quinta-feira, outubro 30, 2008

Os bancos estão deliberadamente a contrair a oferta de dinheiro com o objectivo de provocar uma recessão

IOL Diário - 09-05-2008

Bancos já apertam na compra de casa e restrição vai continuar

Os bancos já estão a ser mais restritivos nos créditos que concedem e a tendência é para o grau de exigência nas restrições vir a ser cada vez maior.

De acordo com uma análise do Banco de Portugal (BdP), divulgada esta sexta-feira, e que contempla um inquérito a cinco entidades bancárias, os critérios de concessão de empréstimos ao sector privado não financeiro tornaram-se mais restritivos nos primeiros três meses deste ano, quando comparados com os do trimestre anterior. Sobretudo, no que diz respeito aos segmentos de empréstimos a empresas e a particulares para aquisição de habitação.

As razões para esta postura prendem-se com o aumento dos custos de financiamento e restrições de balanço dos bancos, tudo à luz da turbulência que se sente nos mercados financeiros internacionais...


Comentário: Atente-se na forma ardilosa como, em nome do «aumento dos custos de financiamento e restrições de balanço», os bancos cortam o crédito a empresas e a particulares.

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Nos Estados Unidos, representantes dos maiores financeiros europeus lutaram durante muito tempo pelo estabelecimento de um Banco Central que estivesse sob o seu controlo e que emitisse a sua própria moeda. Ao fim de muitas dezenas de anos conseguiram-no.

Extractos do vídeo «The Money Masters» onde se pode verificar que as recessões na América foram sempre resultado de violentas contracções deliberadas de dinheiro em circulação pelos bancos centrais. Para que se perceba o que se está a passar hoje e quem são os culpados:

Por outras palavras, os Senhores do Dinheiro [The Money Changers (Cambistas)] queriam duas coisas: a reinstituição de um banco central sob o seu controlo exclusivo e uma moeda americana [emitida por eles] suportada pelo ouro. A sua estratégia era dupla: primeiro, causar uma série de pânicos para tentar convencer o povo americano que só um controlo centralizado da oferta de moeda poderia fornecer estabilidade económica e, em segundo lugar, retirar tanto dinheiro do sistema que a maior parte dos americanos ficariam tão desesperadamente pobres que, ou não se importariam ou estariam demasiado fracos para se oporem aos banqueiros.

Num inacreditável ímpeto de honestidade para um banqueiro, Biddle admitiu que o banco ia tornar o dinheiro escasso para forçar o Congresso a restabelecer o Banco Central:

Nicholas Biddle: “Só um sofrimento generalizado produzirá algum efeito no Congresso… A nossa segurança está no prosseguimento de um rumo de restrição firme [de dinheiro] – a não tenho dúvida de que um tal rumo conduzirá no final ao novo licenciamento do Banco Central e ao restabelecimento da moeda [emitida por ele].”

Que revelação impressionante. Aqui estava a verdade pura, revelada com uma clareza chocante. Biddle pretendia usar o poder da contracção do dinheiro do Banco para causar uma depressão massiva até que a América cedesse.

Infelizmente, isto aconteceu repetidamente através da história dos Estados Unidos e está prestes a acontecer novamente no mundo de hoje. O Banco contraiu severamente a oferta de moeda pedindo a devolução de todos os empréstimos e recusando conceder novos.

Um pânico financeiro sobreveio, seguido por uma profunda depressão. Salários e preços afundaram-se, o desemprego disparou assim como as falências das empresas. A nação entrou rapidamente em alvoroço.


Em 1866, havia 18 mil milhões de dólares em circulação nos Estados Unidos, cerca de 50,46 dólares per capita. Só no ano de 1867, quinhentos mil milhões de dólares foram retirados de circulação.

Dez anos depois, a oferta de moeda tinha sido reduzida para 6 mil milhões de dólares. Por outras palavras, dois terços do dinheiro da América tinham sido retirados pelos banqueiros. Apenas se mantinham em circulação 14,60 dólares per capita.

Dez anos mais tarde, a oferta de moeda tinha sido reduzida para apenas 4 mil milhões de dólares. Isto pese embora a população americana tivesse disparado. O resultado foi que apenas se mantinham em circulação 6,67 dólares per capita. Uma perda de 700% no poder de compra num período de 20 anos.


Os economistas de hoje tentam vender a ideia de que as recessões e as depressões são parte natural de uma coisa a que chamam ciclo económico. A verdade é que oferta de moeda de que dispomos é manipulada hoje tal como era antes e depois da Guerra Civil Americana.

Como é que isto aconteceu? Como é que o dinheiro se tornou tão escasso? Simples: o banco exige o pagamento dos empréstimos e não são concedidos nenhuns novos.

Apenas três anos depois, em 1876, com um terço da força de trabalho norte-americana desempregada, a população estava a ficar revoltada. Queriam qualquer coisa que tornasse o dinheiro mais abundante.

Nesse ano o relatório da Comissão do Congresso culpou claramente os banqueiros nacionais da contracção monetária. O relatório é interessante, porque compara a contracção monetária deliberada pelos os banqueiros nacionais depois da Guerra Civil com a queda do Império Romano:

O desastre da Idade das Trevas [Idade Média] foi causado pela diminuição do dinheiro e pela queda dos preços… Sem dinheiro, a civilização não podia ter nascido e, com a oferta de dinheiro a diminuir, a civilização degenera e se não for socorrida, finalmente morre.”

“Na Era Cristã o dinheiro metálico no Império Romano chegava aos $1.800.000.000. No fim do século XV tinha diminuído para menos de $200.000.000… A história não regista nenhuma transição tão desastrosa como a do Império Romano para a Idade Média.



Três anos mais tarde o povo americano elegeu o republicano James Garfield para presidente. Garfield compreendeu como a economia estava a ser manipulada. Depois de ter tomado posse ele acusou os Senhores do Dinheiro publicamente em 1881:

“Quem quer que controle o volume de dinheiro em qualquer país, é senhor absoluto de toda a indústria e comércio… e quando se compreende que todo o sistema é facilmente controlado, de uma forma ou de outra, por alguns poucos homens poderosos no topo, não precisamos que nos digam como é que os períodos de inflação e depressão são originados."

Infelizmente, poucas semanas depois de ter feito esta declaração, a 2 de Julho de 1881 Garfield foi assassinado.


Como disse o prémio Nobel Milton Friedman:

“A reserva de dinheiro, preços e produtividade ficou decididamente muito mais instável depois da instituição do Sistema de Reserva Federal [Banco Central norte-americano] do que antes. O mais dramático período de instabilidade na produtividade foi, obviamente, entre as duas Guerras, que incluem as violentas contracções monetárias de 1920-21, 1929-33, e 1937-38. Nenhum outro período de 20 anos na história americana contém três tão graves contracções.

Este facto convenceu-me que pelo menos um terço da subida de preços durante e depois da I Guerra Mundial é atribuível à fundação do Sistema de Reserva Federal [Banco Central norte-americano]... e que a gravidade de cada uma das maiores contracções monetárias é directamente atribuível aos actos de concessão e omissão dos directores da Reserva Federal...

Qualquer sistema que dá tanto poder e tanta liberdade de acção a alguns poucos homens, de tal forma que os erros – desculpáveis ou não – possam ter efeitos tão vastos, é um mau sistema. Se é um mau sistema para os que acreditam na liberdade porque dá tanto poder a uns poucos homens sem qualquer controlo do poder político – este é o argumento político chave contra um banco central independente...

Para parafrasear Clemenceau: "o dinheiro é um assunto demasiado sério para ser entregue aos banqueiros centrais.”



