quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Jon Stewart: Na América deixámos de sacrificar as liberdades civis na guerra contra o terrorismo. Foi Obama quem o disse…


No Daily Show, Jon Stewart mostra-se, neste vídeo, sarcasticamente optimista quanto às promessas de liberdades civis anunciadas por Barack Obama. Este afirmara numa conferência de imprensa que Guantánamo seria encerrada dentro de menos de um ano.

Jon Stewart: Um ano? Não quero ser idiota, mas… é preciso empacotar muita coisa para fechar? Há lá um colchão, alguns Alcorões… Digo-te, a Moiches (empresa de mudanças) faz isso numa tarde.


Num número de ventriloquismo, Stewart entabula um diálogo com o boneco Gitmo [um prisioneiro de Guantánamo]

Jon Stewart: Com mais informações sobre o encerramento desta prisão infame, temos o nosso homem no interior da prisão, o detido de Guantánamo, Gitmo. Muito obrigado por estares connosco, Gitmo, tu já estás preso em Guantánamo há algum tempo. Deve ser um dia feliz para ti.

Gitmo: Gitmo não estar muito satisfeito. Terem dito a Gitmo muitas vezes que ele vai voltar para casa. Gitmo saber ser uma técnica para abalar o Gitmo.

Jon Stewart: Não! A sério, Gitmo, é verdade! O presidente Obama já começou a encerrar Guantánamo. Até já acabou com as técnicas de interrogatório avançadas.

Gitmo: A sério? Então porque é que Gitmo ainda ter mão enfiada no rabo?

Jon Stewart: Gitmo, finalmente estamos a tentar fazer o que está certo.

Gitmo: Está bem. Gitmo dar-vos benefício da dúvida. Mas para onde enviam Gitmo? Não poder libertar Gitmo. Gitmo ser louco agora.

Jon Stewart: Gitmo, ainda estamos a tratar dos pormenores. Mas é uma nova era, Gitmo. Na América deixámos de sacrificar as liberdades civis na guerra contra o terrorismo. O presidente Obama disse isso.

Gitmo: Sim! Gitmo adorar presidente Obama! Finalmente Gitmo ver promessa da América! É um novo começo para todos nós! Sim!

Jon Stewart: Ainda bem que sentes isso, Gitmo. Acho que ultrapassámos a crise. Sabem disso, certo?

Gitmo: Sabes, Gitmo e os amigos de Gitmo continuam a querer matar-vos. Queremos destruir o vosso estilo de vida.

Jon Stewart: Sim, nós sabemos, Gitmo, mas com estes abusos às nossas liberdades, estamos a fazer isso por vocês.

Gitmo: Não estão seguros… Não querem estar seguros?

Jon Stewart: Gitmo, não existe segurança! Façamos nós o que fizermos, a nossa segurança não está garantida. É esse o preço a pagar por uma sociedade livre. Finalmente vamos fazer o que está certo.

Gitmo: Sou muito assustador…

Jon Stewart: Gitmo, isto não tem nada a ver contigo. Não podes definir-nos. Trata-se de não deixar que o medo faça isso.

Gitmo: Correio! [Gitmo entrega uma carta a Jon Stewart que a abre e donde sai um pó branco].

Jon Stewart: Isto é antrax?

Gitmor: Não... Açúcar em pó. Mas não querem bisbilhotar o correio de toda a gente agora?

Jon Stewart: Não. Podemos salvaguardar-nos bem com tácticas inteligentes e legais.

Gitmo: Deixo-vos em paz se me arranjarem virgens…


Vídeo legendado em português:

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Status Quo - Frangos, Armandos e quejandos

O título do post é uma 'private joke'. O conteúdo é uma espécie de explicação para a manutenção do 'Status Quo' político, económico, social e cultural. Ou seja, a atitude pouco reflectida de um grande número de pessoas sobre uma determinada 'realidade' que, embora mal compreendida, é aceite sem contestação e que teima em permanecer nos espíritos.

Penso, faço e voto assim, porque "foi sempre assim" e toda a gente "pensa da mesma forma que eu".

Coloque numa jaula cinco macacos.

Na jaula, pendure uma banana com uma corda perto do tecto e ponha umas escadas que permitam chegar à banana. Não demorará muito até que um macaco se dirija às escadas e comece a subi-las para apanhar a banana.

Assim que ele que ele toque nas escadas, lance um jacto de águia fria sobre todos os macacos.

Passado um bocado, outro macaco tentará subir as escadas para ir apanhar a banana, e a resposta será a mesma – todos os macacos levam com um jacto de água fria. Repita-se esta experiência durante vários dias.

Passada uma semana, se um macaco tentar subir as escadas, os outros macacos vão tentar impedi-lo de o fazer, mesmo que já não levem um banho de água fria.

Agora, retire um dos macacos da jaula e substitua-o por um novo.

O novo macaco vê a banana e quer subir as escadas. Com espanto e medo, vê que todos os outros macacos o atacam. Depois de outra tentativa e outro ataque, o novo macaco fica a saber que se tentar subir as escadas, será agredido.

Dias depois, retire outro dos cinco macacos originais da jaula e substitua-o por outro novo. O recém-chegado dirige-se para as escadas e é atacado pelos outros. Mesmo o anterior recém-chegado participa na punição com entusiasmo.

Substitua o terceiro macaco original por um novo. Este tenta ir para as escadas mas é também atacado. Dois dos quatro macacos que lhe bateram não tinham ideiam nenhuma porque é que não lhes era permitido subir as escadas, ou porque é que participavam na tareia do último macaco a chegar à jaula.

Depois de substituírem o quarto e o quinto macacos originais, todos os macacos que tinham levado com um jacto de água fria tinham sido substituídos. No entanto, nenhum macaco se voltou a aproximar das escadas.

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E é por isso que os defensores do Status Quo, não obstante tudo o que sabe do primeiro-ministro, continuam a pensar que não existe alternativa credível a Sócrates para a liderança política deste rectângulo à beira-mar plantado.


- Mesmo sabendo que Sócrates é o tal que, então a trabalhar na Câmara da Covilhã, assinou os polémicos projectos concelho da Guarda nos anos oitenta, 23 dos quais aprovados em tempo recorde, e que vão ser investigados pelo Ministério Público e pela Polícia Judiciária.

- Mesmo sabendo que Sócrates é o tal que viabilizou, a menos de um mês das autárquicas de 2001, o empreendimento projectado pela Pluripar SGPS para 125 hectares do Vale da Rosa, em Setúbal, que implicou o abate de cerca de um milhar de sobreiros e que, como precisou a PGR, "podem tipificar em abstracto crimes de prevaricação, corrupção passiva para acto ilícito, participação económica em negócio ou abuso de poder".

- Mesmo sabendo que Sócrates é o tal que se licenciou numa Universidade que foi fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo.


- Mesmo sabendo que Sócrates é o tal que nas auto-estradas que constrói, leva o acelerador sempre a fundo se o que está em causa é derreter o dinheiro dos contribuintes.

- Mesmo sabendo que Sócrates é o tal que anda a usar o dinheiro de quem trabalha e paga impostos para proporcionar os grandes negócios dos escandalosamente ricos, através de sucessivas empreitadas de obras públicas quase todas ruinosas.

