terça-feira, dezembro 30, 2008

Bispo de Setúbal exorta os portugueses: não se calem nem cruzem os braços


Diário de Notícias - 24/12/2008

(...) O actual bispo de Setúbal, D. Canavarro Reis, aconselhou os mais atingidos pela crise a terem esperança, a não cruzarem os braços e a não se calarem. "Eu diria a estas pessoas que estão pior que gritem. Não fica mal a ninguém gritar. Ficar em casa sem comer ou ficar em casa desesperado é o pior que pode acontecer. Gritem e Deus, através desses gritos, está mais próximo do que se poderia imaginar e estou certo que lhes dará resposta".

(...) O bispo resignado de Setúbal, D. Manuel Martins, junta-se às vozes que alertam para a pobreza no País, o que considera dever ser uma missão. "A Igreja vai alertando, mas penso que é sem grande convicção. Desejava que mergulhasse bem na situação do país e chamasse a atenção para as situações de injustiça, podendo ter como base precisamente o combate ao espírito do novo Código de Trabalho.



Comentário:

Em face da crise, o actual bispo de Setúbal aconselhou as pessoas a não cruzarem os braços e a não se calarem. Mas se o grito dos mais atingidos continuar a ser abafado pelo ruído incessante dos Media, os venais megafones do poder financeiro e político, então que se utilize com mais vigor a linguagem gestual:

domingo, dezembro 28, 2008

O Hamas, uma criação da Mossad israelita, volta a fornecer pretextos a Israel para uma nova chacina de palestinianos


TVI - 28 Dezembro 2008

«Os ataques aéreos israelitas na faixa de Gaza fizeram 280 mortos e mais de 900 feridos em menos de 24 horas. A aviação israelita voltou, este domingo, a bombardear a Faixa de Gaza. O alvo era um posto de polícia do Hamas na cidade de Gaza.

O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, já veio responsabilizar o Hamas pela situação. Abbas disse mesmo que os ataques podiam ter sido evitados se os extremistas não tivessem quebrado o cessar-fogo.

Entretanto, Israel pode estar a preparar uma ofensiva terrestre. Milhares de reservistas israelitas já foram chamados para integrar o Exército




Global Research - Hassane Zerouky (2002)

(Tradução minha)

Graças à Mossad, "Instituto de Informações e Operações Especiais" de Israel (Serviços Secretos Israelitas), foi permitido ao Hamas reforçar a sua presença nos territórios ocupados. Entretanto, o Movimento Fatah de Libertação Nacional da Palestina de Arafat assim como a esquerda Palestiniana foram sujeitos à mais brutal forma de repressão e intimidação.

Não esqueçamos que foi Israel que de facto criou o Hamas. Segundo Zeev Sternell, historiador da Universidade Hebraica de Jerusalém, "Israel pensou que era uma táctica astuciosa para empurrar os islamistas contra a Organização de Libertação da Palestina (OLP). "

Ahmed Yassin, o líder espiritual do movimento islamista na Palestina, ao regressar do Cairo nos anos setenta, fundou uma associação de caridade islâmica. A Primeira Ministra de Israel, Golda Meir, viu nisto uma oportunidade para contrabalançar o crescimento do movimento Fatah de Arafat. Segundo o semanário israelita Koteret Rashit (Outubro de 1987), "As associações islâmicas tal como a universidade foram apoiadas e encorajadas pela autoridade militar israelita" responsável pela administração civil da Cisjordânia [West Bank] e pela Faixa de Gaza. "As associações islâmicas e a universidade foram autorizadas a receber dinheiro do estrangeiro."

Os islamistas organizaram orfanatos e clínicas de saúde, bem como uma rede de escolas, fábricas que criaram emprego para mulheres bem como um sistema de ajuda financeira aos mais pobres. E em 1978, criaram uma "Universidade Islâmica" em Gaza. "A autoridade militar israelita estava convencida que estas actividades iriam enfraquecer tanto a OLP como a organizações esquerdistas em Gaza." Nos finais de 1992, existiam seiscentas mesquitas em Gaza. Graças à Mossad israelita, foi permitido aos islamistas reforçarem a sua presença nos territórios ocupados. Entretanto, os membros da Fatah (Movimento para a Libertação Nacional da Palestina) e a esquerda palestiniana foram sujeitas às mais brutais formas de repressão.

Em 1984, Ahmed Yassin foi preso e condenado a doze anos de prisão, depois da descoberta de um depósito de armas escondido. Mas um ano depois, foi colocado em liberdade e retomou as suas actividades. E quando a Intifada (insurreição) começou, em Outubro de 1978, que apanhou os islamistas de surpresa, o Xeque Ahmed Yassin respondeu criando o Hamas (O Movimento de Resistência Islâmico): "Deus é o nosso princípio, o Profeta o nosso modelo, o Corão a nossa constituição", declara o artigo 7 dos estatutos da organização.

Ahmed Yassin estava na prisão quando os acordos de Oslo (Declaração de Princípios de um Governo Interino) foram assinados em Setembro de 1993. O Hamas rejeitou os acordos completamente. Mas nesse tempo, 70 % dos palestinianos condenaram os ataques aos civis israelitas. Ahmed Yassin fez tudo quanto estava ao seu alcance para sabotar os acordos de Oslo. Ainda antes da morte do Primeiro Ministro israelita Yitzhak Rabin (1995), Yassin tinha o suporte do governo israelita. Yassin estava muito relutante em implementar os acordos de paz.

O Hamas lançou então uma campanha de ataques contra civis israelitas, um dia antes do encontro entre os negociadores palestinianos e israelitas, relativamente ao reconhecimento formal por Israel do Concelho Nacional Palestiniano. Estes acontecimentos contribuíram largamente para a formação para a formação do governo israelita de direita que se seguiu às eleições israelitas de Maio de 1996.

Inesperadamente, o Primeiro Ministro Netanyahu deu ordens para que o Xeque Ahmed Yassin fosse libertado da prisão ("por motivos humanitários") onde estava a cumprir uma pena de prisão perpétua. Entretanto, Netanyahu, com o Presidente Clinton exerciam pressão sobre Arafat para controlar o Hamas. Na realidade, Netanyahu sabia que podia contar, mais uma vez, com os islamistas para sabotarem os acordos de Oslo. Pior ainda: depois de ter expulso Ahmed Yassin para a Jordânia, o Primeiro Ministro Netanyahu permitiu o seu regresso a Gaza, onde foi recebido triunfalmente como um herói em Outubro de 1997.

Arafat estava impotente face a estes acontecimentos. Mais ainda, como tinha apoiado Saddam Hussein durante a Guerra do Golfo de 1991, (enquanto o Hamas prudentemente se absteve de tomar posição), os Estados do Golfo decidiram cortar o financiamento à Autoridade Palestiniana. Entretanto, entre Fevereiro e Abril de 1998, O Xeque Ahmad Yassin foi capaz de recolher centenas de milhões de dólares, desses mesmos países. Diz-se que o orçamento do Hamas era maior do que o da Autoridade Palestiniana. Estas novas fontes de financiamento permitiram aos islamistas continuar efectivamente as suas actividades caritativas. Estima-se que cada um em três palestinianos recebe ajuda financeira do Hamas. E neste aspecto, Israel não fez nada para travar o fluxo de dinheiro para os territórios ocupados.

