segunda-feira, outubro 30, 2006

Soares e Freitas – «Um diálogo de civilizações e uma chapada no Bush»

Contando com a presença de Diogo Freitas do Amaral, Mário Soares lançou em Madrid o livro «Um Diálogo Ibérico no Quadro Europeu e Mundial».

No FREI BENTO DOMINGUES

Para Soares, o ódio que os americanos e os ingleses têm vindo a semear no mundo árabe, com a invasão do Iraque, faz com que agora nem sequer possam integrar o corpo da ONU no Líbano. Pela força das circunstâncias, os americanos começaram a perceber que a sua ambição imperial só os prejudica. Bush criou uma crise gravíssima de credibilidade. A crise do petróleo, por ele criada, está a desestabilizar o mundo contra o império. Há uma contestação em toda a América Latina. E uma manifesta reserva mental dos países emergentes como a China, a Rússia e a Índia contra a política de Bush. Mesmo no Reino Unido. Ninguém respeita a posição de Israel que, aliás, está a ser muito contestado no plano interno. É algo que nunca se viu. De uma gravidade espantosa para o Ocidente».

Freitas do Amaral aplaudiu:

Vídeo – 2:32m:

sexta-feira, outubro 27, 2006

Bush – a parada está elevada (the stakes are high)

Mais um vídeo pleno de humor de Jon Stewart do Daily Show, onde se vê Bush abordar o problema iraquiano, o problema norte-coreano, o problema iraniano e a forma como dá ou não ouvidos aos seus generais.

Num rasgo de génio, Bush chega mesmo a afirmar que "Temos um jogo mais forte quando há mais pessoas a jogar as mesmas cartas..."


Vídeo - 8:55m

quinta-feira, outubro 26, 2006

Se Teixeira dos Santos não é um simples pau-mandado de Sócrates, então é um pau-mandado de quem?

No Jornal Expresso – 21/10/2006 - Fernando Madrinha, com baba a escorrer-lhe da boca, desfaz-se em elogios ao ministro das finanças Teixeira dos Santos:

Um ministro anti-herói


«Pelo que já se vai percebendo, Teixeira dos Santos não é um simples pau-mandado de Sócrates»

«Hoje, está claro que a bonomia e a humildade com que [o ministro das finanças Teixeira dos Santos] se apresenta aos portugueses não são sintomas de uma personalidade fraca; são traços de carácter genuínos que definem, sem artifícios, um homem sério e credível.»

«convicção e a segurança, mas também a humanidade com que fala de um orçamento pesado para a generalidade dos portugueses, em especial para os funcionários do Estado, dão de Teixeira dos Santos uma dimensão que não é a de um simples “pau-mandado de Sócrates”. E percebe-se, como sucedeu na entrevista concedida a Judite de Sousa, na quinta-feira, que a sua atitude é a de um homem de missão. Não a de um herói das Finanças que tem a fórmula do milagre português, mas a do anti-herói: alguém com forte sentido de serviço público, sem mais pretensão que não seja a de fazer o seu melhor para garantir que os sacrifícios hoje impostos terão valido a pena no fim do mandato. Essa é a grande questão que os portugueses se colocam. E a recusa de embarcar em políticas eleitoralistas daqui a dois anos se o défice não estiver consolidado abaixo dos três por cento é um compromisso do ministro das Finanças que também importa reter. Através dele, será possível aferir na altura se o Governo e, em especial, o primeiro-ministro, partilham esse compromisso.»