- Mesmo sabendo que Sócrates é o tal que criou os projectos PIN para dar cabo da costa alentejana e do que resta do Algarve.

- Mesmo sabendo que Sócrates é o tal que foi o principal impulsionador do Euro-2004, "um desígnio nacional", e para o qual desatámos a construir estádios habitados por moscas que custaram mais de mil milhões de euros de investimento público total.

- Mesmo sabendo que Sócrates é o tal que na apresentação dos projectos da Ota e do TGV, no meio de grandes jogadas feitas na sombra, todos vimos os empresários de obras públicas e os banqueiros que irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos e a quem o grande dinheiro a agradece e aproveita.

- Mesmo sabendo que Sócrates é o tal de quem muita gente suspeita de ter recebido luvas no caso Freeport, com tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões, e onde houve invulgaridades no processo de licenciamento e despachos ministeriais a três dias do fim de um governo.

- Mesmo sabendo que Sócrates é o tal que utiliza dinheiros públicos para acorrer ao salvamento de negócios bancários irresponsáveis e inviáveis, como o BPP ou o BPN.

- Mesmo sabendo que Sócrates é o tal que dá avales de 20 mil milhões de euros de dinheiros públicos a uma banca que regista lucros diários de mais de três milhões de euros (em 2008).

- Mesmo sabendo que Sócrates é o tal que mantém o IRC pago pela banca em menos de metade (12%) do que pagam as restantes empresas (25%) e recusa qualquer explicação para esse facto.


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E é também por isso que os defensores do Status Quo, não obstante as inúmeras contradições do "Holocausto Judeu", continuam convencidos que morreram seis milhões de judeus no holocausto, a maior parte nas câmaras de gás nazis. Como poderiam alguma vez duvidar se os filmes de Spielberg são tão realistas... E se a épica mini-série «Holocausto», que passou em todos os ecrãs, foi vencedora de tantos prémios, incluindo 8 Emmys e 2 Globos de Ouro...

- Mesmo sabendo que o judeu Elie Wiesel, Prémio Nobel da Paz em 1986 e a quem o Primeiro-ministro israelita Ehud Olmert propôs em 2006 o cargo de Presidente do Estado de Israel, nunca ouviu falar de câmaras de gás ou gaseamentos de prisioneiros nos dez meses que passou como prisioneiro em Auschwitz (tal como descreve no seu livro autobiográfico «Noite»).

- Mesmo sabendo que, como é descrito no
Jewish Virtual Library: «As condições no campo de concentração nazi de Bergen-Belsen eram boas atendendo aos padrões dos campos de concentração e a maioria dos prisioneiros não era sujeita a trabalhos forçados. E que em Março de 1944, Belsen foi renomeado um Ehrholungslager [Campo de Convalescença], para onde eram trazidos os prisioneiros de outros campos de concentração, demasiado doentes para trabalhar.

- Mesmo sabendo que nas
três das mais conhecidas obras sobre a Segunda Guerra Mundial: «Cruzada na Europa» do General Eisenhower, «A Segunda Guerra Mundial» de Winston Churchill, e o «Memórias da Guerra» do General de Gaulle, não existe uma única referência às câmaras de gás nazis , ao genocídio de judeus, ou às seis milhões de vítimas judaicas da Segunda Guerra Mundial.



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E é igualmente por isso que os defensores do Status Quo, não obstante a lógica, a física, as provas e os testemunhos em contrário, continuam convencidos que foram os maltrapilhos de Bin laden a derrotar a mais poderosa Força Aérea do planeta a 11 de Setembro de 2001. Pois se os jornais e as televisões são unânimes em afirmá-lo...

- Mesmo sabendo que Boaventura de Sousa Santos, doutor em sociologia do direito pela Universidade de Yale e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, tenha afirmado que: «o intenso debate em curso sobre a verdadeira causa do ataque às Torres Gémeas (estaria o governo envolvido?), sobre o colapso das Torres (resultado do impacto ou de explosivos pré-posicionados nos andares inferiores?) sobre o ataque ao Pentágono (avião ou míssil?). O debate envolve cientistas credíveis e cidadãos do "movimento para a verdade do 11 de Setembro", e ocorre quase totalmente fora dos grandes media e sem a participacao de jornalistas.»

- Mesmo sabendo que o ex-Presidente Italiano,
Francesco Cossiga, veio a público falar sobre os atentados do 11 de Setembro, afirmando, num dos mais respeitados jornais italianos, que os ataques foram executados pela CIA e pela Mossad e que esse facto era do conhecimento geral entre os serviços de informações a nível global.

- Mesmo sabendo que o
Parlamento japonês acusou a Administração Bush de estar por detrás dos atentados de 11 de Setembro de 2001.
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sábado, fevereiro 21, 2009

Robin Who? - A saga de roubar aos Contribuintes para dar aos Bancos

Miguel Sousa Tavares, que há duas semanas atrás, concordando com José Miguel Júdice, avisou que: «[caso Sócrates seja derrubado] Portugal torna-se ingovernável e deixa até de reunir condições para existir, enquanto país independente», vem agora, quinze dias depois, referir-se ao primeiro-ministro como: "O Robin dos tolos".




Jornal Expresso - 16/02/2009




O Robin dos tolos

[...] Agora, chegou a vez da campanha contra os 'ricos', com a qual José Sócrates espera tocar a reunir toda a esquerda em volta deste seu Robin Hood - o mesmo, o mesmíssimo, que andou e anda a usar o dinheiro de quem trabalha e paga impostos para proporcionar os grandes negócios dos escandalosamente ricos, através de sucessivas empreitadas de obras públicas, algumas inúteis, quase todas ruinosas.

- Não incomoda o socialista José Sócrates que a Caixa Geral de Depósitos, o banco público, tenha andado a financiar com centenas de milhões de euros operações de pura especulação bolsista e agora, não conseguindo cobrar os créditos, poupe o património pessoal dos devedores (como não faz a quem se tenha endividado para comprar um T1) e lhes dê condições de renegociação da dívida que são um privilégio escandaloso.

- Não incomoda o socialista José Sócrates que o seu ministro Mário Lino gaste meio milhão de euros em festas de inauguração de cada novo troço de auto-estrada.

- Não incomoda o socialista José Sócrates que os dinheiros públicos sirvam para acorrer ao salvamento de negócios bancários irresponsáveis e inviáveis, como o BPP ou o BPN, em lugar de os deixar afundar, como, além de mais, o exigia a credibilidade do mercado.

- Não incomoda o socialista José Sócrates que o que resta do património natural ainda preservado do país seja vandalizado ao abrigo dos projectos PIN e com a chancela de interesse público dada pelo Governo.

Não. O que incomoda o socialista José Sócrates é que os 'ricos', como ele lhes chama (isto é, a ínfima minoria que declara os seus rendimentos e paga 42% de IRS, em lugar de criar empresas fictícias para lá enfiar despesas pessoais ou abrir contas em offshores estrangeiras), possam deduzir com a saúde ou a educação as quantias que o próprio Governo definiu como razoáveis. Vai, pois, conforme anunciou, subir ainda mais o IRS para quem mais paga e cumpre, para o 'redistribuir' pela 'classe média' - contas feitas, e se alguma vez devolver dinheiro a alguém, parece que caberão quatro euros a cada representante da 'classe média'. Eis o socialismo, tal como José Sócrates acaba de descobrir. Dá vontade de ir pagar impostos para outro lado...

