televisão (ITN). O clip de vídeo de dois minutos está disponível aqui.


Outro excerto sobre este assunto no website da CBC, uma emissora de televisão canadiana aqui.





Gestão de crises: Quando surge uma emergência como o atentado de Londres, o público vira-se instintivamente para a ajuda de profissionais. Falámos com dois especialistas que estão hoje em Toronto para a Conferência Mundial de Gestão de Desastres. Adrian Gordon é o Director Executivo do Centro Canadiano para a prevenção de Emergências, e Peter Power é o Director Chefe de uma empresa sedeada em Londres, a Visor Consultants, especializada em gestão de crises – que na manhã de 7 de Julho de 2005 estava, por acaso, a levar a cabo um exercício de segurança para uma firma privada, simulando múltiplas explosões de bombas no Metropolitano de Londres, exactamente nas estações que foram atacadas na realidade.

E aqui está um clip de dois minutos de Power a contar esta história na CBC.


Blair opõe-se à investigação dos atentados?

E no muito respeitado Financial Times vem um artigo intitulado: Blair rejeita pedidos para a investigação dos atentados.

Tony Blair rejeitará na Segunda-Feira pedidos dos Conservadores para um inquérito aos ataques bombistas da passada semana, insistindo que isso desviaria as atenções da tarefa de encontrar os executores do atentado.”

Será que faz algum sentido? Porque é que uma investigação não ajudaria a prevenir que uma coisa destas acontecesse novamente? A postura de Blair é visivelmente similar às anteriores oposições tanto do presidente Bush como do vice-presidente Cheney para a instituição de uma comissão independente que investigasse o 11 de Setembro.



Comentário:

Vejam cuidadosamente todos os links deste artigo e verifiquem, com os vossos próprios olhos, os clips televisivos e os artigos de jornais que apresentam esta coisa espantosa:

Enquanto uma empresa, a Visor Consultants, efectuava um simulacro de atentados bombistas em estações de Metro londrinas, terroristas suicidas “autênticos”, “supostamente ligados à Al-Qaeda”, levavam à prática um verdadeiro atentado, exactamente à mesma hora, exactamente nas mesmas estações de Metro e exactamente com os mesmos meios que os simuladores da Visor Consultants preconizavam na sua simulação.

Isto diz-nos tudo acerca da ameaça terrorista, dos verdadeiros terroristas e da verdadeira identidade da Al-Qaeda!

E, diz-nos tudo, também, acerca dos que clamam por um controlo mais apertado das telecomunicações e sobretudo da Internet. Porque a Internet constitui, hoje, praticamente a única fonte de informação que os verdadeiros terroristas ainda não controlam. A favor desse controlo estão os lacaios do terrorismo: os Madrinhas, os Vitorinos, os Rogeiros, os Pachecos e tantos outros.

Observem bem os links deste artigo e tirem as vossas conclusões!

quarta-feira, julho 13, 2005

Ataque suicida mata 24 crianças em Bagdad

VISAOONLINE 13 Julho. 2005

Vinte e quatro crianças e um soldado norte-americano morreram esta quarta-feira num atentado suicida que "visava uma coluna das forças dos Estados Unidos" na zona sudeste de Bagdad, segundo um responsável da morgue do hospital de Kindi.

«Recebemos os corpos de 24 crianças entre os 10 e 13 anos», afirmou o responsável, que não quis ser identificado, adiantando que 18 crianças ficaram feridas.

O ataque registou-se às 10h30 (7h30 em Lisboa) na via rápida Mohammad al-Kassem. Um bombista suicida fez explodir a sua viatura junto de uma coluna de veículos norte-americana cercada por crianças que estendiam as mãos para receber doces que os soldados distribuíam.



Comentário:

Cada vez simpatizo menos com Cheney, Rumsfeld, Wolfowitz, Rice e tantos outros. Não consigo explicar. É instintivo!

O recurso ao terrorismo de Estado

Revista Visão - Rui Costa Pinto - Segunda, 11 Julho 2005

Depois do 11 de Setembro, em Nova Iorque, e do 11 de Março, em Madrid, as promessas de combate ao terrorismo foram ridicularizadas por mais um bárbaro ataque a uma das capitais mais seguras do mundo.

A invasão do Iraque, um gesto irresponsável com consequências imprevisíveis, fazia antever um atentado brutal contra os interesses e as vidas dos súbditos de Sua Majestade, que, infelizmente, se veio a confirmar.