«Teixeira dos Santos pode chegar derrotado a 2009, ou até sair do Governo antes dessa data. Mas a imagem que vai projectando não é só a de um bom homem; é também a de um ministro capaz de inspirar confiança



Entretanto, no Diário Económico – 26/10/2006:

«Orçamento de Estado 2007 2006 - TGV e transportes absorvem metade do investimento»

«Mais de metade do programa de investimentos do Estado, terá como destino a rede de transportes. De uma assentada, o novo Orçamento entrega 2.514 milhões de euros (50,5% do PIDDAC) ao programa 24 – "Transportes" - , metade dos quais (1.268 milhões) serão destinados à integração do país nas redes transeuropeias. Por outras palavras, um quarto do PIDDAC terá como destino esta sub-rubrica, onde predomina o TGV

«Ontem, na apresentação do OE, Teixeira dos Santos confirmou estas previsões com uma certeza "a OTA e o TGV não estão em risco", sublinhou, mesmo sem se saber qual será o desenho final destes projectos ou o grau de interesse dos privados no seu financiamento.»



Comentário de Miguel Sousa Tavares (na mesma edição do Expresso):

«Em primeiro lugar, grave não é que se diminua o investimento em 3%: grave é que, enquanto se vai cortar em coisas que são importantes para estimular a economia ou defender a justiça social, se mantenha a aposta nos projectos megalómanos e irresponsáveis da Ota e do TGV para Madrid. Por que é que o PSD não faz disso cavalo-de-batalha? Porque, tal como sucede com o PS, nesses ruinosos projectos estão envolvidas as empresas que lhe garantem o grosso dos seus financiamentos, para onde os seus dirigentes esperam retirar-se mais tarde ou que os seus deputados/advogados irão patrocinar, após cessada a sua passagem pela política?»

terça-feira, outubro 24, 2006

Em que ficamos Cutileiro? Ahmadinejad ou Bush?



Expresso – 21/10/2006


«No Irão, o discurso em que Ahmadinejad disse que falava directamente com Deus enquanto Bush falava directamente com o Diabo caiu mal. Além de uma corte iluminada de incondicionais, os propósitos fanáticos do Presidente preocupam cada vez mais gente - sobretudo porque a confrontação com o Conselho de Segurança sobre o enriquecimento de urânio se aproxima a olhos vistos e recomenda cabeça fria na chefia do país. Até os «ayatollahs» conservadores se inquietam, quanto mais as classes médias, lidas e ‘internetizadas’



Comentário:

Cutileiro afirma que as classes médias, lidas e ‘internetizadas’ iranianas estão preocupadas com Ahmadinejad. Ao que consta, as classes médias, lidas e ‘internetizadas’ europeias e americanas estão preocupadas com Bush. José Cutileiro, nesta mesma coluna do Expresso, a 24 de Setembro de 2005, referia que:

"um terço dos alemães com menos de 30 anos acredita que Washington preparou os ataques de 11 de Setembro de 2001..."


E, como se já não bastasse a suspeição de alemães e outros europeus pelo governo americano, vieram também juntar-se, imagine-se, as próprias classes médias, lidas e ‘internetizadas’ americanas:

Uma sondagem levada a cabo pela Zogby International em Novembro de 2005 nos Estados Unidos revelou que 30% dos americanos acreditam que 19 árabes não podiam ter levado a cabo os atentados terroristas do 11 de Setembro sozinhos, e que alguns altos funcionários governamentais e outros cidadãos americanos estiveram activamente envolvidos nos atentados.


Existe aqui um paradoxo. Se as classes médias, lidas e ‘internetizadas’ iranianas, europeias e americanas têm acesso à mesmo informação, como diabo podem ter preocupações tão opostas? Cutileiro esquece-se que a informação na Internet já está globalizada. Tanto a verdade como a mentira. E num mundo de informação globalizada, a informação menos competitiva (vulgarmente denominada mentira), tem os dias contados!

sábado, outubro 21, 2006

O Súcialismo de Sócrates

Desde que subiu ao poder, o governo de Sócrates tem apresentado medidas draconianas para combater os sucessivos défices: encerramento de serviços da administração pública, aumento do imposto sobre os combustíveis, introdução do pagamento de portagens em SCUTs, redução do período de subsídio ao desemprego, dispensa de centenas de milhar de funcionários públicos, aumento das taxas moderadoras na saúde, cortes no investimento público, etc. A maior parte dos economistas são unânimes no aplauso à coragem, determinação e discernimento do nosso Premier.