Fernando Madrinha - Expresso 3/2/2007:

«Todos os anos, por esta altura, muita gente se interroga: que país é este onde a vida é tão dura e deficitária para toda a gente, famílias e empresas, menos para os bancos

«… os lucros [dos bancos] não param de crescer. O Millennium bcp, por exemplo: teve 780 milhões de euros de lucros em 2006 - mais 28% do que no ano anterior; o BPI registou 309 milhões - mais 23%; o Banco Espírito Santo anunciou ganhos de 420 milhões - mais 5o%...»

«Tudo estaria bem se esta chuva de milhões sobre os bancos fosse um sinal de pujança da vida económica do país. Mas sabemos bem que não é. E que esses lucros colossais são, afinal, uma expressão da dependência cada vez maior das famílias e das empresas em relação ao capital financeiro. Daí que, em lugar de aplauso e regozijo geral, o que o seu anúncio provoca é o mal-estar de quem sente que Portugal inteiro trabalha para engordar a banca. Ganha força essa ideia de que os bancos sugam a riqueza do país mais do que a fomentam.»
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terça-feira, outubro 28, 2008

Miguel Sousa Tavares: no «inner circle» do poder - político, económico, financeiro - há grandes jogadas feitas na sombra



Miguel Sousa Tavares

Expresso 25/10/2008

«... mais parecendo um menino divertido com os seus brinquedos sem perceber que a casa está a arder, temos Mário Lino, o infatigável ministro das Obras inúteis. Encontrei-o há dias num restaurante a almoçar, e ele, simpático como sempre, confessou-me que se tem “fartado de rir” com as “asneiras” que eu digo, em particular aquela de que basta olhar para o céu, no aeroporto da Portela, para perceber que ele não está saturado, ao contrario do que juram. De facto, eu acho que a história da saturação do Aeroporto da Portela é a mentira da década, destinada a vender-nos um aeroporto novo, inútil. Assim como acho inútil e ruinoso o TGV para Madrid ou para Vigo ou as novas auto-estradas em concurso. Mais inútil ainda, e esse altamente lesivo do interesse público, é o contrato com a Liscont para o terminal de contentores de Alcântara - a última asneira do ministro Mário Lino e objecto do último texto aqui.»

«Asneira por asneira, a diferença é que as minhas, a serem reais, são inofensivas, e as dele não. De Janeiro a Julho, eu trabalho exclusivamente para proporcionar ao Estado o dinheiro de que ele necessita para fazer obras públicas. E achar que parte significativa delas são inúteis e se destinam apenas a alimentar uma clientela empresarial que não vive sem o Estado, não me dá vontade nenhuma de rir. Ainda se isto fosse a feijões...»



Comentário:

Mas não é a feijões, é a milhares de milhões. Andamos todos a trabalhar, de Janeiro a Julho, para encher os bolsos a banqueiros, a empresários de obras públicas e a subservientes amigos políticos. Como afirmou o mesmo Miguel Sousa Tavares no Expresso de 07/01/2006:

«Todos vimos nas faustosas cerimónias de apresentação dos projectos da Ota e do TGV, [...] os empresários de obras públicas e os banqueiros que irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos. Vai chegar para todos e vai custar caro, muito caro, aos restantes portugueses. O grande dinheiro agradece e aproveita

«Lá dentro, no «inner circle» do poder - político, económico, financeiro - há grandes jogadas feitas na sombra, como nas salas reservadas dos casinos. Se olharmos com atenção, veremos que são mais ou menos os mesmos de sempre.»

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sexta-feira, outubro 24, 2008

Boaventura de Sousa Santos - a mentira mediática

Boaventura de Sousa Santos é doutor em sociologia do direito pela Universidade de Yale e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

A Cultura do Ludíbrio

Publicado na Visão em 5 de Junho de 2008

O ex-secretário de imprensa do Presidente Bush, Scott McClellan, acaba de publicar um livro intitulado "O que Aconteceu: Dentro da Casa Branca de Bush e a Cultura do Ludíbrio em Washington". O furor político e mediático que causou decorre de duas revelações: quando ordenou a invasão do Iraque, a Administração Bush sabia que o Iraque não tinha armas de destruição maciça (ADM) e montou uma poderosa "campanha de propaganda" para levar a opinião pública norte-americana e mundial a aceitar uma "guerra desnecessária"; os grandes meios de comunicação foram "cúmplices activos" dessa campanha, não só porque não questionaram as fontes governamentais como porque incendiaram o fervor patriótico e censuraram as posições cépticas contrárias à guerra.

Estas revelações e as reacções que causaram têm implicações que as transcendem. Antes de tudo, é surpreendente todo este escândalo, pois as revelações não trazem nada de novo. As informações em que assentam eram conhecidas na altura da invasão a partir de fontes independentes. Nelas me baseei para justificar nesta coluna a minha total oposição à guerra que, além de "desnecessária", era injusta e ilegal. Isto significa que as vozes independentes foram estigmatizadas como sendo ideológicas e anti-patrióticas, tal como hoje criticar Israel equivale a ser considerado anti-semita. Em 2001, no Egipto, e antes da máquina de propaganda ter começado a devorar a verdade, o próprio Secretário de Estado Colin Powell dissera que não havia nenhuma informação sólida de que o Iraque tivesse ADM.

Isto me conduz à segunda implicação destas revelações: o futuro do jornalismo. A máquina de propaganda do Departamento de Defesa assentou em três tácticas: impor a presença de generais na reserva em todos os noticiários televisivos com o objectivo de demonstrar a existência das ADMs; ter todos os média sob observação e telefonar aos seus directores ou proprietários ao mínimo sinal de cepticismo ou oposição à guerra; convidar jornalistas de confiança de todo o mundo (também de Portugal) para serem convencidos da existência das ADMs e regressarem aos seus países possuídos da mesma convicção belicista. Vimos isso trágica e grotescamente no nosso país. A verdade é que em Washington e em todo o país circulavam nos média independentes informações que contradiziam o "brainwashing", muitas delas provindas de generais e de antigos altos funcionários da Casa Branca. Porque não ocorreu a esses jornalistas amigos fazer uma verificação cruzada das fontes como lhes exigia o código deontológico?

Para o bem do jornalismo, alguns deles procuraram resistir à pressão e sofreram as consequências. Jessica Yellin, hoje na CNN, e na altura no canal ABC, confessou publicamente que os directores e donos do canal a pressionaram para escrever histórias a favor da guerra e censuraram todas as que eram mais críticas. Um produtor foi despedido por propor um programa com metade de posições a favor da guerra e metade de posições contra. Quem resistiu foi considerado anti-patriótico e amigo dos terroristas. Isto mesmo aconteceu no nosso país. Quantos jornalistas não foram sujeitos à mesma intimidação? Quantos artigos de opinião contrários à guerra foram rejeitados? E os que escreveram propaganda e intimidaram subordinados alguma vez se retrataram, pediram desculpa, foram demitidos? É que eles colaboraram para que um milhão de iraquianos fossem mortos, dezenas de milhares de soldados norte-americanos fossem feridos e mortos e um país fosse totalmente destruído. Tudo isto terá sido preço, não da democracia – ridículo conceber como democrático este estado colonial e mais fracturado que a Somália – mas sim do controle das reservas do petróleo do Golfo e da promoção dos interesses do petróleo, da indústria militar e de reconstrução em que os donos dos média têm fortes investimentos.

