quarta-feira, setembro 26, 2012

Jornal Público - Um terço [dos portugueses] é para morrer. Não é que tenhamos gosto em matá-los, mas a verdade é que não há alternativa.





José Vítor Malheiros - Jornal Público - 11/09/2012


*O sonho de Pedro Passos Coelho*

«"Um terço é para morrer. Não é que tenhamos gosto em matá-los, mas a verdade é que não há alternativa. se não damos cabo deles, acabam por nos arrastar com eles para o fundo. E de facto não os vamos matar-matar, aquilo que se chama matar, como faziam os nazis. Se quiséssemos matá-los mesmo era por aí um clamor que Deus me livre. Há gente muito piegas, que não percebe que as decisões duras são para tomar, custe o que custar e que, se nos livrarmos de um terço, os outros vão ficar melhor. É por isso que nós não os vamos matar. Eles é que vão morrendo. Basta que a mortalidade aumente um bocadinho mais que nos outros grupos. E as estatísticas já mostram isso. O Mota Soares está a fazer bem o seu trabalho. Sempre com aquela cara de anjo, sem nunca se desmanchar. Não são os tipos da saúde pública que costumam dizer que a pobreza é a coisa que mais mal faz à saúde? Eles lá sabem. Por isso, joga tudo a nosso favor. A tendência já mostra isso e o que é importante é a tendência. Como eles adoecem mais, é só ir dificultando cada vez mais o acesso aos tratamentos. A natureza faz o resto. O Paulo Macedo também faz o que pode. Não é genocídio, é estatística. Um dia lá chegaremos, o que é importante é que estamos no caminho certo. Não há dinheiro para tratar toda a gente e é preciso fazer escolhas. E as escolhas implicam sempre sacrifícios. Só podemos salvar alguns e devemos salvar aqueles que são mais úteis à sociedade, os que geram riqueza. Não pode haver uns tipos que só têm direitos e não contribuem com nada, que não têm deveres.

Estas tretas da democracia e da educação e da saúde para todos foram inventadas quando a sociedade precisava de milhões e milhões de pobres para espalhar estrume e coisas assim. Agora já não precisamos e há cretinos que ainda não perceberam que, para nós vivermos bem, é preciso podar estes sub-humanos.

Que há um terço que tem de ir à vida não tem dúvida nenhuma. Tem é de ser o terço certo, os que gastam os nossos recursos todos e que não contribuem. Tem de haver equidade. Se gastam e não contribuem, tenho muita pena... os recursos são escassos. Ainda no outro dia os jornais diziam que estamos com um milhão de analfabetos. O que é que os analfabetos podem contribuir para a sociedade do conhecimento? Só vão engrossar a massa dos parasitas, a viver à conta. Portanto, são: os analfabetos, os desempregados de longa duração, os doentes crónicos, os pensionistas pobres (não vamos meter os velhos todos porque nós não somos animais e temos os nossos pais e os nossos avós), os sem-abrigo, os pedintes e os ciganos, claro. E os deficientes. Não são todos. Mas se não tiverem uma família que possa suportar o custo da assistência não se pode atirar esse fardo para cima da sociedade. Não era justo. E temos de promover a justiça social.

O outro terço temos de os pôr com dono. É chato ainda precisarmos de alguns operários e assim, mas esta pouca-vergonha de pensarem que mandam no país só porque votam tem de acabar. Para começar, o país não é competitivo com as pessoas a viverem todas decentemente. Não digo voltar à escravatura – é outro papão de que não se pode falar -, mas a verdade é que as sociedades evoluíram muito graças à escravatura. Libertam-se recursos para fazer investimentos e inovação para garantir o progresso e permite-se o ócio das classes abastadas, que também precisam. A chatice de não podermos eliminar os operários como aos sub-humanos é que precisamos destes gajos para fazerem algumas coisas chatas e, para mais (por enquanto), votam – ainda que a maioria deles ou não vote ou vote em nós. O que é preciso é acabar com esses direitos garantidos que fazem com que eles trabalhem o mínimo e vivam à sombra da bananeira. Eles têm de ser aquilo que os comunistas dizem que eles são: proletários. Acabar com os direitos laborais, a estabilidade do emprego, reduzir-lhes o nível de vida de maneira que percebam quem manda. Estes têm de andar sempre borrados de medo: medo de ficar sem trabalho e passar a ser sub-humanos, de morrer de fome no meio da rua. E enchê-los de futebol e telenovelas e *reality shows* para os anestesiar e para pensarem que os filhos deles vão ser estrelas de hip-hop e assim.