Acredito que nem José Sócrates nem Teixeira dos Santos imaginaram que a bola de neve que começou a rolar suavemente há um ano pudesse degenerar na avalancha que agora nos engoliu. Nisso, estiveram, aliás, acompanhados por todos os dirigentes políticos e gurus económicos do planeta inteiro. Mas quando se tornou evidente, aí há uns quatro meses, que o vendaval originado nos Estados Unidos iria varrer tudo, o PM e o ministro das Finanças perderam o controlo emocional da situação. O aval do Estado dado às operações de refinanciamento da banca foi uma medida adequada, feita sob pressão imediata. Mas o auxílio pressuroso e não ponderado ao BPN e depois ao BPP foi um tiro monumental no pé. A menos que ocorra um milagre não previsto nos livros, o que vai acontecer é que o Estado gastou uma fortuna irrecuperável para tentar salvar o que não tinha nem merecia ter salvação possível. Mas não foi apenas como medida financeira que essa decisão se revela, a cada dia que passa, desastrosa. Foi o exemplo que ficou, uma espécie de pecado original sem remissão possível: perante uma crise cuja principal causa foi a ganância e a a irresponsabilidade de alguns banqueiros, o Governo, em lugar de aproveitar para seleccionar logo o trigo do joio, preferiu jogar o dinheiro dos contribuintes para tapar provisoriamente buracos de negócios de vão de escada. E agora, como é óbvio, todos se sentem no direito de reclamar que ele acorra a tudo, ao que presta e ao que não presta, ao que tem viabilidade e ao que não tem.

Prisioneiro político desta tremenda asneira inicial, sinto que o Governo navega à vista, enfrentando a crise sem bússola e sem rumo. Incapaz de pensar, marra em frente, recusando-se a arrepiar ou alterar caminho no que quer que seja - como nos faraónicos e inúteis projectos de obras públicas com que entusiasticamente nos ameaça. Confunde a dúvida legítima com a hesitação e teme o preço político a pagar se der sinais de indecisão. Visivelmente nervoso e tenso, Sócrates não quer reflectir nem ser contrariado. Abre a televisão e vê todos os dias centenas de novos desempregados desesperados, vê as imagens chocantes dos milhares de sobreiros (um dos verdadeiros clusters de futuro da nossa economia), derrubados para a urbanização do Vale da Rosa, em Setúbal (viabilizada por despacho do próprio Sócrates, quando ministro do Ambiente), e concluí pela fuga em frente. Acredita que o eleitorado interiorizou que a culpa da crise é da direita dos negócios e vai ser preciso um salvador vindo da esquerda. Ei-lo.

Se não pode impedir o crescimento do desemprego, se não quis e não quer enfrentar o poder do grande capital, resta ao socialista Sócrates rapar no caldeirão da demagogia: eutanásia, casamento de homossexuais, Robin Hood fiscal, e, para acabar, senhoras e senhores, tomem lá outra vez com a ameaça da Regionalização - essa medida 'socialista' tão cara ao aparelho do PS.

Eu penso que José Sócrates está a ver mal as coisas: os portugueses têm muitos defeitos, mas nunca foram politicamente tolos.




Comentário:

Este Sousa Tavares, que agora se refere a Sócrates como o Robin dos tolos, é o mesmo que há 15 dias atrás avisou que «derrubado Sócrates, o país ficará entregue à deliquescência». E, também, concordando com José Miguel Júdice: «Portugal [na falta de Sócrates] torna-se ingovernável e deixa até de reunir condições para existir, enquanto país independente».

Acrescenta agora o genial autor do romance 'EQUADOR': «O aval do Estado dado às operações de refinanciamento da banca foi uma medida adequada, feita sob pressão imediata

Mas os neurónios, as sinapses e os guizos que chocalham no crânio do conceituado romancista não se sentem incomodados pelo facto dos Bancos privados terem lucrado mais de 3,3 milhões de euros por dia no ano 2008, donde, não haver qualquer necessidade de refinanciamentos ou avales de 20 mil milhões de euros, muito pelo contrário:


Jornal de Notícias – 29/1/2009: O Banco Espírito Santo (BES) obteve um lucro de 402,3 milhões de euros no exercício de 2008...


Agência Financeira – 23/1/2009: Os lucros consolidados do BPI foram, em 2008, de 150,3 milhões de euros...



Açoriano Oriental – 13/2/2009: O Millennium bcp terá registado lucros de 189,4 milhões de euros em 2008...



Jornal de Notícias – 5/2/2009: O Santander-Totta obteve um lucro de 517,7 milhões de euros em 2008...

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Tivesse Oliveira e Costa desviado do BPN uma quantia um milhão de vezes inferior e o desfecho poderia ter sido fatal

Se, por infelicidade, o ex-presidente do Banco Português de Negócios, Oliveira e Costa, ao invés de 1.800 milhões de euros tivesse desviado apenas 1.800 euros, quantia um milhão de vezes menor, o resultado poderia ter sido bem mais funesto.


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O assalto de 7 de Agosto de 2008 à dependência bancária do Banco espírito Santo em Campolide, Lisboa, culminou na morte de um dos dois sequestradores. Ainda antes da entrada dos elementos da PSP, ouviram-se tiros disparados por 'snipers' do Grupo de Operações Especiais. Um assaltante morreu e o outro ficou ferido em estado grave.


Diário de Notícias

Acção da PSP foi 'aviso' ao crime

O desfecho do assalto à dependência do BES, em Campolide, em Lisboa, foi considerado por muitos como um "aviso" ao mundo do crime e aos criminosos. Fontes policais contactadas pelo DN afirmam mesmo que "este acto deve ser entendido como um reforço da autoridade policial". Pelo lado da banca, a mensagem terá sido entendida da mesma maneira. A partir de agora, "quem se aventurar numa situação destas pensa duas vezes", comentaram ao DN fontes de várias instituições.

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Quem não se sentiu minimamente avisado nem terá pensado duas vezes foi o ex-Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Oliveira e Costa. O ex-governante terá alegadamente desviado cerca de 1.800 milhões de euros do Banco Português de Negócios (BPN), do qual era presidente.

Oliveira e Costa, ex-presidente do BPN, em prisão preventiva


RTP - 5/2/2009

O antigo presidente executivo do Banco Português de Negócios (BPN) José Oliveira e Costa vai permanecer em prisão preventiva, decidiu esta quinta-feira o Tribunal da Relação de Lisboa, que considerou a medida de coacção "proporcional e adequada".

O juiz de instrução criminal Carlos Alexandre decretou a prisão preventiva "por considerar fortemente indiciada a autoria dos ilícitos (...) e verificados os perigos aduzidos pelo Ministério Público".

O inquérito criminal coordenado pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal incidiu sobre "factos susceptíveis de integrarem a prática de crime de burla qualificada, abuso de confiança agravado, fraude fiscal qualificada, falsificação, infidelidade, aquisição ilícita de acções e branqueamento de capitais".


