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segunda-feira, janeiro 29, 2018

Rudolf Höss, o primeiro comandante de Auschwitz, jurou que, durante a sua chefia, morreram 3 milhões de pessoas nesse campo. Hoje, é afirmado que terão lá morrido cerca de 1,1 milhões de pessoas, 960 mil das quais judeus.

Rudolf Höss

Rudolf Höss foi o primeiro de três sucessivos comandantes do campo de concentração de Auschwitz. É muitas vezes chamado "o Comandante de Auschwitz".

Rudolf Höss compareceu perante o Tribunal Militar Internacional de Nuremberga como testemunha a 15 de Abril de 1946, onde o seu depoimento causou grande sensação. Para espanto dos outros réus e na presença de jornalistas de todo o mundo, Höss confessou os mais horrendos crimes da História. Contou como recebeu pessoalmente uma ordem de Himmler para exterminar os Judeus. Estimou em 3 milhões o número de pessoas que tinham sido exterminadas em Auschwitz, dois milhões e meio das quais nas câmaras de gás.

As confissões de Rudolf Höss provaram que o extermínio sistemático de Judeus, sobretudo por intermédio de câmaras de gás, foi uma realidade histórica. Höss testemunhou em Nuremberga atrocidades horrendas, e confirmou sob juramento a verdade de um depoimento que ele aceitou assinar para a acusação. Nesse depoimento, Höss confessou ter dado ordens para gasear milhões de vítimas.


Excerto da confissão de Rudolf Höss perante o Tribunal Militar Internacional de Nuremberga (15 de Abril de 1946):

"I have been constantly associated with the administration of concentration camps since 1934, serving at Dachau until 1938; then as Adjutant in Sachsenhausen from 1938 to 1 May 1940, when I was appointed Commandant of Auschwitz.. I commanded Auschwitz until 1 December 1943, and estimate that at least 2,500,000 victims were executed and exterminated there by gassing and burning, and at least another half million succumbed to starvation and disease making a total dead of about 3,000,000. This?figure represents about 70 or 80 percent of all persons sent to Auschwitz as prisoners, the remainder having been selected and used for slave labor in the concentration camp industries; included among the executed and burned were approximately 20,000 Russian prisoners of war (previously screened out of prisoner-of-war cages by the Gestapo) who were delivered at Auschwitz in Wehrmacht transports operated by regular Wehrmacht officers and men. The remainder of the total number of victims included about 100,000 German Jews, and great numbers of citizens, mostly Jewish, from Holland, France, Belgium, Poland, Hungary, Czechoslovakia, Greece, or other countries. We executed about 400,000 Hungarian Jews alone at Auschwitz in the summer of 1944."


Tradução:

"Eu tenho estado sempre associado à administração de campos de concentração desde 1934, servindo em Dachau até 1938; depois como Comandante-Adjunto em Sachsenhausen de 1938 até 1 de maio de 1940, quando fui nomeado Comandante de Auschwitz... Fui Comandante de Auschwitz até 1 de dezembro de 1943, e estimo que pelo menos 2.500.000 vítimas foram lá executadas e exterminadas por gaseamento e pelo fogo, e pelo menos outro meio milhão sucumbiu à fome e à doença perfazendo um total de cerca de 3.000.000 de mortos. Este número representa cerca de 70 ou 80 por cento de todas as pessoas enviadas para Auschwitz como prisioneiros, sendo o restante selecionado e usado para trabalho escravo nas indústrias do campo de concentração; incluídos entre os executados e mortos pelo fogo estavam cerca de 20 mil prisioneiros de guerra russos (anteriormente retirados das celas de prisioneiros de guerra da Gestapo) que foram entregues em Auschwitz nos transportes da Wehrmacht efectuados pelos oficiais e homens da Wehrmacht. Os restantes do número total de vítimas incluíam cerca de 100.000 judeus alemães e um grande número de cidadãos, principalmente judeus, da Holanda, França, Bélgica, Polónia, Hungria, Checoslováquia, Grécia ou outros países. Nós executamos cerca de 400.000 judeus húngaros só em Auschwitz no verão de 1944."



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Soube-se, mais tarde, através do livro «Legions of Death» [Legiões da Morte], de Rupert Butler, que Rudolf Höss foi espancado quase até à morte por membros da British Field Police Force [Força Policial de Campo Britânica] após a sua captura, e muito maltratado depois disso até ter prestado o seu depoimento sob juramento no Tribunal Militar Internacional de Nuremberga.

Nesse livro, o sargento britânico Bernard Clarke afirma que "Rudolf Höss foi preso em 11 de março de 1946 e que foram precisos três dias de tortura para obter uma declaração coerente".



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De qualquer modo, o Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos afirma hoje que, durante todo o período de funcionamento do Campo de Concentração de Auschwitz, terão lá morrido cerca de 1,1 milhões de pessoas, 960 mil dos quais judeus:

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segunda-feira, setembro 04, 2017

A incongruente política de extermínio levada a cabo pelos nazis


É alegado que Anne Frank morreu no campo de concentração de Bergen-Belsen devido ao tifo em março de 1945. Se o propósito dos nazis fosse exterminar todos os judeus, é muito estranho que Anne e a sua irmã Margot tivessem sido enviadas primeiro para o Campo de Extermínio de Auschwitz-Birkenau em setembro de 1944, e que, em dezembro de 1944, tenham sido transferidas para Bergen-Belsen, um Campo de Convalescença para onde eram trazidos prisioneiros de outros campos de concentração, demasiado doentes para trabalhar. [Jewish Virtual Library]

Todas estas transferências das duas irmãs - do Campo de Westerbork na Holanda, para o Campo de Auschwitz-Birkenau na Polónia, e depois para o Campo de Bergen-Belsen na Alemanha, parecem demasiado incongruentes com a política de extermínio nazi. Como é que em tempo de guerra total, quando a Alemanha estava a ser bombardeada noite e dia, quando os transportes e o abastecimento de alimentos e outros bens estavam a ser tão severamente dificultados dentro da Alemanha, se procedia a esta política de movimentação contínua de prisioneiros judeus, de um lado para o outro, para os exterminar?

Bombardeamento da Alemanha pelos Aliados

quinta-feira, maio 04, 2017

André Rogerie - o estonteante corrupio de um prisioneiro entre os diversos blocos hospitalares de Auschwitz


André Rogerie tinha 21 anos quando foi preso pela Gestapo, a 3 de Julho de 1943, quando tentava juntar-se às tropas francesas no Norte de África. André Rogerie esteve sucessivamente prisioneiro nos campos de concentração nazis de Buchenwald, Dora, Maidanek, Auschwitz, Gross-Rosen, Nordhausen e Harzungen.

Em 1945, escreveu uma obra intitulada "Vivre c’est Vaincre" [Viver é Vencer]. André Rogerie escreveu este livro porque, já desde 1943, estava convicto de que era necessário fazer saber ao mundo o que ele passou e viu nos campos de concentração.

No prefácio da reedição do seu livro, em 1988, escreveu: "Tendo assistido pessoalmente ao que se chama hoje «Holocausto», creio ser o meu dever, como testemunha ocular, imprimir novamente este documento histórico para que aqueles que procuram a verdade sobre este período encontrem um testemunho autêntico". Contra os negacionistas (os que negam o Holocausto Judeu), André Rogerie traz-nos o testemunho de um deportado que observou o genocídio dos Judeus.



Tendo subido ao posto de General, André Rogerie recebeu em 1994 o prémio "Mémoire de la Shoah [Memória do Holocausto Judeu] da Fundação Bushmann. A 16 de Janeiro de 2005, no Hôtel de Ville em Paris, por ocasião da comemoração da libertação do campo de extermínio de Auschwitz, André Rogerie foi, a par com Simone Veil (a primeira mulher a presidir ao Parlamento Europeu [1979-1982]), um de dois sobreviventes dos campos a testemunhar.

