segunda-feira, junho 08, 2009

Eleições Europeias 2009 - A Fresh Perspective


Excertos [com alguns acrescentos meus] retirados do Arte da Fuga:

Tendo em conta o número total de eleitores portugueses, a grande vencedora da noite foi a Dra. Abstenção com uns esmagadores 62,5% dos votos. Também a Coligação Brancos + Nulos ultrapassou a fasquia dos 2,5%... Na realidade, o PSD obteve apenas 11,9%, o PS alcançou 10% e o BE e a CDU receberam 4% cada.

Donde se retira que a legitimidade democrática destes actos eleitorais, um pouco por toda a Europa, está no limiar do sustentável.

Se as pessoas não votarem e a abstenção continuar a crescer desta forma, a prazo, será a própria existência da classe política a estar em causa! Enfim, o jogo da sobrevivência também já chegou à política, em particular a este regime de democracia indirecta (ou representativa).

... Sitiados pela corrupção e pelo compadrio, a abstenção é um sintoma, quando a indiferença já é azedume e pode volver-se em explosão, se se confirmarem os sinais do "out of control".

Sobre as possíveis consequências do autismo da classe política perante a abstenção eleitoral, a capa de um single do grupo de heavy-metal Corrosion of Conformity:

17 comentários:

Ana Camarra disse...

Diogo

È uma perspectiva!
Eu sou uma sonhadora (tu já viste isso)acredito que ainda se pode dar a volta a isto pela vas democráticas..


Beijos mil

xatoo disse...

eu voto
tu votas...
Eles ganham

A liberdade não é poder escolher o seu senhor,
Mas sim não o ter

(slogans do Maio 68)

Diogo disse...

Ana,

Eu também acredito que se possa dar a volta a isto por vias democráticas – mas nunca parlamentares. A «democracia parlamentar representativa» é um jogo viciado à partida. É o Dinheiro que domina os partidos do Centrão (PS e PSD). É o Dinheiro que os subsidia. É o Dinheiro que lhes dá todos os tempos de antena nas televisões e nos jornais (e que cala os outros). O Parlamento, tal como os Media, é um instrumento do Poder Financeiro. E no resto da Europa é naturalmente a mesma coisa.

Acredito que, graças à tecnologia, se possa avançar para formas de democracia directa e semi-directa. Sistemas onde o cidadão possa decidir directamente sobre o que lhe interessa sem passar por «representantes» a soldo, tal como já se informa mais directamente na Internet, ainda livre da propaganda tóxica e permanente dos jornais e televisões.

Beijo


Xatoo,

É verdade Xatoo, a «democracia a soldo» vai-nos apresentando alternadamente as duas cartas, e as pessoas vão votando ora numa, ora noutra, não percebendo que fazem parte do mesmo baralho. A pressão do Dinheiro e dos Media (que pertence ao Dinheiro) nunca deixará que outras vontades tenham alguma vez uma posição mais relevante.

Sérgio_alj disse...

Não concordo com o teor do post!

Acho que 63% de abstenção é um número muito mau e que deveria servir para as pessoas que não votaram reflectir sobre o assunto!!

Não acredito que tenha sido um voto de protesto, porque para mim o verdadeiro voto de protesto é votar em branco!

Em 2005 votei em José Sócrates, no entanto, passados 4 anos sinto-me bastante desiludido com o rumo do nosso país. Mas não fiquei em casa!! Fiz 600km (ida e volta), de Lisboa até à pequena vila de Aljezur (Algarve), para votar em protesto contra o governo!

Votei em branco, já que não voto em partidos anti-europeistas e em demagogos!

Votei em forma de protesto e repudiu quem diga que quem não vai votar está a protestar contra os politicos!!

Reafirmo, as pessoas não ganham nada em ficar em casa!! Ao menos votassem em branco, porque se alguma vez o voto em branco chegasse ao milhão de votos logo viam que alguma coisa ia mudar!!

Diogo disse...

Caro Sérgio,

Na abstenção somam-se vários grupos: os ignorantes da política, os que já não acreditam nos políticos, os que votam nulo ou branco não votando, e os que não querem alimentar um parlamentarismo representativo que nada representa.

Você próprio afirma que «votou em branco, já que não vota em partidos anti-europeístas e em demagogos». Ou seja, da dúzia de partidos que lhe foram propostos não votou em nenhum.

A questão é: será que o actual sistema de tomada de decisões políticas está correcto (embora, actualmente, não haja nenhum partido do seu agrado), ou será que temos de mudar radicalmente de sistema?

Anónimo disse...

Caro Diogo.
Olhe que os resultados são; PSD – 31,7%; PS – 26,6%; CDS – 8,4%; CDU – 10,7%; BE – 10,7% :):)
.
É o compadrio entre os meios de comunicação social, os políticos e os poderes económicos.
Do meu ponto de vista, há algumas coisas que não vejo faladas. Por exemplo, quando Portugal entrou para a ex CEE, o povo foi chamado a opinar? Não! Mas agora, já o é, para eleger deputados para o parlamento europeu. Primeiro impuseram-nos uma situação, e depois, querem que votemos dentro da situação imposta. Somos obrigados a fumar, mas, democraticamente, podemos escolher a marca de tabaco que “queremos” fumar.
E tem mais uma agravante toda esta burla. Quem manda não é o parlamento mas sim a comissão. Comissão essa, que está fora do alcance do voto do povo. Portanto, estamos a votar para praticamente nada.
Carlos

Anónimo disse...