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Como se já não bastasse o gesto impensado do presidente do BPN, Oliveira e Costa, são ainda arrastados para este lamaçal os nomes de Vítor Constâncio, que, sem se perceber porquê, não supervisionou, e do ministro Teixeira dos Santos, que, incompreensivelmente, nacionalizou:


Os rácios de 9 por cento de Constâncio:

DianaFM - 25/9/2008

Vítor Constâncio defende Banco de Portugal no caso BPN e denuncia "linchamento do supervisor"

"O Banco de Portugal tem sido alvo de calúnias", disse ainda o governador, lamentando que ele próprio esteja a ser alvo de uma "perseguição profissional". "Temos sido alvo de acusações caluniosas e totalmente injustas", denunciou, lembrando que "não descobrir operações ocultas não significa que tenha existido falha na supervisão". "É bom que os portugueses continuem a confiar no Banco de Portugal, onde nunca houve suspeitas de corrupção ou de fraude", acrescentou o responsável. Vítor Constâncio garantiu ainda que nenhum banco foi tão seguido de perto pelo supervisor como o BPN, ao longo dos últimos anos, com inspecções periódicas e critérios mais exigentes. Prova disso é que "o BPN foi o único banco a que o Banco de Portugal impôs rácios de capital de 9 por cento, em 2000, quando o mínimo legal era 8 por cento", disse Vítor Constâncio.

O governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, rejeitou qualquer responsabilidade em relação ao que aconteceu no BPN, afirmando que não se demitirá.

"Nada me pesa na consciência em termos de ter cometido qualquer acto para ter contribuído para esta situação", afirmou Vítor Constâncio.



E as imparidades de Teixeira:

RTP - 5/2/2009

Teixeira dos Santos - Imparidades "reforçam argumento da nacionalização"

Em resposta às críticas dos deputados sobre as opções do Executivo para o Banco Português de Negócios e o Banco Privado Português, o ministro das Finanças sustentou que o montante das imparidades detectadas pela actual equipa de administração do BPN "reforça o argumento da nacionalização".

Os administradores nomeados pela Caixa Geral de Depósitos encontraram imparidades no valor de 1.800 milhões de euros, o que, alegou Teixeira dos Santos, "revela bem quão grave era a situação financeira do banco e justifica a oportunidade e a razão da sua nacionalização".



Comentário:

Na sequência do assalto à dependência do Banco Espírito Santo (BES), que poderia ter talvez rendido mil e tal euros, um brasileiro foi morto com um tiro na cabeça por um operacional dos GOE.

Na sequência do assalto ao Banco Português de Negócios (BPN), que terá rendido 1.800 milhões de euros, um ex-governante calcorreará livremente os tribunais durante meia dúzia de meses, até à completa prescrição do processo.

Fica entretanto por apurar se com a nacionalização do BPN, e entre rácios e imparidades, não terá igualmente havido um assalto descomunal ao contribuinte português...
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domingo, fevereiro 15, 2009

John Lennon - A working class hero is something to be



Working Class Hero - de John Lennon



As soon as your born they make you feel small,
By giving you no time instead of it all,
Till the pain is so big you feel nothing at all,
A working class hero is something to be,
A working class hero is something to be.

They hurt you at home and they hit you at school,
They hate you if you're clever and they despise a fool,
Till you're so fucking crazy you can't follow their rules,
A working class hero is something to be,
A working class hero is something to be.

When they've tortured and scared you for twenty odd years,
Then they expect you to pick a career,
When you can't really function you're so full of fear,
A working class hero is something to be,
A working class hero is something to be.

Keep you doped with religion and sex and TV,
And you think you're so clever and classless and free,
But you're still fucking peasents as far as I can see,
A working class hero is something to be,
A working class hero is something to be.

There's room at the top they are telling you still,
But first you must learn how to smile as you kill,
If you want to be like the folks on the hill,
A working class hero is something to be.
A working class hero is something to be.

If you want to be a hero well just follow me,
If you want to be a hero well just follow me.

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sábado, fevereiro 14, 2009

Os roubos crescentes perpetrados pela banca através das contas-ordenado

Contas-ordenado

Comissões pesadas para saldos negativos


Há bancos que cobram 20% pelo descoberto bancário e as comissões podem ir até 10 euros por cada dia em que a conta esteja abaixo de zero.

Chegar ao fim do mês com a conta em saldo negativo é cada vez mais arriscado. Os bancos estão a cobrar comissões pesadas por cada dia em que o cliente não tem provisão suficiente para fazer face aos pagamentos.

É pior ainda quando se trata de um pagamento feito com cheque. Já se sabe que, para evitar entrar no chamado «descoberto não autorizado», muitos portugueses recorrem à conta-ordenado.

Até agora, os juros eram relativamente baixos, mas isso acabou-se. Há bancos que cobram 20% pelo descoberto bancário. As comissões podem ir até 10 euros por cada dia em que a conta esteja abaixo de zero.

A Associação dos Consumidores de Produtos Financeiros diz que estas comissões são ilegais.

O BPI foi o último banco a aderir a esta prática. O banco tem estado a informar os clientes por carta. Além dos 5 euros diários por a conta entrar em descoberto, os clientes passam a pagar 20 euros por cada cheque que seja passado sem provisão.

Quem tem conta-ordenado está livre destes custos, desde que não exceda o valor de descoberto que tem contratualizado com o banco, mas fica sujeito ao pagamento de juros elevados.

Os bancos justificam a aplicação destes custos como forma de penalizar o endividamento dos clientes. Além disso, as instituições bancárias dizem que a concessão de crédito tem que ter um preço.

Já o Banco de Portugal afirma que não tem poder para proibir os bancos de cobrar comissões, porque se trata da política concorrencial e diz que apenas tem que exigir que os bancos sejam transparentes e informem os clientes sobre os preços.

Só o legislador, ou seja, o Governo, é que pode alterar a cobrança destas comissões através de decreto-lei.



Comentário:

Ora, no passado dia 10 Fevereiro de 2009, o Jornal de Negócios noticiava que a Euribor, a taxa mais utilizada como indexante dos contratos de crédito à habitação, tinha recuado para os 2%:

Euribor quebra barreira dos 2% [em 2009] e fica abaixo da taxa do BCE [taxa directora do Banco Central Europeu] pela primeira vez desde 2004.


Ou seja, precisamente quando a taxa de juro de referência do banco Central Europeu e a Euribor descem para os 2%, a canalha bancária vem dizer: «Até agora, os juros das contas ordenado eram relativamente baixos, mas isso acabou-se».

E ainda: «Os bancos justificam a aplicação destes custos como forma de penalizar o endividamento dos clientes».

O roubo assassino perpetrado pela banca a milhões de pessoas, boa parte delas com a corda na garganta, não deverá também ter um preço elevado para as sanguessugas financeiras?

Não será um imperativo fazer alguma coisa de forma a erradicar da economia as "instituições" parasitas lideradas por estes cavalheiros?


Jornal de Notícias – 29/1/2009

O Banco Espírito Santo (BES) obteve um lucro de 402,3 milhões de euros no exercício de 2008. O presidente executivo do BES, Ricardo Salgado, salientou em conferência de imprensa que "este é o terceiro resultado mais elevado da história do banco apesar da difícil situação financeira".


