sábado, março 31, 2007

Aquela única maldita explosão diária no Iraque

Ao saber que todo o pessoal da Casa Branca está convencido de que as coisas no Iraque estão a correr bem, Jon Stewart, do Daily Show, quis também saber a opinião de alguém que não participa nas reuniões, a mulher do Presidente, Laura Bush:

Stewart - O que tens a dizer sobre tudo isto Laura?

Laura - Há muitas zonas do Iraque que estão estabilizadas, mas o que vemos na televisão é o único atentado diário que nos desanima a todos.

Stewart - Aquela única maldita explosão... eu sei que é extremamente desanimador teres de assistir na televisão. Sabes onde também é desanimador? No local da explosão.

sexta-feira, março 30, 2007

Ladrões e Milhões!

PT e EDP pagam milhões aos gestores que saem

Diário de Notícias – 30 de Março de 2007

Miguel Horta e Costa, Carlos Vasconcellos Cruz, Iriarte Esteves e Paulo Fernandes, ex-administradores executivos da Portugal Telecom, receberam 9,7 milhões de euros pela não renovação do mandato no ano passado. A informação, avançada no relatório e contas da PT, não discrimina o valor que coube a cada gestor, mas presume-se que o presidente executivo, Horta e Costa, tenha recebido mais. Dividindo o montante total pelos quatro gestores o resultado dá 2,4 milhões de euros a cada.

O valor total das indemnizações pagas pela PT ascendeu a 10,672 milhões de euros, para além do ordenado correspondente aos meses em que desempenharam cargos em 2006. Este total inclui 967 mil euros atribuídos ao presidente não executivo, Ernâni Lopes. O seu mandato não foi renovado e, na actual administração, nomeada para o triénio 2006 a 2008, Henrique Granadeiro acumula a presidência executiva e não executiva.

(...)

Na EDP, empresa onde o Estado é ainda o maior accionista, com 20,5%, os administradores cessantes da equipa liderada por João Talone receberam, em 2006, um total de 6,375 milhões de euros. Desta soma, 824 mil euros correspondem à remuneração fixa dos três meses que estiveram no cargo em 2006. O resto, 5,537 milhões, representa remunerações variáveis pelo cumprimento de objectivos de gestão que incluem o prémio anual em dinheiro e planos de compra de acções, stock options, da própria EDP.

Segundo as contas de 2006 da eléctrica, o anterior presidente da comissão executiva, João Talone, recebeu cerca de 1,3 milhões de euros, dos quais 1,183 milhões foram remuneração variável. O presidente do conselho de administração, Francisco Sánchez, teve direito a cerca de um milhão de euros, que inclui 882 mil euros de prémio em dinheiro e stock options. Em 2005, estes dois gestores tinham ganho 717 mil euros. Os outros cinco administradores executivos saíram com um total de 3,965 milhões.


Comentário:

Como se já não bastasse a situação escandalosa actual dos gestores públicos, o Governo de Sócrates decidiu abrir a porta a indemnizações ainda mais altas a esses ilustres chupistas.

Isto equivale a cuspir na cara dos mais de dois milhões de portugueses que vivem abaixo do limiar da pobreza.

quarta-feira, março 28, 2007

A política dominada pela banca?

No seu livro de 1966 «Tragédia e Esperança» (Tragedy and Hope), Carroll Quigley, professor na Universidade de Georgetown e mentor do Presidente Clinton, escreveu:

Os poderes do capitalismo financeiro têm um plano de longo alcance, nada menos do que criar um sistema de controlo financeiro mundial em mãos privadas capazes de dominar os sistemas políticos de cada país e a economia mundial como um todo.

Este sistema deve ser controlado de uma forma feudal pelos bancos centrais do mundo agindo em conjunto, por acordos secretos conseguidos em reuniões e conferências frequentes.

O cume do sistema deve ser o Banco Internacional de Pagamentos (Bank for International Settlements - BIS) em Basileia, Suíça, um banco privado controlado pelos bancos centrais do mundo que são, eles mesmos, corporações privadas.

Cada banco central... procura dominar o seu governo pela sua capacidade em controlar títulos do tesouro, manipular o câmbio externo, influenciar o nível de actividade económica no país, e influenciar políticos cooperantes por intermédio de recompensas económicas no mundo dos negócios.


Comentário:

Aldrabão nas notas (numa universidade mal amanhada), mas cooperante e submisso com a alta finança?

