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Porquê? Por duas razões: os americanos estão longe de casa e os soldados não sentem legitimidade moral para ali estarem e, principalmente, porque os americanos não têm alvos militares… a resistência armada é feita por civis, provavelmente ex-militares, que usam tácticas de guerrilha urbana e que se escondem entre a população e dela recebem apoio, abrigo e incentivo…
Politicamente, o Iraque é, também, uma tremenda armadilha para os americanos… um regime multipartidário, vagamente democrático, vai resultar na eleição de um governo próximo do Irão e, portanto… muito pouco pró-americano. Ironia, não acham?...
Socialmente, a crise do Iraque resultou num retrocesso para o povo do território. Os iraquianos eram uma das sociedades islâmicas mais ocidentalizadas… e, hoje, estão maioritariamente muito mais radicalizados, tradicionalistas e fundamentalistas. As mulheres iraquianas devem agradecer…
Parece-me, portanto, que não há uma maneira agradável de resolver este problema, até porque não julgo que o senhor Bush decida uma retirada a breve prazo. E mesmo que isso acontecesse, os iraquianos, hoje, não têm condições de convivência entre si. Parece-me inevitável que a crise despoletada pela invasão americana só se resolverá depois de uma dolorosa guerra civil entre kurdos, sunitas e shiitas.