O Hamas conseguiu tornar-se forte através dos seus vários actos de sabotagem do processo de paz, de uma forma que era compatível com os interesses do governo israelita. Por seu lado, este último procurou de várias formas impedir a aplicação dos acordos de Oslo. Por outras palavras, o Hamas estava a cumprir as funções para as quais foi originariamente criado: impedir a criação de um Estado palestiniano. E sobre isto, o Hamas e Ariel Sharon, estão absolutamente de acordo; estão exactamente no mesmo comprimento de onda.


Israel, o maior e único porta-aviões americano que é impossível afundar

Nalguns aspectos claramente demarcados, o actual apoio dos Estados Unidos ao governo israelita corresponde aos interesses próprios americanos. Numa região onde o nacionalismo árabe pode ameaçar o controle de petróleo pelos americanos assim como outros interesses estratégicos, Israel tem desempenhado um papel fundamental evitando vitórias de movimentos árabes, não apenas na Palestina como também no Líbano e na Jordânia. Israel manteve a Síria, com o seu governo nacionalista que já foi aliado da União Soviética, sob controlo, e a força aérea israelita é preponderante na região.

Como foi descrito por um analista israelita durante o escândalo Irão-Contras, onde Israel teve um papel crucial como intermediário, "É como se Israel se tivesse tornado noutra agência federal [americana], uma que é conveniente utilizar quando se quer algo feito sem muito barulho."

O ex-ministro de Estado americano, Alexander Haig, descreveu Israel como o maior e o único porta-aviões americano que é impossível afundar.

O alto nível continuado de ajuda dos EUA a Israel deriva menos da preocupação pela sobrevivência de Israel mas antes do desejo de que Israel continue o seu domínio político sobre os Palestinianos e que mantenha o seu domínio militar da região.

Na realidade, um Estado israelita em constante pé de guerra - tecnologicamente sofisticado e militarmente avançado, mas com uma economia dependente dos Estados Unidos - está muito mais disposto a executar operações que outros aliados considerariam inaceitáveis, do que um Estado Israelita que estivesse em paz com os seus vizinhos.

Israel recebe actualmente três mil milhões de dólares por ano em ajuda militar dos Estados Unidos.
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quarta-feira, dezembro 24, 2008

Vem aí o TGV, o empurrão que faltava para o abismo



Crise não vai parar TGV
Diário IOL - 20 Dez 2008
O ministro dos Negócios Estrangeiros assegurou, este sábado, que a crise não vai travar as grandes obras públicas, nomeadamente o comboio de alta de velocidade (TGV), diz a Lusa. «Não é este o momento de abrandar, não é essa a perspectiva. Pelo contrário», disse Luís Amado...

Luís Amado assegura que não haverá abrandamento em grandes ...
TSF Online - 20 Dez 2008
O ministro dos Negócios Estrangeiros garantiu que os grandes projectos entre Portugal e Espanha, incluindo o TGV, não vão ser afectados pela crise. ...

Crise não vai atrasar TGV
Correio da Manhã - 20 Dez 2008
Luís Amado garantiu este sábado que a crise que está a afectar toda a economia mundial não vai atrasar o investimento público nos grandes projectos comuns a Portugal e Espanha, nomeadamente o comboio de alta velocidade (TGV)...




JN - Paulo Morais - 24/12/2008

O TGV, que se anuncia, é talvez o investimento público mais estúpido de toda a história do nosso país. O enorme espírito de Natal dos portugueses, associado aos seus tradicionais brandos costumes, não chega para tolerar tão enorme disparate.

O TGV não cumpre qualquer regra mínima a que se deve submeter um investimento. Não é nem nunca será economicamente rentável. Não induz efeitos reprodutores positivos, não gera sinergias na actividade económica. E, por fim, não tem a mínima utilidade social.

Sem qualquer sustentabilidade económica, o projecto tem um custo previsto de cerca de 15 mil milhões de euros, valores da ordem de grandeza da colecta anual do IVA ou IRS (a que irão acrescer os crónicos desvios orçamentais das obras públicas). O investimento não é amortizável e, apesar da (pífia) comparticipação de fundos europeus, irá comprometer os impostos de três gerações. Além de que a exploração comercial deste comboio será deficitária, como já o é em todos os países e todas as linhas - com uma única excepção, no Japão.

O TGV também não aportará qualquer efeito positivo à economia nacional. Não serve para transporte de mercadorias, esta sim uma prioridade urgente e sempre adiada. Só de forma muito diminuta servirá o turismo. Nem a agricultura, as pescas ou as indústrias de qualquer tipo beneficiarão da sua existência. Este comboio será usado apenas pela oligarquia lisboeta, nas suas jornadas de vassalagem a Madrid e incursões colonialistas ao Porto.

Por último, o TGV não incorpora benefícios de ordem social. A maioria dos cidadãos nunca utilizará este transporte de ricos, que será pago pelos impostos dos pobres.

Então, para que serve? Para que Portugal não fique arredado das rotas do desenvolvimento, como nos querem fazer crer? Este é o mais falacioso dos argumentos. Se o TGV gera riqueza, então por que razão os países com os mais elevados índices de desenvolvimento humano - a Noruega, a Suécia, a Irlanda, ou até a Austrália e o Canadá - não têm alta velocidade ferroviária?

De facto, este megaprojecto interessa apenas aos construtores, a quem os políticos portugueses devem humilhante obediência. Aos fornecedores de tecnologia, que controlam a burocracia europeia. E aos bancos, que aqui garantem um negócio milionário, cujo risco está coberto por garantias estatais.

A grande velocidade, já hoje se encaminha o país para o abismo. Vem aí o TGV, o empurrão que faltava para o descalabro total.




Marão Oline - 9 de agosto de 2008

Os emigrantes na Europa optam cada vez mais pelo avião no regresso de férias a Portugal, embora a capacidade limitada e o preço dos bilhetes continuem a fazer do automóvel e do autocarro os transportes preferidos.

Beatriz Fernandez, directora comercial para a Península Ibérica da companhia aérea "low-cost" Easyjet, disse à Lusa ser notório o aumento de procura de voos para Portugal nesta altura do ano, sublinhando a importância dos mercados europeus da emigração na actividade da empresa.

"Cada vez mais os emigrantes optam pelo avião para se deslocar ao seu país natal, mas também os seus familiares que residem em Portugal passaram a viajar para França, Suíça e Espanha para os visitar", disse.

Exemplificou com a rota Lyon-Lisboa, que em apenas dois meses transportou aproximadamente 10 mil passageiros.

"Tanto as rotas Lyon-Porto, Lyon-Lisboa ou Genebra-Porto e Genebra-Lisboa são casos de sucesso", referiu, acrescentando que, se comprada com a devida antecedência, a passagem pode custar 32,99 euros por trajecto.
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segunda-feira, dezembro 22, 2008

Jon Stewart – A especulação de Wall Street, concerteza. A produção de Detroit, nem pensar!

Jon Stewart, do Daily Show, explica, com elevado sentido de humor, como o Congresso Americano emprestou, sem fazer perguntas, 700 mil milhões de dólares à indústria financeira, e se recusa a emprestar 25 mil milhões de dólares à indústria automóvel:


Jon Stewart: Há umas semanas, os presidentes da Ford, GM e Chrysler foram a Washington pedir 25 mil milhões de dólares no programa do Governo «Dinheiro para os Incompetentes». Mas não contavam apanhar o Senador Sherman.