André Rogerie foi deportado para Dora, adoeceu, foi considerado inapto para o trabalho e, depois de algumas peripécias, chega a Auschwitz-Birkenau em Abril de 1944, nessa altura ele não pesa mais de quarenta quilos.

«Os prisioneiros com fatos às riscas estão lá para nos receber. É um comando especial. Em geral são muito simpáticos, ajudam-nos a descer e depois a subir para os camiões. Estamos muito cansados, chegámos extenuados e a ajuda que nos deram não foi inútil» (pág. 63).

André Rogerie, depois de passar pela desinfecção vai para um bloco de quarentena. Ao fim de cinco semanas, pesa 43 kg. Ao ver o seu estado de magreza, o médico envia-o para o campo-hospital (pág. 69): «fomos colocados num bloco muito simpático. O chão está coberto com um pavimento, há janelas, as camas estão espaçadas umas das outras, os cobertores são bons. A sopa é abundante e, pela primeira vez desde há uns tempos, eu comia o suficiente» (pág. 69).


André Rogerie


Ao verificar-se que tinha sarna, foi enviado para o bloco 15, «reservado às doenças de pele» (pág. 70). «Todos os dias, o suplemento de sopa é distribuído àqueles que estão mais magros […] vou portanto para a fila (sempre em camisa) para o meu suplemento». «Em poucos dias, voltei a ter cinquenta quilos. Graças às pomadas do doutor Landemann, a minha pele está completamente sarada» (pág. 71).




No dia em que devia finalmente sair do hospital para trabalhar, André Rogerie ficou com febre: «Os médicos auscultaram-me um após outro e desconfiaram que eu tinha malária. O doutor Herz recolheu uma amostra do meu sangue para que fosse estudada ao microscópio […] o laboratório respondeu na manhã seguinte a dizer que a malária não foi detectada. Eu tenho o sangue muito puro […]. Continuo portanto a viver no bloco 15 com a minha pequena febre semanal […]. Pouco a pouco, graças aos bons cuidados de Piccos (um enfermeiro), a agulha da balança sobe e em Julho eu já peso 56 quilos» (pág. 72).

«Eis que, ainda por cima, eu contraio uma doença do couro cabeludo que é tratada por depilação. É necessário rapar todo o cabelo, pêlo a pêlo. Para isso, sou levado para o campo das mulheres para ir ao aparelho de raios X, porque não falta nada em Birkenau».

Pouco depois, André Rogerie seria inscrito num comando de trabalho de Auschwitz.



Comentário

Poucos deportados terão tido tanta sorte como o prisioneiro André Rogerie. Não só passou incólume por sete campos de extermínio - Buchenwald, Dora, Maïdanek, Auschwitz, Gross-Rosen, Nordhausen e Harzungen, como, dentro do campo de extermínio de Auschwitz, correu quase todos os blocos hospitalares do campo.

André Rogerie, depois de passar pela desinfecção, foi para um bloco de quarentena. Cinco semanas depois, o médico envia-o para o campo-hospital. Ao verificar-se que tinha sarna, foi enviado para o bloco 15, reservado às doenças de pele. Ao contrair uma doença no couro cabeludo, tem de ir ao aparelho de raios X que fica situado no campo das mulheres.

Esta roda-viva pelos diversos blocos hospitalares de Auschwitz não é alheia à recuperação física de André Rogerie. Chegado a Auschwitz, em Abril de 1944, não pesando mais do que 40 kg, ao fim de cinco semanas já pesa 43 kg, atingindo pouco depois os 50 kg, e em Julho do mesmo ano os 56 kg. Pouco tempo depois, André Rogerie já estava suficientemente robusto para ser integrado num comando de trabalho.

Em face da existência de tantos blocos hospitalares no campo de extermínio de Auschwitz, é difícil discordar de André Rogerie: «não falta nada em Auschwitz-Birkenau».

sexta-feira, abril 28, 2017

Uma bolha infectada no pé, ou pior, as «desumanas experiências médicas» nazis, salvaram a vida a um jovem rabino em Auschwitz


Auschwitz - Rabino Israel Rosenfeld



Num post de 9/10/2007, com o título «Os sobreviventes do Holocausto», coloquei um trecho de uma entrevista ao rabino Israel Rosenfeld, publicada no jornal Intermountain Jewish News de 4 de Fevereiro de 2005. Essa entrevista foi removida da Internet.




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Eis parte da entrevista do rabino de 2005:

O rabino Israel Rosenfeld falou pela primeira vez da sua experiência em Auschwitz ao jornal Intermountain Jewish News, a 27 de Janeiro de 2005, exactamente 60 anos depois do dia em que foi libertado de Auschwitz:

«... o trabalho duro, combinado com tudo o resto, conjugaram-se para fazer de Rosenfeld um jovem muito doente. Uma bolha não tratada no pé cresceu e piorou até que se tornou numa infecção debilitante na parte de trás da perna. Por fim, já não podia estar de pé, e muito menos andar, diz ele, enquanto levanta a perna das calças para mostrar a cicatriz deixada pela infecção de há seis décadas atrás. Na altura, a meio do Inverno de 1944-45, foi colocado na enfermaria de Auschwitz, incapaz de trabalhar. Isto provavelmente salvou-lhe a jovem vida.»

[... the hard work, combined with everything else, combined to make young Israel very sick. An untreated blister on his foot steadily grew worse until it became a debilitating infection on the back of his leg. Eventually, he could no longer stand, let alone walk, he says, lifting his pant leg to show the still-vivid scar left behind by the raging infection of six decades ago. By then, it was the middle of the winter of 1944-45, and he was placed in the Auschwitz infirmary, unable to work. It probably saved the youth's life.]

Uma das enfermarias de Auschwitz


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Em 2007, o rabino tem uma versão radicalmente diferente:

Em Fevereiro de 2007, o rabino Israel Rosenfeld contou a um grupo de sete jovens uma versão substancialmente diferente sobre o que lhe acontecera em Auschwitz:

«O rabino Rosenfeld contou como sobreviveu miraculosamente ao campo de concentração, embora tenha depois passado três meses num hospital incapaz de estar de pé ou caminhar, porque as pernas tinham sofrido cortes fruto das experiências médicas a que os nazis o submeteram.»

[Rabbi Rosenfeld spoke about how he miraculously survived the concentration camp, although afterwards he spent three months in a hospital unable to stand or walk, his legs having been cut up by the Nazis performing medical experiments on him.]


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Vale a pena ler o artigo da entrevista de 2005 dada neste LINK ao Intermountain Jewish News

e o artigo da entrevista de 2007 dada neste LINK ao mesmíssimo Intermountain Jewish News.


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Seguem-se alguns dados neste LINK sobre a extensa rede de hospitais e enfermarias existentes em Auschwitz, em Auschwitz-Birkenau e nos subcampos de Auschwitz (dê-se o desconto à propaganda de atrocidades sempre que se fala neste assunto):


O elemento fundador da extensa rede de hospitais de campo de Auschwitz foi a enfermaria criada na segunda metade de junho de 1940, vários dias após a chegada do primeiro transporte de prisioneiros políticos polacos.

Os primeiros doentes eram prisioneiros que haviam sido muito agredidos ou que estavam a atingir o colapso por causa dos exercícios assassinos (chamados "desporto") que eram característicos do período de quarentena preliminar. À medida que mais transportes chegavam e o número de doentes aumentava, o hospital foi sendo amplificado. No seu formato final o hospital no campo principal de Auschwitz I, era composto pelo bloco 19, o Schonungsblock, para prisioneiros convalescentes; o bloco 20 para tratar as doenças infecto-contagiosas; o bloco 21 - o bloco cirúrgico; e o bloco 28, o bloco de medicina interna.