Paralelamente a estes cortes, Sócrates decidiu, há muito, apostar a fundo nos chamados investimentos estruturantes:


Diário de Notícias - 1 de Julho de 2005

5 de Julho de 2005 - o primeiro-ministro garantiu que as linhas ferroviárias de alta velocidade e o novo aeroporto da Ota serão concretizados e que o Governo está "determinado" em acabar com anos de hesitações em relação a estes projectos. Serão 14 mil milhões de euros para o TGV (quase três mil milhões de contos), mais três mil milhões de euros para o novo aeroporto da Ota (600 milhões de contos).


Mas o que é «Sócrates» afinal?



Jornal Público, 17 de Dezembro de 2003:

Manuel Queiró acredita que o traçado do TGV, anunciado na Cimeira Ibérica do mês passado, "não é um projecto do Governo", mas sim de "um grupo exterior". "Este não é um projecto de um Governo, é um projecto de um grupo exterior que se impôs sucessivamente aos dois [últimos] Governos", denunciou o dirigente do CDS/PP, anteontem à noite, em Coimbra, num debate onde foi discutido o impacte do transporte ferroviário de grande velocidade na região centro.

"É de um grupo exterior que não tem rosto, que não aparece ou só dá a cara fugazmente", reforçou o ex-deputado centrista, sem contudo nomear responsáveis." Na sua opinião, "é o menos transparente do ponto de vista político, [uma vez que] não foi apresentado à opinião pública, ao Parlamento e nem sequer ao Conselho de Ministros."




Miguel Sousa Tavares – Expresso – 07/01/2006

É como a Ota e o TGV: ninguém ainda conseguiu explicar direito a lógica de interesse público, de rentabilidade económica ou de factor de desenvolvimento. Mas todos vimos nas faustosas cerimónias de apresentação dos projectos, não apenas os directamente interessados - os empresários de obras públicas, os banqueiros que irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos - mas também flutuantes figuras representativas dos principais escritórios da advocacia de negócios de Lisboa. Vai chegar para todos e vai custar caro, muito caro, aos restantes portugueses. Não há nada pior e mais perigoso do que a relação dos socialistas com o grande dinheiro: são saloios, deslumbrados e complexados. E o grande dinheiro agradece e aproveita.

Lá dentro, no «inner circle» do poder - político, económico, financeiro -, há grandes jogadas feitas na sombra, como nas salas reservadas dos casinos. Se olharmos com atenção, veremos que são mais ou menos os mesmos de sempre. Jogando com o que resta do património público, com o dinheiro que receberemos até 2013. Cá fora, na rua e frente a eles, estão os que acreditam que nada pode mudar, mude ou não mude o mundo. Sobreviveremos depois disso?


Miguel Sousa Tavares - Expresso – 20/10/2006

Em primeiro lugar, grave não é que se diminua o investimento em 3%: grave é que, enquanto se vai cortar em coisas que são importantes para estimular a economia ou defender a justiça social, se mantenha a aposta nos projectos megalómanos e irresponsáveis da Ota e do TGV para Madrid. Por que é que o PSD não faz disso cavalo-de-batalha? Porque, tal como sucede com o PS, nesses ruinosos projectos estão envolvidas as empresas que lhe garantem o grosso dos seus financiamentos, para onde os seus dirigentes esperam retirar-se mais tarde ou que os seus deputados/advogados irão patrocinar, após cessada a sua passagem pela política?


Mas a apetência de Sócrates por «investimentos estruturantes» não é de agora:
A 12 de Fevereiro de 2005 António José Seguro lembrou as responsabilidades de Sócrates na realização do Euro-2004: "Hoje, como no Euro-2004, houve um homem que lançou a semente, a semente de uma força que ninguém pode parar. Esse homem chama-se José Sócrates, futuro primeiro-ministro de Portugal", acentuou.