Senador Sherman: Vou pedir aos três executivos que aqui estão para levantarem a mão, se vieram num vôo comercial. Que fique registado que nenhuma mão foi levantada. Em segundo lugar, peço-vos que levantem a mão se tencionam vender agora o vosso jacto privado, e voltarem para casa num vôo comercial. Que fique registado que nenhuma mão foi levantada.

(...)

Jon Stewart: Congresso, acho que sei o que se passa aqui. Deram 700 mil milhões de dólares à indústria financeira mas podem não dar à indústria automóvel 34 mil milhões porque não sabem exactamente o que a nossa indústria financeira faz, pois não? Portanto deram-lhes o dinheiro porque não querem parecer estúpidos.

O problema é o seguinte: a indústria automóvel tem um produto tangível e fácil de criticar. Os carros são mesmo assim. Até os maus são úteis. Mas vocês não vão salvar as pessoas que fabricam carros. Só vão salvar as pessoas que fazem empréstimos para comprar carros. Nem sequer empréstimos. As pessoas que vocês vão salvar fazem derivados de transferências em papel, que especulam sobre o futuro valor da vasta distribuição dos ditos empréstimos para a China.

Pronto, o modelo de negócio em Detroit é fraco. Sabemos que perdem 2 mil dólares por cada carro que vendem, mas Wall Street perdeu 7 biliões sem vender absolutamente nada! Pelo menos, quando Detroit perde dinheiro nós ganhamos carros!


VÍDEO (legendado em português):


DS - Fabricas de Automoveis pedem dinheiro @ Yahoo! Video
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quinta-feira, dezembro 18, 2008

Yehuda Bauer - a história de que o extermínio dos Judeus foi traçado em Wannsee, é ridícula

Palacete (Villa) onde teve lugar a Conferência de Wannsee


No Wikipedia:

A Conferência de Wannsee consistiu no debate realizado por um grupo de oficiais Nazis acerca da "Solução Final da questão Judia" (Endlösung der Judenfrage). Teve lugar a 20 de Janeiro de 1942 no palacete (Villa) de Wannsee, com vista para o lago Wannsee, a sudoeste de Berlim, e que iria conduzir ao Holocausto.

A conferência é considerada como a primeira discussão da "Solução Final" e também porque os registros e minutas da conferência foram encontrados intactos pelos aliados no final da Segunda Guerra Mundial e usados nos Julgamentos de Nuremberga.



The Canadian Jewish News, 30 de Janeiro de 1992:

Rejeitada a importância da Conferência de Wannsee

(Clicar na imagem para ampliar)


Um académico israelita especialista em Holocausto desvalorizou a Conferência de Wannsee, na qual foi dito que elevadas patentes nazis se tinham reunido num palacete nos subúrbios de Berlim em 1942 para traçar os planos da "Solução Final."

Segundo o Professor Yehuda Bauer da Universidade hebraica de Jerusalém, Wannsee foi uma reunião, "não uma conferência", e "pouco do que foi lá dito foi executado em detalhe".


Bauer discursou na sessão de abertura de uma conferência internacional que teve aqui lugar para marcar o 50º aniversário da decisão de levar a cabo a Solução Final. Mas ela não foi tomada em Wannsee, afirmou o académico nascido na República Checa.

"O público ainda repete, vezes sem conta, a história ridícula [silly story] de que foi em Wannsee que foi traçado o extermínio dos Judeus." Wannsee foi apenas uma fase no desenvolvimento do processo do assassínio em massa, disse ele.


Bauer defendeu ainda que os receios de que as memórias do Holocausto se estejam a desvanecer com o tempo são infundados.

"Quer seja apresentado genuinamente ou não, de acordo com os factos históricos ou em contradição com eles, com empatia e compreensão ou de um grande mau gosto, o Holocausto tornou-se um símbolo dominante da nossa cultura."

"Raramente se passa um mês sem que não surja uma nova produção televisiva, um novo filme, um novo teatro, um certo número de novos livros em prosa ou em poesia lidando com o assunto."

"Os Judeus mortos, em contraste com os vivos, são muitas vezes objecto de comiseração, simpatia e meditação", disse o professor.

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terça-feira, dezembro 16, 2008

Clístenes, o homem que liderou uma revolta popular e implantou a democracia na Grécia há 2500 anos, está de regresso?

Se acaso a indignação grega chegar a este rectângulo, poupem as pedras para os banqueiros delinquentes, os multimilionários que engordaram, os políticos corruptos, os gestores desonestos com vencimentos chorudos, e os jornalistas e pseudo-analistas venais.

Mário Soares - Com as desigualdades sociais sempre a crescer, com o aumento do desemprego que previsivelmente vai subir imenso em 2009 e com a impunidade dos banqueiros delinquentes, Portugal também não deve ficar indiferente:


Diário de Notícias - 16 de Dezembro de 2008

Texto de Mário Soares

A CRISE E OS MILHÕES

A crise aprofunda-se e generaliza-se. Os Estados desviam milhões, que vêm directamente dos bolsos dos contribuintes, para evitar as falências de bancos mal geridos ou que se meteram em escandalosas negociatas. Será necessário. Mas o povo pergunta: e as roubalheiras, ficam impunes? E o sistema que as permitiu - os paraísos fiscais -, os chorudos vencimentos (multimilionários) de gestores incompetentes e pouco sérios, ficam na mesma? E os auditores que fecharam os olhos - ou não os abriram suficientemente - e os dirigentes políticos que se acomodaram ao sistema, não agiram e nem sequer alertaram, continuam nos mesmos lugares cimeiros, limitando-se a pedir, agora, mais intervenções do Estado, com a mesma desfaçatez com que antes reclamavam "menos Estado" e mais e mais privatizações?

Pedem-se e pediram-se sacrifícios para cumprir as metas do défice, impostas por Bruxelas. Mas, ao mesmo tempo, os multimilionários engordaram - os mesmos que agora emagreceram na roleta russa das economias de casino - e os responsáveis políticos (os mesmos, por quase toda a Europa) não pensam em mudar o paradigma ou não anunciam essa intenção e não explicam sequer aos eleitores comuns, os eternos sacrificados, como vão gastar o dinheiro que utilizam para salvar os bancos e as grandes empresas da falência, aparentemente deixando tudo na mesma? E querem depois o voto desses mesmos eleitores, sem os informar seriamente nem esclarecer? É demais! É sabido: quem semeia ventos colhe tempestades...

Nas ruas e universidades da Grécia, há vários dias, os estudantes manifestam-se violentamente, atiram pedras contra a polícia, incendeiam automóveis, provocam distúrbios. Indignação ou houve o pretexto de a polícia ter matado um estudante? Não são, contudo, jovens marginais, filhos de imigrantes, habitantes de bairros problemáticos, como sucedeu, há meses, em França. São filhos da burguesia que está a ser muito afectada com a crise.

A França foi a primeira a inquietar-se. Com razão. Quando há uma crise latente, que fere em consciência as classes médias, qualquer pretexto serve para gerar a revolta. Maio de 68 foi assim. De Gaulle, que era o De Gaulle, desapareceu e esteve dois dias na Alemanha a ouvir as forças militares de ocupação ali estacionadas.

