Diário Económico - O medo de falar não é algo que se conjugue com o nome do fiscalista Saldanha Sanches.
Aponta acusações em todas as direcções, polemiza, lança a discussão. À direita e à esquerda aponta pecadilhos ou grandes casos de corrupção. Sobre as eleições, este ex-mrpp diz algo tão surpreendente como o facto de considerar o programa de governo do CDS o melhor construído. Aderiu ao conforto do capitalismo, diz-se um privilegiado.
Aponta acusações em todas as direcções, polemiza, lança a discussão. À direita e à esquerda aponta pecadilhos ou grandes casos de corrupção. Sobre as eleições, este ex-mrpp diz algo tão surpreendente como o facto de considerar o programa de governo do CDS o melhor construído. Aderiu ao conforto do capitalismo, diz-se um privilegiado.
[...]
Diário Económico - Mas estava a falar do bom capitalismo, do capitalismo dos países escandinavos. Acha que é possível transpô-lo para cá?
Saldanha Sanches - Nós cá temos um mau capitalismo. Hoje temos a crise que não tem nada a ver com isso, e que atingiu todos, ninguém escapou. Mas o nosso mau capitalismo tem um crescimento do produto muito baixo, meio por cento, e esse mau capitalismo... Hoje vimos aqui (numa conferência no CCB) Francisco Louçã enunciar alguns aspectos do pior do nosso capitalismo; mas para o Francisco Louça não há mau capitalismo. O capitalismo para ele é mau. Ponto. Acabou. A conclusão dele é que o capitalismo é mau em si. O PS e o CDS e o PSD, como são a expressão política desse mau capitalismo, não o podem denunciar. Isto é trágico. Os partidos com um programa que podia ser realista estão comprometidos com as piores formas de capitalismo. Aliás, para citar um homem do PSD, o Pacheco Pereira, são escolas do crime. Criam o crime. Não vale a pena tentar dizer mais. Quer dizer, nós não podemos ir a lado nenhum enquanto uma auto-estrada custar não 500, mas mil. Não podemos. Não há meios suficientes para fazer isso. Agora quem denuncia esse tipo de práticas são apenas aqueles que são contra o capitalismo.
Diário Económico - Ou seja, acha que não temos nenhuma força partidária que possa pôr em prática esse bom capitalismo de que fala?
Saldanha Sanches - E que se revolte contra o mau capitalismo. Não temos. O PC denuncia o mau capitalismo de forma atabalhoada, o Francisco Louçã denuncia-o brilhantemente, mas ambos acham que o capitalismo nunca pode ser bom. Portanto, há que ser abatido porque não há bom capitalismo. Isso é uma tragédia. Partidos políticos que governem e podem governar não têm qualquer tentativa séria para acabar com a corrupção, para acabar com as disfunções que tornam o capitalismo em Portugal algo que não pode funcionar.
Saldanha Sanches - Nós cá temos um mau capitalismo. Hoje temos a crise que não tem nada a ver com isso, e que atingiu todos, ninguém escapou. Mas o nosso mau capitalismo tem um crescimento do produto muito baixo, meio por cento, e esse mau capitalismo... Hoje vimos aqui (numa conferência no CCB) Francisco Louçã enunciar alguns aspectos do pior do nosso capitalismo; mas para o Francisco Louça não há mau capitalismo. O capitalismo para ele é mau. Ponto. Acabou. A conclusão dele é que o capitalismo é mau em si. O PS e o CDS e o PSD, como são a expressão política desse mau capitalismo, não o podem denunciar. Isto é trágico. Os partidos com um programa que podia ser realista estão comprometidos com as piores formas de capitalismo. Aliás, para citar um homem do PSD, o Pacheco Pereira, são escolas do crime. Criam o crime. Não vale a pena tentar dizer mais. Quer dizer, nós não podemos ir a lado nenhum enquanto uma auto-estrada custar não 500, mas mil. Não podemos. Não há meios suficientes para fazer isso. Agora quem denuncia esse tipo de práticas são apenas aqueles que são contra o capitalismo.
Diário Económico - Ou seja, acha que não temos nenhuma força partidária que possa pôr em prática esse bom capitalismo de que fala?