O certo é que os bancos continuam a pagar apenas 11% de IRC, enquanto as outras empresas pagam 25%. Isto apesar dos lucros escandalosos que aqueles continuam a apresentar trimestralmente.

terça-feira, março 27, 2007

Jornal Expresso – a propaganda do Pentágono repetida "ad nauseum"

Jornal Expresso – 24 de Março de 2007

João Coutinho lamenta a timidez da política externa americana (para combater o terrorismo):

«O 11 de Setembro foi o resultado lógico de quem passara vinte anos em fuga

(...) «É neste contexto que se entendem as palavras de Bush no quarto aniversário da guerra do Iraque. A retirada pode inaugurar um “contágio de violência” que põe em risco a segurança do Ocidente? Pois pode. Aconteceu no passado: quando a cada recuo se sucedeu um avanço; e a cada avanço se sucedeu um novo recuo. Repetir os erros é ignorar a natureza simbólica, e não apenas política ou militar, desta longa guerra com uma doutrina armada. Tocar e fugir, ontem como hoje, não costuma impressionar a besta


Miguel Monjardino exorta os europeus a alimentar o complexo militar-industrial americano (para combater o terrorismo):

«Uma Europa Segura num Mundo Melhor. A Estratégia de Segurança Europeia

(...) «se quisermos mesmo começar a discutir o nosso papel para as próximas décadas temos de pensar em termos estratégicos, ou seja, em objectivos políticos e meios disponíveis. A Estratégia de Segurança Europeia aponta três grandes objectivos para uma Europa que ambiciona vir a ser um actor global - (1) lidar com as ameaças do terrorismo, proliferação de armas não-convencionais, conflitos regionais e estados-falhados, (2) melhorar a segurança na vizinhança da Europa e (3) ajudar a construir uma ordem internacional baseada num multilateralismo eficaz. Estamos a falar de uma visão muito ambiciosa para o nosso futuro.»

(...) «E também estou a falar de meios militares. Isto choca muita gente que ignora aquilo que é preciso ter e fazer para manter coisas extremamente apetecíveis e desejadas como a paz, a liberdade, a segurança e a prosperidade. A dura verdade para as próximas décadas é que uma Europa povoada de países e eleitorados com vocação para Cruz Vermelha e uma visão apenas piedosa das relações internacionais não terá capacidade para defender os seus interesses. Estas são as regras do jogo. Está interessado em participar


José Cutileiro incita-nos à tomada de medidas securitárias (para combater o terrorismo):

(...) «Mas com mais de meio século de defesa assegurada pelo arsenal americano muitos europeus engordaram, passaram a achar naturais o sossego e conforto em que vivem - e talvez não aguentem a pedalada.»

(...) «os riscos do terrorismo islâmico e os da proliferação de armas nucleares ou químicas (os primeiros já sentidos na carne por alguns de nós e exigindo ambos vigilância permanente) convencem governos europeus da urgência de aprofundar a cooperação dos seus tribunais e das suas polícias. Ou, pelo contrário, interesses agrícolas imediatos bloqueiam visão comercial a longo prazo; xenofobia e populismo recusam novos alargamentos; espertezas nacionalistas continuam a impedir a formação de um poder europeu para negociar energia com a Rússia e a entorpecer agilidade intra-europeia na justiça - e a Europa ficará mais pobre e mais fraca.»

segunda-feira, março 26, 2007

Os malefícios da Ota

António Barreto

Jornal Público – 25 de Março de 2007

«A decisão sobre o novo aeroporto é, evidentemente, política. O problema é que deveria ser tecnicamente fundamentada!»

«Uma grande obra! É o sonho de qualquer governante banal. Ou de político achacado de narcisismo. Um monumento espantoso, uma barragem colossal, um aeroporto de encher o olho, uma catedral irrepetível, uma auto-estrada impossível, um "centro do Governo", uma "cidade judicial", um "parque tecnológico", a "maior doca do Mundo" ou o "maior lago artificial da Europa": são as grandes obras! São uma tentação! Permitem ao governante ficar na história. Deixar a sua impressão digital na pátria. Dar nas vistas. Inaugurar. Descerrar uma lápide. Atrair investimentos. Criar emprego. Contentar os grandes construtores e financeiros. Animar o mercado de materiais e de terrenos. É irresistível!»

