segunda-feira, abril 06, 2009

A má consciência de um banqueiro

Ricardo Salgado - dono do Banco Espírito Santo [BES]



Administradores do Grupo Espírito Santo com segurança reforçada nas suas casas


Correio da Manhã - 3 Abril de 2009

Texto de António Ribeiro Ferreira:

«Os casos multiplicam-se um pouco por todo o lado. A crise económica, o desemprego e a situação de muitos bancos por esse mundo fora têm provocado actos de desespero e de alguma violência contra banqueiros e gestores.

Em França, repetem-se os sequestros de gestores sempre que as empresas fecham ou decidem despedir trabalhadores. No Reino Unido, um ex-banqueiro de uma intituição nacionalizada pelo Governo de Gordon Brown viu a sua casa ser vandalizada. E este ambiente tem sido agravado com as notícias diárias sobre os salários, prémios de gestão e indemnizações de banqueiros e gestores.

Por cá, até à data, nada disto aconteceu. Mas como o seguro morreu de velho, Ricardo Salgado, presidente do grupo Espírito Santo, decidiu prevenir qualquer situação destas e mandou colocar seguranças em todas as casas dos muitos administradores do grupo.

Sem excepção. E se nos dias de semana a segurança é simples, nos fins-de-semana as coisas são levadas mais a sério, particularmente quando os administradores e respectivas famílias não estão em casa e vão passar sábados, domingos e feriados para a Comporta, quartel-general da imensa família Espírito Santo. Sinais dos tempos em que nem o Espírito Santo nos ajuda.
»



Jornal de Notícias – 29 de Janeiro de 2009:

O Banco Espírito Santo (BES) obteve um lucro de 402,3 milhões de euros no exercício de 2008. O presidente executivo do BES, Ricardo Salgado, salientou em conferência de imprensa que "este é o terceiro resultado mais elevado da história do banco apesar da difícil situação financeira".


Jornal Público - 27 de Novembro de 2008:

O presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, afirmou hoje que a instituição vai recorrer ao aval do Estado no valor de 1,5 mil milhões de euros até ao final deste ano ou no início de 2009.


RTP - 8 de Janeiro de 2009:

O BES usou a garantia do Estado para colocar no mercado obrigações no montante de 1.500 milhões de euros. A procura superou largamente a oferta, tendo atingido 1.900 milhões de euros. O presidente do BES considera ter ficado provado que "a banca portuguesa continua a merecer a confiança dos investidores internacionais".


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Sir Josiah Stamp foi Presidente do Banco de Inglaterra e o segundo homem mais rico do país. Nos anos 20 numa palestra na Universidade do Texas, afirmou:

«O sistema bancário foi concebido em iniquidade e nasceu em pecado. Os banqueiros são donos do mundo. Tirem-lhes tudo, mas deixem-lhes o poder de criar dinheiro, e com o golpe de uma caneta eles criam depósitos suficientes para comprar tudo de novo. Contudo, tirem-lhes o poder de criar dinheiro, e todas a grandes fortunas, como a minha, desaparecerão, e este será um mundo melhor e mais feliz para viver. Se quiserem continuar a ser escravos dos banqueiros e pagar o preço da vossa escravidão, então deixem os banqueiros continuar a criar moeda e a controlar o crédito.»
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8 comentários:

alphonse disse...

A ser isso, justiça é dizer, rais parta banqueiros e mal que lhes advenha o diabo o determine grande, de preferência a pequeno, demonstrando alguma justiça neste mundo, tão precisado que está dela.

xatoo disse...

Ricardo Salgado, a Escom, o petróleo de Angola, a Galp e a ponte com a mão de obra da China exporatda para Angola às centenas de milhar, são tudo aspectos parciais do mesmo negócio.
Foi tudo predeterminado: a criação do Euro, a invasão das lojas dos chineses concertada pelo Sampaio (pq sabiam que a classe média ia ficar tesa) os negócios como crime organizado da oligarquia angolana; a tomada de posição da Sonangol na banca portuguesa, etc

contradicoes disse...

Já porventura alguém imaginou por exemplo só no negócio do crédito à habitação os milhões de euros de lucro que os Bancos arrecadam. Só a título de exemplo em 1988 adquiri um apartamento através de recurso ao crédito bancário pedindo à CGD na altura 3.500 contos,sobre os quais cheguei a estar a pagar 26% de juro ao ano, este facto aliado às constantes variações de taxas de juro e consequentes aumentos das prestações mensais, resultarão nos apenas 3 anos que me faltam para resolver o contrato com eles firmado, liquidar um montante de
11.000 contos, ou seja três vezes mais. Se isto não é roubar o que será.

Ana Camarra disse...

Diogo

Eles sabem o que fazem e por isso têm medo.
A arrogância é muita mas a corda está muito esticada e qualquer dia...


beijos

Diogo disse...

Caros alphonse, Xatoo, Contradições e Ana,

Esta gente começa a aperceber-se que, sobretudo a nível de Intenet, as pessoas já começaram a perceber quem são os perpetradores da «Crise Financeira» e de toda a recessão económica, falências, desemprego e miséria que dela derivaram.

Os papagaios “analistas económicos” dos jornais e das televisões cada vez convencem menos gente. E a banca sente isso.

Anónimo disse...

Teve lucros e,ainda assim vai receber do nosso dinheiro.?!I love you so much Sócrates(é ironia,não é a sério para ambas as interpretações...).

Anónimo disse...

Ah!lumpen,não se esqueçam se quiserem treinar a vossa virilidade e mal formação,deixem-se das velhinhas seus covardes e vão 'passear' pra Comporta...

Zorze disse...

Diogo,

"E a banca sente isso.", correcto e verdadeiro. Eu sei.

E eles sabem. Por isso procuram desesperadamente a sombra mediática. A ver se não reparam.

Abraço,
Zorze