Agência Financeira – 23/1/2009

Os lucros consolidados do BPI foram, em 2008, de 150,3 milhões de euros. "Medidos em grau de dificuldades, pela dimensão e complexidade, os resultados de 2008 foram muito melhores que os de 2007", afirmou o presidente-executivo do banco, Fernando Ulrich, na conferência de apresentação de resultados.


Açoriano Oriental – 13/2/2009

O Millennium bcp terá registado lucros de 189,4 milhões de euros em 2008. A "deterioração dos indicadores de imparidades" e o esforço de provisões feitas são as questões mais referidas pelos analistas para a quebra dos resultados do banco em 2008. O aumento das provisões terá sido na ordem dos 85 por cento, face a 2007, para mais de 482 milhões de euros.


Jornal de Notícias – 5/2/2009

O Santander-Totta obteve um lucro de 517,7 milhões de euros em 2008, mais 1,5 % do que no exercício de 2007, anunciou o banco liderado por Nuno Amado. "O reforço da solidez financeira e o crescimento dos depósitos e dos créditos às empresas" foram alguns dos destaques na actividade do banco realçados por Nuno Amado na conferência de imprensa de apresentação de resultados do exercício de 2008, que decorre em Lisboa.
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terça-feira, fevereiro 10, 2009

Mário Crespo no país do faz de conta


Artigo de Mário Crespo

Está bem... façamos de conta

Jornal de Notícias - 2009-02-09

Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport. Que não houve invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal. Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões (contos, libras, euros?). Façamos de conta que a Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo.

Façamos de conta que José Sócrates sabe mesmo falar Inglês. Façamos de conta que é de aceitar a tese do professor Freitas do Amaral de que, pelo que sabe, no Freeport está tudo bem e é em termos quid juris irrepreensível. Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu. Façamos de conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não passa de uma invenção dos média.

Façamos de conta que o "Magalhães" é a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar acções de propaganda do Governo sobre a educação. Façamos de conta que a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do melhor que há no Mundo. Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse que "quem se mete com o PS leva". Façamos de conta que Augusto Santos Silva nunca disse que do que gostava mesmo era de "malhar na Direita" (acho que Klaus Barbie disse o mesmo da Esquerda). Façamos de conta que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport.

Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro e sem confianças de natureza pessoal. Façamos de conta que Edmundo Pedro não está preocupado com a "falta de liberdade". E Manuel Alegre também. Façamos de conta que não é infinitamente ridículo e perverso comparar o Caso Freeport ao Caso Dreyfus. Façamos de conta que não aconteceu nada com o professor Charrua e que não houve indagações da Polícia antes de manifestações legais de professores.

Façamos de conta que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são normais e de boa prática democrática as declarações do procurador-geral da República. Façamos de conta que não há SIS. Façamos de conta que o presidente da República não chamou o PGR sobre o Freeport e quando disse que isto era assunto de Estado não queria dizer nada disso. Façamos de conta que esta democracia está a funcionar e votemos. Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada há-de acabar-se como todas as coisas. Votemos Chaves, Mugabe, Castro, Eduardo dos Santos, Kabila ou o que quer que seja. Votemos por unanimidade porque de facto não interessa. A continuar assim, é só a fazer de conta que votamos.



Comentário:

Façamos de conta que certos apêndices nasais não sofrem erecções cada vez mais prolongadas. Façamos de conta que não é possível inalar viagra ad infinitum. Façamos de conta que o dilatador nasal Rhinostretch possui limites quânticos. Let's pretend a pecker not to lengthen as much as money can buy...

Pinocchio - ilustração de Enrico Matanzzi
na 1.ª edição de "Le Avventure de Pinocchio - Storia di un buirattino", Firenzi, 1883


Imagem rapinada do blogue Portugal Profundo
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domingo, fevereiro 08, 2009

Joe o Canalizador, que afirmou que um voto em Barack Obama era um voto pela morte de Israel, foi enviado como jornalista ao Médio Oriente

Samuel Joseph Wurzelbacher, por alcunha «Joe o Canalizador» (Joe the Plumber), de 35 anos, ficou conhecido pela pergunta que fez a Barack Obama acerca do plano de impostos do agora Presidente eleito, acusando-o de socialista, um argumento que passou a estar na ordem do dia do lado republicano, para o qual passou a fazer campanha. Tudo isto transformou Joe, de um dia para o outro, numa estrela e herói nacional. O seu ponto alto como figura pública surgiu quando o seu nome foi citado 26 vezes durante o último debate das eleições presidenciais entre Obama e McCain.

Em relação às opções ideológicas de Joe, convém referir que durante a campanha eleitoral disse que um voto em Barack Obama era um voto pela morte de Israel. "Vocês não querem a minha opinião sobre política externa. Eu só sei o suficiente para ser provavelmente perigoso", afirmou em entrevista à Fox News.

O mais famoso canalizador do mundo abandonou as rupturas de lavatórios e as sanitas entupidas para se dedicar a tempo inteiro à política internacional. De tal forma que, contratado pela PajamasTV, viajou para Israel, onde permaneceu 10 dias para cobrir a crise em Gaza e falar com "as pessoas da rua".

Jon Stewart, do Daily Show, mostra-nos uma das primeiras intervenções de Joe o Canalizador em Israel:


Jon Stewart: Joe o Canalizador foi para Israel. Porque é que Joe voou milhares de quilómetros para uma zona de guerra? Para fazer esta declaração:

Joe o Canalizador: Pessoal, querem uma notícia? Procuram uma boa notícia, certo? É por isso que aqui estão. Primeiro, não sou notícia. Sou só um tipo normal.

Jon Stewart: Depois, este homem enviado como jornalista para o Médio Oriente, deu a sua opinião de tipo normal sobre o jornalismo de guerra.

Joe o Canalizador: Vou ser franco. Os jornalistas não deviam estar perto dos conflitos. Vocês relatam onde estão as nossas tropas. Relatam o que se passa a cada dia. Dão muita importância a isso. Acho uma parvoíce. Agora, toda a gente opina.

Jon Stewart: Sim, toda a gente opina. Sou eu que o digo, Joe o Canalizador. Muito bem Joe. O jornalismo de guerra não presta. Qual é a alternativa?

Joe o Canalizador: Gostava de como era na Primeira e Segunda Guerras Mundiais, quando as pessoas iam ao cinema e viam as tropas no ecrã. Toda a gente ficava empolgada e feliz por elas.

Jon Stewart: Que idade tem? Primeira e Segunda Guerras Mundiais? Sabe, Joe, esses noticiários eram filmes de propaganda. Tinham o seu encanto mas a informação tinha lacunas. Mas continue a pintar a ignorância voluntária. Como uma espécie de virtude refrescante. Para que conste, acho que a Alemanha também teve desses filmes.


[Imagens de um documentário da Alemanha nazi]: Bem-vindos, Alemanha. Lá estão os nossos rapazes de castanho, o orgulho da força de combate da Alemanha. Podem ser o Terceiro Reich mas são os primeiros nos nossos corações. Cuidado, ciganos e homossexuais. Toda a gente está maluca por causa do Führer. Miudinha: "Posso oprimir judeus quando for grande?" Hitler: "Não te preocupes, querida. Estaremos por cá nos próximos mil anos."