O recurso ao terrorismo de Estado em nome do combate ao terrorismo, as políticas belicosas, a restrição dos direitos individuais e a colocação de uma câmara de vigilância em cada esquina não são suficientes para travar os fundamentalistas.

O ataque de 7 de Julho é a prova de que não se consegue combater o terrorismo apenas com medidas de segurança.

De nada serve agitar fantasmas étnicos e religiosos para explicar o que não tem explicação.

A grande lição dos atentados, em Londres, é simples: enquanto a guerra, a exploração e a fome ocuparem uma parte do planeta, os países ricos não podem garantir a segurança dos cidadãos.

Ironicamente, as bombas falaram mais alto, no momento em que os países mais poderosos do planeta se preparavam para dar um passo de gigante na luta contra o genocídio do povo africano.

O perdão da dívida dos países mais pobres do mundo, a duplicação da ajuda ao continente africano, o compromisso de acabar com os subsídios aos produtos agrícolas europeus e norte-americanos e a constituição de um fundo para a Autoridade Palestiniana mereciam ser as estrelas da agenda internacional, pois são a forma mais credível de combater as bases do terrorismo.

A história está cheia de exemplos de lutas terroristas que começaram a enfraquecer a partir do momento em que o progresso económico e a justiça social falaram mais alto.

Os defensores de políticas musculadas, cinicamente, ainda continuam a clamar por mais medidas excepcionais de segurança, ignorando que os assassinos de milhares e milhares de inocentes apenas conseguem sobreviver à custa da desfaçatez de uma ordem internacional falida e do pragmatismo de um sistema financeiro mundial que fecha os olhos à especulação bolsista e às off-shores.

Tal como se soube, agora, vinte anos depois, que o Presidente François Mitterrand deu ordem para explodir o Rainbow Warrior, mais tarde ou mais cedo saber-se-à a quem serviu a estratégia politicamente criminosa de combater o terrorismo apenas pela força das armas.



Comentário:

Mas já se sabe ó Rui Costa Pinto. Basta falares com o Fernando Madrinha, o José Cutileiro, o João Pereira Coutinho ou o João Carlos Espada, todos eles escribas do Expresso, com uma avença paga em dólares pela Agência Central de Esperteza (não me recordo do acrónimo em inglês), para quem diligentemente trabalham.

Deduzo que, pela manifesta pobreza semântica, ideológica e gramatical, seja o Pereira Coutinho a auferir o rendimento mínimo desinformativo. Em Langley, aparentemente, não se desbarata o dinheiro dos contribuintes com mentecaptos de além-mar, seja em Portugal, em Inglaterra, em Israel ou na Austrália.

terça-feira, julho 12, 2005

Sem dinheiro não há palhaços


Os Estados Unidos possuem 13 grandes agências de informações. Vejamos as mais importantes:

CIA (Central Intelligence Agency): Colocando agentes no terreno, pesquisando e utilizando outros meios, a CIA recolhe informações acerca de governos estrangeiros que fornece ao governo americano. Procedem também à contra-espionagem. Possuem cerca de 20 000 funcionários. O Washington Post reportou que o orçamento anual da CIA é de 30 mil milhões de dólares.

NRO (National Reconnaissance Office): Opera a rede de satélites espiões dos Estados Unidos. Orçamento anual actualmente: 10 mil milhões de dólares.

FBI (Federal Bureau of Investigation): Recolhe informação sobre ameaças domésticas, incluindo organizações terroristas estrangeiras baseadas nos Estados Unidos, ameaças domésticas, etc. Orçamento: 3 mil milhões de dólares.

DIA (Defense Intelligence Agency): Recolhe e trata informação sobretudo ao nível militar. Trata, também informação provinda de outras agências. Orçamento anual actualmente: 40 milhões de dólares.

Army Intelligence: Dedica-se à recolha de informação e distribuem-na pelos outros serviços de informações.

Navy Intelligence: idem.

Air Force Intelligence: idem.

Marine Corps Intelligence: idem.

NSA (National Security Agency): É a agência encarregue da criptografia e da vigilância electrónica.

Estimativas indicam que o orçamento total para as treze grandes agências de informação ultrapassem os 100 mil milhões de dólares anuais.



Comentário:

Dispondo de tão parcos recursos, financeiros, materiais e humanos, é pura ingenuidade os Estados Unidos pretenderem apanhar terroristas experientes e calejados como são os casos de:

- O saudita Osama bin Laden, o nº 1 da Al-Qaeda.