Para disfarçar o problema moral dos cúmplices da guerra e da destruição, um comentador de direita do nosso país socorreu-se recentemente da mais desconcertante e desesperada justificação da guerra: se não havia ADMs, havia pelo menos a convicção de que elas existiam. Ora o livro de McClellan acaba de lhe retirar este argumento. De qual se socorrerá agora? O trágico é que a "máquina" de propaganda continua montada e está agora dirigida ao Irão. O seu funcionamento será mais difícil e sê-lo-á tanto mais quanto melhores condições tiverem os jornalistas para cumprir o seu código deontológico.

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Ora, o visado comentador de direita, José Manuel Fernandes, há muito que esclareceu o assunto:

No Público - 2 de Fevereiro de 2004

Enganos não são mentiras

«(...) O que estava em causa era grave. Tratava-se de saber se Blair tinha ou não mentido aos ingleses e ao Mundo sobre a existência de armas de destruição maciça no Iraque. Se [Blair] tinha ou não manipulado relatórios dos serviços secretos. Se tinha agido de acordo com as suas convicções e com os documentos que conhecia ou se tinha, pelo contrário, enganado deliberadamente o povo britânico.»

«(...) Na intervenção que ontem fez perante a Câmara dos Comuns Tony Blair tocou, do meu ponto de vista, na questão central: "é absolutamente correcto que se conteste a correcção das informações dos serviços de espionagem e que nos interroguemos porque é que ainda não encontrámos armas de destruição maciça. É também absolutamente legítimo discutir os motivos que nos levaram a desencadear este conflito. Eu continuo a acreditar hoje, tal como acreditava em Março, que remover Saddam do poder torna o mundo um lugar melhor e mais seguro - mas sei que outros têm todo o direito de discordar. Contudo isto é completamente diferente de uma acusação de manipulação, ou de duplicidade, de uma acusação de que alguém falsificou deliberadamente as informações dos serviços secretos".»

«(...) Estavam todos enganados. Enganados - não manipulados. Todos - e não apenas as administrações americana e britânica. Todos - e não apenas o Presidente Bush (...)»

«(...) Como hoje recordamos, a convicção de que o Iraque possuía armas de destruição maciça não era objecto de discussão há um ano, nos meses e semanas que antecederam a guerra: o que se discutia era se a forma mais eficaz de lidar com o problema era prolongar o mandato e as missões dos inspectores das Nações Unidas ou se se devia intervir (...)»

«(...) Daí que, tal como Tony Blair, continue a considerar que a questão é saber se o Mundo é hoje um lugar pior ou melhor sem Saddam Hussein. Acredito que é melhor (...)»



Comentário:

Não obstante, as centenas de Zés Manéis que colaboraram para que um milhão de iraquianos fossem mortos e um país fosse totalmente destruído, continuam directores de jornais, colunistas de opinião e analistas omnipresentes de todos os programas de debate dos canais televisisvos.

A título de exemplo, alguns dos mais afamados Zés Manéis que escrevinham no Expresso:

quarta-feira, outubro 22, 2008

Jon Stewart entrevista Bill Maher. Este não poupa as religiões, incluindo o Cristianismo e a santíssima candidata Sarah Palin

Jon Stewart, do Daily Show, traz-nos um momento de humor corrosivo que que pode, a espaços, magoar os menos ateístas. Bill Maher com o seu novo documentário de comédia que se chama “Regilulous” [Religious + Ridiculous], coloca em causa tudo o que se relaciona com religião. Sarah Palin, possível vice-presidente dos EUA, é metida ao barulho e não pelas melhores razões.


Maher: Xenu trouxe-nos para aqui há 75 milhões de anos. Amontoou-nos à volta de vulcões e fê-los explodir com uma bomba nuclear. Estas são as doutrinas da Cientologia... Somos mais antigos do que o Universo. A Confederação Galáctica durou 80 triliões de anos. Têm de se livrar do implante, dos ditadores extraterrestres! Estes implantes são almas maléficas, chamadas Thetans.

Maher: Sim, acho que neste momento há duas Américas. Há um país progressista, europeu, no qual muitos de nós vivemos ou gostávamos de viver, que está a ser estrangulado pelas Sarah Palin do mundo, e que não pode nascer porque este outro país, parolo e estúpido, não permite. Não quero ser bruto, mas...

Maher: 60% dos americanos acreditam literalmente na história da Arca de Noé. Acreditam que aquilo é literalmente verdade.

Maher: A questão é que nós nos rimos disto porque a Cientologia é uma nova religião. Mas não é tão ou mais disparatado ou estranho do que o Cristianismo, lamento dizê-lo. Simplesmente estamos habituados a essa religião. Mas se, hoje, alguém viesse ter contigo e te contasse a história que nunca tinhas ouvido. Se te dissesse: “Deus teve um filho. Era um pai solteiro. E disse ao filho: ‘Jesus, vou mandar-te para a Terra numa missão suicida, mas não te preocupes, não podem matar-te porque, na verdade, tu és eu. Mas vai doer um bocado, não vou mentir-te. Vais odiar-me, mas é o melhor para ti, filho. Para mim! É o melhor para mim! Eu sou tu e tu é eu.

Maher: O plano é o seguinte, filho: eu, Deus, o Pai, vou à Terra primeiro. Dividimos o trabalho porque somos dois. Na verdade, não! E vou ver se arranjo uma mulher palestiniana para engravidar. Para que ela possa dar-te à luz. A mim, quero eu dizer! É a coisa mais disparatada que alguma vez se ouviu!

Maher: Eu limito-me a fazer perguntas. Por exemplo, o que é que a fé tem de bom? Porque é que Deus simplesmente não derrota o Diabo? O próprio Diabo… Perguntei a muita gente, por exemplo, qual é a diferença entre o Diabo e o Anti-Cristo? Sabes?

Stewart: Tem com certeza algo que ver com o Judaísmo e de certeza que fomos responsáveis por alguma coisa. Mas não sei a diferença exacta. Ninguém sabe.

Maher: Foi o que nós descobrimos. As pessoas religiosas sabem muito pouco sobre religião. Eu não sabia. Perguntava: “O Diabo e o Anti-Cristo são o mesmo?” Todos disseram que não. E eu perguntei se o Diabo trabalhava para o Anti-Cristo. Ou é o anti-Cristo que trabalha para o Diabo? Ou são como o Joker e o Enigma? São os dois vilões e, às vezes, juntam-se para derrotar o Batman.

Stewart: Pessoas como Sarah Palin, pessoas muito religiosas... Barack Obama, que também é muito religioso. Não acho que as crenças deles sejam muito diferentes em termos de religião. Conseguem separá-las?

Maher: Primeiro, não sei se Barack Obama é muito religioso. Claro que tem de dizer que é, porque é candidato à Presidência nos Estados Unidos da América, Portanto, tem de o dizer. Mas espero que esteja a mentir. Eu não tenho problema nenhum com quem é falsamente pio. McCain é outro que não é nada religioso. O meu problema são as pessoas que acreditam mesmo. Sarah Palin acredita mesmo. E pode estar a um passo da Presidência. É uma pessoa que... Até as pessoas estúpidas agora pensam: “Bolas, ela é mesmo estúpida.”