Com a expansão de Auschwitz entre 1942 e 1944, foram abertos novos hospitais no campo principal de Auschwitz (para os prisioneiros de guerra soviéticos e mulheres prisioneiras mantidos ali em vários momentos), em Birkenau [Auschwitz II] (nos campos para homens, mulheres, ciganos e judeus do gueto de Theresienstadt), e nos subcampos de Auschwitz.

Em várias alturas, os chefes dos "hospitais" dos campos [para além dos médicos prisioneiros] incluíram médicos das SS: Max Popiersch, Siegfried Schwela, Oskar Dienstbach, Kurt Uhlenbroock, e Eduard Wirths no campo principal de Auschwitz; Erwin von Helmersen, Heinz Thilo, e Rudolf Horstman no acampamento dos homens Birkenau; e Werner Rohde, Fritz Klein, e Hans Wilhelm König no campo das mulheres de Birkenau. Josef Mengele começou como o médico-chefe na Zigeunerlager ("acampamento cigano"), e acabou ao comando de todos os hospitais e enfermarias de Birkenau.


Fotografias de quatro dos blocos hospitalares referidos acima no campo Auschwitz I

Bloco 19, o Schonungsblock, para prisioneiros convalescentes


Bloco 20 para doenças infecto-contagiosas


 Bloco 21 - o bloco cirúrgico


Bloco 28, o bloco de medicina interna

quarta-feira, novembro 30, 2016

Anne Frank - um exemplo da incompreensível rotatividade dos prisioneiros judeus pelos diversos campos de extermínio nazis


Sendo Auschwitz o maior, o mais completo e o mais eficaz dos campos de extermínio nazis, dispondo de cinco enormes câmaras de gás que chegavam a gasear 20 mil pessoas por dia, porque motivo, dos oito residentes da casa de Anne Frank (em Amsterdão) que foram levados para Auschwitz, cinco deles foram transferidos para outros campos e, dos três que ficaram, um sobreviveu, outro morreu na enfermaria e só um terá sido gaseado (segundo um único testemunho - o do pai de Anne Frank)?



A história de Anne Frank começa na Alemanha dos anos 20. Os seus pais, Otto Frank e Edith Holländer casaram-se numa sinagoga no dia 12 de Maio de 1925. Nove meses depois, no dia 16 de Fevereiro de 1926, a primeira filha do casal, Margot Frank, nasceu em Frankfurt am Main. No dia 12 de Junho de 1929, nasceu Annelise Frank (Anne Frank).

Em 1933, com a subida ao poder de Adolf Hitler, a família Frank decidiu mudar-se para a relativamente segura Amesterdão, na Holanda. Para tanto, no verão desse ano, a mãe Edith e as filhas Margot e Anne Frank foram morar com a avó materna Holländer, em Aachen, enquanto o pai, Otto Frank, partiu para Amesterdão para organizar as coisas. No dia 5 de dezembro de 1933, Edith e Margot, a mãe e a irmã de Anne Frank, mudaram-se para Amesterdão. Em Fevereiro de 1934, Anne Frank juntou-se aos pais em Amesterdão.

No verão de 1937, a família Van Pels trocou Osnabrück na Alemanha, por Amesterdão. No dia 1 de Junho de 1938, Otto Frank em parceria com Hermann van Pels inaugurou a empresa Pectacon B.V., especializada na produção de ervas utilizadas no tempero de carne. No dia 8 de Dezembro do mesmo ano, Fritz Pfeffer trocou a Alemanha pela Holanda. Em Março de 1939, a situação dos judeus na Alemanha começou a ficar intolerável.

Mesmo com muitos membros do Partido Nazi presentes no seu território, a Holanda tratava muito bem os seus refugiados judeus, e os Frank sentiram-se seguros juntamente com seus vizinhos judeus.

No dia 5 de Julho de 1942, Edith Frank recebeu um documento registado convocando Margot Frank para ir para Westerbork, um campo de triagem para judeus no norte da Holanda.

Diante de tal facto, Otto Frank, o pai de Anne Frank, decidiu antecipar a ida da família para o esconderijo localizado em Prinsengracht, 263 (local onde funcionava o seu escritório e que desde o ano anterior estava sendo preparado para se tornar o esconderijo da família caso fosse necessário).


A casa em Amesterdão onde se situava o Anexo Secreto

A 13 de Julho de 1942, a família Van Pels, Hermann, Auguste e Peter, mudou-se para o Anexo Secreto. No dia 16 de Novembro, Fritz Pfeffer chegou ao esconderijo como o oitavo clandestino.

Durante dois anos, os oito moradores do Anexo Secreto fizeram parte de uma grande família, morando num confinado espaço e vivendo sob o constante medo de serem descobertos pelos nazis e pelos seus simpatizantes. Foi durante este período que Anne Frank escreveu o seu famoso diário.

A 4 de Agosto de 1944, o Anexo Secreto foi invadido de surpresa pela polícia nazi e os moradores foram presos.

Depois de presos, os oito moradores do Anexo Secreto foram levados para uma prisão em Amesterdão, e no dia 8 de Agosto foram transferidos para Westerbork. A 3 de Setembro de 1944, foram todos deportados para Auschwitz (Polónia), onde chegaram no dia 6 de Setembro de 1944. À chegada ao campo de concentração de Auschwitz, Anne Frank e os outros sete residentes do Anexo foram poupados à morte nas câmaras de gás.

Auschwitz - para onde foram enviados os oito moradores do Anexo Secreto


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A família Frank

Otto Heinrich Frank, Edith Hollander Frank, Margot Frank e Anne Frank


Otto Heinrich Frank, pai de Anne Frank, foi o único dos oito moradores do Anexo a sobreviver, sendo libertado de Auschwitz pelo Exército Vermelho no dia 27 de Janeiro de 1945. Otto Frank morreu em Basileia, Suiça, no dia 19 de Agosto de 1980 com 91 anos.

Edith Hollander Frank, mãe de Anne Frank, morreu com 44 anos na enfermaria de Auschwitz-Birkenau, no dia 6 de Janeiro de 1945.

Margot Frank, a irmã mais velha de Anne Frank, foi transferida, por volta de 28 de Outubro de 1944, com Anne Frank e Auguste van Pels de Auschwitz para Bergen Belsen, campo de concentração perto de Hannover (Alemanha), onde morreu com 18 anos, possivelmente no final de Fevereiro de 1945, vítima da epidemia de tifo que matou milhares de prisioneiros no local. O seu corpo foi provavelmente enterrado nas valas comuns de Bergen Belsen.

Anne Frank foi transferida, por volta de 28 de Outubro de 1944, com a irmã e Auguste van Pels de Auschwitz para Bergen Belsen onde morreu com 16 anos, possivelmente no final de Fevereiro ou início de Março de 1945, vítima de tifo. Provavelmente o seu corpo também foi enterrado nas valas comuns do campo que foi libertado por tropas inglesas a 12 de Abril de 1945.


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A família van Pels

Hermann van Pels, Auguste van Pels e o filho Peter van Pels


Hermann van Pels morreu nas câmaras de gás de Auschwitz, de acordo com o único testemunho de Otto Frank, em Outubro ou Novembro de 1944, com 55 anos. Pouco depois as câmaras de gás foram desactivadas.