Vídeo legendado em português:


DS - Joe o Canalizador @ Yahoo! Video

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Miguel Sousa Tavares – Sem Sócrates, Portugal tornar-se-á ingovernável. Sócrates ainda é o melhor ou o menos mau que podemos arranjar



Jornal Expresso 31/01/2009




Um homem é aquilo que é, mais aquilo que faz e aquilo que lhe acontece. (...)

Manifestamente, eu acho que o tio e o sobrinho de José Sócrates não se recomendam. Mas não posso julgá-lo por isso: a família não se escolhe nem se controla. Eu não vou julgar José Sócrates porque o tio meteu um empenho para que ele recebesse o sr. Smith, ao serviço do Freeport, ou porque o sobrinho depois tomou a iniciativa de cobrar essa audiência ao Freeport. E também não vou esquecer o enredo político em que toda esta história nasce. Comecemos por aí.

O caso Freeport nasce, em 2005, como uma claríssima manobra de desespero eleitoral do pior PSD que já existiu. Nasce de uma promíscua trama tecida entre um agente da PJ, jornalistas a soldo e homens de mão do poder de então. E renasce agora em ano de eleições e, queira-se ou não, como a única arma que o PSD tem para tentar evitar a anunciada e inevitável vitória de Sócrates e do PS em Outubro [Na douta opinião de Miguel Sousa Tavares, o PSD terá pedido ao Serious Fraud Office britânico para enviar uma carta rogatória à polícia portuguesa, que chegou a 19 de janeiro de 2009 - véspera de eleições, onde declara o nosso PM suspeito de "ter solicitado, recebido ou facilitado pagamentos" para licenciar o Freeport]. Não é argumento decisivo nem de substância, mas é um facto - e um facto a ter em conta, enquanto se avança com pinças nesta história.

O segundo facto digno de meditação é que, derrubado Sócrates, o país fica entregue à deliquescência [desagregação]. É possível que, como escreveu José Miguel Júdice, partindo de outro contexto, Portugal se torne ingovernável e que deixe até de reunir condições para existir, enquanto país independente - essa é, aliás, uma hipótese de trabalho que há muito considero como coisa possível e mais verosímil do que se imagina. Eu penso que Portugal não vale muito como nação e como povo - aquilo que nos separa da inviabilidade não é tanto como, por inércia, nos habituámos a pensar. (…) Os países, tal como as pessoas, podem viver da aparência ou da substância. Mas não viverão sempre da aparência se não tiverem substância que a suporte.

O terceiro facto constringente é que o caso Freeport veio piorar ainda mais este cenário cinzento em que vivemos, estes dias de eterna chuva que duram já desde o ano passado, este terror de ouvir as notícias da manhã e saber que fechou mais uma empresa, que mais umas centenas ou milhares de trabalhadores e famílias foram lançados na miséria, esta raiva de descobrir que mais uma gentil alma, generosa e altruísta, não passava afinal de um vulgar bandido de salão, um salteador de ilusões. Porque José Sócrates não tem sido um primeiro-ministro perfeito - longe disso! - mas é o melhor ou o menos mau que podemos arranjar. O seu forte foi ter a vontade e a coragem de mudar o que gritantemente estava mal. O seu fraco foi ter tomado por aliados os bandidos de salão. Não lhe cobro os professores: cobro-lhe os contentores. Não lhe cobro os hospitais sem doentes e as escolas sem alunos encerradas: cobro-lhe o TGV sem passageiros e as auto-estradas sem utentes. Cobro-lhe a oportunidade perdida de ensinar à clientela do regime que tem de aprender a viver sem os negócios e os favores do Estado. Porque essa é razão primeira para a inviabilidade de Portugal. Mas é facto que, como está à vista de todos, não há, presentemente, substituto para governar Portugal e, assim sendo, a execução em lume brando de José Sócrates é a pior perspectiva possível para 2009.

(…) Posto isto, ultrapassados todos estes constrangimentos, este cheiro a cilada, resta a questão essencial, a questão política: as condições em que, de facto, foi licenciado o Freeport. Porque é que um ministro do Ambiente (que é suposto defender o Ambiente contra os interesse imobiliários) acaba por aparentemente defender com zelo o contrário disso, chegando ao ponto de afastar directivas europeias de protecção do Ambiente? Porquê fazer uma lei ad hoc, redesenhando os limites da ZEP do Tejo, exactamente à medida dos interesses do Freeport? Porquê a insólita rapidez com que o processo é despachado, assim que chega ao gabinete de José Sócrates? Porquê a leviandade e o abuso de tudo legalizar três dias antes de umas eleições que o governo de então já sabia perdidas?

Estas são as questões essenciais a que José Sócrates tem de responder e, salvo melhor opinião, ainda não vi que o tenha feito minimamente. O resto - saber se há ou não razões para ser considerado suspeito criminalmente, dizer que está à disposição da justiça, que espera que ela seja rápida e faça o seu caminho - tudo isso são trivialidades. Mas nas quais, culpado ou inocente, ele se irá afundando, passo a passo, enquanto para todos nós não se tornarem claras as razões pelas quais o Freeport de Alcochete foi aprovado e naquelas circunstâncias. Ninguém lhe pode exigir, ao contrário do que alguns histéricos jornalistas acham, que inverta o ónus da prova criminal. Mas o ónus de provar a boa-fé política com que agiu, essa, cabe-lhe por inteiro. E disso depende o nosso futuro próximo.



Comentário:

Atentemos nalguns considerandos efectuados há poucos meses atrás pelo mesmíssimo Miguel Sousa Tavares sobre o primeiro-ministro José Sócrates, o tal «que se for derrubado, o país ficará entregue à deliquescência»:



Miguel Sousa Tavares - Expresso 10/05/2008

Por favor, não governem mais!

«(...) E quem sentiu a necessidade urgente de mais auto-estradas a rasgar todo o interior já deserto, de um novo aeroporto para Lisboa, de um TGV de Lisboa para Madrid, outro do Porto para Vigo e de uma nova ponte sobre o Tejo para o servir? Quem foi que andou a gritar "gastem-me o dinheiro dos meus impostos a fazer auto-estradas, pontes, aeroportos e comboios de que não precisamos"? Porque razão, então, o lóbi das obras públicas, os engenheiros, projectistas, banqueiros e advogados que os assessoram, mais a ilusão keynesiana do primeiro-ministro [Sócrates], nos hão-de impingir o que não pedimos?

Fomos nós, porventura - ou os autarcas, os especuladores imobiliários e os empresários do turismo - que reclamámos a legislação de excepção dos Projectos PIN para dar cabo da costa alentejana e do que resta do Algarve? Foi nossa a decisão que a Comissão Europeia classificou como uma batota para contornar as normas de protecção ambiental e ordenamento do território?

Fomos nós que reclamámos a privatização da electricidade para depois a pagarmos muito mais cara ou que, inversamente, protegemos até ao limite o monopólio da PT nos telefones fixos, em troca de termos o pior e o mais caro serviço telefónico da Europa?

É em nome da nossa vontade e da nossa cultura que o «ayatollah» Nunes e a sua ASAE aterrorizam e enfurecem meio país?