Vídeo legendado em português:

terça-feira, outubro 21, 2008

Ricardo Araújo Pereira - A banca nacionalizou o Governo

Texto de Ricardo Araújo Pereira

Revista Visão – 16/10/2008

A banca nacionalizou o Governo

A troco de apenas algum dinheiro, os bancos emprestam-nos o nosso próprio dinheiro para que possamos fazer com ele o que quisermos. A nobreza desta atitude dos bancos deve ser sublinhada


Quando, no passado domingo, o Ministério das Finanças anunciou que o Governo vai prestar uma garantia de 20 mil milhões de euros aos bancos até ao fim do ano, respirei de alívio. Em tempos de gravíssima crise mundial, devemos ajudar quem mais precisa. E se há alguém que precisa de ajuda são os banqueiros. De acordo com notícias de Agosto deste ano, Portugal foi o país da Zona Euro em que as margens de lucro dos bancos mais aumentaram desde o início da crise. Segundo notícias de Agosto de 2007, os lucros dos quatro maiores bancos privados atingiram 1,137 mil milhões de euros, só no primeiro semestre desse ano, o que representava um aumento de 23% relativamente aos lucros dos mesmos bancos em igual período do ano anterior. Como é que esta gente estava a conseguir fazer face à crise sem a ajuda do Estado é, para mim, um mistério.

A partir de agora, porém, o Governo disponibiliza aos bancos dinheiro dos nossos impostos. Significa isto que eu, como contribuinte, sou fiador do banco que é meu credor. Financio o banco que me financia a mim. Não sei se o leitor está a conseguir captar toda a profundidade deste raciocínio. Eu consegui, mas tive de pensar muito e fiquei com dor de cabeça. Ou muito me engano ou o que se passa é o seguinte: os contribuintes emprestam o seu dinheiro aos bancos sem cobrar nada, e depois os bancos emprestam o mesmo dinheiro aos contribuintes, mas cobrando simpáticas taxas de juro. A troco de apenas algum dinheiro, os bancos emprestam-nos o nosso próprio dinheiro para que possamos fazer com ele o que quisermos. A nobreza desta atitude dos bancos deve ser sublinhada.

Tendo em conta que, depois de anos de lucros colossais, a banca precisa de ajuda, há quem receie que os bancos voltem a não saber gerir este dinheiro garantido pelo Estado. Mas eu sei que as instituições bancárias aprenderam a sua lição e vão aplicar ajuizadamente a ajuda do Governo. Tenho a certeza de que os bancos vão usar pelo menos parte desse dinheiro para devolver aos clientes aqueles arredondamentos que foram fazendo indevidamente no crédito à habitação, por exemplo, e que ascendem a vários milhares de euros no final de cada empréstimo. Essa será, sem dúvida nenhuma, uma prioridade. Vivemos tempos difíceis, e julgo que todos, sem excepção, temos de dar as mãos. Por mim, dou as mãos aos bancos. Assim que eles tirarem as mãos do meu bolso, dou mesmo.
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Comentário:

Como é que há gente que embarca nesta história da «crise financeira»? Como é que há gente que aplaude, aliviada e esperançada, a «ajuda aos bancos»? Como é que há gente que acredita tão ingenuamente neste embuste monumental?



Charles August Lindbergh - Congressista dos Estados Unidos de 1907 a 1917 «O maior crime de Congresso [norte-americano] é seu sistema de moeda. O pior crime legislativo de todos os tempos foi perpetrado por esta lei bancária [Lei que estabeleceu a Reserva Federal]. A convenção política e os patrões dos partidos operaram novamente e impediram as pessoas de beneficiar de um Governo próprio. Foi concedido aos bancos o especial privilégio de distribuir o dinheiro e eles cobram os juros que quiserem. A nova lei do Presidente dá aos banqueiros ainda mais poderes do que eles tinham com as antigas leis… A propriedade será considerada como tendo maior força potencial do que a família humana. Nenhum ser humano pode competir com [o poder potencial dos juros compostos do dólar]. Nada pode competir com o dólar excepto dois dólares e assim por diante, quanto maior a soma, maior a cinta. Os banqueiros controlam isto. Para elevar os preços, tudo o que o Conselho de Directores da Reserva Federal dos Estados Unidos terá que fazer será baixar a taxa de redesconto... produzindo uma expansão de crédito e uma subida do mercado de valores; então quando... os empresários se tiverem ajustado às novas condições, podem parar repentinamente... o aumento da prosperidade elevando a taxa de juros arbitrariamente. Podem causar a oscilação da subida e queda dos mercados, fazendo-os balançar suavemente de um lado para outro através de pequenas mudanças na taxa de desconto, ou causar flutuações violentas por intermédio de uma grande variação da taxa de juro, e em qualquer caso possua informação confidencial sobre condições financeiras e conhecimento prévio de mudanças próximas, de subidas ou descidas.»

«Este é o mais estranho, a vantagem mais perigosa que já alguma vez foi colocada nas mãos de uma classe especial de privilegiados por qualquer Governo que já existiu. O sistema é privado, administrado com o propósito exclusivo de obter os maiores lucros possíveis do uso do dinheiro de outras pessoas. Eles sabem quando criar pânico em seu benefício com antecedência. Também sabem quando parar o pânico. Inflação ou deflação funcionam igualmente bem para eles quando são eles controlam as finanças...»
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segunda-feira, outubro 20, 2008

O Banco do Cidadão, o dinheiro virtual e o fim da Taxa de Juro

Murray N. Rothbard (liberal da Escola Austríaca) fala da fraude bancária que se pratica hoje:

"Desde então, os bancos têm criado habitualmente recibos de depósitos (originalmente notas de banco e hoje depósitos) a partir do nada [out of thin air]. Essencialmente, são contrafactores de falsos recibos de depósitos, de activos líquidos ou dinheiro padrão, que circulam como se fossem genuínos, notas ou contas de cheques completamente respaldados."

"Os bancos criam dinheiro literalmente a partir do nada, hoje em dia exclusivamente depósitos em vez de notas de banco. Este tipo de fraude ou contrafacção é dignificado pelo termo “reservas mínimas bancárias” [fractional-reserve banking], o que significa que os depósitos bancários são apoiados por apenas uma pequena fracção de activos líquidos que prometem ter à mão para redimir os seus depósitos."



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O Banco do Cidadão



Vamos supor que o Estado Português criava um novo tipo de banco público - o Banco do Cidadão. Este banco teria as seguintes particularidades:


a) Inicialmente o Banco do Cidadão não teria quaisquer reservas em moeda, metais preciosos ou outros tipos de valores. Poderia, no entanto, receber depósitos e pagamentos diversos em euros, divisas com solidez reconhecida internacionalmente (dólares, libras, ienes, etc.), e outras valias. O dinheiro e os valores que o Banco do Cidadão recebesse não seriam repostos em circulação.




b) O Banco do Cidadão só emprestaria e só cumpriria as suas obrigações financeiras com dinheiro virtual. Para tal, o Banco do Cidadão tornava-se accionista da SIBS - Sociedade Interbancária de Serviços, que disponibiliza o sistema Multibanco.





c) O Banco do Cidadão NÃO cobraria juros pelos empréstimos NEM pagaria juros pelos depósitos. Às pessoas e empresas com conta no Banco do Cidadão seria cobrada apenas uma pequena taxa anual para cobrir as despesas de funcionamento do Banco.




Exemplo 1:

O João pretende comprar uma casa ao Afonso no valor de 120,000 euros.

Tanto o João como o Afonso têm de abrir uma conta no Banco do Cidadão.

O João terá de dar todas as garantias actualmente em vigor neste tipo de transacção ao Banco do Cidadão. A casa ficará hipotecada ao Banco do Cidadão até ao pagamento integral da mesma pelo João.

A conta do Afonso no Banco do Cidadão é creditada no valor de 120,000 euros.

O João ficará a pagar uma mensalidade de 500 euros durante vinte anos ao Banco do Cidadão (500 x 12 x 20 = 120,000 - não há lugar ao pagamento de juros).


Exemplo 2:

O Afonso pretende comprar um automóvel a prestações no Stand Autocar no valor de 18,000 euros.