(...) «Em Portugal, o que é exacto e verdadeiro é técnico. O que é político é imediatamente considerado duvidoso, oportunista e demagógico, destinado a satisfazer clientelas e interesses ocultos e resultado de considerações duvidosas. Fenómeno para o qual os políticos contribuem generosamente. Enquanto assim for, o sistema político e a democracia estão feridos. Só não sabemos se é crónico ou mortal.»


Comentário:

O sistema político e a democracia não estão feridos, estão privatizados. São meros investimentos em recursos humanos com retorno assegurado. Quanto aos incentivos às «grandes obras» podemos colocar de parte o narcisismo, o criar empregos ou o animar dos mercados. Trata-se apenas e só de satisfazer os grandes financeiros, os grandes construtores e outros interesses ocultos, em suma, recompensar com juros os financiadores dos partidos e das carreiras partidárias. As simple as that!

sexta-feira, março 23, 2007

Diz que é uma espécie de engenheiro

Jornal Público – 23 de Março de 2007

O PSD exigiu ao gabinete do primeiro-ministro um "cabal esclarecimento" sobre as falhas no dossier de licenciatura de José Sócrates na universidade Independente, apontadas numa investigação da edição de ontem do público. (...)

Os artigos em causa revelam contradições, omissões e dados trocados nas fotocópias do dossier do ex-aluno José Sócrates, nomeadamente a atribuição de notas diferentes às mesmas cadeiras. mostra ainda versões contraditórias, entre responsáveis da universidade, sobre quem terão sido os docentes do então secretário de estado adjunto do ambiente, bem como sobre a frequência do curso. (...)


Comentário:

Averbar notas diferentes nas mesmas disciplinas, desconhecendo os professores e não saber se terminou o curso com distinção ou se perfez apenas dois ou três semestres com classificações medíocres, gera sentimentos de insegurança académica em qualquer indivíduo.

Não espanta, por isso, a desconfiança do Sr. Sócrates sobre o corpo docente em geral, nem que tenha desvalorizado o facto de 60 mil candidatos terem ficado de fora do concurso de professores. A atribulada carreira escolar do primeiro-ministro justifica em pleno tal atitude.

quarta-feira, março 21, 2007

Ota - O «debate sério» na SIC Notícias

Dada a controvérsia que tem surgido em todos os quadrantes sobre a construção do aeroporto da Ota, tão acarinhado pelo Governo, a SIC Notícias (20/3/2007) decidiu convocar quatro técnicos (não políticos) de alto gabarito para um debate aceso sobre o assunto. Dois a favor e dois contra. No calor da disputa ouviram-se frases tempestuosas como estas:

Paula Alves (a favor): Do meu ponto de vista o aeroporto da Ota é absolutamente irreversível.

António Pessoa (contra): Se não existir, e creio que não existe alternativa à Ota, a Ota é a melhor solução. Porque é a única.

Artur Rabeira (a favor): [Faz sentido fazer estudos sobre outras localidades?] - Não há tempo! Não dá! Não há tempo!

Nunes da Silva (contra): Parece que estamos todos de acordo!


Vídeo - 5:30m

SIC - Debate Ota

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segunda-feira, março 19, 2007

Mário Lino - mentiroso mas comprometido

Ota: PSD exige explicações de Mário Lino no Parlamento

Diário Digital - 19 de Março de 2007

«Objectivamente o ministro faltou à verdade», afirmou o líder social-democrata, Luís Marques Mendes, em declarações aos jornalistas no final de um encontro com responsáveis da Associação Industrial Portuguesa (AIP).

Recordando que o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações disse na sexta-feira à noite no programa «Expresso da Meia-Noite» da Sic Notícias que «tudo o que era estudo sobre a Ota era público», Marques Mendes disse não ser «admissível» que, na manhã seguinte, surja no semanário Sol um relatório da empresa Navegação Aérea de Portugal (NAV) que reprova a localização daquela infra-estrutura.

«É uma contradição séria. Afinal, há um relatório da NAV que levanta sérias objecções ao aeroporto da Ota e que estava fechado a sete chaves», referiu, lamentando que o Governo só «divulgue o que lhe dá jeito».

«O que não convém ao Governo é omitido, escondido», acrescentou, considerando que não «admissível do ponto de vista político» esta contradição entre as declarações do ministro das Obras Públicas e a divulgação do relatório.