Saldanha Sanches - E que se revolte contra o mau capitalismo. Não temos. O PC denuncia o mau capitalismo de forma atabalhoada, o Francisco Louçã denuncia-o brilhantemente, mas ambos acham que o capitalismo nunca pode ser bom. Portanto, há que ser abatido porque não há bom capitalismo. Isso é uma tragédia. Partidos políticos que governem e podem governar não têm qualquer tentativa séria para acabar com a corrupção, para acabar com as disfunções que tornam o capitalismo em Portugal algo que não pode funcionar.
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Diário Económico - Estou a falar com alguém que é um defensor da iniciativa privada.
Saldanha Sanches - Obviamente, com regras. Numa economia de mercado cumprem-se regras.
Diário Económico - Por exemplo, que regras faltam?
Saldanha Sanches - Obviamente, com regras. Numa economia de mercado cumprem-se regras.
Diário Económico - Por exemplo, que regras faltam?
Saldanha Sanches - Por exemplo, meter na cadeia os corruptos. Não é aceitável que alguém que saia do governo e que domina o Partido Socialista depois vá para uma empresa privada cujo principal objecto é fazer negócios com o Governo e com o Estado, mesmo que seja tudo feito com a maior clareza, há aqui uma suspeita e como é que se pode ultrapassar essa suspeita. O Dr. Jorge Coelho dominava o Parido Socialista. É capaz de ter excelentes qualidades como gestor. Aceito isso. Ele podia ter ido para uma empresa que se dedicasse à exportação, ou às obras públicas na Polónia, ou na República Checa, ou em Angola. Não tínhamos nada com isso. Mas ele está numa empresa que tem negócios importantíssimos com o Estado português. Ora quem é que está no poder? São os seus camaradas do PS. Dirimir esta suspeita é um trabalho de Hércules. Como é que é possível? E vamos supor que tudo corre de acordo com as regras, mas como é que nos libertamos da suspeita e como é que convencemos as pessoas comuns que tudo funcionou de acordo com as regras? Não quero discutir se são ou não cumpridas. Sei que é impossível convencer disso a pessoa comum.
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Diário Económico - Como é que vê o facto de não ter sido decretada prisão preventiva a nenhum deles a não ser a Oliveira e Costa?
Saldanha Sanches - É essa a função principal do nosso Processo Penal: proteger essa gente.
Diário Económico - Agora está a ser sarcástico.
Saldanha Sanches - Não, não. Estou a ser rigoroso. Está construído de forma que o objectivo do Código é a protecção dessa gente.
Diário Económico - É um código viciado?
Saldanha Sanches - Completamente viciado. É um código que nos envergonha pelos resultados. Essa impunidade que o código garante é uma coisa que nos envergonha. O caso Madoff em Portugal seria impossível, mesmo que alguém resolvesse confessar tudo, e nunca o faria. Na América as pessoas confessam porque as consequências da não confissão são muito duras e apesar de tudo o menos mau é confessar. Em Portugal não são duras, mas mesmo que se confessasse o processo não duraria dois ou três meses. Duraria sempre muito mais, mesmo com o máximo de zelo do Ministério Público. Temos um Código do Processo Penal que é feito para proteger esse tipo de delinquência. Até protege em parte a outra delinquência, mas essa então, do colarinho branco, está totalmente protegida. Não me admiraria ver o Dr. Oliveira e Costa acabar absolvido. Não ficaria particularmente admirado. Sem falar no Dr. Jardim Gonçalves, que o mais provável é vir a ser absolvido.
Saldanha Sanches - É essa a função principal do nosso Processo Penal: proteger essa gente.
Diário Económico - Agora está a ser sarcástico.
Saldanha Sanches - Não, não. Estou a ser rigoroso. Está construído de forma que o objectivo do Código é a protecção dessa gente.
Diário Económico - É um código viciado?
Saldanha Sanches - Completamente viciado. É um código que nos envergonha pelos resultados. Essa impunidade que o código garante é uma coisa que nos envergonha. O caso Madoff em Portugal seria impossível, mesmo que alguém resolvesse confessar tudo, e nunca o faria. Na América as pessoas confessam porque as consequências da não confissão são muito duras e apesar de tudo o menos mau é confessar. Em Portugal não são duras, mas mesmo que se confessasse o processo não duraria dois ou três meses. Duraria sempre muito mais, mesmo com o máximo de zelo do Ministério Público. Temos um Código do Processo Penal que é feito para proteger esse tipo de delinquência. Até protege em parte a outra delinquência, mas essa então, do colarinho branco, está totalmente protegida. Não me admiraria ver o Dr. Oliveira e Costa acabar absolvido. Não ficaria particularmente admirado. Sem falar no Dr. Jardim Gonçalves, que o mais provável é vir a ser absolvido.