A Espanha também tem motivos de preocupação: a subida em flecha do desemprego, o mal-estar social latente, que sucedeu a um período de grande crescimento, a bolha do imobiliário, que rebentou como era previsível, as tensões crescentes entre algumas autonomias e o centralismo de Madrid.

Portugal também não deve ficar indiferente. Com as desigualdades sociais sempre a crescer, o aumento do desemprego que previsivelmente vai subir imenso, em 2009, a impunidade dos banqueiros delinquentes, o bloqueio na Justiça, e em especial, do Ministério Público e das polícias, estão a criar um clima de desconfiança - e de revolta - que não augura nada de bom. Oiçam-se as pessoas na rua, tome-se o pulso do que se passa nas universidades, nos bairros populares, nos transportes públicos, no pequeno comércio, nas fábricas e empresas que ameaçam falir, por toda a parte do País, e compreender-se-á que estamos perante um ingrediente que tem demasiadas componentes prestes a explodir. Acrescenta-se o radicalismo das oposições, à esquerda e à direita, que apostam na política do "quanto pior melhor". Perigosíssima, quando não se apresentam alternativas credíveis...

França, Espanha, Portugal e outros Estados membros não são a Grécia, é verdade. Cada país é um caso. Mas a União Europeia não está a ajudar nada. O plano aprovado na última cimeira não passa de um paliativo: injectar dinheiro nos bancos e nas grandes empresas, para que tudo - de essencial - possa ficar na mesma. Sem ter em conta o grande descontentamento e a grande desconfiança que os provocam sem esclarecer satisfatoriamente as opiniões públicas, sem transparência, sem uma visão estratégica, coerente e concertada dos 27 Estados quanto ao que é necessário fazer, para assegurar a mudança. (...)



Comentário:

Que mudança sugere Soares? Porque é que existe uma crise financeira e económica com tantos biliões a esvoaçar? Como é que o dinheiro é criado? Quem expande ou aperta o crédito? Quem tapa e destapa o baú do dinheiro, forçando recessões ou expansões económicas?


Milton Friedman (Prémio Nobel da Economia - defensor do mercado livre): «Nunca tive conhecimento de nenhuma depressão económica séria em qualquer país, que não tenha sido acompanhada por um acentuado declínio da quantidade de dinheiro em circulação, e, de igual modo, nunca tive conhecimento de nenhum declínio acentuado de dinheiro em circulação que não tenha sido acompanhado por uma depressão económica séria
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domingo, dezembro 14, 2008

Jon Stewart – Os terroristas são um grupo de sacanas, que trabalham em conjunto com idiotas

Jon Stewart, do Daily Show, fala-nos dos atentados de Mumbai, na Índia, e mostra-se perplexo com a absurda estratégia dos terroristas, que parecem ser um grupo de sacanas, que trabalham em conjunto com idiotas de primeira. Em suma, uma lição bem-humorada a todos os ingénuos que engolem de forma acéfala a tese do «terrorismo islâmico».


Jon Stewart - A grande notícia da semana passada foi o que aconteceu em Mumbai, na Índia. Morreram perto de 200 pessoas num ataque terrorista concertado que parece ter sido perpetrado por um grupo radical islâmico. Para mais informações, Oliver junta-se a nós, de Washington. Oliver, obrigado pela tua presença. Oliver este foi um acontecimento terrível e uma terrível tragédia. Já se tem alguma ideia sobre quem fez isto?

Oliver - Neste momento, Jon, há poucos pormenores. Embora ainda não saibamos o nome concreto, há uma coisa bastante clara: é que parece ser um grupo de uns sacanas incríveis, que trabalham em conjunto com idiotas de primeira.

Jon Stewart - É interessante que digas isso, Oliver, porque foi isso mesmo que gritei para a minha televisão quando vi a notícia pela primeira vez..

Oliver - Pronto, aí tens. O teu primeiro instinto estava certo.

Jon Stewart - Estes grupos, Oliver, a Al-Qaeda, os sacanas e os idiotas… O que pretendem?

Oliver - Transformar o mundo inteiro num califado islâmico.

Jon Stewart - Estou a ver. Estou a ver. E a forma de fazerem isso, Oliver, é…

Oliver - É matarem aleatoriamente o máximo de inocentes possível, sem qualquer remorso, compaixão ou consideração pela vida humana.

Jon Stewart - De que forma é que isso os ajuda a alcançar o seu objectivo?

Oliver - Ora aí está, Jon! Exactamente! Salientaste o defeito quase imperceptível da lógica destes malandros poderosos. “Odiamos e matamos tudo aquilo que vocês defendem. Juntem-se a nós!

Jon Stewart - Oliver, isso parece muito estúpido.

Oliver - E é. É estúpido, Jon. Aliás, a estupidez está entre as menos negativas das suas muitas falhas de carácter. Aparentemente acham que não há nenhum problema que não possa ser resolvido senão infligindo um enorme sofrimento sobre civis inocentes.

Jon Stewart - Qual a sua resposta ao que pensam ser o imperialismo dos EUA?

Oliver - Seria destruir um hotel.

Jon Stewart - E à pobreza?

Oliver - Acham que a melhor solução é fazer explodir um estádio de futebol. Mas eles têm um plano para erradicar a epidemia de difteria a nível mundial.

Jon Stewart - E qual seria?

Oliver - Atirar um autocarro contra um circo. Não estou a dizer que faz sentido, Jon. Mas quando se tem uma ideologia corrompida e se persegue uma estratégia corrompida, a única solução é fazer uma jogada parva.

Jon Stewart - Obrigado, Oliver. Uma última pergunta. Quando é que estes sacanas desaparecem?

Oliver - Provavelmente não vão desaparecer, Jon. Sempre houve sacanas. Sempre haverá sacanas. O que não podemos é deixar que controlem a put* da nossa vida.


VÍDEO legendado em português – 3:10m


DS - Mumbai - os terroristas sao idiotas @ Yahoo! Video

terça-feira, dezembro 09, 2008

Sob o ponto de vista legal temos o direito de não pagar os empréstimos bancários


Em 1969, houve um caso na justiça do Estado de Minnesota (EUA) envolvendo um homem chamado Jerome Daly, que recorreu da execução da hipoteca da sua casa [apreensão judicial da casa para garantir o pagamento da dívida], pedido pelo banco que lhe tinha feito um empréstimo para que ele a comprasse. O argumento utilizado por Daly foi de que o contrato da hipoteca exigia que ambas as partes, ele e o banco, dispusessem de uma forma legítima de propriedade para a transacção. Em linguagem legal, tal é chamado de contraprestação [Nos contratos bilaterais, a prestação a que uma das partes se obriga sendo correspondente à prestação da outra parte].

O Sr. Daly explicou que, na verdade, o dinheiro não era propriedade do banco, porque tinha sido criado a partir do nada no momento em que o empréstimo foi assinado. O que os bancos fazem, ao emprestar dinheiro, é aceitar notas promissórias em troca de créditos. As reservas não são alteradas pelas transacções do empréstimo, mas os créditos de depósitos são considerados novas adições ao total de depósitos do sistema bancário. Por outras palavras: O dinheiro não surge a partir de bens existentes. O banco está simplesmente a inventá-lo, não pondo nada de seu, excepto um passivo teórico em papel.