Se isto não é uma democracia travestida, não sei o que é.
Eu até tinha votado. Se fosse para mandar toda esta bicharada, para aqueles belos campos de férias, em que o “tio” Joe, também mandava os amigalhaços. Já que tanto anseiam por ele...
Carlos

xatoo disse...

Sérgio:
eu também repudi"o" aqueles que gastam energia de forma irresponsável. Acredito que se houvesse um partido da Galp era nesse que o meu amigo votaria, porque para além do mais o Iraque (do Barroso, Aznar; Bush e Blair) já vai produzir petróleo em barda a preço de uva mijona.
Quanto aos outros partidos e à abstenção "deveria servir para as pessoas que não votaram reflectir sobre o assunto!!"
Pelo contrário: quem deveria reflectir era aqueles que compareceram num acto indigno. O que é que estão a fazer com o voto deles? quetr queiram quer não queiram, viabilizaram apresentar de novo o PSD para o governo!
E explico, o acto é indigno porque afinal o povo em geral não se esqueceu que o impediram a todo o custo de referendar o Tratado Constitucional, que está na génese de todos os nossos problemas: a precaridade nas relações laborais e a conversão do sector do Estado Social para negócio de privados
.

Anónimo disse...

Por esta e por outras a enormidade da abstenção:

Governo pondera apertar vigilância na Net
O Governo português quer seguir o exemplo britânico e as recomendações da União Europeia e registar os e-mails e chamadas feitas pela Internet. http://exameinformatica.clix.pt/noticias/mercados/1002663.html

Sérgio_alj disse...

Esta resposta vi no blog Defesa de Faro e está muito boa!

"Ora o descaramento dos abstencionistas atingiu nos últimos tempo proporções que alguns ousam apresentar-se publicamente como heróis da resistência contra a degradação da democracia.justificam a sua atitude com o nojo pela política e pelos políticos, denunciam a falta de alternativa, exigem seriedade, recusam-se a pactuar com o sistema.
Balelas.Desculpas esfarrapadas. O cidadão responsável que não se revê nas propostas existentes exprime-se votando em branco, não indo para a praia ou centro comercial.
O abstencionista é apenas um elemento anti-social, um oportunista que quer os benefícios da vida em sociedade e da democracia mas não estar disposto a mexer um dedo para a sua contribuição.O abstencionista não só cospe na cidadania como ainda por cima se orgulha disso.
Abster-se é tão mau como copiar nos exames, urinar na piscina. Terá o abstencionista razões para se chocar se alguém lhe chamar parasita?


Xatoo - Eu votei em branco, portanto não votei nos partidos do sistema! Se 1/6 dos que se absteram tivessem votado em branco, esta categoria de voto tinha sido a vencedora e isso sim criaria muito mau estar na sociedade! Não são os 63% de abstenção que vão alterar qualquer coisa...

Diogo disse...

Sérgio: «Terá o abstencionista razões para se chocar se alguém lhe chamar parasita?»

Tem, se o abstencionista considerar que as eleições são um jogo viciado à partida e que os partidos que recebem mais dinheiro não são mais que ferramentas do Poder Financeiro.

O voto branco ou nulo equivale a um acto de abstenção. Se é certo que alguns destes preferem ir para a praia, outros recusam-se a chancelar, mesmo com um voto branco ou nulo, um sistema pervertido.

Eu, hoje, não me revejo numa «democracia representativa».

E não tenha dúvidas. Se a abstenção fosse de 2% e a soma de brancos e nulos fosse de 63%, os partidos faziam a festa na mesma.

Anónimo disse...

Sr Sérgio
Imagine o sr que numa mesa de voto estão lá 5 elementos. Um do PS, outro do PSD, outro de PCP, outro de BE e outro do CDS.
Sabemos que o estado dá a cada partido, um determinado valor, por cada voto obtido.
Sabemos que a ética, etc, andam pelas ruas da amargura (e estou a ser simpático).
Sabemos como os partidos precisam de dinheiro.
No final da votação, estão lá vinte votos em branco.
Acha que o seu voto em branco, vai acabar contado como voto em branco? Tem a certeza absoluta?
E os vinte? O sr consegue saber quais foram as pessoas que votaram em branco?
Carlos

Anónimo disse...

Caro xatoo
“A liberdade não é poder escolher o seu senhor,
Mas sim não o ter”
Liberdade é, também, poder escolher o seu senhor.
Carlos

PS
A mera hipótese de não o ter, causa sofrimentos e tormentos, incomportáveis, incomensuráveis, à maior parte da humanidade. :):)

alf disse...

O único sítio onde eu vi até hoje o verdadeiro resultado eleitoral!

Eu percebo que os políticos não gostem das contas bem feitas; mas alguém me explica porque razão a comunicação social também alinha nas contas mal feitas?

hummm, talvez porque toda ela está ligada aos interesses do partido A ou do B...

Zorze disse...

Diogo,

Com todo o respeito, este tipo de discussão, é a discussão do acessório.
É como a mulher que incentiva o marido ir ao ginásio para se cansar e quando chegar a casa não a chatear.

Os testas-de-ferro, os verdadeiros decisores, esses, não estão no cerne das discussões ou na boca do povo.
Apenas se discutem as lebres...

Abraço,
Zorze

Diogo disse...

Concordo Zorze.

São apenas mexilhões. Queria apenas chamar a atenção para a real distribuição dos mexilhões, que muita gente tende a esquecer.

E também colocar uma ênfase na necessidade de se caminhar para uma democracia directa, via Internet.

Abraço

Flávio Gonçalves disse...

Bom... eu fui trabalhar, depois fui ao cinema... votar é que não fui.