Oliveira e Costa e Jardim Gonçalves
Dois indivíduos cujo desaparecimento poucos chorariam
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Bengaladas judiciosamente aplicadas a um legislador corrupto
Nalgas típicas de um legislador venal em qualquer país que se preze
Dois indivíduos cujo desaparecimento poucos chorariam
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Bengaladas judiciosamente aplicadas a um legislador corrupto
Nalgas típicas de um legislador venal em qualquer país que se preze
Se o Código do Processo Penal protege o cidadão de colarinho branco [branco por fora mas encardido por dentro], cabe aos cidadãos deste país procurarem os respectivos legisladores, onde quer que estes se encontrem – em debate na Assembleia, nos prazeres do lupanar ou no aconchego do lar - e perguntar-lhes, vis a vis, o motivo de tais despautérios. Se a resposta não for satisfatória, bengalada neles. Com a máxima força que a injustiça nos der!
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9 comentários:
Se o Código do Processo Penal está completamente viciado para proteger a corrupção de colarinho branco, então o que é que o cidadão comum pode fazer para alterar este estado de coisas? Pelos vistos, só mesmo à bengalada. Que as cuecas do legislador corrupto fiquem ainda mais encardidas que o colarinho do vigarista vulgar.
O homem morreu e tal, mas as palavras dele sempre me lembravam aquelas do "ó pá, diz qualquer coisa de esquerda". E este era o que sabia dizer de esquerda, um chorrilho de acusações sem sentido, a torto e a direito, para não ser levado muito a sério. As acusações dele contra o poder autárquico eram patéticas. Antes o Medina Carreira, que a mim sempre me enjoaram os MRPP amestrados. E este Blog decepcionou-me. Não havia nexexidade.
J. Lopes - Se o Código do Processo Penal está completamente viciado então não podemos contar com os tribunais. Ou seja, os tribunais deixam de ser uma instituição ao serviço do estado, para ser um inimigo dele. Que os cidadãos ajam em conformidade.
Zé Lucas,
Eu também não tenho (tinha) qualquer confiança em Saldanha Sanches. Mas os trechos da entrevista dele que eu transcrevo, além dos considerar verdadeiros, considero-os um ataque fortíssimo à legislação e aos tribunais.
Tenho por norma aproveitar certas passagens (ditas em tempos de maior fraqueza ou sinceridade) de determinados sumidades ligadas à Política ou à Opinião. Não acho isso contraproducente. Já fiz isso com Miguel Sousa Tavares, Mário Soares, Fernando Madrinha, etc. Às vezes a boca foge-lhes para a verdade.
Quando remato um post com uma tirada de Fernando Madrinha (do Expresso), o artigo ganha outra respeitabilidade a quem anda por fora da blogosfera.
É bom ver a verdade,ainda que parcial,na boca das figuras do regime.
Foi ele que avisou o bulldog Rodrigues das acusações de pedofilia,não esqueço.
Mas,porque ele conhecia a verdade,tinha estas tiradas,que no entanto,nunca chegavam ao ponto de comprometer os capos socialistas.Arranhava a superfície.
Tenho até pena que neste país,mesmo as pessoas mais desassombradas,se fiquem sempre pelas meias verdades.
Ou estão comprometidos com um dos gangs políticos ou temem-nos.
Isso,enquanto muitos patriotas noutros países sofrem torturas e prisões para defenderem os seus povos e nações.
Será a idiossincrasia do português mesmo ser velhaco?
Visto por esse prisma, estou de acordo consigo.
ua
Isto merece um levantamento militar ,as,esses estão entretidos a proteger a grande produçãoafegã q aumentou mais de 40 vezes com a chegada dos valorosos combatentes da NATO....
AQh! e o grande paneleiro do paulo portas continua a amandar bitaites enquanto os submarinos e aquela merda do BES continua a dar q falar....nenhum cabrão vai dentro!!!!Edepois os juízes são à prova de CORUPÇÃO.Pois,são,atão não camarão.Venha um judeu georgiano para os foder,bem fodidos!LADRÕES!!!!!!
Qualquer revolução já não pode ser povo contra povo, civis contra polícias e manifestações inúteis. Tem de ser direccionada às elites, lacaios e sub lacaios. Comece-se por baixo, é mais fácil.
Foi uma pena a sua morte.
Um dos portugueses que Portugal precisa.
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