segunda-feira, junho 07, 2010

Como podem os portugueses suportar passivamente há mais de cinco anos a humilhação da política de Sócrates?

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Como pode tal criatura permanecer como Primeiro-ministro?



Excerto de um texto de Miguel Urbano Rodrigues - 09.02.2010


[...] Mas hoje também em Portugal se justifica a pergunta «Como foi possível?»

Sim. Que estranho conjunto de circunstâncias conduziu o País ao desastre que o atinge? Como explicar que o povo que foi sujeito da Revolução de Abril tenha hoje como Primeiro-ministro, transcorridos 35 anos, uma criatura como José Sócrates? Como podem os portugueses suportar passivamente há mais de cinco anos a humilhação de uma política autocrática, semeada de escândalos, que ofende a razão e arruína e ridiculariza o Pais perante o Mundo?

O descalabro ético socrático justifica outra pergunta: como pode um Partido que se chama Socialista (embora seja neoliberal) ter desde o início apoiado maciçamente com servilismo, por vezes com entusiasmo, e continuar a apoiar, o desgoverno e despautérios do seu líder, o cidadão Primeiro-ministro?

Portugal caiu num pântano e não há resposta satisfatória para a permanência no poder do homem que insiste em apresentar um panorama triunfalista da política reaccionária responsável pela transformação acelerada do país numa sociedade parasita, super endividada, que consome muito mais do que produz.

Pode muita gente concluir que exagero ao atribuir tanta responsabilidade pelo desastre a um indivíduo. Isso porque Sócrates é, afinal, um instrumento do grande capital que o colocou à frente do Executivo e do imperialismo que o tem apoiado. Mas não creio neste caso empolar o factor subjectivo.

Não conheço precedente na nossa História para a cadeia de escândalos maiúsculos em que surge envolvido o actual Primeiro-ministro.

Ela é tão alarmante que os primeiros, desde o mistério do seu diploma de engenheiro, obtido numa universidade fantasmática (já encerrada), aparecem já como coisa banal quando comparados com os mais recentes.

O último é nestes dias tema de manchetes na Comunicação Social e já dele se fala além fronteiras.

É afinal um escândalo velho, que o Presidente do Supremo Tribunal e o Procurador-geral da República tentaram abafar, mas que retomou actualidade quando um semanário divulgou excertos de escutas do caso Face Oculta.

Alguns despachos do procurador de Aveiro e do juiz de instrução criminal do Tribunal da mesma comarca com transcrições de conversas telefónicas valem por uma demolidora peça acusatória reveladora da vocação liberticida do governo de Sócrates para amordaçar a Comunicação Social.

Desta vez o Primeiro-ministro ficou exposto sem defesa. As vozes de gente sua articulando projectos de controlo de uma emissora de televisão e de afastamento de jornalistas incómodos estão gravadas. Não há desmentidos que possam apagar a conspiração.

Um mar de lama escorre dessas conversas, envolvendo o Primeiro-ministro. A agressiva tentativa de defesa deste afunda-o mais no pântano. Impossibilitado de negar os factos, qualifica de «infame» a divulgação daquilo a que chama «conversas privadas».

Basta recordar que todas as gravações dos diálogos telefónicos de Sócrates com o banqueiro Vara, seu ex-ministro foram mandadas destruir por decisão (lamentável) do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, para se ter a certeza de que seriam muitíssimo mais comprometedoras para ele do que as «conversas privadas» que tanto o indignam agora, divulgadas aliás dias depois de, num restaurante, ter defendido, em amena «conversa» com dois ministros seus, a necessidade de silenciar o jornalista Mário Crespo da SIC Noticias.

Não é apenas por serem indesmentíveis os factos que este escândalo difere dos anteriores que colocaram José Sócrates no banco dos réus do Tribunal da opinião pública. Desta vez a hipótese da sua demissão é levantada em editoriais de diários que o apoiaram nos primeiros anos e personalidades políticas de múltiplos quadrantes afirmam sem rodeios que não tem mais condições para exercer o cargo.

O cidadão José Sócrates tem mentido repetidamente ao País, com desfaçatez e arrogância, exibindo não apenas a sua incompetência e mediocridade, mas, o que é mais grave, uma debilidade de carácter incompatível com a chefia do Executivo.

Repito: como pode tal criatura permanecer como Primeiro-ministro?

Até quando, Sócrates, teremos de te suportar?


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And Now For Something Completely Different


An 19th Century Abstract Painting by an Unknown Artist
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7 comentários:

on disse...

Por causa da ilusão da escolha.
Podemos agora optar pela mudança e substituir um lacaio de quem manda por outro, com um penteado diferente.

Todos os partidos políticos com assento parlamentar foram criados em 74/75. O Bloco resulta da junção da UDP com o PSR. Todas as tentativas de criação de novos partidos falharam. O sistema está bem blindado.

Que podemos nós fazer para mudar o estado de coisas? Bem, eu tenho outros objectivos na vida, não quero ser político.

Cada país tem os políticos que merece.

zedeportugal disse...

"Como podem os portugueses suportar passivamente há mais de cinco anos a humilhação da política de Sócrates?"

Segundo as suas próprias palavras, no comentário que teve a amabilidade de escrever no meu postal Lei do microchip nas matrículas entra em vigor já no próximo dia 1 de Julho:

O povo está adormecido pela propaganda dos telejornais, pelo futebol, pelas telenovelas e pela estupidez e crendice visceral.
Diogo — 07-06-2010 - 00:08:18 GMT 1


Como refere - e muito bem - o comentador aqui anterior, grande parte do problema está na partidocracia.
A solução passa por mudar o sistema da democracia par(a)lamentar numa democracia semi-directa, semelhante à da Suíça. Espreite aqui, por favor:

http://democratadirecto.wordpress.com/

Diogo disse...

On - «Que podemos nós fazer para mudar o estado de coisas?»

Podemos caminhar para a democracia directa o mais rapidamente possível. O avanço exponencial da informática e as telecomunicações permitem-no. Não permitamos que uma chusma de criminosos, na política, nos Media e na justiça mantenham o país a saque.


ZedePortugal – Avance-se pois para a democracia directa. Já acrescentei o link (parece-me um pouco religioso).

Daniel Santos disse...

tudo continuará igual enquanto as alternativas forem as que temos.

Zorze disse...

Eu também concordo com a linha geral do post.
Mas, mas... Continuamos a bater na mesma tecla, continuamos a discutir peanuts.
Se o governo cair, vai para lá Passos Coelho e a história é a mesma.

O verdadeiro mal, vem de forças muito tenebrosas que jogam num teatro global. Sócrates e Passos Coelho existem noutros países onde este polvo consegue actuar.

Abraço,
Zorze

Diogo disse...

De acordo Zorze. Mas o texto não é meu. Significa o vómito que esta merda de PM provoca em Tavares Rodrigues.

Anónimo disse...

Tudo esta a ser feito para o coelho ganhar as proximas e depois, acho que nem Nossa Senhora de Fatima vai salvar o Pais da falta de emprego.