Fernando Sobral do Jornal de Negócios também tem as suas suspeitas:
Mário Lino diz que a Ota é um "compromisso pessoal". Está descoberta a terceira via do Governo para um aeroporto que não convence muitas pessoas: é um fantasma perseguido por um ministro. Lino não explica com quem se comprometeu. Se com José Sócrates, se com os portugueses, se com quem vê ali um magnífico terreno para colocar betão.


Comentário:

É difícil saber quem ganha mais com o "compromisso pessoal" do ministro Mário Lino, se os donos dos terrenos ou os empreiteiros que vão fazer a obra. Mas uma coisa é certa: com um investimento superior a três mil milhões de euros, fora as tradicionais derrapagens, existem umas sanguessugas que se preparam para se abotoar com um terço do total em juros de empréstimos. Estes anelídeos têm todo o interesse em consolidar o "compromisso pessoal" do ministro:

sábado, março 17, 2007

O terrorismo neoliberal de Sócrates

Dois anos da "nova política"

São José Almeida - Jornal Público - 17 de Março de 2007

(...) Ao tomar posse em condições de poder inéditas à esquerda, José Sócrates inicia a concretização de um programa político de influência ideológica neoliberal que tem como objectivo desestruturar o papel social do Estado tal como foi construído no pós-guerra (em Portugal, após o 25 de Abril), não só na vertente de garante de direitos democráticos, mas também na da redistribuição de riqueza, numa pressão inédita, numa luta de classes invertida, por forma a retirar poder de compra e qualidade de vida a quem trabalha, a favor do mercado, do capital e da classe dominante que o representa, as elites de gestores e empresários. O resultado tem sido o dumping social dos últimos dois anos.

Esta "contra-revolução neoliberal", como a designou Milton Friedman, que leva à precarização das relações de trabalho, à desregularização social, à informalização da política, está em marcha desde os anos 70 e domina, entretanto, os critérios de orientação da União Europeia. Chega agora a Portugal e é concretizada com um conjunto de medidas políticas, que têm como fio condutor comum a tentativa de desprestígio do papel do Estado e de criação de um novo modelo social em que os ricos são cada vez mais ricos e os pobres aumentam, em relação aos níveis de vida de há algumas décadas. Isto porque, apesar do bolo da riqueza aumentar, as fatias de uns aumentaram de tal forma que as que sobram para os outros são forçosamente mais pequenas.

Passando ao concreto, esta orientação está patente na reforma da função pública, mas também no agravamento geral das condições e do poder de compra da população que, aliás, não têm deixado de engrossar, de manifestação para manifestação, a corrente dos protestos sociais. É, aliás, a percepção dos índices de descontentamento, a noção do risco da "revolta" social, do "motim" - um risco que a história ensina -, que podem ser originados pela radicalidade das mudanças sociais, que estão também na origem do novo espírito securitário, que de repente assolou as políticas de administração interna. Políticas que denotam uma preocupação de controlo de informação (cartão único) e de centralidade policial de admoestação e domesticação da sociedade (desejo do "cidadão transparente"), que podem pôr em causa os fundamentos da liberdade individual, como ela é entendida nas sociedades democráticas, e que não é explicável apenas pelo risco do terrorismo.

A "nova política" está a ser levada a cabo por um partido socialista, membro da Internacional Socialista, que é herdeiro do património da social-democracia, mas que não hesita em medidas que põem em causa a dimensão humana do modelo social europeu e o seu objectivo de preocupação com o bem-estar e a dignidade das pessoas. A começar pela Saúde, onde as reformas em curso não são uma mera optimização, mas que tem como pressuposto - quer o fecho de serviços de urgência, quer de maternidades - não o princípio do interesse do cidadão, mas o da comercialização e da orientação da saúde por critérios economicistas: os que podem tratam-se no privado, os que não podem morrem. (...)


Quem serves tu, Sócrates?

sexta-feira, março 16, 2007

Mistério do 11 de Setembro resolvido

Diário de Notícias – 16 de Março 2007

"Sou responsável pela operação do 11 de Setembro, de A a Z", admitiu Khalid Sheikh Mohammed em Guantánamo. Segundo um relatório ontem divulgado pelo Pentágono, o homem suspeito de ser o cérebro dos atentados de 2001 em Nova Iorque e Washington confessou a um painel de responsáveis militares ser "um inimigo da América".