- Ayman al-Zawahiri, alegadamente o "braço direito" de Bin Laden e o "número 2" na hierarquia da Al-Qaeda.

- al-Zarqawi, “o jordano”, o chefe da al-Qaeda no Iraque, responsável por incontáveis atentados bombistas.

- Suleyman Bugheith, “o Kuwaitiano”, uma das principais figuras da Al-Qaeda

- Zugam e Abderrahim, conhecido como “o Químico”.

- Khaled Madani, conhecido como "Al Jazir", suposto membro da Al-Qaeda.


Enquanto os Estados Unidos, de uma forma séria, não abrirem os cordões à bolsa, o terrorismo está aí para durar. É certo e sabido.

segunda-feira, julho 11, 2005

A Grã-Cruz de Sócrates, no fundo, é nossa


Expresso – 9 de Julho de 2005-07-11

Dividendos do Euro

A semana começou bem para José Sócrates. Por ter sido um dos governantes com a tutela do Euro 2004 - quando foi ministro-adjunto do primeiro-ministro, durante o I Governo de António Guterres -, o actual chefe do Executivo foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Pela mesma razão, Jorge Sampaio agraciou igualmente José Lello e José Luís Arnaut, entre outros. Nestas alturas, o ex-fardo da governação até parece nem ter existido.


A 12 de Fevereiro de 2005 António José Seguro lembrou as responsabilidades de Sócrates na realização do Euro-2004: "Hoje, como no Euro-2004, houve um homem que lançou a semente, a semente de uma força que ninguém pode parar. Esse homem chama-se José Sócrates, futuro primeiro-ministro de Portugal", acentuou.


O Correio da Manhã de 21/05/2004 avaliava o impacto do Euro 2004:

Na economia é que o impacto não foi tão bom como o esperado. Nas previsões apresentadas à evolução da economia portuguesa, o Banco de Portugal afirmou que o impacto do Euro2004 poderá «afectar negativamente as taxas de variação» da economia portuguesa em 2005. Os efeitos positivos do Euro foram apenas temporários.

E o dinheiro investido neste espectáculo de grande escala também não teve grande retorno. Quase seis meses depois do Euro 2004, alguns estádios onde foram investidos milhões de euros para receber a prova estão «às moscas». Dos recintos do Euro2004, só os dos «três grandes» tiveram sucesso comercial.

Numa auditoria desenvolvida pelo Tribunal de Contas junto dos estádios de Guimarães, Braga, Leiria, Coimbra, Aveiro, Loulé e Faro, ficou claro que todos custaram mais do que o orçamentado, e que as autarquias se endividaram para os próximos 20 anos. As sete autarquias que receberam jogos do Euro 2004 contraíram empréstimos bancários no valor global de 290 milhões de euros para financiar obras relacionadas com o campeonato. Na sequência destes empréstimos, as câmaras terão que pagar juros no montante de 69,1 milhões de euros, nos próximos 20 anos, refere o relatório de auditoria do Tribunal de Contas.


Diário de Notícias - Sexta, 1 de Julho de 2005

José Sócrates subscreveu ontem formalmente, com o seu próprio Governo, a decisão de tornar o comboio de alta velocidade e o novo aeroporto da Ota nos dois grandes investimentos portugueses no arranque do século XXI. Numa apresentação ainda preliminar do programa de infra-estruturas prioritárias deste Governo - cujo montante saltou dos 20 mil milhões de euros para 25 mil milhões até 2009 -, o TGV, orçamentado em 14 mil milhões de euros, e a Ota, calculada em 3 mil milhões, representarão o maior investimento público de sempre.



Comentário:

Se dez estádios, estruturantes, que custaram 800 milhões de Euros, valeram ao ministro-adjunto Sócrates a Grã-Cruz da Ordem do Infante, que tipo de galardão deveria ser aplicado ao primeiro-ministro Sócrates, pelo investimento de 17 mil milhões de euros, em obras tão ou mais estruturantes que as primeiras?

Admiradores fervorosos do Premier aventam diversas hipóteses no campo da lubricidade, mas ninguém sabe ao certo se seriam exequíveis. De qualquer forma, nunca fariam justiça ao digníssimo governante.

Em defesa de Isaltino

Isaltino Morais tem sido achincalhado na praça pública. Claro que não é por acaso dada a proximidade das eleições. Assim que alguém se ergue contra os poderosos tem logo contra si o poder instalado. Aconteceu o mesmo a Santana Lopes quando quis afrontar os privilégios da banca e correr com os ricaços dos locatários que pagam tuta e meia de renda e têm os Mercedes à porta.

