Se Portugal quisesse construir uma central nuclear (há por aí uns tipos que dizem querer…), certamente que ninguém se oporia, os americanos esfregariam as manitas de contentamento pela oportunidade de vender alguma tecnologia, os franceses idem e os ingleses também. Até os russos iriam tentar meter a colherada na sopa. Mas se for um país muçulmano, a coisa muda de figura.
O Irão quer tornar-se independente em termos energéticos. Quer construir a sua central nuclear, quer usar o urânio extraído das suas próprias minas, quer empregar o engenho e a arte dos seus cientistas. Não pode! Nem pensar nisso! É um perigo para a humanidade!
A esta hora, mesmo depois de todos os dirigentes políticos iranianos terem garantido que o Irão não vai construir bombas atómicas, americanos e israelitas têm já aviões e bombas a postos, grupos das operações especiais no terreno, satélites a espiar para, em qualquer momento, lançaram um ataque sobre o Irão. Quando esse ataque suceder, acham que se ficarão pela destruição da futura central nuclear iraniana? Concerteza que não… já que se deram à maçada de lançar um ataque, aproveitarão para uma “necessária e urgente” mudança de regime, implantação da democracia ou coisa que o valha. Vai uma aposta?
Nesta crise, a União Europeia tentou uma cartada oportunista: propôs que o Irão abandonasse o programa de enriquecimento de urânio e em troca receberia (a bom preço) combustível nuclear produzido na Europa. O Irão recusou. Isso significaria perpetuar a dependência energética do país. A proposta europeia foi classificada em Teerão como “chantagem”. Coisa feia.
O Irão garante paredes de vidro no seu programa nuclear, aceita todas as supervisões internacionais, mas não aceita que americanos e outros lhes ditem políticas. Regimes assim, tão rebeldes face ao Império, não são bons regimes.
O reactor nuclear iraniano deverá estar operacional dentro de um ano, em Agosto de 2006. O programa nuclear do país prevê a construção de seis centrais nucleares de mil megawatts até 2021, altura em que se estima que o país venha a necessitar de 56 mil megawatts para o abastecimento das necessidades da população. Em 2021, o Irão planeia garantir 10% das suas necessidades energéticas através da energia produzida nas suas centrais nucleares. Veremos se lhe deixam...
4 comentários:
Tens razão.
Não consigo deixar de imaginar, se os portugueses nem são capazes de manter condições de segurança nas fábricas de pirotecnia (3/4 explosões por ano) como seria numa eventual central nuclear??? Kaboouum!
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