O Correio da Manhã de 21/05/2004 avaliava o impacto do Euro 2004:

E o dinheiro investido neste espectáculo de grande escala também não teve grande retorno. Quase seis meses depois do Euro 2004, alguns estádios onde foram investidos milhões de euros para receber a prova estão «às moscas». Dos recintos do Euro2004, só os dos «três grandes» tiveram sucesso comercial.

Numa auditoria desenvolvida pelo Tribunal de Contas junto dos estádios de Guimarães, Braga, Leiria, Coimbra, Aveiro, Loulé e Faro, ficou claro que todos custaram mais do que o orçamentado, e que as autarquias se endividaram para os próximos 20 anos. As sete autarquias que receberam jogos do Euro 2004 contraíram empréstimos bancários no valor global de 290 milhões de euros para financiar obras relacionadas com o campeonato. Na sequência destes empréstimos, as câmaras terão que pagar juros no montante de 69,1 milhões de euros, nos próximos 20 anos, refere o relatório de auditoria do Tribunal de Contas.



Comentário:

Quando Jorge Sampaio se despediu dos portugueses como Presidente da República, fê-lo sem grandes alaridos. Podia no entanto ter sido mais audaz. Bastava ter pegado no discurso de despedida do Presidente Americano Eisenhower de 1961 e adaptá-lo à realidade lusitana, substituindo o termo «complexo militar-industrial» pelo termo «complexo financeiro-empreiteiro». Seria literalmente:

«Esta conjunção de uma imensa instituição bancária e uma enorme indústria de construção é um facto novo na experiência portuguesa. A influência total – económica, política, e até espiritual – é sentida em qualquer cidade, repartição ou ministério do Governo. Nós reconhecemos a necessidade imperativa deste desenvolvimento. Mas não podemos deixar de compreender as suas graves implicações. O nosso trabalho, recursos e meios de vida estão todos envolvidos; assim como a própria estrutura da nossa sociedade.»

«Temos de nos precaver contra a aquisição de influência injustificada, desejada ou não, por parte do complexo financeiro-empreiteiro. O potencial para o crescimento desastroso de poder indevido existe e persistirá.»

terça-feira, outubro 17, 2006

Paulo Portas - geneticamente contra o poder, visceralmente pelo carcanhol. Um oximoro, portanto!

A seguir, um vídeo sobre a vida e obra do Dr. Paulo Portas (muito mais completo que esse que corre na Internet). Paulo, um dos maiores estadistas portugueses de todos os tempos, tem vindo a ser injustamente esquecido no concurso «Os Grandes Portugueses».

Portas pode não ter o génio de um Eça, o sentido estratégico de um Álvares Pereira, a virilidade de um Afonso de Albuquerque, o humor de um Herman, a elasticidade de um Baião, a presciência de um Zandinga ou a voz de um Clemente, mas sobra-lhe em hombridade e sentido de estado o que desafortunadamente lhe falta em tudo o resto.

Vídeo – 4:43m (suck on this you privacy whores):

domingo, outubro 15, 2006

O 11 de Setembro de 2001 foi transmitido na FOX TV a 4 de Março de 2001 (seis meses antes dos atentados)

A história do primeiro episódio da série de televisão "The Lone Gunmen", transmitido a 4 de Março de 2001 (seis meses antes do 11 de Setembro) na FOX TV, descreve um plano gizado pela CIA para fazer embater um Boeing 727 numa das torres do World Trade Center por controlo remoto e culpar terroristas estrangeiros com o objectivo de ampliar o orçamento militar americano.

Esta série e este episódio passaram na SIC Radical e na RTP.

Excertos de diálogos do vídeo:

«A Guerra Fria acabou John. Mas sem um inimigo credível que justifique uma corrida ao armamento, o mercado das armas fica estagnado. Mas basta mandar abaixo um 727 completamente cheio, no meio da cidade de Nova Iorque e encontram logo um dúzia de ditadorzecos por todo o mundo a reclamar a responsabilidade e a pedir para serem bombardeados a sério» e «World Trade Center. Vão fazer embater o avião no World Trade Center».