Além do 11 de Setembro, o ex-número três da Al-Qaeda assumiu a responsabilidade pelo financiamento e organização de 30 outras operações. Da lista, constam a explosão na cave do World Trade Center em 1993 e os atentados de Bali, em Outubro do mesmo ano. Mohammed, de 41 anos, afirmou ainda ter planeado assassinar os ex-presidentes Jimmy Carter e Bill Clinton, além de uma segunda grande vaga de atentados nos Estados Unidos.

A confissão de Mohammed foi recebida com um misto de choque e cepticismo. Para o director da Human Rights Watch, a legalidade tanto do testemunho como da audição é questionável. Citado pelo britânico The Guardian, Kenneth Roth afirmou que as palavras do paquistanês podem ter sido obtidas sob tortura. O correspondente no Médio Oriente da rádio alemã Deutsche Welle vai mais longe. Peter Philipp diz que, com esta confissão, os EUA esperam calar as críticas a Guantánamo.


Comentário:

Até que enfim! Passados quase cinco anos e meio dos atentados do 11 de Setembro o cérebro da operação confessou. Vamos enfim ter as respostas a todas as questões engendradas pelos maluquinhos da conspiração. Khalid vai finalmente explicar-nos:

- Como conseguiu fazer com que nenhum dos terroristas constasse na lista de passageiros dos aviões sequestrados.

- Como é que bloqueou as transmissões entre os controladores de aviação civil (FAA) e a Força Aérea (NORAD), de forma que estes só tardiamente tiveram conhecimento do desvio dos aviões.

- Com que produto é que Khalid sabotou os depósitos de carburante dos poucos caças da Força Aérea que levantaram voo, para que estes só atingissem 20% da sua velocidade máxima e não tenham conseguido interceptar nenhum dos quatro aviões sequestrados.

- Como é que colocou os explosivos necessários para implodir as três torres do World Trade Center, já que o impacto dos aviões e o fogo, por si sós, não explicam a queda vertical dos arranha-céus. O edifício nº 7, de 47 andares, nem sequer sofreu o embate de qualquer avião.

- Como é que interferiu com o sistema de vigilância do Pentágono de maneira a que nenhuma das muitas dezenas de câmaras exteriores de vídeo colocadas no edifício tenha captado o Boeing a embater no prédio da sede da Defesa Americana.

- Como é que conseguiu fazer encolher um Boeing 757 de forma a passar por um buraquito no Pentágono, sem quaisquer sinais do impacto das asas, da cauda ou dos motores.


Vamos finalmente ter respostas para todas estas e outras questões que têm alimentado as mais desvairadas teorias. Os «conspiracionistas» vão ter de procurar outros moinhos de vento para arremeter com as suas fantasias dementes.

quarta-feira, março 14, 2007

Américo Amorim - a parcimónia da rolha

Texto de Miguel Sousa Tavares - Jornal Expresso - 10 de Março de 2007

Cenas do capitalismo português

O que pensará um empresário quando fica a saber que alguns dos que trabalham para si só o fazem porque não têm alternativa de subsistência?

(...) o que Manuel Pinho disse [a propósito da vantagem competitiva da economia portuguesa que lhe adviria dos baixos salários que por cá se praticam], reflecte exactamente o que continua a ser o pensamento dominante em largas camadas do nosso patronato e até dos nossos economistas. Por mais ‘modernização’ invocada, por mais ‘choques tecnológicos’ apregoados, por mais verbas públicas gastas em ‘qualificação’ e formação profissional, há coisas que nunca mudam, como essa fé de tantos empresários de que quanto pior pagarem aos seus trabalhadores, mais próspera será a firma. Uma excelente reportagem da autoria de Raquel Moleiro, saída a semana passada na revista do Expresso veio lembrar exemplarmente esta triste realidade: esse Portugal empresarial ‘profundo’, assente nos baixos salários, na desumanização do trabalho e nos métodos de gestão mais primitivos continua aí, sólido e imutável, mesmo onde se esperaria que fosse sucedendo o contrário.

(...) A segunda [que é controladora de rolhas de cortiça na Corticeira Amorim], depois de mais de vinte anos a trabalhar para a empresa, tem um salário de 527 euros, mais subsídio de refeição, (...) trabalha em pé oito horas por dia, com uma hora de intervalo para almoço, com a função de escolher, entre 100.000 rolhas que lhe passam à frente todos os dias, quais as que têm defeito. É um trabalho digno das sequências célebres dos ‘Tempos Modernos’ de Charlie Chaplin e uma fonte constante de doenças profissionais de toda a ordem. Mesmo assim, foi preciso uma greve para que as escolhedoras de rolhas da Corticeira Amorim conquistassem o direito a ter um intervalo de quinze minutos de manhã e outro à tarde.