Fomos nós que quisemos encher Lisboa de radares para controlar velocidades impossíveis e ajudar a fazer da caça à multa o objectivo principal da prevenção rodoviária?

Fomos nós que concordámos com privados a gerir hospitais públicos com o dobro dos custos?

Fomos nós que decretámos que o Euro-2004 era "um desígnio nacional" e, para tal, desatámos a construir estádios habitados por moscas, onde jogam clubes que vegetam na segunda divisão?

Será que não se pode acalmar um bocadinho os nossos esforçados governantes? Pedir-lhes que parem com os "projectos estruturantes", os "desígnios nacionais", os "surtos de desenvolvimento", os PIN, os aeroportos, pontes e auto-estradas?

Mas não há dia que passe que não veja o Eng.º Sócrates a inaugurar ou a lançar a primeira pedra de qualquer coisa. E encolho-me de terror perante esta saraivada de pedras, que ora ajuda a roubar mais frente de rio a Lisboa, ora entrega mais uma praia a um empreendimento turístico absolutamente necessário para o "desenvolvimento", ora lança mais uma obra pública inútil e faraónica destinada a aliviar-me ainda mais do meu dinheiro para o dar a quem não precisa. Vivo no terror dos sonhos, dos projectos, das iniciativas de governantes, autarcas e sábios de várias especialidades. Apetece dizer: "Parem lá um pouco, ao menos para pensar no que andam a fazer!"

Além de mais, já não percebo muito bem o que justifica tanto frenesim. Já temos tudo o que são vias de transporte concessionado para as próximas gerações: auto-estradas, pontes, portos, aeroportos (só falta o comboio, mas os privados não são parvos, vejam lá se eles querem ficar com o negócio prometidamente ruinoso do TGV!). Já temos tudo o que é essencial privatizado (só falta a água e palpita-me que não tarda aí mais esse ‘imperativo nacional’). É verdade que ainda faltam alguns Parques Naturais, Redes Natura e REN por urbanizar, mas é por falta de clientes, não por falta de vontade de quem governa. Já faltou mais para chegarmos ao ponto em que os governos já não terão mais nada para distribuir.


E o mesmo Miguel Sousa Tavares no Expresso de 07/01/2006:

«Todos vimos nas faustosas cerimónias de apresentação dos projectos da Ota e do TGV, [...] os empresários de obras públicas e os banqueiros que irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos. Vai chegar para todos e vai custar caro, muito caro, aos restantes portugueses. O grande dinheiro agradece e aproveita

«Lá dentro, no «inner circle» do poder - político, económico, financeiro, há grandes jogadas feitas na sombra, como nas salas reservadas dos casinos. Se olharmos com atenção, veremos que são mais ou menos os mesmos de sempre.»


O homem sem o qual o país não reúne condições para existir

E que, à custa dos contribuintes, acabou de nacionalizar o BPN (1.500 milhões de euros) e dar um aval ao BPP (450 milhões de euros), oferecendo de mão beijada cerca de dois mil milhões de euros a criminosos.
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terça-feira, fevereiro 03, 2009

O misterioso e prolongado sucesso da minoria judaica na Alemanha

Wikipedia - Sir Arthur Wynne Morgan Bryant (na foto ao lado), (18 de Fevereiro de 1899 – 22 de Janeiro de 1985), foi um historiador britânico muito popular e colunista do Illustrated London News. Os seus numerosos livros incluem estudos da História inglesa dos séculos dezoito e dezanove.

No seu livro Unfinished Victory [1940 - Vitória Incompleta], o historiador Sir Arthur Bryant descreve o poder judaico na Alemanha entre as duas Guerras Mundiais (pp. 136-144):

"Foram os judeus com as suas ligações internacionais e o seu talento hereditário para a finança que melhor foram capazes de aproveitar estas oportunidades. Fizeram-no com tal sucesso que, mesmo em Novembro de 1938, depois de cinco anos de legislação anti-semita e perseguição, eram ainda donos, segundo o correspondente da Times em Berlim, de qualquer coisa como um terço da propriedade imobiliária do Reich. A maior parte dela caiu-lhes nas mãos durante a inflação. Mas para aqueles que perderam tudo, esta desconcertante transferência pareceu uma monstruosa injustiça. Depois de prolongados sofrimentos tinham agora ficado privados dos seus bens. Viram-nos passar para as mãos de estranhos, muitos dos quais não tinham partilhado os seus sacrifícios e pouco ou nada se importavam com a bandeira e tradições nacionais. Os judeus obtiveram uma formidável ascendência na política, nos negócios e nas profissões académicas, não obstante constituírem menos de um por cento da população."

"Os bancos, incluindo o Reichsbank [Banco Central Alemão] e os grandes bancos privados, eram praticamente controlados por eles. Assim como o negócio das editoras, o cinema, os teatros e grande parte da imprensa, de facto, todos os meios que formam a opinião pública num país civilizado. O maior jornal do país com uma circulação diária de quatro milhões de unidades era um monopólio judeu. De ano para ano era cada vez mais difícil a um gentio (não-judeu) aceder ou manter-se nalguma profissão privilegiada. Nesta altura não eram os 'Arianos' que praticavam discriminação racial. Era uma discriminação que funcionava sem violência. Era exercida por uma minoria contra uma maioria. Não havia perseguição, apenas eliminação. Era o contraste entre a riqueza desfrutada e faustosamente ostentada por estranhos de gostos cosmopolitas, e a pobreza e a miséria dos alemães nativos, que tornou o anti-semitismo tão perigoso e uma força ameaçadora na nova Europa. Pedintes montados a cavalo são raramente populares, e menos ainda aqueles que acabaram do vos deitar abaixo da sela."



As palavras de Arthur Bryant redigidas em 1940, em plena Guerra Mundial, parecem plagiadas de um texto de Eça de Queirós escrito sessenta anos antes:




Eça de Queirós

Cartas de Inglaterra 1877-1882

O motivo do furor anti-semítico é simplesmente a crescente prosperidade da colónia judaica, colónia relativamente pequena, apenas composta de quatrocentos mil judeus; mas que pela sua actividade, a sua pertinácia, a sua disciplina, está fazendo uma concorrência triunfante à burguesia alemã.

A alta finança e o pequeno comércio estão-lhe igualmente nas mãos: é o judeu que empresta aos estados e aos príncipes, é a ele que o pequeno proprietário hipoteca as terras. Nas profissões liberais absorve tudo: é ele o advogado com mais causas e o médico com mais clientela: se na mesma rua há dois tendeiros, um alemão e outro judeu, o filho da Germânia ao fim do ano está falido, o filho de Israel tem carruagem! Isto tornou-se mais frisante depois da guerra: e o bom alemão não pode tolerar este espectáculo do judeu engordando, enriquecendo, reluzindo, enquanto ele, carregado de louros, tem de emigrar para a América à busca de pão.

Mas se a riqueza do judeu o irrita, a ostentação que o judeu faz da sua riqueza enlouquece-o de furor. E, neste ponto, devo dizer que o Alemão tem razão. A antiga legenda do israelita, magro, esguio, adunco, caminhando cosido com a parede, e coando por entre as pálpebras um olhar turvo e desconfiado – pertence ao passado.