À medida que o processo em tribunal avançava, o presidente do banco, o Sr. Morgan, testemunhou. E no memorando pessoal do juiz, este escreveu que o presidente do banco admitiu que, de forma combinada com o Banco da Reserva Federal, o banco criou o dinheiro e o crédito como uma entrada contabilística. O dinheiro e o crédito apareceram quando o criaram. O Sr. Morgan admitiu que não existia nenhuma lei ou estatuto na lei americana que lhe dava o direito de fazer isso. Deve existir uma contraprestação legal que seja um meio de pagamento para sustentar a nota promissória. O júri chegou à conclusão de que não existia nenhuma contraprestação legal e concordou. O Sr. Morgan acrescentou poeticamente: "Só Deus pode criar alguma coisa de valor a partir do nada".

E perante esta revelação o tribunal rejeitou a reivindicação do banco para a execução da hipoteca e o Sr. Daly manteve a sua casa.

As implicações da decisão deste tribunal são imensas, porque cada vez que se pede dinheiro emprestado a um banco, seja um empréstimo com garantia hipotecária ou uma compra com o cartão de crédito, o dinheiro que nos é dado não é apenas contrafeito (falsificado), mas é também uma forma ilegítima de contraprestação e portanto invalida o contrato de o reembolsar, porque, para começar, o banco nunca possuiu esse dinheiro.

Infelizmente estas vitórias legais são suprimidas e ignoradas. E o jogo da perpétua transferência de riqueza e da dívida perpétua continua.


First National Bank of Montgomery vs. Jerome Daly (clicar na imagem para aumentar):



MEMORANDUM do Juiz MARTIN V. MAHONEY (clicar na imagem para aumentar):



Sobre a contrafacção de dinheiro praticado pelos bancos:

Murray N. Rothbard é considerado um dos grandes pensadores no campo da economia, da história, da filosofia política, e do direito. Estabeleceu-se como o principal teórico austríaco na metade final do século XX, e aplicou a análise austríaca a tópicos históricos, como a Grande Depressão de 1929 e a história do sistema bancário americano. Rothbard combinou os pensamentos de americanos individualistas do século XIX com a economia austríaca.

Excerto de "The Mystery of Banking" [O Mistério da Banca, por Murray N. Rothbard]:

«Donde é que veio o dinheiro? Veio – e isto é a coisa mais importante que se deve saber sobre o sistema bancário moderno – veio do NADA (out of thin air). Os bancos comerciais – ou seja, os bancos que utilizam o sistema de reservas fraccionais – criam dinheiro a partir do nada. Basicamente fazem o mesmo que os contrafactores (falsificadores). Os falsificadores, também, criam dinheiro a partir do nada imprimindo alguma coisa que faz passar por dinheiro ou por um recibo de um depósito de dinheiro. Desta forma, retiram fraudulentamente riqueza da comunidade, das pessoas que ganharam verdadeiramente o seu dinheiro. Da mesma forma, os bancos que utilizam o sistema de reservas fraccionais contrafazem recibos de depósitos de dinheiro, que depois fazem circular como equivalentes ao dinheiro entre as pessoas. Há uma excepção a esta comparação: A lei não trata estes recibos dos bancos como falsificações.»


Os primeiros oito minutos e vinte segundos (8:20m) do vídeo 'Money as Debt' - legendados em português.


Dinheiro como Dívida - Money as Debt @ Yahoo! Video


A versão completo do vídeo em inglês (47m): Money as Debt

E a versão completa do vídeo em espanhol (47m): El Dinero es Deuda.
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quarta-feira, dezembro 03, 2008

Barack Obama o «pacifista»

Barack Obama – O candidato da Paz



Atentados em Mumbai (26/11/2008)
Imediatamente após as eleições nos EUA (04/11/2008)




Barack Obama - A mensagem de Esperança

terça-feira, dezembro 02, 2008

BPN e BPP - Embuste, Ilusão e Distorção

Miguel Sousa Tavares

Expresso 29/11/2008

«Um desabafo: um só euro que o Estado venha a gastar no BPP - seja através de dinheiro das Caixas ou do Fundo de Garantia, seja sob a forma de aval dado a empréstimos de outras entidades - será um euro roubado aos contribuintes. É perfeitamente legítimo, embora talvez não muito prudente, deixar que se instale um banco unicamente dedicado a gerir fortunas investindo no mercado mobiliário. E, se tudo correr bem, parabéns a quem arriscou confiar as suas economias aos gestores do banco e parabéns a estes que as souberam valorizar. Até é legítimo que o presidente do banco fale em “caso de sucesso” e que lance um livro a enaltecer os seus méritos de gestor (embora fique a ironia irrepetível de a aceleração da crise ter feito coincidir o dia do lançamento do auto-elogio literário com o dia em que se ficou a saber que ele estava desesperadamente a tentar que o Banco de Portugal lhe emprestasse 500 milhões de urgência para evitar a falência do “caso de sucesso”...). Mas se as coisas acabam por correr mal, se a grande visão estratégica da evolução dos mercados e das bolsas se revela absolutamente errada, por que é que aqueles que andaram a poupar para pagar impostos e sem a ambição de enriquecerem rapidamente e sem esforço, devem ser chamados a pagar os prejuízos dos outros?

Se já para o BPN pouca verdade havia no argumento de salvaguardar as poupanças dos clientes ‘inocentes’ (mas que escolheram o BPN porque lhes pagava anormalmente mais...), no caso do BPP esse argumento não resiste a nenhum critério de verdade ou de justiça social. Se os prejuízos dos investimentos de risco no BPN devem ser cobertos pelo Estado, então também terão de o ser os prejuízos de todos os que, noutros bancos ou individualmente, tinham acções ou obrigações cujo valor a crise varreu. E todos aqueles a quem a vida correu mal e a crise não ajudou. E com que dinheiro se fará essa monumental operação de resgate nacional? Sobe-se o IRS dos camelos para 45% e acrescentam-se mais uns anos e uns milhões aos encargos com a dívida pública que vamos deixar às gerações seguintes?»



The Game-Called-Bailout

quinta-feira, novembro 27, 2008

Instituição em Berlim oferece mestrado em Holocausto

Deutsche Welle - 17.11.2008


«Como é possível abordar, de forma atual, o Holocausto? Como fazer exposições, livros e filmes sobre o tema? O curso de mestrado de uma escola superior em Berlim dedica-se a responder tais questionamentos.

O curso Holocausto – Comunicação e Tolerância começou a ser oferecido há um ano pelo Touro College, que é a primeira instituição teuto-judaica de ensino superior na Alemanha. Ele existe há cinco anos e obteve o reconhecimento estatal em 2006.

Sua sede, no oeste de Berlim, fica num prédio construído nos anos 1920 por uma família judaica. O curso é o único em seu gênero na Europa e foi criado por Bernard Lander, diretor do Touro College.

O único estrangeiro entre os 120 estudantes do curso é o israelense Guy Band, para quem o a dedicação dos professores é muito importante: "O tratamento é muito pessoal, já que passamos muito tempo com os professores", explicou. "Estudamos em uma sala pequena, o que facilita os questionamentos e as discussões, além de cada um poder expressar sua opinião", complementou.