Vídeo - 3:56m (legendado em português):

sexta-feira, outubro 13, 2006

No Bravery, only Butchery - (Sem bravura, apenas carnificina)

Iraque - 11-10-2006

Mais de 650 mil mortos desde 2003

Desde a invasão do Iraque, em Março de 2003, já morreram no país mais de 650 mil pessoas, das quais 600 mil por violência, segundo um estudo divulgado pela revista The Lancet.

O estudo, baseado em análises epidemiológicas de especialistas iraquianos e norte-americanos, aponta para um balanço de vítimas mortais de cerca de 500 pessoas por dia, significativamente mais elevado do que as estimativas feitas até agora.

A estimativa é 20 vezes mais elevada do que a mais recente feita pelo governo norte-americano e cinco vezes mais elevada do que os dados divulgados no início de Setembro num relatório da Missão de Assistência da ONU para o Iraque (UNAMI).

Esse estudo das Nações Unidas refere que cerca de 100 civis morrem por dia no Iraque devido à violência e mais de 460 ficam feridas, notando que o número de civis que morrem diariamente no país aumentou consideravelmente nos últimos meses. Além disso, refere o mesmo relatório, cerca de 14 mil civis ficam feridos mensalmente.

Já em 2004, a revista The Lancet tinha publicado um outro estudo que referia que mais de 100 mil civis e militares iraquianos tinham morrido nos primeiros 18 meses depois da intervenção militar liderada pelos Estados Unidos, que de pôs Saddam Hussein. A revista refere que 75 por cento das vítimas mortais são homens.


Clicar aqui para o vídeo «No Bravery»

terça-feira, outubro 10, 2006

V for Vendetta. Alguma semelhança entre os 80.000 mortos de Saint Mary e os 3.000 do World Trade Center?

Passado numa Londres totalitária do futuro, "V de Vingança" conta a história de Evey, uma jovem doce e tranquila que é salva de uma situação de vida ou morte por um vigilante mascarado, conhecido apenas por "V". Incomparavelmente carismático e ferozmente dotado na arte do combate e do logro, V dá início a uma revolução quando detona dois marcos da cidade de Londres (o Parlamento e o Big Ben), e toma o controle das ondas de rádio e TV, urgindo os seus concidadãos a rebelarem-se contra a tirania e opressão.


Os artistas usam mentiras para contar verdades. E os políticos usam-nas para encobri-las.

Mas a situação política actual é tão óbvia que já não há necessidade de simular. Nem de um lado, nem do outro.


Let´s look at the trailer (6:20m):

sábado, outubro 07, 2006

Henrique Monteiro – a face mais suja do terrorismo

Henrique Monteiro no Expresso – 7 de Outubro de 2006

CIA, quem responde?

«George W. Bush já assumiu e em diversos países europeus a verdade vai-se conhecendo. Em Portugal reina o silêncio»

«A passagem por Portugal de voos da CIA está totalmente documentada. Esta semana revelamos que agentes daqueles serviços estiveram, por diversas vezes, no país enquanto os aviões - de cujos passageiros não se sabe a existência ou a identidade - eram assistidos em aeroportos portugueses. Este trabalho de conta-gotas ou foi realizado pela comunicação social ou por deputados do Parlamento Europeu. Do lado das autoridades portuguesas o silêncio é total

«Diversos governantes, actuais e passados, dizem que nada sabem do assunto. Se for mentira é muito preocupante. Porém, se for verdade é mais preocupante ainda: significa que as autoridades legítimas portuguesas desconhecem o que se passa no nosso território apesar de, aparentemente, ser política da CIA informar os serviços congéneres dos países aliados em que actua.»