Auguste van Pels, esposa de Hermann van Pels, foi transferida de Auschwitz com Anne e Margot, por volta de 28 de Outubro de 1944, para Bergen Belsen. Em Fevereiro de 1945 foi transferida para Buchenwald, depois foi transferida para Theresienstadt em 9 de Abril de 1945, e aparentemente foi transferida para outro campo de concentração depois disso. É certo que não sobreviveu (???), mas não se sabe a data de sua morte.

Peter van Pels, filho dos Pels, foi forçado a participar da marcha da morte de Auschwitz a 16 de Janeiro de 1945 até ao campo de concentração de Mauthausen, Áustria, onde, segundo a Cruz Vermelha, morreu no dia 5 de Maio de 1945, com 18 anos, três dias antes do campo ser libertado pelas tropas americanas.



Fritz Pfeffer

Fritz Pfeffer

Fritz Pfeffer foi transferido de Auschwitz para Sachesenhausen e novamente transferido paro o campo de concentração de Neuengamme, onde morreu no dia 20 de Dezembro de 1944, com 55 anos, com uma inflamação nos intestinos.



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Em suma

Dos oito prisioneiros judeus, principais personagens do diário de Anne Frank, apenas três permaneceram em Auschwitz com sortes diferentes:

1 - Hermann Pels foi «gaseado» em Auschwitz segundo o testemunho de Otto Frank (o pai de Anne Frank).

2 - Edith Frank, mãe de Anne Frank, morreu na enfermaria de Auschwitz.

3 - Otto Frank, pai de Anne Frank, sobreviveu a Auschwitz, sendo libertado pelo Exército Vermelho.


Os outros cinco elementos foram todos transferidos, alguns por diversas vezes:

4 e 5 - As irmãs Margot e Anne Frank foram transferidas de Auschwitz para o campo de concentração de Bergen Belsen, onde morreram de tifo.

6 - Peter Pels foi transferido de Auschwitz para Mauthausen onde morreu três dias antes do campo ser libertado pelas tropas americanas.

7 - Fritz Pfeffer foi transferido de Auschwitz para Sachesenhausen e depois para Neuengamme, onde morreu com uma inflamação nos intestinos.

8 - Auguste Pels foi transferida de Auschwitz para Bergen Belsen, depois para Buchenwald, depois para Theresienstadt, e aparentemente para outro campo de concentração depois disso. Pensa-se que não terá sobrevivido.


Questão

Se o objectivo dos nazis era exterminar judeus, como se explica que deste grupo de oito judeus que se encontrava em Auschwitz, o local de extermínio nazi por excelência, apenas um tenha sido «gaseado», de acordo com o «único testemunho» de Otto Frank? E porque andaram os outros a saltar de campo em campo (tendo a senhora Auguste Pels passado por cinco campos de extermínio diferentes)?

segunda-feira, outubro 17, 2016

David Cole, um investigador judaico-americano, demonstra o embuste das câmaras de gás de Auschwitz

Um vídeo realizado, produzido, escrito e narrado pelo judeu-americano David Cole, tornou-se um "must-see" do revisionismo do holocausto.

David Cole, judeu por nascimento e ateísta por convicção, visitou a Europa em Setembro de 1992 e inspeccionou os campos de concentração alemães de Auschwitz, Birkenau, Majdanek, Mauthausen e Dachau.

Os vídeos seguintes, legendados em português, com cerca de 10 minutos cada, constituem um excelente testemunho das mentiras oficiais sobre as «câmaras de gás», que são impingidas aos visitantes do «campo de extermínio» de Auschwitz-Birkenau.


terça-feira, setembro 20, 2016

Mengele - o Anjo da Morte de Auschwitz - Testemunhos devastadores


Retirado do site scrapbookpages.com. Segundo a homepage do site, este tem como objectivo auxiliar os viajantes com interesse em história – especialmente no capítulo do Holocausto Judeu.


(Tradução minha)



O homem à esquerda é Josef Mengele, o oficial médico SS que seleccionou judeus para serem gaseados e que levou a cabo experiências médicas desumanas em prisioneiros.

O Dr. Josef Mengele era um dos 30 oficiais SS em Auschwitz II, também conhecido por Birkenau, que decidia quem viveria e quem devia morrer nas câmaras de gás. Mengele chegou a Birkenau nos princípios de Maio de 1943, mesmo na altura em estava a começar a segunda epidemia de tifo em Birkenau. O próprio Mengele apanhou tifo enquanto estava em Birkenau.

Mengele foi alcunhado como o "Anjo da Morte" pelos prisioneiros porque tinha a face de um anjo, e, no entanto, cruelmente, fazia selecções para as câmaras de gás de Birkenau. Mengele era simpático para as crianças do campo mas fazia experiências com elas como se fossem ratos de laboratório. Mengele ofereceu-se como voluntário para fazer as selecções em Birkenau, mesmo quando não era o seu turno, porque queria encontrar pessoas para as suas pesquisas médicas em genética e doenças hereditárias, que ele tinha já começado antes da guerra. Em particular, queria encontrar gémeos para as pesquisas que já tinha começado antes de ser colocado em Birkenau.

Mengele era conhecido por todos os prisioneiros pelo seu charme e por ser bem-parecido. Segundo Gerald L. Posner e John Ware, os autores de "Mengele, the Complete Story," [Mengele, a História Completa], muitas crianças do campo de Birkenau “adoravam Mengele” e chamavam-lhe "Tio Pepi". Esta informação foi dada por Vera Alexander, uma sobrevivente de Birkenau, que disse que o Dr. Mengele trouxe chocolate e as roupas mais bonitas para as crianças, incluindo fitas do cabelo para as meninas.




O Dr. Mengele tinha um doutoramento em antropologia assim como uma licenciatura em medicina, que tirou em Julho de 1938 na Universidade de Frankfurt. Fez o doutoramento em 1935 com uma tese sobre “Pesquisa Racial e Morfológica sobre o osso do maxila inferior em quatro grupos raciais.” Em Janeiro de 1937, o Dr. Mengele foi nomeado investigador assistente no Instituto da Hereditariedade, Biologia e Pureza Racial da Universidade de Frankfurt. Trabalhou como assistente do Professor Otmar Freiherr von Verschuer, um geneticista que andava a fazer pesquisa em gémeos. Como director, durante a guerra, do Kaiser Wilhelm Institute de Antropologia, Estudos Genéticos na Hereditariedade Humana, em Berlim, von Verschuer assegurou os fundos necessários para as experiências de Mengele em Auschwitz.

Os resultados das pesquisas de Mengele em gémeos eram enviados para o Instituto. A autorização para as pesquisa genéticas de Mengele foi dada pelo Conselho de Pesquisa Alemão em Agosto de 1943.

Olga Lengyel, uma prisioneira do campo de Birkenau, escreveu no seu livro intitulado "Cinco Chaminés" que ouviu falar através dos outros prisioneiros acerca do Dr. Mengele antes de o conhecer. Lengyel escreveu que ouvira dizer que o Dr. Mengele era "bem-parecido" mas que ficou surpreendida ao ver como Mengele era "atraente". Acrescentou: "embora Mengele estivesse a tomar decisões que significavam extermínio, ele era tão agradavelmente auto-convencido como qualquer homem pode ser."

Lengyel descreveu como o Dr. Mengele tomava todas as precauções médicas enquanto assistia a um parto em Auschwitz, embora, apenas meia hora depois, enviasse a mãe e o bebé para serem gaseados e queimados no crematório. A própria Lengyel foi seleccionada para a câmara de gás, mas conseguiu fugir do grupo de mulheres que tinha sido seleccionado, antes que chegasse o camião que levaria as prisioneiras para o crematório.