Para o estudante, a combinação do mestrado é perfeita. "Não são ensinados somente fatos do Holocausto. Também aprendemos como o tema pode ser abordado ao longo do tempo e considerando as mudanças na mídia", explicou Guy.
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Uma opinião do académico judeu, Tony Judt, director do Remarque Institute da Universidade de Nova Iorque:

"A Shoah [termo hebreu para o Holocausto] é frequentemente explorado na América e em Israel para desviar e impedir qualquer crítica a Israel. De facto, o Holocausto dos judeus europeus é, hoje em dia, explorado de três maneiras: Fornece, em particular, aos judeus americanos uma exclusiva 'identidade de vítima' retrospectiva; permite a Israel superar qualquer sofrimento de outras nações (e justificar os seus próprios excessos) com a alegação de que a catástrofe judia foi única e incomparável; e (em contradição com as duas primeiras) oferece-se como exemplo de uma metáfora versátil para o mal – em qualquer altura e onde quer que seja – e é ensinado às crianças nas escolas nos Estados Unidos e na Europa sem qualquer referência ao contexto ou à causa. Esta instrumentalização moderna do Holocausto para obter vantagens políticas é eticamente infame e politicamente perigosa."
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terça-feira, novembro 25, 2008

Quando e como é que o povo judeu foi inventado

O historiador Shlomo Sand afirma que a existência das diásporas do Mediterrâneo e da Europa Central é o resultado de antigas conversões ao judaísmo. Para ele, o exílio do povo judeu é um mito, nascido de uma reconstrução a posteriori sem fundamento histórico.

Shlomo Sand nasceu em 1946 em Linz (Áustria) e viveu os dois primeiros anos da sua vida em campos de refugiados judeus na Alemanha. Em 1948 os seus pais emigram para Israel, onde cresceu. Cursou História, tendo começado na Universidade de Telavive e terminado na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris. Desde 1985 lecciona História Contemporânea na Universidade de Telavive. Publicou em francês «L'Illusion du politique. Georges Sorel et le débat intellectuel 1900 » (La Découverte, 1984), «Georges Sorel en son temps», com J. Julliard (Seuil, 1985), «Le XXe siècle à l'écran» (Seuil, 2004) e «Les mots et la terre. Les intellectuels en Israël» (Fayard, 2006).


Jornal Israelita Haaretz - 21/03/2008

Demolindo uma "Mitologia nacional"


Artigo de Ofri Ilani

Tradução por Atrida

Entre a profusão de heróis nacionais que o povo de Israel produziu ao longo de gerações, a sorte não sorriu a Dahia Al-Kahina que chefiou os Berberes de Aures, na África do Norte. Embora tendo sido uma judia indomável, poucos israelitas ouviram alguma vez o nome desta rainha guerreira que, no século VII da era cristã, unificou várias tribos berberes e chegou mesmo a repelir o exército muçulmano que invadiu o norte de África. A razão poderá estar no facto de Dahia Al-Kahina ter nascido numa tribo berbere convertida (ao judaísmo), ao que parece várias gerações antes do seu nascimento, por volta do século VI.

Segundo o historiador Shlomo Sand, autor do livro «Quando e como é que o povo judeu foi inventado» [Quand et comment le peuple juif a-t-il été inventé?] (aux éditions Resling - em hebraico), a tribo da rainha Dahia Al-Kahina assim como outras tribos do Norte de África convertidas ao judaísmo são a principal origem a partir da qual se desenvolveu o judaísmo sefardita. Esta afirmação, referente às origens dos judeus do Norte de África a partir de tribos locais que foram convertidas – e não a partir de exilados de Jerusalém – é apenas uma componente de uma ampla tese desenvolvida na nova obra de Sand, professor do departamento de História da Universidade de Telavive.

Neste livro, Sand tenta demonstrar que os judeus que vivem hoje em Israel e noutros locais do mundo, não são de forma nenhuma os descendentes do antigo povo que vivia no reino de Judeia na época do primeiro e segundo templo. Eles devem a sua origem, segundo ele, a povos diversos que se converteram ao longo da história em diversos locais da bacia do Mediterrâneo e regiões vizinhas. Não apenas os judeus da África do Norte descenderiam na sua maior parte de pagãos convertidos, mas também os judeus iemenitas (vestígios do reino Himiarita, no sul na península arábica, que se convertera ao judaísmo no século IV), e os judeus Asquenazes da Europa de Leste (refugiados do reino Khazar convertido ao judaísmo no século VIII).

Ao contrário de outros «novos historiadores» que procuraram abalar as convenções da historiografia sionista, Shlomo Sand não se contenta em regressar a 1948 ou aos princípios do sionismo, mas remonta a milhares de anos atrás. Shlomo tenta provar que o povo judeu nunca existiu como um «povo-raça» partilhando uma origem comum, mas que é uma multitude variada de grupos humanos que, em momentos diferentes da história, adoptaram a religião judaica. Segundo Shlomo, para alguns pensadores sionistas, esta concepção mítica dos judeus como um povo antigo conduz a um pensamento verdadeiramente racista: «Existiram na Europa períodos onde, se alguém tivesse declarado que todos os judeus pertenciam a um povo de origem não judia, essa pessoa seria julgada imediatamente como anti-semita. Hoje, se alguém ousa sugerir que aqueles que são considerados judeus no mundo (…) nunca constituíram e não constituem nem um povo nem uma nação, seria imediatamente denunciado como uma pessoa que odeia Israel.»

De acordo com Shlomo Sand, a descrição dos judeus como um povo de exilados, errante e mantendo-se à parte, que «vagueando sobre mares e terras, chegaram ao fim do mundo e que, finalmente, com a chegada do sionismo, fazem meia-volta para retornar em massa à sua terra órfã», esta descrição é necessária a uma «mitologia nacional». Tanto como outros movimentos nacionais na Europa, que revisitaram uma sumptuosa idade de ouro para em seguida, graças a ela, fabricar o seu passado heróico – por exemplo, a Grécia clássica ou as tribos teutónicas – a fim de provar que eles existiam há muito, «tal como, os primeiros brotos do nacionalismo judeu se viraram para essa luz intensa cuja fonte era o reino mitológico de David.»

Mas então, quando é que o povo judeu foi realmente inventado, segundo a tese de Sand? «Na Alemanha do século dezanove, num determinado momento, os intelectuais de origem judaica, influenciados pelo carácter 'volkiste' do nacionalismo alemão, atribuíram-se a missão de fabricar um povo "retrospectivamente", com o desejo de criar uma nação judaica moderna. A partir do historiador Heinrich Graetz, os intelectuais judeus começam a delinear a história do judaísmo como a história de um povo que tinha um carácter nacional, que se tornou um povo errante e que finalmente fez meia-volta para regressar à sua pátria.»



Entrevista a Shlomo Sand conduzida por Ofri Ilani:

Ofri: De facto, o essencial do seu livro não trata da invenção do povo judeu pelo nacionalismo moderno mas da questão de saber de onde vêm os judeus.

Shlomo: O meu projecto inicial consistia na análise de uma categoria específica de materiais historiográficos modernos e examinar como foi inventada a ficção do povo judeu. Mas assim que comecei a confrontar as fontes históricas deparei-me com contradições. E foi isso que me impeliu: embrenhei-me no trabalho sem saber a que conclusões chegaria. Analisei documentos originais de modo a examinar a atitude de autores antigos - aquilo que haviam escrito a propósito da conversão.