«A simples ideia de que a realidade pode ser ocultada, não só do povo como dos próprios governantes, é repugnante. Tanto mais que noutros países, incluindo os EUA, quase tudo foi já reconhecido.»

«A ocultação da verdade não serve ninguém e apenas dá força aos que teimam em ver conspirações por todo o lado. Por muito que custe admitir, a guerra ao terrorismo, como todas as guerras, tem faces obscuras, trágicas, desumanas. Se o nosso papel como aliados nos obrigou ou nos fez partilhar essa face mais suja, é dever daqueles que sabem assumi-lo sem rodeios.»

«Sob pena de a guerra contra o terrorismo se fazer à custa dos nossos próprios valores, à custa dos valores pelos quais faz sentido combater o terrorismo. Entre eles, a transparência, a tolerância, a lei e a verdade.»

«É certo que nem tudo pode ser revelado. Mas insistir em ocultar o que já está praticamente à vista de todos só pode ter muito maus resultados.»


Comentário:

Henrique Monteiro dá-nos neste artigo mais uma prova, se tal fora necessário, de isenção, sensatez e inteligência:

Com efeito, se até mesmo aqueles que raptam, torturam e internam «suspeitos de terrorismo» em campos de concentração, têm a transparência, a tolerância, e a hombridade de assumir as suas práticas obscuras, trágicas e desumanas, porque é que o nosso atlantista ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, anda circunspectamente a fazer caixinha? Será para badalar ainda mais as práticas obscuras, trágicas e desumanas?

Porque se a enorme divulgação, apenas possível com a cumplicidade da administração Bush, das fotografias e vídeos das atrocidades cometidas em Abu Ghraib e Guantánamo, serviram na perfeição para excitar ódios contra o Ocidente, o que se pretenderá agora com toda esta publicidade aos «voos secretos» da CIA, de que o Henrique Monteiro ponderadamente faz eco?

quinta-feira, outubro 05, 2006

Aznar, o nº 3 do “bando dos quatro” das Lajes esteve no «Prós e Contras» na RTP



Expresso – 30 de Setembro de 2006

Texto de Miguel Sousa Tavares

«Fátima Campos Ferreira (muitíssimo bem preparada, como sempre), não resistiu a começar pelo Iraque, perguntando-lhe se hoje ele teria tomado a mesma decisão de então, apoiando sem reservas a desastrosa invasão desencadeada por George W. Bush. A isto, o ex-Presidente do Governo espanhol começou por dar a estafada resposta de que o derrube de um ditador como Saddam Hussein era um bem em si mesmo - um argumento que, a ser tornado doutrina coerente e universal, colocaria para aí uns cinquenta países na lista de alvos a invadir, incluindo alguns cujos ditadores mantêm excelentes relações comerciais e políticas com o Ocidente. Depois, deu a resposta que se esperava: que hoje se sabem coisas que então não se sabia, e que, à luz do que ele sabia então, teria tomado a mesma decisão.»

«Mentira despudorada. Não havia nada que Aznar e o “bando dos quatro” das Lajes (Bush, Blair, Aznar e Barroso) soubessem então que lhes permitisse fundamentar a invasão do Iraque, e o que hoje se sabe de novo é apenas a confirmação de que eles mentiram então, quando disseram que tinham provas e relatórios e informações indesmentíveis. Nenhum dos dois principais argumentos que utilizaram para justificar a invasão do Iraque tinha, na altura, a menor sustentação material: nem a existência de armas de destruição maciça nem o aproveitamento do Iraque como santuário do terrorismo islâmico e especificamente da Al-Qaeda. Em três anos de inspecções, progressivamente consentidas por Saddam Hussein, nunca os inspectores da ONU encontraram rasto de quaisquer armas e até ao fim disseram que não poderiam concluir num sentido ou noutro, se não os deixassem terminar a sua tarefa. Por isso mesmo, e antes que eles concluíssem a tarefa e declarassem que não havia quaisquer armas, é que os Estados Unidos se opuseram à continuação das inspecções, declararam a acusação provada graças às suas próprias informações classificadas e precipitaram o desencadear da guerra, à revelia da ONU. A única “prova” que os americanos apresentaram ao mundo foi um relatório exibido por Colin Powell na ONU (mais tfgrtarde viria a declarar ter sido ele próprio enganado) e que o então ministro dos Estrangeiros francês, Dominique de Villepin, classificou tranquilamente de falso e forjado, sem qualquer réplica de Powell. A menos que se aceite a extraordinária tese então defendida aqui no Expresso pelo arq.º José António Saraiva de que só invadindo é que se poderia saber se havia ou não armas, é evidente que o “bando dos quatro” não dispunha de qualquer «casus belli» que, com um mínimo de seriedade política, permitisse tomar uma decisão tão grave quanto a de invadir um país soberano e cujas consequências - como era de prever e foram previstas por muitos - se viriam a revelar de tal forma trágicas, do ponto de vista humano e político.»