A primeira selecção sistemática para as câmaras de gás de Birkenau foi feita quando um transporte de judeus chegou a Auschwitz a 4 de Julho de 1942. Exactamente no dia anterior, o campo de Birkenau ficou em quarentena devido a uma epidemia de tifo.

O comboio parou a pouca distância da estação de Auschwitz junto a uma plataforma de madeira chamada "Rampa dos Judeus", onde se procedia à selecção. Os Judeus que eram considerados em condições para trabalhar eram levados para o campo principal de Auschwitz, que ficava próximo da "Rampa dos Judeus". Aí tomavam banho de chuveiro, as cabeças eram rapadas, era-lhes tatuado um número no antebraço esquerdo, e era-lhes feito um cartão de registro.

Os que não eram considerados aptos para o trabalho, eram levados imediatamente de camião da "Rampa dos Judeus" para duas câmaras de gás em Birkenau, que estavam localizadas em duas casas agrícolas convertidas chamadas "a pequena casa vermelha" e "a pequena casa branca". Pelo menos 75% dos Judeus em cada transporte de 2,000 ou 3,000 prisioneiros eram considerados inaptos para o trabalho e eram destinados à câmara de gás. A pequena casa vermelha também chamada Bunker I, tinha uma capacidade de 800 pessoas em duas salas e a pequena casa branca, chamada Bunker 2, tinha uma capacidade de 1,200 em quatro salas.

A todos os prisioneiros que chegavam era-lhes dito que primeiro tomavam um banho de chuveiro. Os prisioneiros que eram mesmo seleccionados para trabalhar, tomavam um banho a sério, mas os outros eram levados em camião para as duas casas agrícolas, onde as câmaras de gás estavam disfarçadas de salas de chuveiros.

A pequena casa branca estava situada na parte oeste do campo de Birkenau, atrás da Central de Sauna que começou em funcionamento em 1943, e próximo do Krema 4. O nome da "Central de Sauna" provém do facto de ser a localização das câmaras de ferro onde a roupa dos prisioneiros era desinfectada com vapor quente. A Central de Sauna tinha também uma sala com 50 chuveiros.

A pequena casa vermelha estava localizada a norte do sítio onde o Krema 5 foi construído em 1943. Tanto o Krema IV como o Krema V possuíam câmaras de gás homicidas, disfarçadas de salas de chuveiros, onde eram lançados os grão de Zyklon-B através de janelas exteriores, matando lá dentro as vítimas que não suspeitavam de nada.



Um oficial das SS procede à selecção de um grupo de Judeus recém-chegado a Auschwitz

O destino era o trabalho forçado ou a morte na câmara de gás
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Embora Josef Mengele só começasse a fazer parte do pessoal de Birkenau em Maio de 1943, sobreviventes testemunharam durante o julgamento Aliado dos crimes de guerra que ele procedeu a selecções em 1942. Para além da selecção inicial quando os comboios de transporte chegavam a Birkenau, haviam mais selecções de mulheres no campo. O Dr. Mengele era o médico chefe dos alojamentos das mulheres, e ele aparecia periodicamente para seleccionar mulheres para trabalhar ou para a câmara de gás. Uma das mulheres que sobreviveu a uma destas selecções foi Sophia Litwinska, uma Polaca Judia que era casada com um homem ariano.

Sophia Litwinska fez um depoimento juramentado que fez parte do julgamento britânico do pessoal SS de Bergen-Belsen no Outono de 1945. Alguns tinham trabalhado anteriormente em Birkenau e eles estavam a ser julgados tanto por crimes cometidos em Birkenau como em Belsen. Franz Hoessler era o comandante do campo das mulheres em Birkenau em 1942; foi transferido para Belsen em Dezembro de 1944.

Como foi citado no livro "O Julgamento de Belsen", Sophia Litwinska afirmou o seguinte no seu depoimento:

"Em Auschwitz, a 24 de Dezembro de 1942, eu estava na parada com cerca de mais 19,000 outros prisioneiros, todos mulheres. Presentes na parada estavam o Dr. Mengele, Konig e Tauber. Eu fui uma das 3,000 prisioneiras escolhidas do grupo de 19,000 pelos médicos e levadas para as nossas barracas, onde fomos despidas por outras prisioneiras e as nossas roupas foram levadas. Nós fomos levadas numa espécie de camiões basculantes para a rampa da câmara de gás. Eram grandes camiões basculantes, cerca de oito ao todo e com cerca de 300 pessoas em cada um. À chegada à câmara de gás, a parte de trás do camião levantou e nós deslizámos pela rampa abaixo através de algumas portas até pararmos numa sala larga."

"A sala tinha chuveiros a toda a volta, toalhas, sabão e muitos bancos. Também havia pequenas janelas próximas do tecto. Muitas pessoas aleijaram-se ao deslizar pela rampa e ficaram deitadas onde caíram. Aquelas de nós que se podiam sentar nos bancos fizeram-no e imediatamente a seguir as portas da sala foram fechadas. Os meus olhos começaram a chorar, comecei a tossir e tive uma dor no meu peito e garanta. Algumas das outras pessoas caíam e outras tossiam e espumavam da boca. Depois de estar na sala cerca de dois minutos, a porta foi aberta e um homem SS entrou usando uma máscara de gás. Chamou pelo meu nome e então tirou-me da sala e fechou rapidamente a porta outra vez. Quando cheguei cá fora, vi o SS Franz Hoessler, que identifiquei como Nº 1 na fotografia 9. Ele levou-me para o hospital, onde fiquei durante seis semanas, recebendo tratamento especial do Dr. Mengele. Nos primeiros dia que estive no hospital não conseguia comer nada sem vomitar. Só pensava que tinha sido tirada da câmara de gás porque tinha um marido de raça ariana e, por isso, estava numa categoria diferente dos outros prisioneiros, que eram todos Judeus. Hoje sofro de um coração fraco e tive dois ataques desde que estive em Belsen. Não conheço os nomes de nenhuma das pessoas que entraram na câmara de gás comigo."



Não é claro a qual das quatro câmaras de gás de Birkenau, Litwinska se está a referir. As câmaras de gás do Krema IV e do Krema V estavam no subsolo e tinham "janelas pequenas próximas do tecto", por onde os grãos eram atirados pelos homens das SS. Mas nenhuma destas câmaras de gás tinha uma "rampa de câmara de gás" para lançar as vítimas para a câmara de gás de "camiões basculantes."

De acordo com os desenhos feitos por Walter Dejaco, um dos arquitectos do edifício Krema II, o projecto original mostrava uma rampa para corpos para fazer escorregar os corpos para o vestíbulo entre as duas morgues, que foram mais tarde convertidas numa sala para as pessoas se despirem e numa câmara de gás. A rampa para corpos nunca foi construída. Dejaco foi absolvido por um tribunal na Áustria em 1972; no seu julgamento, os desenhos da rampa para corpos foram apresentados como prova. (A morgue do campo de Sachsenhausen tem uma rampa para corpos que pode ser vista ainda hoje).

Não existiam fornos crematórios em Birkenau em 1942, e no campo principal de Auschwitz existiam apenas três fornos, que podiam incinerar 340 corpos num período de 24 horas. Os corpos dos Judeus que eram gaseados em Birkenau em 1942 eram enterrados em valas comuns próximo da pequena casa vermelha.

Os corpos foram mais tarde desenterrados e incinerados em piras, de forma a não contaminar a água no subsolo de Birkenau. Os corpos de milhares de prisioneiros que morreram na epidemia de tifo, que esteve descontrolada por volta de 3 de Julho de 1942, também foram exumados e incinerados. O comandante do campo Hoess escreveu na sua autobiografia que “O número de corpos em valas comuns chegava aos 107,000.”