Shlomo Sand, historiador do século XX, tinha até agora estudado a história intelectual da França moderna (no seu livro “L'intellectuel, la vérité et le pouvoir“ [O intelectual, a verdade e o poder], Am Oved ed. , 2000 - em hebraico), e a relação entre o cinema e a história política («Le cinéma comme Histoire» ["O cinema como História] Am Oved, 2002 – em hebraico). De forma pouco comum para historiadores de profissão, ele debruça-se, no seu novo livro, sobre os períodos que ele nunca tinha estudado - geralmente apoiando-se em pesquisadores anteriores que têm avançado com posições não ortodoxas sobre as origens dos judeus.


Ofri: Especialistas da história do povo judeu afirmam que você se ocupa de temas que não compreende e que se baseia em autores que não consegue ler no texto original.

Shlomo: É um facto que sou um historiador da França e da Europa, e não da Antiguidade. Sabia que assim que me ocupasse de períodos antigos como esses, ficaria exposto a críticas assassinas vindas de historiadores especializados nesses campos de estudo. Mas disse a mim próprio que não me poderia apoiar apenas em material historiográfico moderno sem examinar os factos que esse material descreve. Se não o tivesse feito eu próprio, teria sido necessário esperar o tempo de uma geração. Se tivesse continuado a trabalhar sobre França, talvez tivesse obtido uma cátedra na universidade e uma glória provincial. Mas tinha decidido renunciar à glória.

«Após o povo ter sido exilado à força da sua própria terra, permaneceu-lhe fiel em todos os países da sua dispersão e não cessou de orar e esperar o seu regresso à terra para aí restaurar a sua liberdade política»: eis o que afirma o preâmbulo da Declaração de Independência [de Israel]. É também a citação que abre o terceiro capítulo do livro de Shlomo Sand "A Invenção da Diáspora". De acordo com Sand, o exílio do povo judeu da sua própria terra nunca teve lugar.


«O paradigma supremo do exílio era necessário para que se construísse uma memória de longo prazo na qual um povo-raça imaginário e exilado é colocado na continuação directa do "Povo do Livro" que o antecedeu», Sand explica. Sob a influência de outros historiadores que se debruçaram nos últimos tempos sobre esta questão, ele afirma que o exílio do povo judeu é, na origem, um mito cristão, que descreve o exílio como uma punição divina castigando os judeus pelo pecado de terem rejeitado o evangelho cristão.

Comecei a procurar livros sobre o exílio – um acontecimento fundador na História Judaica - quase como o genocídio; mas, para meu grande espanto, descobri que não existia literatura sobre o tema. O motivo é que ninguém exilou um povo desta terra. Os Romanos não deportaram povos e não o poderiam ter feito mesmo que o pretendessem. Não tinham nem comboios nem camiões para poder deportar populações inteiras. Uma logística dessas não existiu antes do século XX. Foi, de facto, a partir daí que surgiu o meu livro: da compreensão que a sociedade judaica não tinha sido dispersa nem exilada.


Ofri: Se o povo não foi exilado, está na realidade a afirmar que os verdadeiros descendentes dos habitantes do reino da Judeia são os Palestinianos.

Shlomo: Nenhuma população se mantém pura ao longo de um período de milhares de anos. Mas a possibilidade de que os Palestinianos sejam os descendentes do antigo povo da Judeia são bastante maiores que a possibilidade que você ou eu [ambos judeus] o sejamos. Os primeiros sionistas, até à insurreição árabe [1936-1939], sabiam que não existira nenhum exílio e que os Palestinianos eram os descendentes dos habitantes da região. Eles sabiam que os camponeses não partem de um local a não ser que sejam expulsos. Até Yitzhak Ben Zvi, o segundo presidente do Estado de Israel, escreveu em 1929 que "a grande maioria dos fellahs (camponeses árabes) não são originários dos invasores árabes mas, muito antes disso, dos fellahs judeus que constituíam a maioria da região".


Ofri: E como é que milhões de judeus apareceram à volta do Mediterrâneo?

Shlomo: O povo não se disseminou, foi a religião judaica que se propagou. O judaísmo era uma religião prosélita (que convertia outras pessoas à sua religião). Contrariamente ao que se pensa, no judaísmo antigo exista uma vontade muito forte de converter. Os Hasmoneanos foram os primeiros a começar a criar grande número de judeus por meio de conversões massivas, sob a influência do helenismo. São estas conversões, desde a revolta dos Hasmoneanos até à de Bar Kochba, que prepararam o terreno para a posterior difusão massiva do Cristianismo. Após o triunfo do Cristianismo, no século IV, o movimento de conversão ao judaísmo foi travado no mundo cristão e houve uma diminuição brutal do número de judeus. Pode-se supor que muitos judeus convertidos na zona mediterrânica se tenham tornado cristãos. Então, o judaísmo começa a difundir-se noutras regiões pagãs - por exemplo, no Iémen e no norte de África. Se isto não tivesse sucedido - se o judaísmo não se tivesse continuado a converter no mundo pagão – teria ficado uma religião completamente marginal, se é que não teria mesmo desaparecido.


Ofri: Como é que chegou à conclusão que os judeus do Norte de África são descendentes de Berberes convertidos?

Shlomo: Interroguei-me por que razão comunidades judaicas tão importantes podiam ter surgido em Espanha. Reparei então que Tariq Ibn-Ziyad, comandante supremo dos muçulmanos que invadiram a Espanha, era berbere e que a maioria dos seus soldados eram também berberes. O reino berbere judeu de Dahia Al-Kahina fora vencido apenas 15 anos antes. E a verdade é que há diversas fontes cristãs que declaram que muitos de entre os invasores de Espanha eram convertidos ao judaísmo. A origem da grande comunidade judaica de Espanha eram estes soldados berberes convertidos ao judaísmo.

Segundo Sand, o contributo demográfico mais decisivo para a população judaica no mundo deu-se na sequência da conversão do reino khazar - o vasto império estabelecido na Idade Média nas estepes circundantes do rio Volga e que, no auge do seu poder, dominava desde a actual Geórgia até Kiev. No século VIII os reis khazares adoptaram a religião judaica e fizeram do hebreu a língua escrita do reino. A partir do século X o reino estava já enfraquecido e no século XIII foi derrotado em toda a linha pelos invasores mongóis e o destino da sua população judaica perde-se então nas brumas.


Shlomo Sand revisita a hipótese, já avançada por historiadores dos séculos XIX e XX, segundo a qual os khazares convertidos ao judaísmo seriam a principal origem das comunidades judaicas da Europa de Leste: «No início do século XX há uma grande concentração de judeus na Europa de Leste; só na Polónia são três milhões», afirma. «A historiografia sionista pretende que a sua origem provém da comunidade judaica mais antiga da Alemanha, mas essa historiografia não explica por que motivo o reduzido número de judeus originários da Europa Ocidental - de Mainz e Worms - pôde fundar o povo yiddish da Europa de Leste; na verdade, os judeus da Europa de Leste são uma mistura de khazares e eslavos rechaçados para Ocidente


Ofri: Se os judeus da Europa de Leste não são originários da Alemanha porque é que falavam yiddish, que é uma língua germânica?