O Stand Autocar tem de abrir uma conta no Banco do Cidadão.

O Afonso ficará a pagar uma mensalidade de 300 euros durante 5 anos (300 x 12 x 5 = 18,000 - não há lugar ao pagamento de juros).

O Banco do Cidadão transferirá ao fim de cada mês, durante 5 anos, 300 euros para a conta do Stand Autocar.


Exemplo 3:

O Afonso pretende comprar um computador a pronto na loja Inforbase no valor de 1,500 euros.

A loja Inforbase tem de abrir uma conta no Banco do Cidadão.

A Afonso passa o seu cartão Multibanco (cedido pelo Banco do Cidadão) no leitor de cartões da loja Inforbase, digita o código secreto e procede ao pagamento.

O Banco do Cidadão transfere 1,500 euros da conta do Afonso para a conta da loja Inforbase.



Conclusão:

Dada a ausência da taxa de juros nos empréstimos, as famílias e as empresas teriam clara preferência pelo Banco do Cidadão como instituição financiadora. O número de contas neste Banco cresceria exponencialmente, bem como a quantidade e o valor dos movimentos financeiros.

A prazo dar-se-ia a falência dos bancos comerciais privados.

domingo, outubro 19, 2008

Jon Stewart dirige-se a Paulson e a Bernanke: querem que vos demos quase um bilião de dólares para o entregarem a bancos falidos?

O secretário do Tesouro, Henry Paulson, e o presidente da Reserva Federal, Ben Bernanke, foram ao Congresso americano pedir um empréstimo de 700 mil milhões de dólares. Jon Stewart, do Daily Show, faz o papel de avaliador de empréstimos, aproveitando as declarações dos distintos financistas:


Stewart: Com os mercados financeiro a transformar os gestores de fundos em criados de mesa, o casal mais poderoso da América, composto pelo secretário do Tesouro, Henry Paulson, e o presidente da Reserva Federal, Ben Bernanke, foram esta semana ao Congresso de mão estendida, para aquele que foi com certeza, o pedido de empréstimo mais embaraçoso de sempre.

Então, meus senhores, Paulson, Bernanke, é um prazer vê-los aqui… novamente.

Paulson: Quero dizer-lhe que esta não é uma posição na qual eu queria estar. Eu não queria estar nesta posição…

Stewart: Descontraia-se, meu caro… sendo avaliador de empréstimos ouço isto todos os dias. Agora passemos a algumas formalidades. Como foi a sua carreira profissional?

Paulson: Fui director executivo da Goldman Sachs desde… Janei… Desde Maio de 1999 até sair, para vir para cá, em meados de 2006.

Bernanke: Nunca trabalhei em Wall Street, não tenho esses interesses nem essas ligações.

Stewart: Não estejam nervosos rapazes. Ambos são brancos, ambos são ricos, logo é claro que isto não é um daqueles empréstimos “sub-prime” com que nós tivemos de lidar. Muito bem, chega de conversa fiada, passemos aos números. Quanto é que estão a pedir?

Paulson: 700 mil milhões de dólares.

Stewart: 700 mil milhões? É que, segundo os meus registos, já cá esteve quatro vezes este ano, a pedir 25 mil milhões para a indústria automóvel, 85 mil milhões para uma companhia de seguros, 200 mil milhões para umas tais de Fannie e Freddie não-sei-quantas…

Paulson: É preciso mais.

Stewart: Pois, bem… Só de aceitares um cheque, ó careca. Aliás, um cheque careca. Um cheque sem cabelo… Digo cobertura… Só mais uma perguntas, minha gente, para quem é que vai esse dinheiro? Para o povo, calculo?

Paulson: Uma vasta gama de instituições… Bancos grandes, bancos pequenos, de depósitos e empréstimos, cooperativas de crédito…

Stewart: Porque é que não disse logo? Eles são de confiança, vão devolver-nos o dinheiro, certo? Barbudo (Bernanke), tens estado para aí calado.

Bernanke: Vai ser recuperada uma percentagem substancial, mas se será o total é difícil saber.

Stewart: É difícil saber… Interessante. Normalmente exijo uma resposta melhor, mas tendo em conta que foram vocês que nos meteram nesta crise, não terei o mesmo grau de exigência. Vamos ver se percebi bem: querem que vos demos quase um bilião de dólares para vocês os entregarem a bancos falidos, geridos por tipos que usam notas para acender os charutos e o melhor que me conseguem dizer é que talvez nos devolvam algum do nosso dinheiro?

Bernanke: Os contribuintes americanos verão o seu dinheiro bem empregue. Não consigo prever o futuro e já me enganei diversas vezes.

Stewart: Sabem que mais? Que se f… levem lá o dinheiro. Mais um empréstimo perdido? Tanto faz.


Vídeo legendado em português - 3:35m



DS - Bern e Paul @ Yahoo! Video

quinta-feira, outubro 16, 2008

Administração danosa ou decisão política?

Artigo 235º do Código Penal

Administração danosa:

1 – Quem, infringindo intencionalmente normas de controlo ou regras económicas de uma gestão racional, provocar dano patrimonial importante em unidade económica do sector público ou cooperativo é punido com pena de prisão até cinco anos ou com multa até 600 dias.

2 - A punição não tem lugar se o dano se verificar contra a expectativa fundada do agente.


Administração danosa ou expectativa frustrada?



Jornal de Negócios - 16 Outubro 2008

Texto de João Cândido da Silva

Pela estrada fora

(clicar nas imagens para aumentar):


Texto de João Cândido da Silva:

O mínimo que se pode dizer sobre as conclusões do relatório produzido pelo Tribunal de Contas a respeito das parcerias público-privadas no sector rodoviário, é que se trata de um documento impressionante. Com uma frieza implacável, o conteúdo do documento:

Sobre o asfalto onde rolam estas operações, o acelerador vai sempre a fundo se o que está em causa é derreter o dinheiro dos contribuintes.

A gestão e aplicação criteriosa dos recursos públicos são valores votados ao mais chocante desprezo, nos terrenos pantanosos onde cresce a rede de estradas nacionais. O documento impressiona pelo retrato que faz do caos que reina neste domínio. Denuncia a quase completa ausência de transparência nas poucas contas que vão sendo apresentadas, impedindo o escrutínio a que deviam estar sujeitas. Coloca a nu a escassa capacidade do Estado no acompanhamento dos contratos celebrados com as entidades privadas, sublinhando hábitos instalados de negligência. Mas há mais.

O texto evidencia o facto de a eficácia e eficiência dos elevados gastos efectuados com base na sangria dos cofres públicos não serem objecto de avaliação. Gasta-se, e muito, sem cuidar de verificar se os meios utilizados atingiram os fins desejados. Revela, também, que os riscos dos negócios para o Estado são simplesmente ignorados. E que este, sem planificação nem estratégia, vai tapando buracos à medida que vão surgindo, improvisando de acordo com a inspiração do momento.

Podia dar-se o caso de as graves denúncias efectuadas pelo Tribunal de Contas abrangerem algum período específico, situação em que as responsabilidades poderiam ser facilmente apuradas, desde que para tal houvesse vontade. Mas não é esse o caso. Para desconforto de quem se interesse por conhecer, mais de perto, a orgia esbanjadora que reina nas parcerias público-privadas, os governos que ficam mal na fotografia são todos aqueles que estiveram em funções desde 1999 até à actualidade. Na esclarecedora obra assinada por Guilherme d’Oliveira Martins, ninguém sai bem. Ou não será bem assim?