O outro terço são profissionais e técnicos, que produzem serviços essenciais, médicos e engenheiros, mas estes estão no papo. Já os convencemos de que combater a desigualdade não é sustentável (tenho de mandar uma caixa de charutos ao Lobo Xavier), que para eles poderem viver com conforto não há outra alternativa que não seja liquidar os ciganos e os desempregados e acabar com o RSI e que para pagar a saúde deles não podemos pagar a saúde dos pobres.

Com um terço da população exterminada, um terço anestesiado e um terço comprado, o país pode voltar a ser estável e viável. A verdade é que a pegada ecológica da sociedade actual não é sustentável. E se não fosse assim não poderíamos garantir o nível de luxo crescente da classe dirigente, onde eu espero estar um dia. Não vou ficar em Massamá a vida toda. O Ângelo diz que, se continuarmos a portarmo-nos bem, um dia nós também vamos poder pertencer à elite."»


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Portugal, às mãos da Banca nacional e internacional, acolitada por governantes corruptos, políticos a soldo e comentadores mediáticos venais, está a experienciar uma regressão superior a 100 anos.


quinta-feira, setembro 20, 2012

O Presidente da República recebeu na segunda-feira os parceiros sociais



Aníbal Cavaco Silva (em primeiro plano na horizontal)
envergando as faixas presidenciais distintivas do cargo que ocupa.

Sua Excelência o Presidente da República Portuguesa, Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva, na sua postura habitual de grande estabilidade e firmeza, regista atentamente as preocupações dos parceiros sociais neste momento de crise grave que o País atravessa.

O Mais Alto Magistrado da Nação recebeu na segunda-feira (17-09-2012) os parceiros sociais subscritores do Acordo Tripartido «Compromisso para o Crescimento, Competitividade e Emprego».


Os parceiros sociais da esquerda para a direita:

O presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes;

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva;

O Secretário Geral da UGT, João Proença;

O presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), José Carlos Pinto;

O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), João Pedro Machado.

segunda-feira, setembro 17, 2012

Nick Hanauer, um multimilionário crente nas virtudes do capitalismo, explica como a ideia de que os ricos criam emprego é uma falácia


Clicar em CC na barra inferior do vídeo para ver as legendas em português



Numa palestra TED impressionante Nick Hanauer desmonta um dos mitos mais malignos associados ao capitalismo: de que os ricos merecem ter privilégios tais como impostos reduzidos para que possam continuar a desempenhar a sua suposta função social num sistema capitalista que é a de criar postos de trabalho. Nick Hanauer é um empreendedor americano especializado em capital de risco. No dia 1 de Março de 2012 deu esta palestra numa das famosas conferências TED e os responsáveis desta organização sem fins lucrativos recusaram-se a publicá-la. Nick afirma que é falsa a ideia de que "os ricos são criadores de emprego e que por isso não devem pagar impostos". Afirma antes que o verdadeiro criador de emprego é o consumidor da classe média. Ainda que o site TED.com seja bem conhecido por difundir palestras bem provocadoras esta palestra não foi publicada no dito site.

quinta-feira, setembro 13, 2012

O cérebro de um funcionário bancário observado à lupa



A emaranhada mente corrupta de Passos Coelho

Passos Coelho olha de soslaio enquanto um grupo de cirurgiões especialistas lhe perscruta o pensamento embusteiro e facínora.

Mesmo recorrendo a uma cirurgia ao cérebro de crânio aberto, as medidas de austeridade de Passos Coelho permanecem incompreensíveis aos olhos de todos...


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Para V/conhecimento:

Deu entrada na Procuradoria-Geral da República via DIAP/Porto em 11 de Julho de 2012 a «PARTICIPAÇÃO-CRIME pelo CRIME DE TRAIÇÃO À PÁTRIA contra INCERTOS, nomeadamente aqueles que EXERCERAM CARGOS POLÍTICOS COM FUNÇÕES DE DECISÃO, PODER SOBERANO OU EXECUTIVAS ENTRE O ANO DE 1998 E O DIA 17 DE MAIO DE 2011 e que se venha a apurar terem comprovadas responsabilidades no estado de perda de Soberania em que Portugal se encontra».