Shlomo: Os judeus, a leste, formavam um grupo que dependia da burguesia alemã e foi dessa forma que adoptaram palavras alemãs. Aqui, apoio-me nas investigações do linguista Paul Wechsler, da Universidade de Telavive, que demonstrou que não existe ligação etimológica entre a língua judaica alemã da Idade Média e o yiddish. O Rabi Yitzhak Bar Levinson, já em 1928, dizia que a antiga língua dos judeus não era o yiddish. Até Ben Tzion Dinour, pai da historiografia israelita, não tinha problemas em apontar os khazares como a origem dos judeus da Europa de Leste, descrevendo a Khazaria como a "mãe das comunidades de exílio" na Europa de Leste. No entanto, desde 1967 que qualquer pessoa que fale dos khazares como sendo os antepassados dos judeus da Europa de Leste é encarado como bizarro e delirante.


Ofri: Na sua opinião, porque é que a ideia de uma origem khazar é tão ameaçadora?

Shlomo: É evidente que o receio se prende com a contestação do direito histórico sobre esta terra [Israel]. Revelar que os judeus não vieram da Judeia parece reduzir a legitimidade da nossa presença aqui. Desde o início do período de descolonização, os colonos não podem vir simplesmente dizer: «viemos, vencemos e agora somos daqui» - como também afirmaram os americanos, os brancos da África do Sul e os australianos. Existe um receio profundo que seja posta em causa o nosso direito à existência.


Ofri: E esse receio não tem fundamento?

Shlomo: Não. Não creio que o mito histórico do exílio e da errância seja a origem da minha legitimidade em estar aqui [em Israel]. Para mim é indiferente saber que sou de origem khazar. Não receio este abalar da nossa existência pois penso que a natureza do Estado de Israel ameaça de forma bem mais grave a sua existência. O que pode fundar a nossa existência aqui não são direitos históricos mitológicos mas o facto de virmos a estabelecer aqui uma sociedade aberta, uma sociedade do conjunto de todos os cidadãos israelitas.


Ofri: No fundo, afirma que não existe um povo judeu.

Shlomo: Não reconheço um povo judeu internacional. Reconheço um "povo yiddich" que existia na Europa de Leste, que não é uma nação mas onde é possível ver uma civilização yiddish com uma cultura popular moderna. Penso que o nacionalismo judeu se desenvolveu a partir desta base yiddish. Reconheço igualmente a existência de uma nação israelita e não contesto o seu direito à soberania. Mas o sionismo, tal como o nacionalismo árabe ao longo dos anos, não estão preparados para o reconhecer.

Do ponto de vista do sionismo, este Estado não pertence aos seus cidadãos, mas sim ao povo judeu. Reconheço uma definição de Nação: um grupo humano que pretende viver de forma soberana. Mas a maioria dos judeus em todo o mundo não quer viver no Estado de Israel, apesar de nada os impedir a que o façam. Assim, não se pode ver neles uma nação.



Ofri: O que é que existe de perigoso no facto de os judeus imaginarem que pertencem a um só povo? Por que razão isso seria errado?

Shlomo: No discurso israelita sobre as suas raízes existe uma dose de perversão. É um discurso etnocêntrico, biológico, genético. Mas Israel não tem existência como estado judaico: se Israel não se desenvolve e se transforma numa sociedade aberta e multicultural, teremos um Kosovo na Galileia. A consciência de um direito sobre este local deve ser mais flexível e variada e se eu contribuí com este livro para que eu próprio e os meus filhos possamos viver aqui com os outros, neste Estado, numa situação mais igualitária, terei feito a minha parte.

Devemos começar a trabalhar duramente para transformar este local que é o nosso numa república israelita, onde nem a origem étnica nem a crença serão pertinentes à luz da lei. Quem conhece as jovens elites entre os árabes de Israel pode constatar que eles não concordam em viver num Estado que proclama que não é o seu. Se fosse palestiniano rebelar-me-ia contra um tal Estado, mas é também como israelita que me rebelo contra este Estado.



Ofri: A questão que se põe é saber se, para chegar a tais conclusões, seria necessário ir até ao reino dos Khazars e ao Reino Himiarita.

Shlomo: Não escondo que sinto um grande incómodo em viver numa sociedade em que os princípios nacionais que a dirigem são perigosos e que esse incómodo serviu de motor para a minha pesquisa. Sou cidadão deste país mas também sou historiador e, enquanto historiador, tenho obrigação de escrever a História e de examinar os textos. Foi isso que fiz.


Ofri: Se o mito do sionismo é o mito do povo judeu que retornou do exílio a esta terra, qual será o mito do Estado que imagina?

Shlomo: Um mito de futuro é, a meu ver, preferível a mitologias do passado e de se fechar em si próprio. Para os americanos, e também para os europeus de hoje, o que justifica a existência de uma Nação é a promessa de uma sociedade aberta, avançada e opulenta. Os condimentos israelitas existem mas há que lhes acrescentar, por exemplo, festas que reúnam todos os israelitas. Reduzir um pouco os dias comemorativos e acrescentar dias consagrados ao futuro. E também, por exemplo, acrescentar uma hora para comemorar a Nakba (literalmente, a "catástrofe" – o termo palestiniano para aquilo que aconteceu quando Israel foi fundado], entre o Dia do Senhor e o Dia da Independência.
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domingo, novembro 23, 2008

A Crise Financeira - Lucros, Avales e Avisos

Cartoon de Derkaoui Abdellah


EsquerdaNet - 29 de Outubro de 2008

Bancos privados lucram 3,3 milhões por dia apesar da crise

Mesmo com a crise financeira internacional, os lucros dos quatro maiores bancos privados a operar em Portugal ultrapassaram os 914 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2008, o equivalente a 3,3 milhões de euros por dia. Apesar da descida global dos lucros principalmente devido à desvalorização das aplicações bolsistas, a verdade é que negócio da concessão de crédito, da captação de depósitos e da cobrança de comissões continua a crescer.

A edição desta quarta-feira do Correio da Manhã analisa os resultados apresentados pelos principais bancos privados no terceiro trimestre de 2008, juntando-os com os dois primeiros trimestres do ano.

O principal impacto negativo da crise, que está na origem da quebra geral dos lucros, vem das aplicações bolsistas, actividades de corretagem e participações financeiras. No entanto, o negócio do crédito e da cobrança de comissões continua a crescer permitindo aos bancos a manutenção de elevadas taxas de lucro.



PortugalMail - 21 Novembro, 2008

BCP, BES e CGD vão recorrer a aval do Estado até final do ano


O BCP, BES e Caixa Geral de Depósitos (CGD) confirmaram que vão recorrer à garantia do Estado para poderem contrair créditos e não por falta de liquidez, já o BPI afirmou que não pretende recorrer ao aval até ao final do ano. A CGD confirma que irá solicitar a garantia dada pelo Estado, todavia, não avança com valores, o que o presidente Faria de Oliveira justifica dizendo que os números «não devem ser adiantados antes da operação estar no mercado».

Por seu lado, o presidente do BCP diz que o empréstimo pedido nunca será inferior a mil milhões de euros.



Diário de Notícias - 22 de Novembro de 2008

Sócrates diz que avales não são para banqueiros


As garantias do Estado a empréstimos colocadas à disposição da banca nacional não são uma ajuda aos bancos em si, nem aos banqueiros nem aos respectivos accionistas. O aviso foi feito ontem pelo primeiro-ministro...
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