Resta acrescentar que a Corticeira Amorim não é uma empresa qualquer no panorama nacional. Domina largamente o negócio da transformação da cortiça, estabelecendo de facto os preços à produção. Pertence a um grupo que está presente em vários sectores da vida económica do país e além-fronteiras e no passado recebeu abundantes verbas do Fundo Social Europeu justamente para qualificar trabalhadores. É propriedade de Américo Amorim, tido como o segundo homem mais rico de Portugal, feito comendador de Mérito Industrial por um ou mais do que um Presidente da República. Volta e meia a imprensa transpira notícias sobre os milhões que ele ou o grupo ganharam em negócios bolsistas sem qualquer riqueza acrescentada - apenas porque o dinheiro faz dinheiro, como explicou Marx. Ou então, publicam-se outras notícias, nem sempre abonatórias, sobre a prosperidade dos seus negócios em Angola, em parceria com a inevitável filha do Presidente José Eduardo dos Santos e seguramente não em benefício da legião de miseráveis que morre de fome ou de doença em Angola, no meio da ostentação de outros.

Não sei se o comendador Américo Amorim terá lido esta reportagem e, em caso afirmativo, como terá sido a sua reacção: terá encolhido os ombros com indiferença, terá ficado incomodado, terá ficado a meditar no assunto, terá concluído que os da Xerox não sabem gerir uma empresa? O que pensará um empresário quando fica a saber que alguns dos que trabalham para si só o fazem porque não têm alternativa de subsistência?


Comentário:

Inicialmente o «comendador» Américo Amorim deve ter ficado eufórico. Mas ao lembrar-se de que vivemos numa sociedade cada vez mais globalizada e competitiva, terá lamentado amargamente o salário de 527 euros, mais subsídio de refeição, que é obrigado a desembolsar mensalmente por uma trabalhadora portuguesa, quando podia fazer a festa por 27 euros por mês e um descafeinado com uma trabalhadora asiática.

domingo, março 11, 2007

Cavaco Silva: "Não há desculpas para adiar"

Jornal de Notícias – 11 de Março de 2007

O presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, considerou, ontem, não existirem, actualmente, "muitas desculpas para adiar o que é necessário fazer" no país.

Portugal projecta hoje, segundo o presidente da República, uma "imagem de estabilidade política" quer no país, como no estrangeiro, existindo, assim, "condições para que se faça aquilo que é necessário fazer para que o país se desenvolva e se modernize". Por isso, entende não haver desculpas para adiamentos.


Graça Franco, jornalista, subdirectora de Informação da Rádio Renascença, crónica no "Público" de 23 de Fevereiro de 2007:

" (...) Voltando ao desemprego, a sua verdadeira dimensão social vai muito para além dos assustadores 8,2 por cento da taxa de desemprego trimestral revelados pelo INE. Se aos mais de 458 mil desempregados "oficiais" somarmos todos aqueles que estariam dispostos a trabalhar, mas não procuraram activamente emprego (ou seja, os que já desistiram de o procurar...) e ainda os que, na semana anterior ao inquérito, trabalharam, menos de 15 horas (sobrevivendo de uns míseros biscates), chegamos à conclusão de que, afinal, são mais de 612 mil os que não encontram lugar no mercado de trabalho - isto é, há quase 11 por cento da população activa desaproveitada.


TVI - 31/1/2007:

O ministro da Economia, Manuel Pinho, apelou, esta terça-feira, ao investimento chinês em Portugal. O ministro sublinhou, à laia de argumento, que os custos salariais em Portugal são inferiores à média da União Europeia e têm uma menor pressão de aumento do que nos países do alargamento.

«Portugal é um País competitivo, em termos de custos salariais. Os custos salariais são mais baixos do que a média dos países da União Europeia e a pressão para a sua subida é muito menor do que nos países do alargamento», sustentou.


Comentário:

Portanto, ó Aníbal, explica lá que medidas inadiáveis são essas que é necessário tomar, para as quais temos vindo a inventar desculpas, a fim de que o país se «desenvolva e modernize»?