O judeu hoje é um gordo. Traz a cabeça alta, tem a pança ostentosa e enche a rua. É necessário vê-los em Londres, em Berlim, ou em Viena: nas menores coisas, entrando em um café ou ocupando uma cadeira de teatro, têm um ar arrogante e ricaço, que escandaliza. A sua pompa espectaculosa de Salomões "parvenus" ofende o nosso gosto contemporâneo, que é sóbrio. Falam sempre alto, como em país vencido, e em um restaurante de Londres ou de Berlim nada há mais intolerável que a gralhada semítica. Cobrem-se de jóias, todos os arreios das carruagens são de ouro, e amam o luxo grosso. Tudo isto irrita.

Mas o pior ainda na Alemanha é o hábil plano com que fortificam a sua prosperidade e garantem o luxo, tão hábil que tem um sabor de conspiração: na Alemanha, o judeu, lentamente, surdamente, tem-se apoderado das duas grandes forças sociais – a Bolsa e imprensa. Quase todas as grandes casas bancárias da Alemanha, quase todos os grandes jornais, estão na posse do semita. Assim, torna-se inatacável. De modo que não só expulsa o alemão das profissões liberais, o humilha com a sua opulência rutilante e o traz dependente pelo capital; mas, injúria suprema, pela voz dos seus jornais, ordena-lhe o que há-de fazer, o que há-de pensar, como se há-de governar e com que se há-de bater!

Tudo isto ainda seria suportável se o judeu se fundisse com a raça indígena. Mas não. O mundo judeu conserva-se isolado, compacto, inacessível e impenetrável. As muralhas formidáveis do Templo de Salomão, que foram arrasadas, continuam a pôr em torno dele um obstáculo de cidadelas. Dentro de Berlim há uma verdadeira Jerusalém inexpugnável: aí se refugiam com o seu Deus, o seu livro, os seus costumes, o seu Sabbath, a sua língua, o seu orgulho, a sua secura, gozando o ouro e desprezando o cristão. Invadem a sociedade alemã, querem lá brilhar e dominar, mas não permitem que o alemão meta sequer o bico do sapato dentro da sociedade judaica.

Só casam entre si; entre si, ajudam-se regiamente, dando-se uns aos outros milhões – mas não favoreceriam com um troco um alemão esfomeado; e põem um orgulho, um coquetismo insolente em se diferençar do resto da nação em tudo, desde a maneira de pensar até à maneira de vestir. Naturalmente, um exclusivismo tão acentuado é interpretado como hostilidade – e pago com ódio.»

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domingo, fevereiro 01, 2009

Bush lamenta-se no Daily Show: "Porquê eu? Que fardo! Porque é que o colapso financeiro teve de acontecer comigo?"

Jon Stewart, do Daily Show, mostra-nos, com humor, um Bush em fim de festa, a falar-nos dos seus próprios erros, das suas desilusões e do azar que teve em ter logo calhado no seu mandato o colapso financeiro.


Jon Stewart: Ao longo dos últimos oito anos, George Bush deu o seu melhor para permanecer inimputável perante o povo americano. Um número recorde de intervenções na actividade legislativa, recurso a imunidade para assessores. Quarenta e sete conferências de imprensa contra setenta e sete períodos de férias. Se havia homem que devia sair de fininho no fim do mandato, era ele. Mas ao que parece, o nosso George não é assim.

Ao longo das últimas duas semanas, de repente, este presidente fala à imprensa como se no dia 20 de Janeiro saísse um álbum dele. Passou pela ABC, NBC, CNN, Fox News, etc., sempre com uma mensagem importante:

George Bush: Estou orgulhoso dos feitos desta administração. Eu não me preocuparia com a popularidade.

Jon Stewart: Tradução: "Eu sou óptimo. Vocês é que não prestam." Ao que parece, o presidente Bush vai continuar a aparecer nos programas televisivos que forem necessários para nos convencer de que não lhe interessa o que pensamos.

George Bush: Disse muitas vezes que a História decidirá o que seria melhor fazer de outra forma, ou, que erros cometi.

Jon Stewart: Pareceu-me uma reflexão. Estamos a chegar a algum lado. Ele admite que cometeu erros. No caso do Iraque, acha que a História vai relatar o erro de informação pré-guerra ou o erro da falta de planeamento pós-guerra?

George Bush: É evidente que colocar "Missão Cumprida" num porta-aviões foi um erro. Transmitiu a mensagem errada.

Jon Stewart: Acha que a perspectiva da História vai ser a da encenação infeliz? Há mais defeitos que a História possa encontrar?

George Bush: É evidente que alguma da minha retórica foi um erro.

Jon Stewart: É evidente que sim. Mas não podemos culpar um grande homem por deslizes ocasionais. De certeza que não há mais nada que a História possa querer analisar? Sabe que invadimos um país com base no facto de terem armas de destruição massiva quando não tinha, certo? Sabe que fez isso?

George Bush: Houve desilusões. O facto de não terem armas de destruição massiva foi uma desilusão significativa. Abu Ghraib foi uma enorme desilusão.

Jon Stewart: Não! Não! Não! Quando entregam a pizza Meat Lovers sem Crazy Bread, isso é uma desilusão. Abu Ghraib e as armas de destruição massiva são asneiradas de m… internacionais.

George Bush: Estou desiludido com o tom em Washington D.C.

Jon Stewart: Dou-lhe razão nesse aspecto. Mas percebem o que o presidente está a fazer? Está a usar o termo "desilusão". Desilusão é o que sentimos quando os outros cometem erros. Nós desiludimo-lo. Mas não há outro erro, uma coisa que meteu mais água, Sr. Presidente, mais próxima?

George Bush: Pensei muito no Katrina. Será que eu poderia ter agido de forma diferente?

Jon Stewart: Que tal ter mostrado alguma preocupação? Ter voltado de férias e não ter dito ao director do FEMA que estava a sair-se bem? Ou até não ter esse tipo como responsável do FEMA? Ter havido coordenação nas operações de salvamento em vez de fingir que ninguém sabia que os diques podiam ceder? Essas coisas.

George Bush: Será que eu poderia ter agido de forma diferente? Como aterrar o Air Force One (avião presidencial) em Nova Orleães? O problema aí é que as autoridades seriam afastadas da missão e suspeito que as vossas perguntas seriam: "Como foi capaz de levar o Air Force One para Nova Orleães, afastando os polícias necessários para controlar Nova Orleães da sua missão, para o proteger?"

Jon Stewart: Não faz ideia do porquê da revolta das pessoas à volta do Katrina, pois não? Achou que foi por causa do avião? É como o tipo cuja mulher chega a casa e o apanha a papar a irmã dela, e acha que ela está zangada porque ele não lhe disse que ia chegar mais cedo.

George Bush: Porquê eu? Que fardo! Porque é que o colapso financeiro teve de acontecer comigo? Termos pena de nós próprios é uma coisa patética.

Jon Stewart: Acho que alguém precisa de passar algum tempo... a desentorpecer o coração. Mas é bom saber que há alguém que não se sente incomodado com a presidência de Bush.

George Bush: Sei que dei tudo por tudo durante oito anos, e não vendi a alma pela popularidade.

Jon Stewart: Não foi preciso... vendeu a nossa.


Vídeo legendado em português:


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