Otto Moll, o homem das SS que estava encarregue de desenterrar os corpos das valas comuns em Birkenau em 1942, contesta a versão de Hoess; a 16 de Abril de 1946, Moll contou a um interrogador em Nuremberga:

Quando eu estive encarregue destas escavações, tal como lhe disse antes, junto com outro camarada, o que Hoess confirmou hoje, nós colocámos de 30,000 a 40,000 pessoas nessas valas comuns. Foi o trabalho mais terrível que pode ser feito por um ser humano.

A foto abaixo mostra o Dr. Josef Mengele com Rudolf Hoess e Josef Kramer a descansar em Solahuette, um retiro dos SS próximo de Birkenau. Kramer foi o comandante de Birkenau em 1944 quando esta foto foi tirada. Em Dezembro de 1944, foi transferido para Bergen-Belsen, que se tornou então num campo de concentração. O campo de Bergen-Belsen tinha sido antes um campo de detenção para Judeus que estivessem disponíveis para trocar com os Aliados por civis alemães detidos nas prisões Britânicas e Americanas. Hoess era o comandante da guarnição militar SS de Auschwitz em 1944.




Josef Mengele, Rudolf Hoess e Josef Kramer


Mengele ganhou a Cruz de ferro de 2ª classe pouco depois de ter sido enviado para a Ucrânia em Junho de 1941 na altura da invasão alemã da União Soviética. Em Janeiro de 1942, Mengele juntou-se à prestigiada 5ª Divisão Panzer, alcunhada de Divisão Viking. Em Julho de 1942 foi condecorado com a Cruz de Ferro de 1ª classe depois de ter tirado dois soldados feridos de um tanque em chamas, sob fogo inimigo no campo de batalha, e lhes ter administrado cuidados médicos.

Depois de ter sido ferido em batalha na frente russa em 1942, Mengele foi promovido a capitão [Hauptsturmführer] e foi enviado para o departamento da Raça e Relocalização [Race and Resettlement Office] em Berlim, o mesmo departamento onde Adolf Eichmann estava encarregue de transportar os Judeus para “relocalização no leste,” um eufemismo nazi para enviar Judeus para derem gaseados em campos da morte.

Em Maio de 1943, o Dr. Josef Mengele chegou a Auschwitz e foi designado para chefiar as necessidades médicas do campo dos Ciganos. A seguinte citação provém do livro “Mengele, a história Completa”:

Poucos dias depois da sua chegada, enquanto Auschwitz estava a lutar contra uma das suas muitas epidemias tifóides, Mengele estabeleceu uma reputação de eficiência radical e impiedosa. O pântano próximo tornava difícil a obtenção de água potável e era uma ameaça constante por causa dos mosquitos. (O próprio Mengele contrairia malária em Junho de 1943). Outros médicos SS tinham falhado nas suas tentativas de restringir o tifo nas proximidades das barracas do campo. A solução de Mengele foi demonstrada numa das setenta e oito acusações formuladas em 1981 pelo Ministério Público da Alemanha Ocidental, quando as autoridades julgavam que ele ainda estava vivo. Em termos de provas detalhadas, este mandato de prisão é o mais incriminador e completo documento que já alguma vez foi compilado contra ele. Segundo o mandato, a 25 de Maio de 1943, “Mengele enviou 507 ciganos e 528 ciganas suspeitos de terem tifo para a câmara de gás.” “Acusa também Mengele de “a 25 ou 26 de Maio ter poupado aqueles ciganos que eram alemães enquanto mandava aproximadamente outros 600 para serem gaseados.”


De acordo com o livro “Mengele, a História Completa,” um surto grave de tifo atingiu as mulheres do campo de Birkenau em finais de 1943, quando o Dr. Mengele era o medico chefe da zona das mulheres. Cerca de 7,000 a 20,000 mulheres no campo estavam seriamente doentes e Mengele propôs uma solução radical para parar a epidemia.

A citação seguinte é do Dr. Ella Lingens, um médico austríaco que era prisioneiro político em Birkenau. Numa entrevista pessoal dada a S. Jones e K. Rattan a 14 de Fevereiro de 1984, o Dr. Lingens disse o seguinte como está citado em “Mengele, a História Completa”:

Mengele enviou um bloco inteiro de 600 mulheres judias para a câmara de gás e limpou o bloco. Depois mandou desinfectá-lo de cima a baixo. A seguir mandou colocar depósitos para chuveiros entre este bloco e o próximo, e as mulheres do próximo bloco vinham desinfectar-se e eram transferidas para o bloco já limpo. Aqui era-lhes fornecida uma camisa de noite nova e limpa. O bloco a seguir era limpo desta maneira e por aí fora até todos os blocos estarem desinfectados. Fim do tifo! O terrível foi ele não ter podido colocar as primeiras 600 mulheres em qualquer lado.


O campo de Birkenau tinha 172 hectares. Sete pequenas vilas tinham sido destruídas para dar espaço para o campo; era como uma pequena cidade com um total de 300 edifícios. Havia um total de 140,000 prisioneiros no campo em 1943, mas as barracas tinham capacidade para 200,000 prisioneiros. Havia muito espaço para colocar estas 600 mulheres, mesmo que tivesse de montar tendas no campo de futebol que ficava próximo de uma das câmaras de gás de Birkenau, mas o Dr. Mengele não tentou arranjar um espaço para elas porque tinha um total desrespeito pela vida humana, desde que se tratassem de Judeus e Ciganos ao seu cuidado. Na avaliação do seu desempenho, o seu superior complementou-o na tarefa de parar a epidemia de tifo: não houve menção das 600 mulheres que ele assassinou para conseguir este resultado.

Josef Mengele morreu a 7 de Fevereiro de 1979 com um ataque de coração quando estava a nadar em Embu, no Brasil. Só depois de alguns anos após a sua morte é que sobreviventes começaram a aparecer com histórias acerca de crimes que ele cometeu em Birkenau, e começou uma massiva caça ao homem para o encontrar.

Depois da guerra, o Dr. Josef Mengele trabalhou numa quinta com outro nome durante alguns anos, e depois escapou para a América do Sul; nunca foi levado a julgamento como criminoso de guerra. Se tivesse sido capturado e levado a julgamento, a Dr. Gisella Perl estava preparada para testemunhar contra ele. A Dr. Perl trabalhou como médica sob as ordens de Mengele e era ela própria uma prisioneira. Segundo o livro “Mengele, a História Completa,” a Dr. Perl afirmou que uma prisioneira chamada Ibi escapou por seis vezes da câmara de gás saltando para fora do camião que estava a levar prisioneiras da “Rampa dos Judeus” para a câmara de gás. O Dr. Mengele ficou furioso quando descobriu que ela tinha regressado à fila de selecção.

A seguinte citação é tirada do livro de Gisella Perl, entitulado “Eu era um médico em Auschwitz,” publicado em 1948:

“Ainda estás aqui?” Dr. Mengele abandonou a cabeça da fila, e com alguns passos largos alcançou-a. Agarrou-a pelo pescoço e começou a bater-lhe na cabeça até esta ficar numa pasta de sangue. Bateu-lhe, esbofeteou-a, esmurrou-a, sempre na cabeça – gritando o mais alto possível, “Queres escapar, não queres? Não podes escapar agora. Isto não é um camião, não podes saltar. Vais arder como os outros, vais ganir, sua Judia suja,” e continuou a bater-lhe na pobre cabeça desprotegida. Enquanto eu assistia, vi os seus belos olhos inteligentes desaparecerem sob uma camada de sangue. As orelhas já não existiam. Talvez ele as tenha despedaçado. E, em poucos segundos, o seu nariz ficou achatado, partido, uma massa sangrenta. Fechei os olhos, incapaz de suportar mais aquilo, e quando os voltei a abrir, o Dr. Mengele tinha parado de lhe bater. Mas em vez de uma cabeça humana, o corpo alto e magro da Ibi levava um objecto redondo vermelho-sangue nos seus ombros ossudos, um objecto irreconhecível, demasiado horrível para ver; ele empurrou-a novamente para a fila. Meia hora depois, o Dr. Mengele regressou ao hospital. Tirou um bocado de sabão perfumado da sua mala e, assobiando alegremente com um sorriso de profunda satisfação na cara, começou a lavar as mãos.