A seguir um curto vídeo (1:55m) bastante esclarecedor sobre as «razões» que conduziram à invasão do Iraque:





Comentário:

Ao que parece, o programa «Prós e Contras» tem muitos mais «Prós» do que «Contras». Faz lembrar uma mediática máquina de lavar que dissolve a sujidade e retira as nódoas mais persistentes.

Até quando vamos aceitar que criminosos venham botar faladura na televisão tendo apenas por contraditório as Fátimas Campos Ferreiras?

E quando será que teremos o prazer de ver o bando dos quatro (Bush, Blair, Aznar e Barroso), serem julgados por genocídio por um qualquer tribunal internacional e serem condenados à forca, como aconteceu no julgamento de Nuremberga, por Crimes Contra a Humanidade?

Quanto às «extraordinárias teses» do José António Saraiva, podem continuar a ser seguidas no tablóide «Sol», sobre o qual o arquitecto afirmou: «dentro de três anos, o Sol será o maior e mais influente semanário nacional».

terça-feira, outubro 03, 2006

Espanha adopta medidas ainda mais rigorosas contra o terrorismo do que o Patriot Act de Bush

Esta informação foi-me enviada por um amigo internauta (C. Brito), o alegado nº 3 do periódico «El País»:

Es bien sabido que los musulmanes fundamentalistas (terroristas en potencia) se oponen al consumo de alcohol y consideran pecado capital, ver una mujer desnuda que no sea la suya.

Por esta razón, apelamos para que el próximo viernes 6 de Octubre, a las once horas, todas las mujeres corran por sus oficinas desnudas; (bancos, oficinas públicas y privadas, comercios, etc.) y que todos los hombres corran detrás de ellas con una cerveza en la mano.









Esto nos ayudará a detectar los terroristas que existen entre nosotros a fin de capturarlos y deportarlos. Aquellos hombres que pusieran cara de asco deberán ser apresados de inmediato; después ya nos encargaremos de hacer los análisis para separar a los maricones de los verdaderos terroristas. El mundo libre y democrático agradece estos esfuerzos en la lucha contra el terrorismo. Esperamos la contribución de todos.

Anexo: Salvo excepciones evaluadas, se deberán abstener del evento (para no perjudicar la investigación) aquellas damas que a la fecha tengan más de 50 años otorgándoseles el día libre.



Comentário:

Para uma maior eficácia do exercício, dever-se-ia fazer o teste do alcoolémia a todos los muchachos. Se alguém apresentasse uma taxa inferior a 1,2 gramas de álcool por litro de sangue despejava-se um carregador de uma magnum "en la cabeza del suspecto", prática utilizada há muito pela civilizada Scotland Yard: «fue abatido por agentes de paisano el brasileño Jean Charles de Menezes, de 27 años, que recibió ocho disparos al ser confundido con un presunto terrorista.»