Isaltino nasceu pobre algures em Trás-os-Montes terra de revolucionários, daí que desde muito jovem se tenha manifestado intransigente para com os corruptos poderosos que se aproveitam dos cargos políticos para encherem os bolsos à custa do povo.

A campanha difamatória promovida pela Zambujo, que sem ele estaria hoje com uma esfregona num vão de escada, entristece-o não por ele, porque esta nobre alma não é de guardar rancores, mas pelo povo de Oeiras que ele sempre tanto amou, já desde os tempos em que ainda criança brincava no adro da igreja lá da aldeia.

Estas suspeições sobre a sua honestidade têm indignado os construtores civis que com ele privaram durante os seus mandatos à frente da autarquia oeirense. “Perguntem ao Magalhães se alguma vez me viu a roubar!”, desabafou ele um dia numa roda de amigos na marisqueira “Os Arcos” em Paço d’Arcos.

Se ele quisesse enriquecer teria ido para a Suíça como taxista para o pé do estroina do sobrinho. Aquilo é que é uma mina! Até já surgiu um movimento num cantão suíço contra os imigrantes portugueses devido ao seu crescente poderio económico.

Só falta acusarem-no de lavagem de dinheiro, fugas aos impostos, corrupção, mancomunação com arquitectos da Câmara que de lá teriam saído para que ele ficasse mais protegido nas negociatas! Sim só faltava isso a ele que se esfalfou pelo povo de Oeiras, que por ele geminou que se fartou!

Já quando estava na autarquia e lhe chegavam rumores de atoardas levantadas contra si, se sentia tão desgostoso que chegava a estar uma semana sem ir ao “Os Arcos”. O seu problema sempre foi o de ter uma alma sensível e delicada. Se fumava charutos caros não era por ostentação de “pato-bravo” novo-rico, como malevolamente se insinuava, mas pelo prestigio do Concelho, por o querer “sempre mais à frente”. Se ia com freqüência jantar por 40 ou 50 contos ao “Petit” de Algés, não era por luxo, por gula, “para encher a pança”, mas para se sentir mais forte, mais sadio, mais confiante no dia seguinte para lutar pelo bem dos pobres, do povo de Oeiras. Se tinha várias casas, que ninguém ousasse pensar que era por capricho ou para alojar amantes. Era para ter sempre alguma de reserva para algum morador de uma barraca a quem falhasse casa no programa de realojamento.

Ultimamente até têm dito que os da Concelhia do PSD que o apoiam, são os “que andaram a mamar” enquanto ele lá esteve. “Só me apetece é entornar um penico cheio de merda em cima do anão do Mendes”, deixa ele às vezes escapar quando a indignação aperta. Mas logo volta a si e fica tranquilo com aquela bonomia característica dos simples, dos impolutos, dos que sempre andaram na vida de cabeça erguida!

sábado, julho 09, 2005

A Reconstrução do Iraque


Relato circunstancial de um repórter da BBC Rádio, enviado para o Iraque. Dizia ele que:

1- A vida dos iraquianos está, hoje, pior que nunca.
2- As ruas estão permanentemente entupidas por engarrafamentos de trânsito, excepto quando passa uma patrulha americana, porque todos fogem dali, com medo de virem a ser apanhados numa emboscada.
3- São mais as vezes em que não há fornecimento de electricidade, do que as vezes em que há. Consequência: durante o dia, as pessoas têm de aguentar, dentro de casa, temperaturas superiores a 40ºCelsius.
4- Não há fornecimento de água canalizada. Todo o sistema foi já sabotado pela resistência.
5- Os estrangeiros, mesmo civis, não têm liberdade de se movimentarem dentro da cidade.
6- Na maior parte da cidade, as casas foram “canibalizadas” dos caixilhos das janelas, das portas, das torneiras, de todas as peças transportáveis.
7- Os museus foram, todos, saqueados. Muitos dos salteadores foram os próprios soldados norte-americanos, em busca de “souvenirs”.
8- No aeroporto, os aviões aterram e levantam em estranhas manobras em espiral, de modo a diminuir o risco de serem atingidos por rockets.
9- Dezenas de milhar de soldados estrangeiros não conseguem, sequer, garantir a segurança na estrada aeroporto/Bagdad.

Estes são alguns dos tópicos da crónica do repórter da BBC que passou em antena, hoje, às 11h30 da manhã no World Service.