A incompetência, o desleixo e a irresponsabilidade reveladas pelos inquilinos do sector público que gerem e tomam decisões sobre as parcerias, colocam o Estado numa posição de fraqueza. Onde devia estar uma entidade zelosa e diligente, fica o vazio. E este é devidamente preenchido pelo vasto leque de fornecedores de serviços que, certamente, não se queixam de ver o seu volume de negócios crescer por conta dos devaneios de quem gere dinheiro que, não sendo de ninguém, pode ser deitado à rua.

Por tudo isto, até se compreende que o Tribunal de Contas tenha decidido divulgar o relatório ao serão de uma sexta-feira. Em véspera de fim-de-semana, quem quer arreliar-se com o facto de as parcerias público-privadas nas estradas já terem absorvido mais de mil milhões de euros em oito anos? E quem quer angustiar-se por se prepararem para sugar dez por cento do produto interno bruto nos próximos 20 anos
?


Artigo 235º do Código Penal - Administração danosa:

1Quem, infringindo intencionalmente normas de controlo ou regras económicas de uma gestão racional, provocar dano patrimonial importante em unidade económica do sector público é punido...


Em suma, segundo o Tribunal de Contas nas palavras de João Cândido da Silva:

a) Sobre o asfalto onde rolam estas operações, o acelerador vai sempre a fundo se o que está em causa é derreter o dinheiro dos contribuintes.

b) A gestão e aplicação criteriosa dos recursos públicos são valores votados ao mais chocante desprezo...

c) A quase completa ausência de transparência nas poucas contas que vão sendo apresentadas, impedindo o escrutínio a que deviam estar sujeitas.

e) Gasta-se, e muito, sem cuidar de verificar se os meios utilizados atingiram os fins desejados.

f) Revela, também, que os riscos dos negócios para o Estado são simplesmente ignorados.

g) Onde devia estar uma entidade zelosa e diligente, fica o vazio (...) devidamente preenchido pelo vasto leque de fornecedores de serviços que, certamente, não se queixam de ver o seu volume de negócios crescer por conta dos devaneios de quem gere dinheiro [público]... já terem absorvido mais de mil milhões de euros em oito anos, e se prepararem para sugar dez por cento do produto interno bruto nos próximos 20 anos.



Artigo 235º do Código Penal - Administração danosa:

2 - A punição não tem lugar se o dano se verificar contra a expectativa fundada do agente.

Excertos de uma entrevista a Sócrates ao Acção Socialista sobre os Estádios do Euro 2004 (19/5/2004):

Sócrates - "O Governo aprendeu. Começou por ter as maiores dúvidas e reservas quanto ao Euro 2004, a fazer-lhe críticas muito pueris, próprias de quem não percebeu nada do que estava em causa. O Euro 2004 não é um torneio de futebol, é muito mais do que isso. É um grande acontecimento que projecta internacionalmente o nosso país".

Sócrates - "Nós definimos como orientação que Portugal devia ser um país capaz de realizar grandes eventos desportivos internacionais".

Sócrates - "Pois, mas a construção dos dez estádios não um odioso, é bem necessário ao país. Portugal tinha que fazer este trabalho. É também uma das críticas mais infantis que tenho visto, a ideia de que se Portugal não tivesse o Euro não tinha gasto dinheiro nos estádios. Isso é uma argumentação própria de quem é ignorante.

Sócrates - "Ouvi recentemente responsáveis pelo Euro dizerem que é já claro, em relação ao que o Estado gastou e ao que recebeu, que estamos perante um grande sucesso económico."


O Tribunal de Contas também já se pronunciou sobre os Estádios do Euro:

No Diário de Notícias e no Correio da Manhã:

- Mais de mil milhões de euros de investimento público total (no Euro 2004).

- Tribunal de Contas (TC) questiona se o elevado montante de apoios públicos ao campeonato organizado por Portugal no Verão de 2004 não poderia ter tido uma utilização mais eficiente noutras áreas de relevante interesse e carência pública.

- Tribunal de Contas refere que os novos estádios do Euro 2004 estão sobredimensionados, o que pode ser constatado pelas baixas taxas de ocupação, da ordem dos 20 a 35%.

- O dinheiro investido neste espectáculo de grande escala não teve grande retorno. Quase seis meses depois do Euro 2004, alguns estádios onde foram investidos milhões de euros para receber a prova estão «às moscas». Dos recintos do Euro2004, só os dos «três grandes» tiveram sucesso comercial.

- Numa auditoria desenvolvida pelo Tribunal de Contas junto dos estádios de Guimarães, Braga, Leiria, Coimbra, Aveiro, Loulé e Faro, ficou claro que as autarquias se endividaram para os próximos 20 anos.

- As sete autarquias que receberam jogos do Euro 2004 contraíram empréstimos bancários no valor global de 290 milhões de euros para financiar obras relacionadas com o campeonato.

- Na sequência destes empréstimos, as câmaras terão que pagar juros no montante de 69,1 milhões de euros, nos próximos 20 anos, refere o relatório de auditoria do Tribunal de Contas.



Comentário:

O Tribunal de Contas parece provar de forma inequívoca que, tanto nas parcerias público-privadas no sector rodoviário como no caso dos estádios do Euro, se aplica o nº 1 do Artigo 235º do Código Penal:

1 – Quem, infringindo intencionalmente normas de controlo ou regras económicas de uma gestão racional, provocar dano patrimonial importante em unidade económica do sector público ou cooperativo é punido com pena de prisão até cinco anos ou com multa até 600 dias.

Alguém acredita que os danos que se verificam hoje, nas parcerias público-privadas no sector rodoviário, e se verificaram ontem, com os estádios do Euro, foram contra as expectativas fundadas dos agentes?


Um curto excerto da Auditoria à Gestão das Parcerias Público-Privadas executada pelo Tribunal de Contas:

"Verificou-se o desenvolvimento de projectos sem motivos de tráfego que o justificassem, prejudicando a aferição do value for money das respectivas PPP."



Como afirmou Miguel Sousa Tavares - Expresso 07/01/2006

«Todos vimos nas faustosas cerimónias de apresentação dos projectos da Ota e do TGV, [...] os empresários de obras públicas e os banqueiros que irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos. Vai chegar para todos e vai custar caro, muito caro, aos restantes portugueses. O grande dinheiro agradece e aproveita

«Lá dentro, no «inner circle» do poder - político, económico, financeiro, há grandes jogadas feitas na sombra, como nas salas reservadas dos casinos. Se olharmos com atenção, veremos que são mais ou menos os mesmos de sempre.»
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quarta-feira, outubro 15, 2008

Jon Stewart, do Daily Show - 700 mil milhões de dólares dos bolsos americanos para o «resgate» dos Bancos

Jon Stewart, do Daily Show, fala-nos do plano do secretário das Finanças, Henry Paulson, no valor de 700 mil milhões de dólares, para salvar a finança americana. Pelo meio, uma breve mas brilhante análise da situação por George Bush. Um curto vídeo que nos arranca um bom par de gargalhadas e que termina numa toada arrepiante:


Stewart: Com Wall Street em ruínas, o secretário Frankensteiniano das Finanças, Henry Paulson, correu a ajudar com um plano brilhante. Um plano governamental de 700 mil milhões de dólares para resgatar a indústria financeira. 700 mil milhões do vosso dinheiro.

Henry Paulson


Bem, 700 mil milhões de dólares é imenso dinheiro, será que o Paulson vai aceitar? Sim ele aceita mas só sob certas condições. Para o secretário Paulson aceitar o nosso dinheiro, as decisões dele têm de ser, e passo a citar:

- Não consultáveis e mantidas em sigilo, e não podem ser analisadas por qualquer tribunal ou organismo administrativo. [Autêntico! New York Times - Sec. 8. Review]

Ouçam, antes de darmos a um funcionário sinistro que nem sequer foi a votos 700 mil milhões de dólares para fazer o que lhe apetecer, há uma coisa que devem saber. Este guru financeiro foi apanhado de surpresa.