Segundo o testemunho de Rudolf Hoess no Tribunal Militar Internacional de Nuremberga em 1956, o marechal-de-campo SS Heinrich Himmler deu repetidas ordens no sentido do pessoal nos campos de concentração estarem proibidos “de utilizar violência física contra os prisioneiros.” De acordo com os sobreviventes de Birkenau, o Dr. Mengele perdia frequentemente as estribeiras e batia nos prisioneiros, no entanto nunca foi punido pelos seus oficiais superiores.

Dois outros sobreviventes do Holocausto que escaparam à morte saltando do camião que levava Judeus para a câmara de gás, foram Gloria Lyon, então com 14 anos, e a sua irmã de 12 anos, que estavam entre os Judeus húngaros enviados para Birkenau em 1944. Lyon falou para alunos do 10º ano da escola secundária de Oceana na baía de São Francisco em Fevereiro de 2008.

A seguinte citação vem de um artigo nos jornais escrito por Jane Northrop no site da Web www.insidethebayarea.com acerca do tormento de Gloria Lyon no campo de Birkenau:

No campo, a família foi separada. O pai de Lyon e os irmãos foram numa direcção, e Lyon e a sua mãe estavam noutro grupo. A sua irmã mais nova, que tinha 12 anos, era para ir com um grupo diferente, mas saltou da parte de trás do camião e correu para se juntar à mãe e à irmã.

“Isto salvou-lhe a vida. Os outros foram enviados para a câmara de gás,” disse Lyon. [...]

Eles sofreram as infames experiências do Dr. Josef Mengele. A grupos inteiros de pessoas foi-lhes dito para se despirem e se apresentarem ao médico para um “exame médico.”

“Foi precisa muita energia para encarar o Dr. Mengele. Alguns foram-se abaixo mais rapidamente do que outros,” disse Lyon. Quando os prisioneiros desmaiavam, eram levados para o outro lado do edifício, donde nenhum prisioneiro alguma vez regressou.

Quando a própria Lyon desmaiou no gabinete do médico em Dezembro, foi enviada para o outro lado.

Nua e aterrorizada, foi colocada com outros prisioneiros enfraquecidos num camião guardado por tropas SS. O guarda falou-lhe em húngaro, que ela percebia por ter vivido na Checoslováquia. O guarda disse que sabia quem ela era, porque era muito raro tantos membros de uma só família permanecerem vivos.

O camião tinha como destino a câmara de gás, mas se ela quisesse saltar da parte de trás, ele não a travaria ou ninguém que quisesse ir com ela. Ele prometeu não o denunciar. Nenhum dos outros prisioneiros, contudo, quis juntar-se a ela.

“Toda a gente estava esfomeada e sem esperança,” disse Lyon.

Ela saltou e viu uma trincheira onde se poderia esconder num cano. Estava tão magra em resultado dos meses de fome que conseguiu caber na cano e ficar escondida. Escondeu-se ali sem comida ou roupa. Ainda estava no campo, mas ao menos tinha escapado da câmara de gás.

“Não me lembro de ter sentido frio. Lembro-me de me ter sentido triunfante. Senti que tinha derrotado o exército alemão,” disse. Quando a sua fuga foi detectada, soou um alarme mas ninguém a encontrou no seu esconderijo.

Depois de 24 horas na escuridão, seguiu uma luz brilhante que se revelou ser uma barraca não guardada. O pequeno grupo de surpresos prisioneiros levou-a para dentro. Este grupo, com Lyon entre eles, foi metido em camiões para gado e levados para fora de Auschwitz. Lyon desejou ver a mãe e a irmã mais uma vez, mas sabia que enfrentava uma morte certa se fosse descoberta em Auschwitz.

Depois de três dia de viagem, o grupo chegou a Bergen-Belsen, um campo de concentração onde o crematório ardia dia e noite. Foi aí que Lyon passou o seu 15º aniversário.



Entre os sobreviventes de Auschwitz-Birkenau estava Philip Riteman, um Judeu Polaco enviado para o campo em 1941, que teve a presença de espírito para mentir sobre a sua idade de forma a ser seleccionado para a fila destinada a trabalho escravo. Num discurso que Riteman proferiu para os alunos de Riverview e Central Collegiate em Moose jaw, Canadá em Maio de 2008, tal como foi reportado por Lacey Sheppy ino Moose Jaw Times Herald a 23 de Maio de 2008, Riteman disse que tinha crescido em Szereszow, na Polónia, uma cidade de cerca de 25,000 pessoas – não muito diferente de Moose Jaw. Estava no 5º ano quando a guerra começou em 1939. Os Ritemans foram reunidos e enviados para o gueto de Pruzhany, onde viveram durante nove meses num quarto de três por quatro metros, com mais duas famílias.

O seguinte é de um artigo escrito por Lacey Sheppy, que foi publicado a 23 de Maio de 2008 no Moose Jaw Times Herald:

Em 1941, a família de Riteman foi colocada num comboio com cerca de mais 10,000 pessoas. Sete dias depois, depois de ser comprimido com outras 100 pessoas numa carruagem sem comida, água ou casa de banho, o comboio parou finalmente… em Auschwitz-Birkenau. À medida que os olhos de Riteman se ajustaram à luz do sol, ele viu algo que ainda o persegue até hoje.

“Estava uma mulher na casa dos vinte, bonita, que saiu do comboio, nunca me vou esquecer dela porque usava sapatos de salto alto.”

A mulher tinha uma criança nos braços. Um soldado nazi tirou-lhe o bebé e esmagou-lhe a cabeça contra o pavimento.

Quando a mãe tentou agarrar o bebé, gritando e chorando, o soldado espetou-lhe uma baioneta no estômago.

“Era só sangue, sangue por todo o lado,” disse Riteman.

Sem tempo para pensar naquilo que tinha acabado de ver, Riteman foi colocado na fila para ser separado. Embora só tivesse 14, Riteman mentiu acerca da sua idade e disse aos Nazis que tinha 17.

Riteman – com outros homens e jovens, rapazes saudáveis – foram separados num grupo, enquanto as mulheres, os velhos e os enfermos foram para outro.

Os trabalhadores foram enviados para o campo para trabalhar, enquanto o resto – os pais de Riteman, avós, cinco irmãos, duas irmãs, nove tias e tios e muitos primos – foram enviados para a câmara de gás.


A história de Riteman nao é única. Numerosos sobreviventes de Auschwitz foram salvos da câmara de gás por mentirem acerca da sua idade e houve muitas testemunhas que viram os notoriamente indisciplinados soldados nazis bater com a cabeça de bebés contra a árvore mais próxima ou contra o chão, sem ninguém intervir.


Funcionários de Auschwitz de férias em Solahuette:


A foto acima mostra membros do pessoal de Auschwitz no verão de 1944 brincando com auxiliares femininas, também chamadas Helferinnen, em férias no retiro das SS em Solahuette, a 30 quilómetros do campo. Os homens das SS estavam a divertir-se, sem quaisquer preocupações, enquanto 3,000 Judeus eram gaseados por dia e incinerados em Birkenau.