Nota: foram apresentadas 10 testemunhas iniciais, entre as quais se contam Carlos Moreno e Medina Carreira.

Comprovativo de entrada c/texto integral em anexo.

segunda-feira, setembro 10, 2012

Há males que vêm por bem...


Os atentados do 11 de Setembro de 2001 aconteceram há 11 anos



A 11 de Setembro de 2001, 19 piratas do ar, ao serviço da Al-Qaeda chefiada por Bin Laden, conseguiram sequestrar quatro aviões comerciais e sobrevoar durante tempos infindos o território dos Estados Unidos, de longe a maior potência militar do planeta. Após uma eternidade e dada a inacção da Força Aérea americana, dois dos aviões embateram e conseguiram fazer implodir as duas torres gémeas e o edifício nº 7 do World Trade Center. Outro avião foi embater no Pentágono, o edifício mais bem defendido do mundo, onde penetrou por um buraco minúsculo e se vaporizou no interior. O quarto avião despenhou-se no solo e desapareceu por completo.


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Em Setembro do ano 2000, meses antes do acesso de George W. Bush à Casa Branca, o "Project for a New American Century" (PNAC) publicou o seu projecto para a dominação global sob o título: "Reconstruindo as defesas da América" ("Rebuilding American Defenses"). O PNAC foi adoptado pelo vice-secretário da Defesa Paul Wolfowitz, o vice-presidente Dick Cheney e o secretário da Defesa Donald Rumsfeld.

Da esquerda para a direita: o vice-secretário da Defesa Paul Wolfowitz,
o vice-presidente Dick Cheney e o secretário da Defesa Donald Rumsfeld

O PNAC esboça um roteiro da conquista. Apela à "imposição directa de bases avançadas americanas em toda a Ásia Central e no Médio Oriente" tendo em vista assegurar a dominação económica do mundo, e ao mesmo tempo assegurar uma guerra eterna ao «terrorismo» simbolizado pela celebérrima Al-Qaeda.

O projecto do PNAC esboça uma estrutura consistente de propaganda de guerra. Um ano antes do 11 de Setembro, o PNAC fazia apelo a "algum evento catastrófico e catalisador, como um novo Pearl Harbor", o qual serviria para galvanizar a opinião pública americana em apoio a uma agenda de guerra (pág 51)":


"Further, the process of transformation, even if it brings revolutionary change, is likely to be a long one, absent some catastrophic and catalyzing event – like a new Pearl Harbor."

«Além disso, o processo de transformação, mesmo que traga transformações revolucionárias, será provavelmente longo, excepto se se produzir algum evento catastrófico e catalisador – como um novo Pearl Harbor.»

Os arquitectos do PNAC parecem ter antecipado com cínica precisão a utilização dos ataques do 11 de Setembro como "um pretexto para a guerra".


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De modo análogo, nas palavras de Zbigniew Brzezinski, no seu livro The Grand Chessboard (1997):

"... it may find it more difficult to fashion a consensus on foreign policy issues, except in the circumstances of a truly massive and widely perceived direct external threat."

"... pode considerar-se mais difícil conseguir um consenso [na América] sobre questões de política externa, a não ser nas circunstâncias de uma ameaça externa directa verdadeiramente maciça e amplamente percebida."

Zbigniew Brzezinski, que foi Conselheiro de Segurança Nacional do presidente Jimmy Carter, foi um dos arquitectos da rede Al-Qaeda, criada pela CIA para combater os soviéticos na guerra afegã (1979-1989).

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Bruce Hoffman, vice-presidente da Rand Corporation (o mais importante centro privado de pesquisas em matéria de estratégia e de organização militar em todo o mundo, e a expressão prestigiada do lobby militar-industrial norte-americano), numa conferência publicada pela US Air Force Academy em Março de 2001 (ou seja, seis meses antes dos atentados de 11 de Setembro de 2001), dirigindo-se a uma audiência de oficiais superiores da força aérea norte-americana, afirmou:

"We try to get our arms around Al-Qaeda, the organization — or maybe the movement — associated with bin Laden (...) now, putting aside whether it was possible to actually topple the North Tower onto the South Tower and kill 60,000 people, consider the goal (...)"