(Entrevista de Paulson na Fox News a 16 de Março deste ano - 2008):

Paulson: tenho imensa confiança no nosso mercado financeiro, nas nossas instituições financeiras, os nossos mercados são resistentes, são flexíveis. As nossas instituições e os bancos de investimento são fortes.

Stewart: Isto é que é ter visão! É a cabeça de Aquiles dele. Para mais informações vamos falar com o nosso analista John Oliver. Oliver, obrigado por estares connosco. Isto é espantoso... Um exemplo espantoso... Para esta Administração depois do Katrina, depois do Iraque...

Oliver: A prisão de Guantánamo?

Stewart: Sim, isso também nos colocou numa situação difícil…

Oliver: E a politização do sistema judicial?

Stewart: Sim, preocupante.

Oliver: O secretismo draconiano?

Stewart: Sim, está bem. Onde quero chegar é ao seguinte, nunca pensei que houvesse outra área onde estes tipos conseguissem dar barraca.

Oliver: Eu sei. E não foi fácil. Foi como tentar encontrar a veia num viciado em falhanços.

Stewart: Então... Isto é... Eu compreendo, quando a veia morre é difícil... Então esta crise económica é, digamos assim, a cobertura de bosta no bolo de merda desta administração?

Oliver: Muito bem… Duas coisas: primeiro, essa metáfora teve classe. E, segundo, não os dês por acabados, Jon. Ainda falta muito até Janeiro (de 2009).

Stewart: Então achas que ainda há mais para vir? O que é que resta para eles... desconseguirem, digamos assim?

Oliver: Bem, vejamos... Ainda tens casa? Sim? Bem, então aí tens. Os teus filhos tomaram o pequeno-almoço hoje de manhã?

Stewart: Tomaram, tomaram um bom pequeno-almoço.

Oliver: E foi alguma coisa que encontraram na rua?

Stewart: Estás a dizer que o Presidente só vai ficar satisfeito quando os miúdos americanos comerem animais atropelados?

Oliver: Quando lutarem entre si pelos animais atropelados. Quando os animais atropelados forem o prémio para os mais fortes.

Stewart: Mas... Porquê?

Oliver: O legado Jon. Ouve, todos sabemos que ele nunca será lembrado como o melhor Presidente. Mas ainda pode, se se esforçar bastante...

Stewart: Ser o pior?

Oliver: Ser o último!


Vídeo legendado em português:

segunda-feira, outubro 13, 2008

Mário Crespo - Travessias agitadas


Artigo de Mário Crespo

Travessias agitadas



Vai ser renegociado o contrato de 1994 em que o Estado abdicou dos seus direitos sobre a mais importante ligação entre o Norte e o Sul. José Sócrates tem aqui a oportunidade de rectificar de vez o dispendioso erro do Governo de Cavaco Silva com o absurdo contratual da Lusoponte.

O processo, conduzido pelo então ministro das Obras Públicas, Ferreira do Amaral, foi formatado no habitual modelo do capital de Estado em Portugal. Investidores institucionais a dominar a estrutura accionista e, nessa fase inicial, pequenos pós de capital de especulação privado em montantes insignificantes, mas que davam a toda a monstruosidade uma aparência publico-privada suficientemente híbrida para justificar o baile de máscaras de altos funcionários públicos travestidos de empreendedores.

O absurdo foi para a frente. Nasceu a Lusoponte que, 20 anos depois do 25 de Abril, tinha como património a maior obra do Estado Novo. Havia contudo um activo escondido no palavrosismo contratual que, com o tempo, ia provar ser a grande mais-valia da Lusoponte. Uma situação que viria a causar ao Estado Português "(...) prejuízos globais passíveis de juízo público de censura", como escreveu o conselheiro Ernesto Cunha em declaração de voto no acórdão do Tribunal de Contas após investigação à Lusoponte.

As dúvidas levantam-se na cláusula leonina do contrato de Ferreira do Amaral que dá à Lusoponte exclusividade nas travessias rodoviárias abaixo de Vila Franca de Xira. Travessias existentes e futuras. Com isso, o Governo do prof. Cavaco Silva cedeu direitos nacionais no maior rio da Península Ibérica, na bacia mais industrializada, urbanizada e povoada do país.

Por duvidosa que seja a legitimidade de tal acto, até em termos constitucionais, o facto é que, de absurdo em contra-senso, os pequenos esporos do capital privado de especulação alimentados pelos rendimentos de exploração da ponte que Salazar construiu foram germinando em conglomerados accionistas. O património que exploram inclui agora a ponte Vasco da Gama.

Os privados hoje já detêm o controlo sobre mais de 1/3 das travessias rodoviárias com portagem sobre o Tejo. A única escapatória possível para o ruinoso nó górdio é a renegociação do contrato. Mas há um péssimo presságio. Os homens que representam agora os interesses privados, Ferreira do Amaral e Jorge Coelho, foram responsáveis em nome do Estado pelos valores contratuais em causa. Um arquitectou-os enquanto ministro das Obras Públicas. O outro protegeu-os, não os denunciando quando foi ministro do Equipamento Social.

Por seu lado, o terceiro elemento, que preside a uma comissão técnica com poder arbitral e fiscalizador, Murteira Nabo, foi ele próprio um ministro com a tutela das pontes no Governo de Guterres. Quem vai defender o Estado? Não faço ideia. Fica no ar a crítica do Tribunal de Contas ao contrato de exploração nascido no período cavaquista e concretizou-se a incrível ascensão da influência da Mota-Engil no controlo da Lusoponte.

Em apenas cinco meses de gestão de Jorge Coelho quadruplicou o volume de capital que domina. Confiemos que a Procuradoria, que está a avaliar a licitude da exclusividade concedida à Lusoponte em nome do Estado por Ferreira do Amaral, e defendida em nome da Lusoponte por Ferreira do Amaral, tenha todos estes elementos em conta.


Comentário:

Mário Crespo fala no absurdo contratual da Lusoponte, conduzido pelo ex-ministro das Obras Públicas, Ferreira do Amaral, que viria a causar ao Estado Português prejuízos globais passíveis de juízo público de censura (segundo o Trinunal de Contas).

Ferreira do Amaral, ex-ministro das Obras Públicas, arquitectou os valores contratuais. Jorge Coelho, ex-ministro do Equipamento Social, protegeu-os. Murteira Nabo, ex-ministro com a tutela das pontes, vai fiscalizá-los.

Enquanto isto, concretizou-se a incrível ascensão da influência da Mota-Engil no controlo da Lusoponte, quadruplicando o volume de capital, desde que contratou o já citado Jorge Coelho (há apenas cinco meses).


sexta-feira, outubro 10, 2008

Revisionismo - método cientifico ou dogma negacionista?


Viktor R. Knirsch: "É um direito e uma obrigação de todos os que procuram a verdade para as suas dúvidas, investigar e considerar todas as provas disponíveis. Se aqueles cujas alegações são questionadas têm a verdade do seu lado, eles responderão pacientemente a todas as questões. No entanto, se aqueles que exigem crédito estão a mentir, então eles irão requerer um juiz."