Existem mais de 600 mil desempregados, dos quais 42 mil são licenciados. Temos os custos salariais mais baixos da União Europeia (antes do alargamento). E, segundo o ministro Manuel Pinho, temos sindicatos fracos sem poder reivindicativo.

O que é que nos falta ainda, Aníbal? O que é que te parece tão inadiável, Cavaco? Que reformas necessárias são essas que sugeres, Silva?

sexta-feira, março 09, 2007

Ota: «Estão a mentir-nos»

PortugalDiario – 8/3/2007 - Patrícia Pires

Eram tantas as vozes a criticar a Ota, que resolveu juntar, em livro, a opinião de especialistas. Conclusão é clara: novo aeroporto de Lisboa apresenta deficiências, sob uma «campanha de desinformação total»

O interesse pela Ota nasceu há pouco tempo e Mendo Castro Henriques deixou-se seduzir pela grande oposição em torno do novo aeroporto de Lisboa. «A comunidade científica tomou uma posição de cidadania - contra - e isso é uma novidade», confessa ao PortugalDiário.

Quanto mais falava com engenheiros, geólogos ou ambientalistas mais este director do Instituto de Defesa percebia que «a Ota é um caroço muito desagradável, quase um tumor. Por todas as deficiências e desvantagens que apresenta em relação à Portela e às outras possibilidades de localização» a Ota parece-lhe que devia ter sido a última escolha. «Porquê esta fixação na Ota?», pergunta.

«Estão a vender-nos uma mentira e é preciso que as pessoas saibam isso», acusa o professor. Há especialistas que defendem que «a saturação da Portela é uma campanha de desinformação total e que esta tem possibilidades de expansão» continua

«Na Ota conseguiu-se fazer tudo errado, o que só mostra os interesses brutais que estão lá e aqui para a urbanização da Portela».

(...)

O professor reconhece que é preciso um novo aeroporto para Lisboa, no entanto defende que os avanços «quer de gestão, quer de tecnologia mudaram o transporte aéreo» e podem levar a outras escolhas. «Há cinco anos não se pensava que os motores dos aviões iam ser silenciosos. E há 5 anos ninguém fazia ideia da expansão das companhias Low-cost».

«Há estudos alternativos para o Montijo, Tires, Sintra, Rio Frio, Beja. Podem ser aproveitados». No fundo o que "incomoda" o professor é o facto de «terem sido tomadas decisões ao longo anos, ao arrepio de todos os pareceres técnicos ou mesmo sem pareceres técnicos».



Porquê a mentira, Sócrates?

quarta-feira, março 07, 2007

Ataque terrorista a Nova Iorque com armas de pestilência maciça

Há umas semanas atrás, Nova Iorque acordou com um cheiro estranho nas ruas. Previdentes e fieis à sua política do medo, os media americanos colocaram imediatamente a hipótese de um ataque terrorista. Jon Stewart do Daily Show comenta a ameaça com humor:

CNN: Este cheiro a gás espalha-se por toda a cidade...

Fox News: Poderá ser uma ataque terrorista?

Fox News: Haverá a possibilidade de asfixia por monóxido de carbono?

Fox News: Será uma tentativa de usar um material fétido para atacar as pessoas?


Vídeo – 1:24m

DS - Mau cheiro em Nova Iorque

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segunda-feira, março 05, 2007

Sócrates, os projectos PIN e o saque de Portugal

Texto de Miguel Sousa Tavares - Jornal Expresso - 3 de Março de 2007

Interesse nacional ou o saque de Portugal

(...) Crescimento sustentado, como o seu nome indica, significa, no caso, que não pode haver construção ou actividades permitidas que não tenham capacidade de sustentação local nos recursos naturais ou fornecidos pelo homem. E isso faz-se com estudos e, a seguir, com planos. Nós temos planos, de facto: muitos, às vezes demasiados, quase sempre em revisão. Só que os nossos planos são intencionalmente pouco claros, são elaborados com intenções ocultas e com batota (é a própria entidade que quer promover os empreendimentos que faz o estudo de impacte ambiental, por exemplo) e, sobretudo, uma vez feitos, logo aparecem leis a abrir excepções. Um mau Plano de Ordenamento Territorial é melhor do que plano algum; mas um plano que consente excepções às regras, a definir casuisticamente, é um queijo suíço cujo resultado final é vedar aos pequenos e pobres e consentir aos grandes e ricos, com influências políticas para vencer ou dinheiro para corromper, se necessário.