Segundo o livro intitulado “Mengele, a História Completa”, de Gerald L. Posner e John Ware, Dr. Josef Mengele passou 21 meses no campo de Auschwitz-Birkenau, e durante esse tempo, enviou 400,000 prisioneiros para a morte nas câmaras de gás de Birkenau. Levando em conta que o Dr. Mengele não podia trabalhar quando esteve doente com malária e tifo, seleccionou 20,000 Judeus e Ciganos por mês para serem mortos, segundo Posner e Ware.

O seguinte excerto é de “Mengele, a História Completa”:

A memória deste homem delicado, sem um cabelo fora do sítio, a sua camisa verde escura bem passada, a cara bem lavada, o boné com a caveira das SS inclinada para um lado, permanece vívida para aqueles que sobreviveram ao seu exame detalhado quando chegavam à estação de Auschwitz. Botas polidas ligeiramente afastadas, o polegar apoiado no cinto da pistola, avaliava a presa com aqueles olhos perscrutadores e impenetráveis, Morte para a esquerda, vida para a direita.

Quatrocentas almas – bebés, crianças pequenas, jovens raparigas, mães, pais, e avós – foram enviados despreocupadamente para o lado esquerdo com o movimento de uma varinha segura numa mão enluvada. Mengele era o fornecedor chefe das câmaras de gás e para o crematório. Tinha uma expressão que dizia ‘Eu sou o poder,’ disse um sobrevivente. Nessa altura, Mengele tinha apenas 32 anos de idade.



As duas histórias mais famosas acerca do Dr. Josef Mengele: uma sobre a sua tentativa de mudar olhos castanhos para azuis e outra sobre coser duas crianças juntas, costas com costas, para criar gémeos siameses.

Vera Alexander, uma sobrevivente de Birkenau, foi uma testemunha da experiência dos gémeos siameses. O Dr. Mengele morreu em 1979 mas a sua morte foi mantida em segredo pelos seus amigos e família. Em Outubro de 1985, quando estava em curso uma intensiva caça ao homem a Mengele, Vera Alexander afirmou o seguinte numa entrevista para a produção televisiva “À procura de Mengele,” como foi citado no livro “Mengele, a História Completa”:

Um dia Mengele trouxe chocolate e roupas especiais. No dia seguinte, os homens das SS vieram e levaram duas crianças. As duas crianças estavam comigo, Totó e Nino. Um deles era corcunda. Dois ou três dias mais tarde, um homem das SS trouxe-os de volta num estado terrível. Foram cortados. O corcunda estava cosido à outra criança, de costas um para o outro, os seus punhos também. Cheirava terrivelmente a gangrena. As incisões estavam sujas e as crianças choraram todas as noites.


Segundo Gerald L. Posner e John Ware, os autores do livro “Mengele, a História Completa”, Mengele já tinha começado uma bizarra tentativa de mudar olhos castanhos para azuis antes da chegada do Dr. Miklos Nyiszli, um médico Judeu húngaro, a 29 de Maio de 1943. O Dr. Nyiszli foi escolhido para ajudar o Dr. Mengele a fazer autópsias nos corpos no Crematório II ou Krema II.

O Dr. Mengele tinha um interesse particular em estudar pessoas que tinham olhos de cor diferentes.

A história da experiência da cor dos olhos em 36 crianças em Birkenau foi contada pelo Dr. Vexler Jancu, um prisioneiro Judeu de Birkenau.

Como citado em “Mengele, a História Completa,” O Dr. Jancu disse o seguinte: Em Junho de 1943 fui ao campo dos Ciganos em Birkenau. Vi uma tábua de madeira. Em cima dela estavam vários exemplares de olhos. Todos tinham um número e uma letra. Os olhos iam do amarelo pálido até ao azul brilhante, verde e violeta.


O Dr. Mengele escapou de Auschwitz antes do campo ser libertado pelo exército da União Soviética, e levou consigo todos os seus artigos de investigação. Estes artigos caíram mais tarde nas mãos dos aliados, mas nunca chegaram a ser publicados. Os resultados das experiências do Dr. Mengele estão hoje guardados num cofre em Israel. O testemunho de alguns do Judeus que foram objecto das experiências e pesquisas de Mengele, foram publicados, mas não os resultados nem os seus artigos de investigação sobre a condição genética e doenças dos Judeus.

Houve alegações de vários sobreviventes de Birkenau que o Dr. Mengele mandou incinerar 300 crianças vivas a céu aberto.

Como citado em “Mengele, a História Completa,” um prisioneiro russo de Birkenau chamado Annani Silovich Perko afirmou o seguinte numa declaração juramentada feita ao promotor público em Moscovo em Setembro de 1973:

Passado um bocado, um grande grupo de oficiais das SS chegou em motas, Menguele estava entre eles. Guiaram para o pátio e desceram das motas. Depois de chegarem, rodearam as chamas; ardiam horizontalmente. Nós observávamos o que se iria seguir. Passado um bocado, chegaram camiões, camiões basculantes com crianças lá dentro. Os camiões eram cerca de dez. Depois de entrarem no pátio, um oficial deu uma ordem e os camiões fizeram marcha-atrás em direcção ao fogo e começaram a lançar aquelas crianças para o fogo, dentro da cova. As crianças começaram a gritar; algumas conseguiram rastejar para fora da cova a arder; um oficial deu a volta e com um pau empurrou-os para dentro, aos que conseguiram sair. Hoess e Mengele estavam presentes e davam ordens.


Um quadro de um sobrevivente do Holocausto representa crianças a serem queimadas vivas


A seguinte citação é de um livro intitulado “A Mente Criminal” da Dr. Katherine Ramsland que escreveu 25 livros sobre psicologia criminal:

Além dos burocratas e dos militares, Hitler também inspirava alguns médicos a cumprir a sua visão horrível, particularmente o Anjo da Morte de Auschwitz, Josef Mengele. Um líder na visão biomédica nazi, ele especializou-se em anomalias genéticas. Chegando a Auschwitz a 30 de Maio de 1943, ficou a comandar o processo de selecção. Aparecia junto dos transporte de prisioneiros com um ar elegante e com um olhar decidia o destino de cada pessoa. Enviava qualquer um com uma imperfeição para a câmara de gás e escolhia outros para trabalhar ou para as suas experiências abomináveis.

Mengele gostava da sua posição de poder. A confirmação do ideal nazi de purificação da raça era o que o motivava. No entanto, ninguém sabia o que esperar dele. Tanto separava famílias e matava com impunidade, ora punha-se no papel de médico preocupado ou caprichosamente permitia a algumas pessoas viver. No seu desejo de aperfeiçoar a eficiência do campo como uma máquina de morte, ensinou a outros médicos a forma de dar injecções de fenol a uma longa fila de prisioneiros, acabando rapidamente com as suas vidas. Também matou pessoas a tiro, e segundo alguns relatos atirou bebés vivos para o crematório. Ao longo de tudo isto, ele manteve um eficaz comportamento distante e via-se a si próprio como um “cientista.”

A grande paixão de Mengele era a pesquisa em gémeos. Estes eram pesados, medidos, e comparados em todos os sentidos. Alguns, ele matava-os para exames patológicos, dissecando uns e deixando algumas partes preservadas. Outros, operava sem anestesia, removendo membros ou órgãos sexuais. Se um gémeo morresse durante a experiência, o outro deixava de ter utilidade, portanto era simplesmente gaseado.

Ainda assim, mesmo já os tendo seleccionado para mutilação ou morte, brincava com eles e mostrava-lhes grande afeição. Até lhes dava uma boleia no seu carro no caminho para a câmara de gás. Mais tarde, podia passear com as suas cabeças ou prender os olhos deles com um pino a um quadro.

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