Ironicamente, presunto em brasileiro significa cadáver: («e colocarem um corpo que reconheceu ser o de seu marido. Não bastasse o seu reconhecimento, ouviu um policial perguntar a outro: "De quem é este presunto?" e como resposta, a afirmação: "Este era o Roque"»).

Em suma, a polícia inglesa, após «aturadas investigações», transformou um inocente «presunto terrorista» (em castelhano), num presunto autêntico (em gíria brasileira). God save Blair, sus amigos transatlánticos y el «terrorismo islamico»!

domingo, outubro 01, 2006

No Abrupto – Pacheco Pereira, um «Proxy» ou apenas as reflexões de um mentiroso?

No Abrupto - LENDO, VENDO, OUVINDO, ÁTOMOS E BITS
de 28 de Setembro de 2006

«Nenhuma cadeia de televisão nacional, nenhuma estação europeia de "serviço público", nenhuma estação séria em todo o mundo passou o documentário Loose Change com excepção da RTP, a julgar pelas referências no artigo da Wikipedia sobre a divulgação do "documentário" conspirativo (*). Várias se lhe referiram, mas sempre dentro de um contexto infomativo sobre teorias da conspiração, como por exemplo fez a BBC. Na lista fica apenas a RTP, um canal de cabo australiano e outro paquistanês. É bom que se perceba, no meio da desinformação e dos baixos critérios de exigência deontológica do canal público, politicamente motivados, por que razão há um problema jornalístico e editorial na forma como o Loose Change foi tratado. Já agora será que a RTP financia um documentário a mostrar que foram homenzinhos verdes que descobriram o caminho marítimo para a Índia? Tenho provas que o governo sempre ocultou...»


Pacheco reproduziu no mesmo post a opinião de um leitor (Miguel Marujo):

"Reformulo palavras suas: «Já agora será que a RTP financia um documentário a mostrar que havia armas de destruição maciça que justificaram um atoleiro? Tenho provas que o governo sempre ocultou...» "

"Julgo que nesta questão um pouco mais de bom senso valeria a pena [a Wikipedia, que pode ser administrada e "actualizada" por qualquer um, agora já não levanta eventuais reservas ideológicas sobre os factos que apresenta?, isto apenas para recordar uma discussão antiga que, se não me falha a memória, também por aqui passou]. Não sou nenhum mentecapto que não saiba "ler" para além do documentário. Mas também sei seguir outros links do artigo da Wikipedia que ajudam a compor outro retrato: os órgãos de comunicação social que falaram do documentário (e que não o podem "publicar") incluem a Time, a Vanity Fair ou a Salon. E outras televisões, como a ABC [que disponibiliza mesmo no seu site um link para o filme!], comentaram o filme (com excertos e dando voz ao realizador)."

"Nisto tudo, estou com Bruno Sena Martins : «Sem avaliações insultuosas à capacidade intelectual de quem quer que seja , vale lembrar que o negacionismo e o voluntarismo inconsequente se irmanam na história da barbárie.»"


Chossudovsky, que Pacheco não refere, aborda também a desinformação:

A componente mais poderosa da Campanha de Medo e Desinformação (FDI) é da responsabilidade da CIA, a qual secretamente subsidia autores, jornalistas e medias críticos por meio de uma teia de fundações privadas e organizações de fachada patrocinadas pela CIA.

A desinformação é rotineiramente "plantada" pelos operacionais da CIA nas redacções do principais diários, revistas e canais de TV. Firmas de relações públicas externas são frequentemente utilizadas para criar "falsas estórias".

Iniciativas de desinformação, sob os patrocínio da CIA, também são canalizadas através de vários "mandatários" (proxies) de inteligência noutros países.



Comentário:

Pacheco, no artigo, coloca a questão: “Já agora será que a RTP financia um documentário a mostrar que foram homenzinhos verdes que descobriram o caminho marítimo para a Índia?”

E eu coloco outra: será a RTP capaz de financiar um documentário a mostrar a origem das notazinhas verdes que sustentam alguns «opinion makers» da nossa praça?