Com o Governo presidido pelo eng.º José Sócrates (que, nunca é demais recordá-lo, já foi ministro do Ambiente, embora agora assobie para o ar, fingindo não ver o que se passa), foi inventada a ‘solução final’ para acabar de vez com qualquer resquício de planeamento territorial e adoptar livremente o fartar vilanagem, que tantas fortunas instantâneas, tantos comendadores de mérito e tantos generosos contribuintes dos partidos tem dado ao país. São os chamados ‘Projectos PIN’ (PIN significa ironicamente Projecto de Interesse Nacional). E o que é um ‘Projecto PIN’, em matéria imobiliária? É aquele através do qual alguém que pretende construir em zona vedada à construção apresenta um projecto megalómano, invariavelmente definido como ‘amigo do ambiente’ e cheio de ‘zonas verdes’ que são campos de golfe, prometendo ainda criar uns milhares de postos de trabalho (sem distinguir, obviamente, aqueles que se referem à construção e os que sobrarão no final, e sem dizer igualmente que os ditos postos de trabalho não serão preenchidos por portugueses, que preferem a segurança do subsídio de desemprego, mas sim por brasileiros, angolanos, romenos, marroquinos ou ucranianos). Munido deste ‘ambicioso’ plano e destas excelentes intenções, o ‘empresário’ bate à porta do dr. Basílio Horta, presidente da API, que o recebe entusiasticamente, classifica o seu projecto de PIN e o remete para o dr. Manuel Pinho, ministro da Economia, que logo aprova a classificação de PIN, sem sequer se incomodar a ouvir a opinião do eng.º Nunes Correia - um fulano que dá pela alcunha de ministro do Ambiente e que anda muito ocupado a tentar evitar que o mar chegue a um restaurante nas dunas da Costa de Caparica, enquanto que, e graças à sua colaborante distracção, milhares de metros de construção se preparam para chegar às dunas de muitas outras praias.

Dos cerca de vinte projectos PIN já aprovados assim, mais de metade referem-se a empreendimentos turísticos e todos eles, sem excepção, vão ser instalados em zonas onde, de acordo com os tais planos, a construção está vedada: Reserva Agrícola, Reserva Ecológica, Rede Natura 2000. Imaginem só o negócio fabuloso: terrenos que são comprados por tuta e meia, porque não podem ser urbanizados, e que, depois, graças à milagrosa chancela PIN, são urbanizados e comercializados a preços justificados por «slogans» do tipo “venha viver numa Reserva Natural!”. Um só negócio destes, e um tipo não precisa de fazer mais nada a vida toda - e ainda acaba condecorado por servir o ‘interesse nacional!’ Não sei se já repararam, mas desde que os PIN estão em vigor, nunca mais se ouviu um protesto nem um lamento dos autarcas do Algarve, do litoral alentejano ou das margens de Alqueva, e dos empreendedores imobiliários turísticos. (...)


Comentário:

Se, como afirma Miguel Sousa Tavares, com «um só negócio destes, um tipo não precisa de fazer mais nada a vida toda», que dizer dos tipos que estão no Governo e que chancelam estes negócios. Escaparão também eles a uma vida de privações e vicissitudes?


Escaparão, Sócrates?

sábado, março 03, 2007

Os desafios do neoliberalismo



Não resisti a surripiar este estupendo cartoon ao Xatoo


Os desafios da «nova economia» num mundo cada vez mais «competitivo e globalizado» parecem dar razão ao personagem do cartoon. A prová-lo, mais esta tragédia, desta vez no Seixal:


Jornal Público - 28/2/2007

Seixal: encerramento da fábrica Alcoa deixa 480 pessoas no desemprego

A fábrica de componentes automóveis Alcoa, no Seixal, encerrou hoje, colocando no desemprego 480 trabalhadores, na sua maioria mulheres. A empresa trocou Portugal pela Hungria, depois de 40 anos no país.

...a empresa terá sido recolocada na Hungria devido aos valores salariais mais baixos praticados naquele país, reduzindo em dois cêntimos o preço de cada cablagem produzida.

Os 480 funcionários da empresa foram alvo de um despedimento colectivo, recebendo, cada um, dois meses de ordenado por cada ano de casa, além de a comissão de trabalhadores ter conseguido acrescentar a esse valor um subsídio individual de mil euros.