"Estamos a tentar fazer um cerco à Al-Qaeda, a organização - ou talvez o movimento - associada a bin Laden (...) bom, não discutindo agora se era realmente possível fazer cair a Torre Norte sobre a Torre Sul e matar 60.000 pessoas, considerem tal objectivo (...)"


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Na sequência do 11 de Setembro as despesas militares dispararam, e por consequência os chorudos contratos do complexo militar-indústrial. De 2001 até hoje, o orçamento americano da defesa passou de 404 mil milhões para quase 900 mil milhões de dólares anuais, um aumento de cerca de 120% em onze anos. Abençoada Al-Qaeda!

Gráfico do aumento da depesa militar norte-americana desde 2001 até hoje, em milhares de milhões de dólares, que tem beneficiado enormemente o complexo militar-industrial norte-americano, cujos maiores expoentes têm sido as empresas Lockheed Martin, Northrop Grumman, Boeing, SAIC, Raytheon, General Dynamics, etc., etc., etc.



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Comentário


O Complexo Militar-Industrial Americano, ironicamente devido aos lucros proporcionados pelo evento catastrófico e catalisador do 11 de Setembro, tem tido ao longo dos últimos 11 anos excelentes motivos para sorrir.

Tudo graças ao terrorismo levado a cabo pela omnipotente, omnipresente, omnisciente e infinitamente maligna Al-Qaeda, chefiada por Bin Laden, que, na história do terrorismo, só encontra paralelo na todo-poderosa organização criminosa K.A.O.S., comandada pelo vilão Siegfried e tenazmente combatida pelo agente da C.O.N.T.R.O.L.E., Maxwell Smart.


À esquerda, o presidente George W. Bush em visita às instalações da CIA.
À direita, o famigerado Bin Laden, chefe da organização terrorista Al-Qaeda.



À esquerda, o agente Maxwell Smart e o chefe da C.O.N.T.R.O.L.E.
À direita, o famigerado Siegfried, chefe da organização terrorista K.A.O.S.

E se existe um paralelismo indesmentível entre a atual Al-Qaeda, chefiada pelo recentemente falecido Bin Laden, e a antiga K.A.O.S., comandada pelo vilão Siegfried, já a organização onde trabalhava Maxwell Smart, a C.O.N.T.R.O.L.E., hoje está hoje desmultiplicada por inúmeras agências:

CIA (Central Intelligence Agency); DIA (Defense Intelligence Agency); NSA (National Security Agency); NRO (National Reconnaissance Office); FBI (Federal Bureau of Investigation); AI (Army Intelligence); NI (Navy Intelligence); AFI (Air Force Intelligence); MCI (Marine Corps Intelligence); etc., etc., etc.

Não obstante tantas agências secretas de informações, a Al-Qaeda continua mais pujante e mortífera do que nunca. A Al-Qaeda reivindicou 163 atentados cometidos no Iraque entre o final de junho e meados de julho de 2012. Só ontem (9/9/2012), cometeram nesse país atentados que causaram mais de 90 mortos e cerca de 400 feridos. Para uma organização terrorista que odeia tanto os valores ocidentais, causa alguma estranheza que se mostrem tão assanhados em chacinar tantos cidadãos muçulmanos...


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Excerto de um artigo de Mário Soares - Jornal Expresso 27-03-2004

É preciso conhecer melhor a Al-Qaeda para a combatermos com eficácia. Não às cegas. Há milhares de livros, publicados em todas as línguas, sobre o terrorismo global - que está intimamente relacionado com a «globalização depredadora» que temos e com a «economia de casino» que nos rege. Estudemo-los.

[...] Exploremos os contactos que a Al-Qaeda parece ter com o mundo obscuro das finanças - dos «off-shores» e dos «paraísos fiscais» - com o «dinheiro sujo», com a criminalidade organizada, com o tráfico ilegal de armas, incluindo atómicas, com o mercado da droga. Há franjas desse sub-mundo que, seguramente, serviços secretos, mesmo os minimamente secretos, mesmo os minimamente organizados, podem penetrar e conhecer. Já o devem ter feito. Mas será que os grandes responsáveis querem tomar conhecimento dessa negra realidade e das pistas que indica?