Revisionismo é uma palavra que tem tido muitas interpretações. Um dos seus primeiros e mais importantes significados foi aplicado à revisão da doutrina marxista, elaborado por Eduard Bernstein e Karl Kautsky no fim do século XIX, e frequentemente associado à social-democracia. Noutra das suas acepções mais comuns, a expressão revisionismo assenta nas iniciativas de investigadores independentes com o objectivo de incluir e salientar uma maior participação do mundo oriental na história universal. O termo revisionismo tem, por vezes, um sentido pejorativo, indicando uma tentativa de "reescrever" a História através da estratégia de diminuir a importância ou, simplesmente, ignorar determinados factos. Um outro exemplo recorrente do uso pejorativo do revisionismo consiste em associá-lo ao Holocausto Judeu, a que alguns dão o nome de negacionismo.

A palavra "Revisionismo" deriva do Latim "revidere", que significa ver novamente. A revisão de teorias é perfeitamente normal. Acontece nas ciências da natureza bem como nas ciências sociais, às quais a disciplina da história pertence. A ciência não é uma condição estática. É um processo para a criação de conhecimento através da pesquisa de provas e evidências. Quando a investigação decorrente encontra novas provas ou quando os investigadores descobrem erros em antigas explicações, acontece frequentemente que as velhas teorias têm que ser alteradas ou mesmo abandonadas.

Revisionismo significa uma investigação crítica baseada em teorias e hipóteses no sentido de testar a sua validade. Os cientistas precisam de saber quando existem novas provas que modificam ou contradizem teorias mais antigas; na realidade, uma das suas principais obrigações do cientista-historiador é testar concepções tradicionais e tentar refutá-las. Apenas numa sociedade aberta, na qual os indivíduos são livres de desafiar teorias correntes, é possível certificar a validade dessas mesmas teorias, e confirmarem se estão ou não a aproximar-se da verdade.

Assim como com outros conceitos científicos, os conceitos históricos estão sujeitos a considerações críticas. Isto é especialmente verdade quando novas provas são descobertas.

Quando estamos a lidar com o passado recente, até uma pequena parte de uma nova prova ou descoberta pode alterar profundamente a nossa visão. Por exemplo, os historiadores estão actualmente num processo de revisão da tradicional suposição de que os Europeus descobriram a América justamente à cinco séculos atrás. Recentes descobertas arqueológicas mostram não só que os Vikings alcançaram a América no séc. X, como também já viviam humanos com características Europeias no continente Americano há dez mil anos atrás.

Quanto ao passado recente, a tese da verdade suprema "a história é escrita pelo vencedor" mantém-se; mas o vencedor raramente é objectivo. A revisão da história dos vencedores não é normalmente possível até que a confrontação dos vencedores com os vencidos tenha deixado de existir; e por vezes este confronto dura séculos. Já que a historiografia tem uma importância monetária insignificante, quase todos os institutos históricos são financiados pelos seus respectivos governos. Institutos históricos livres e independentes são praticamente inexistentes. Na história contemporânea, na qual cada governo possui grandes interesses políticos, deve haver cepticismo em relação à historiografia oficial dos países.

Para os não-Judeus, o Holocausto é um evento histórico e não um assunto religioso. Como tal, está sujeito ao mesmo tipo de pesquisa e exame de qualquer outro acontecimento do passado, e por isso a concepção do Holocausto deve estar sujeita à investigação crítica. Se novas provas necessitam de uma modificação na concepção do Holocausto, então impõe-se uma alteração. O mesmo acontece quando se prova serem falsas antigas concepções. Não pode ser censurável questionar a precisão de afirmações científicas e tentar negar a sua validade. Portanto, não é censurável uma aproximação céptica das concepções que prevalecem sobre o Holocausto, se tal for feito objectivamente.

A maioria das pessoas sabe que os poderes existentes actualmente, particularmente na Alemanha, opõem-se a qualquer aproximação crítica ao Holocausto. Na realidade, o actual governo Alemão processa legalmente essas aproximações. O governo Alemão pretende, obviamente, manter a actual ideia do Holocausto com todo o seu poder oficial sob o seu controle. Umas das razões para isso são os massivos interesses políticos e financeiros de alguns grupos, descritos detalhadamente pelo professor norte-americano de ciência política N. G. Finkelstein no seu livro, "A Indústria do Holocausto". E o Prof. Raul Hilberg, um dos principais especialistas no Holocausto, declarou repetidamente que essa superficialidade e esse controle de qualidade inadequado são o grande problema no campo da investigação do Holocausto.

Os políticos Alemães sabem muito bem que a Alemanha seria sujeita a tremendas pressões se permitisse qualquer consideração crítica ao Holocausto Judeu. Na realidade, está em risco a credulidade de todos os que construíram o seu mundo sob a fundamentação moralista do "Holocausto", assim como daqueles que enfrentariam uma completa falência moral e social se encarassem as suas dúvidas. Existem profundas razões psicológicas e egoístas que tornam impossível a muitos intelectuais tomarem em consideração as dúvidas sobre o Holocausto, até para si próprios.

Existem grupos extremamente poderosos que estão determinados a esconder todas as considerações críticas do Holocausto. Por todo o mundo, os media maltratam completamente aqueles que expressam dúvidas sobre a versão ortodoxa do Holocausto. Nos países de expressão Alemã, expressar publicamente dúvidas sobre o Holocausto é uma ofensa punida com penas de prisão. Só isto deveria ser suficiente para estimular a suspeita de qualquer pessoa que tenha a capacidade de pensar de forma crítica. Isso dever-nos-ia fazer questionar sobre o porquê duma tal necessidade drástica em manter inquestionável este «episódio» após a Segunda Guerra Mundial.

O padre Católico Viktor R. Knirsch (na foto) de Kahlenbergerdorf, Áustria, faz algumas observações sobre este assunto:

"É um direito e uma obrigação de todos os que procuram a verdade para as suas dúvidas, investigar e considerar todas as provas disponíveis. Sempre que estas dúvidas e investigações forem proibidas; sempre que as autoridades exigirem uma crença inquestionável – tal representa uma prova de uma arrogância rude, que faz despertar as nossas suspeitas. Se aqueles cujas alegações são questionadas têm a verdade do seu lado, eles responderão pacientemente a todas as questões. Certamente que eles não continuarão a ocultar as evidências e os documentos que pertencem à controvérsia. No entanto, se aqueles que exigem crédito estão a mentir, então eles irão requerer um juiz. Por este gesto, vocês ficarão a saber o que eles são. Quem diz a verdade é calmo e sereno, mas aquele que mente, exigirá a justiça mundana."


Comentário:

Pode-se negar livremente o lançamento pelas tropas americanas de duas bombas atómicas em Hiroxima e Nagasaki. Pode-se negar livremente o bombardeamento de Dresden (que provocou cerca de 300.000 mortos) pelas Forças Aéreas Aliadas. Podem-se negar livremente os genocídios do Ruanda, do Burundi, da Ucrânia, de 90% de todos os índios de norte a sul do continente americano, ou qualquer outra limpeza étnica da história humana. Quem negar qualquer uma destas chacinas, receberá apenas em troca um sorriso trocista ou paternalista, talvez acompanhado de uma explicação condescendente.

Mas não se pode questionar um único pormenor do Holocausto Judeu. Porquê?

Hannah Arendt (nascida numa rica e antiga família judia na Alemanha e emigrada para os EUA), afirmou que “não há história mais difícil de contar em toda a história da Humanidade” do que a do “Holocausto Judeu”.

O lamento de Hannah Arendt manter-se-á enquanto não for levada a cabo uma investigação profunda e exaustiva dos denominados campos de extermínio nazis, conduzida por cientistas e criminologistas sérios e isentos, munidos das mais avançadas técnicas forenses. Para acabar de vez com o negacionismo.
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